Jeferson Miola: Com Brasil chegando aos 300 mil mortos, ministro tenta afastar Forças Armadas do genocídio

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Alex Pazzuelo/Secom

Ministro da Defesa tenta livrar responsabilidade das Forças Armadas no genocídio

Por Jeferson Miola, em seu blog

O general-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva publicou artigo no Estadão [20/3] para tentar livrar a responsabilidade das Forças Armadas pela hecatombe que até o momento já causou o morticínio de quase 300 mil brasileiros/as e segue em descontrolada espiral.

Com informações fantasiosas e um relato ufanista e laudatório, o artigo já inicia com uma mentira no título: “Forças Armadas na Operação COVID-19, um ano salvando vidas”.

A realidade apresentada é um disparate absoluto. A começar pela omissão de que foi o general-ministro da morte Eduardo Pazuello quem comandou a irresponsável, desastrosa e criminosa gestão da pandemia.

E Pazuello é um general da ativa!

Por isso, inevitavelmente vincula o Exército Brasileiro [EB] à responsabilidade pela terrível catástrofe que tornou o Brasil uma ameaça planetária.

O general-paspalhão aboletou no ministério da saúde um destacamento militar que usurpou a memória técnica, a inteligência científica e a capacidade estratégica e operacional do SUS.

Azevedo e Silva enaltece a ação por terra, mar e ar das Forças Armadas [FFAA] – aviões da FAB transportando oxigênio, navios da Marinha levando vacina às comunidades ribeirinhas, soldados do EB apoiando vacinação de indígenas – como “pequenos exemplos do trabalho diário, constante e silencioso das Forças Armadas na Operação Covid-19” e do “engajamento decisivo dos nossos militares”.

Ele diz que “O planejamento foi de uma operação militar de guerra” [sic]. “Os números da Operação Covid-19 mostram o tamanho do esforço [sic]. São empregados, diariamente, cerca de 34 mil militares, efetivo maior que o da participação brasileira na 2ª Guerra Mundial”, afirma.

Conhecendo-se os resultados desastrosos deste “planejamento”, é de se supor que o despreparo e a incompetência para a defesa do Brasil em eventual guerra são de tal ordem que as FFAA brasileiras seriam derrotadas até para uma inexistente Marinha da vizinha Bolívia.

Como se o Brasil inteiro não estivesse enfrentando um colapso das dimensões de Manaus, o general-ministro relata que “os aviões da FAB já voaram o equivalente a 55 voltas ao mundo transportando oxigênio, respiradores, medicamentos, vacinas, equipes de saúde e pacientes”.

Mesmo o noticiário recente retratando a falta de insumos, equipamentos e medicamentos e a compra de máscaras inadequadas e a preços superfaturados, o delirante texto cita uma suposta reconversão produtiva como outra dimensão do heroísmo militar: “Empresas responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos adaptaram suas linhas de produção. Equipamentos bélicos deram lugar a equipamentos de proteção individual e outros itens essenciais”.

Azevedo e Silva ainda destaca que as FFAA desenvolvem outras ações “enquanto transcorre a Operação Covid-19”. Como exemplo disso, e talvez tomado por algum surto delirante, ele cita a “operação de garantia da lei e da ordem ambiental na Amazônia […] com resultados expressivos na redução do desmatamento”.

Num esforço ineficaz de desvincular as FFAA da devastação do país e da hecatombe que o próprio governo militar está promovendo, o general-ministro da Defesa declara que “Há um ano, Marinha, Exército e Força Aérea correm contra o tempo e lutam, no limite das suas capacidades, para salvar e preservar vidas. E assim será enquanto se fizer necessário”.

Por mais que tentem, estes militares que conspiraram para voltar ao poder por meio de uma eleição ilegítima em que o principal concorrente foi alijado numa farsa burlesca, eles não conseguirão se livrar das responsabilidades que objetivamente ou subjetivamente assumem pelos crimes perpetrados contra o país e o povo brasileiro.

O artigo do general-ministro Fernando Azevedo e Silva parece uma tentativa desesperada dos militares que estão baratinados diante do esboroamento da situação e da aproximação do prazo de validade do regime.

É hora de baterem em retirada e voltarem aos quartéis – de onde, aliás, jamais deveriam ter saído para atuarem na política.

Ao invés disso, contudo, eles esperneiam e ameaçam com a escalada ditatorial e medidas autoritárias típicas de Estado Policial.


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Comentários

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Zé Maria

No mesmo artigo, no Estadão, o Milico Azevedo se traiu nas palavras:

“Na realidade, as primeiras atividades [das FFAA] começaram ainda em fevereiro … De lá para cá o trabalho e a luta contra o inimigo invisível cresceram.”

Lutar contra um “inimigo invisível” Interno
é Especialidade das Forças Armadas,
principalmente do Exército do braZil.
.
.

Eitor Lima

Comandar não é dar porrada na mesa.
Vejam a genialidade de certas pessoas.
Como teve um chefe durão acha que comandar é dar porrada na mesa. Comandar não é isso.
Isso vai funcionar com um cara de 2 m de altura da ROTA ?
Personalidade não é coisa que se compra na baciada na feira.
Poucos tem.
Em todo lugar existem carreiristas. Só pensa sempre em cargo mais e mais alto sempre.
O gen. não tem coragem de dizer um A.

abelardo

Parece que a vergonha começa pesar e incomodar a consciência das FA. Penso que por conta da omissão e da participação de alguns graduados e não graduados militares, que saíram de quartéis para ocuparem espaços e cargos políticos que não lhes diziam respeito, eles se tornaram representantes oficiais das FA no governo civil de Jair Bolsonaro. É bem verdade que não representam a Voz da FA, mas como não houve oposição ou qualquer menção de discordância por nenhum dos comandos e muito menos do Alto Comando, a representação presencial está oficializada. Usufruem e recebem vantagens daquele que é considerado um governo desastroso, inoperante e totalmente incompetente aos olhos da população brasileira e da comunidade internacional. O geberal-ministro da Defesa, a meu ver, poderia não piorar a imagem da instituição das FA com essa conversa que não convence e não tem justificativa. Autoridades que insistem em subestimar a Inteligência da população ficam cada vez mais nus, aos olhos e as avaliações do povo brasileiro e mundial. Que falem aos ventos, desde que tudo isso possa acordar o Alto Comando e o faça por fim a sequência de omissões, de vista grossa e da interferência militar em poder civil. As conhecidas interferências de um poder em outros poderes só existiram da parte militar e isso está se tornando chato, repetitivo, intimidador e autoritário. A história está repleta de registros trágicos nos países que tiveram e tem governo militar. Os militares, gostem ou não, precisam entender definitivamente que carecem totalmente de competência política para se atreverem a querer praticá-la, a história não mente.

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