Instituições repudiam tratamento do México ao professor Diego Souza e sua família; leia as notas

Tempo de leitura: 7 min
Na hora da deportação, as autoridades migratórias do México arrancaram a página do passaporte do professor Diego que continha o visto do Consulado no Rio de Janeiro. Fizeram o mesmo nos passaportes dos filhos. No de sua esposa e da sogra, escreveram em letras garrafais: CANCELADO. Fotos: Arquivos pessoais

Por Conceição Lemes

Em 27 de janeiro de 2023, Diego de Oliveira Souza, professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e sua família (esposa, sogra e filhos 1 e 3 anos de idade) foram presos e deportados ilegal e sumariamente do México.

Diego viajava a convite da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), onde faria parte do seu pós-doutorado.

As autoridades migratórias mexicanas os acusaram de usarem vistos falsos para entrar no país.

Falsa, porém, foi a acusação. De fato, 100% infundada. 

Diego e família foram submetidos à violência física e psíquica.

“Eles [as autoridades migratórias do Méxicp] nos sequestraram, nos deixaram incomunicáveis, a gente ficou totalmente desorientado”, revela o professor Diego Souza ao Viomundo.

“Fui tratado pior do que bandido”, denuncia. “Bandido ainda tem o direito de fazer uma ligação. Direito que nem eu nem a minha família tivemos”. 

Leia aqui a íntegra da entrevista exclusiva do professor Diego Souza ao Viomundo

A UAMC se posicionou de pronto, duramente, sobre o fato. 

Professores e pesquisadores do Centro de Estudos da Cidade (CEC) divulgaram nota pública (na íntegra, abaixo) em defesa do professor Diego e repúdio às autoridades migratórias do México. Também fizeram um abaixo-assinado online.

Doze instituições brasileiras também manifestaram apoio ao professor Diego. Mais abaixo, seguem todas as notas.

 

Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social — ABEPSS

Programa de Pós-graduação em Serviço Social da UERJ

Direções geral e acadêmica da UFAL, campus Arapiraca

Programa de pós-graduação em Serviço Social da UFAL

Fiocruz Pernambuco

fespspoficial•Seguir727 gostosfespspoficial📌 Nota de Repúdio e Solidariedade

Diego de Oliveira Souza, professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e integrante do Instituto Walter Leser da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo (FESPSP), dirigia-se à Universidad Autónoma de la Ciudad do México (UACM), onde iria desenvolver parte de seu pós-doutoramento.

Foi barrado e detido, surpreendido, com esposa e filhos de 1 e 3 anos de idade, na chegada ao aeroporto do México, sob acusação de que o visto de entrada, fornecido pelo consulado do México no Rio de Janeiro, em 23-01-2023, era falso.

Durante todo procedimento foi humilhado, separado da família, submetido à violência, incomunicabilidade e toda sorte de constrangimento com os agentes aduaneiros, negando-se a quaisquer contatos com o Consulado ou Embaixada do México no Brasil para esclarecimentos que julgassem necessário, sem direito a qualquer defesa. O professor Diego foi deportado ao Brasil, após enfrentar agentes do estado mexicano, insensíveis e refratários às tentativas de esclarecimentos prestados por ele.

E

São Paulo, 1 de fevereiro de 2023
Diretoria da FESPSP

 
 
 
 
 
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Diretoria da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo (FESPSP)

 
 
 
 
 
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Cerest Arapiraca

 
 
 
 
 
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Abrasco: Nota pública de desagravo a Diego de Oliveira Souza e família

A Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva – endossa a nota da Faculdade de Serviço Social (FSSO) e do Programa de Pós Graduação em Serviço Social (PPGSS) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e vem a público se solidarizar com o Professor Dr. Diego de Oliveira Souza e família.

Docente permanente do PPGSS/UFAL, o Professor Dr. Diego Souza é professor e servidor responsável, sério e muito querido por toda comunidade que compõe a FSSO e o PPGSS. Sua importante presença em nossa comunidade universitária torna os fatos ocorridos nos últimos dias ainda mais graves. Tendo sido agraciado com uma bolsa de pós-doutorado, o Prof. Diego embarcou com sua família para desenvolver trabalho de pesquisa na Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM). Ao realizar o trâmite de desembaraço imigratório nas dependências do Aeroporto, foi detido arbitrariamente e posto incomunicável por longas horas.

Além de nos solidarizar com o Prof. Diego repudiamos a ação arbitrária das autoridades dos Estados Unidos do México que submeteram-no a violações de direitos humanos fundamentais desde o momento de sua detenção.

Compreendemos também ser imprescindível que o Estado brasileiro trate este fato como um grave incidente diplomático haja vista que o referido professor representava, em sua missão à Cidade do México, duas instituições que pertencem ao quadro de autarquias federais: a UFAL, enquanto servidor do corpo docente, e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na medida em que é bolsista desta instituição.

Por todo o exposto, entendemos que é urgente que o governo mexicano, como decisão soberana de uma nação irmã, apresente uma explicação razoável para o ocorrido ao Professor Dr. Diego Souza e sua família. Assim o fazendo, fará bem a todo povo brasileiro na medida em que reiterará os laços inquebráveis que une toda a América Latina e permitirá que este grave incidente seja superado.

Maceió, 30 de janeiro de 2023.

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Nota de solidariedade ao professor Diego de Oliveira Souza

Adufal — Associação dos Docentes da UFAL

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) manifesta solidariedade ao professor pesquisador do curso de enfermagem, do Campus Arapiraca, Diego de Oliveira Souza, que, no último dia 27 de janeiro, foi impedido de entrar no México e, em seguida, deportado para o Brasil.

O docente viajava para a Cidade do México com sua família após ter sido contemplado com uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para desenvolver atividades de estágio do seu pós-doutorado na Universidad Autónoma de la Ciudad de México (UACM).

No entanto, ao chegar no aeroporto Benito Juárez, na Cidade do México, o professor foi detido e permaneceu incomunicável e separado de sua família (esposa, filhos pequenos e sogra) por quase 12 horas sob a acusação de que todos portavam vistos falsos, sem direito à apresentação da documentação que comprovaria o motivo da sua viagem.

Diante do ocorrido lamentável, a Adufal informa que está acompanhando de perto os desdobramentos do caso e manifesta seu apoio ao professor Diego de Oliveira Souza, esperando que tudo seja resolvido da melhor forma.

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MANIFESTO DE SOLIDARIEDADE E APOIO AO PROFESSOR DR. DIEGO DE OLIVEIRA SOUZA – UFAL/ARAPIRACA

Programa de Pós-graduação em Ensino e Formação de Professores UFAL/Arapiraca

Nós, professores/as, técnico-administrativos e estudantes do  PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES – PPGEFOP UFAL/ARAPIRACA vimos através deste manifesto prestar nossa solidariedade e apoio incondicional ao professor Dr. DIEGO DE OLIVEIRA SOUZA, que no dia 27 de janeiro de 2023 sofreu situação desumana, com detenção, negação de comunicação e separação da família, sua esposa, filhos pequenos e sogra, no Aeroporto Benito Juárez, Cidade do México, sendo então deportado ao Brasil quando se dirigia a Universidad Autónoma de la Ciudad de México (UACM) para estudos de Pós-Doutoramento financiados pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Este mal irreparável decorre da forma desumana como são tratadas as pessoas em espaços públicos regidos por diretrizes desumanas que precisam ser alteradas. Mobilização neste sentido estão ocorrendo no México.

O que almejamos é que o professor Dr. Diego de Oliveira Souza tenha o direito, com indenizações, de cumprir suas metas de pós-doutoramento na prestigiosa UACM.

PROFESSOR DR. DIEGO DE OLIVEIRA SOUZA – CONTE COM NOSSA SOLIDARIEDADE

POR RELAÇÕES INSTITUCIONAIS HUMANIZADAS.

Alagoas, 31 de janeiro de 2023.

Estudantes, Técnico-Administrativos e Docentes do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Formação de Professores (PPGEFOP).

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Nota de solidariedade ao professor Diego de Oliveira Souza

Sintieftal (Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Educação Básica em AL)

O Sintietfal se solidariza com o servidor público Diego de Oliveira Souza, docente da Universidade Federal de Alagoas, que foi detido pela polícia de migração mexicana e deportado ao tentar entrar no México à convite da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM). O pesquisador, junto à esposa, dois filhos e sogra, foram acusados de portar vistos falsos. O caso ocorreu na última sexta-feira, 27 de janeiro.

Souza é professor há 13 anos do curso de Enfermagem na Ufal Campus Arapiraca e estuda temas relacionados à enfermagem e ao serviço social. Sua ida ao México ocorria para lecionar curso na UACM por um mês e antecipava atividades de pesquisas relacionadas ao pós-doutorado, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Após serem barrados no aeroporto Benito Juárez, na Cidade do México, Diego e sua família passaram horas separados em território estrangeiro e foram deportados logo em seguida, sem direito de apresentar a documentação que comprovaria o motivo da viagem. O docente informa que os vistos foram emitidos pelo Consulado do México, no Rio de Janeiro, no dia 23 de janeiro, cumprindo todos os tramites necessários.

Depois da humilhação, a Ufal afirmou ter entrado em contato com o Ministério das Relações Exteriores, mas que não teve retorno. A universidade informou que tentará se reunir com a embaixada mexicana para formalizar as denúncias.

O Sintietfal presta sua solidariedade ao educador e manifesta indignação diante dos fatos ocorridos.

Leia também:

Professor brasileiro e família são presos e deportados do México: ”Fui tratado pior do que bandido”


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Comentários

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Zé Maria

INADMISSÍVEL!

O LULA vai ter que chamar o Obrador no Apito.

Arnon Góes

Vai estudar em outro país.
Sei que o gasto é maior.
Já imaginou toda vez que for ao México ter esse problema.
Respeito é fundamental. Se não respeitam nem 2 garotinhos tá feia a coisa.
Parabéns, professor. Fazer doutorado não deve ser nada fácil.
Esquece essa mágoa e vai estudar num país melhor. Que respeite vc e sua família.

Dalva Aparecida Garcia

Episódios como esses são lamentáveis e devem ser denunciados e repudiados. Infelizmente têm ocorrência mais frequente. A crise de imigração corresponde a crise financeira global que acirra desigualdades. É a miséria humana em todos os sentidos. Minha solidariedade ao professor.

Lucas Amora

Qdo eu digo que certas pessoas só tem músculo e pouco cérebro acham que exagero e até eu acho que exagero. Mas só que não. Tem gente que só sabe dar porrada.
Os caras estavam brigando com crianças de menos de 3 anos de idade.
Pra que fazer isso.
Vai um monte de docente brasileiro estudar no México.
Essa notícia deveria estampar os maiores jornais do país.

Marcelo Gurgel

Fazer isso com duas crianças de colo é de uma desumanidade ímpar, sem igual.
Talvez o professor escolha outro lugar para fazer o doutorado ou pós doutorado dele.
Talvez seja melhor passar por cima do México se é que me entendem. EUA ou Europa.
É um erro praticamente imperdoável das autoridades mexicanas.
Tem lugar melhor para estudar com possibilidade de até arrumar um emprego e morar no país com a família.
FRANÇA.

juarez campos

Chame-se o embaixador mexicano para explicar

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