Eletricitários: Guedes omite que Eletrobras deu lucro de R$ 30 bi em três anos e tarifa deve subir 16% com privatização

Tempo de leitura: 2 min
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Privatização da Eletrobras: urbanitários denunciam o que o governo não conta

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As Confederação e Federação Nacional dos Urbanitários – CNU e FNU respectivamente, que representam os trabalhadores em energia elétrica, saneamento e gás, denunciam o processo de privatização da Eletrobras, desencadeado neste 23 de fevereiro pelo governo Bolsonaro com o envio, em 23/2, ao Congresso Nacional de Medida Provisória 1031/21, que é feito à revelia de amplo debate com a sociedade e que justifica à venda sob argumentos falaciosos.

As entidades esclarecem que a Eletrobras é uma empresa lucrativa, com superávit de mais de R$ 30 bilhões nos últimos 3 anos.

Segundo dados levantados pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários – CNE, nos últimos 20 anos, foram distribuídos mais de R$ 20 bilhões para União como dividendos.

“Outro ponto omitido pelo governo é o impacto em aumento nas contas de luz que uma privatização da Eletrobras acarretaria, justamente em um momento de pandemia, com desemprego em massa e a queda brutal na renda das famílias. Dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, apontam que a conta de luz dos brasileiros aumentará em mais de 16,7% num primeiro momento, caso a empresa seja privatizada”, explica Paulo de Tarso, presidente da CNU.

Pedro Blois, presidente da FNU, ressalta que a Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica da América Latina, responsável por 30 % da geração e 50% da transmissão de energia dos brasileiros e entrega-la ao setor privado é um “atentado contra a soberania energética do país. Além do mais, a Eletrobras é um patrimônio do povo brasileiro, que não pode ser dilapidado”, afirma.

O próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, mudou seu discurso.

Quando então era candidato à presidência se posicionou contra a venda da Eletrobras e mencionou a importância da manutenção do controle do Estado brasileiro sobre a empresa: “Isso simplesmente é estratégico, é vital, país nenhum sério no mundo faz isso, entregar isso para outros países, e olha que eu sou favorável a privatizar muitas coisas no Brasil, mas a questão energética não! E você vai tirar das mãos de uma estatal brasileira para botar nas mãos de uma estatal chinesa? Ou seja, eles vão decidir o preço da nossa energia e onde, com toda certeza, no futuro, chegará essa energia (sic)”.

Outros dados

O CNE também levantou outros dados.

Uma das justificativas para à privatização seria o efeito fiscal ou social.

No entanto, é preciso saber que a dívida pública soma por volta de R$ 6 trilhões e a expectativa do governo, com venda da Eletrobras, é arrecadar R$ 16 bilhões em bônus de outorga.

“A pergunta é: vale a pena entregar uma empresa tão fundamental para o crescimento econômico e social do país para tão pouco? Certamente, não”, argumenta Paulo de Tarso.  Há ainda também o risco ao meio ambiente.

A Eletrobras tem 47 barragens hídricas, algumas delas sexagenárias e por responsabilidade de Estado e expertise em engenharia segurança de barragens, e que nunca houve sequer a ameaça de episódios degradantes como nas privatizadas barragens de rejeito de Brumadinho e Mariana (MG).

A CNU e FNU defendem que as mentiras que o governo Bolsonaro e o mercado contam sobre a situação da Eletrobras precisam ser esclarecidas e repelidas, e a população seja informada de fato sobre o que representa a venda da Eletrobras, tanto para a soberania do país como para o seu próprio bolso.


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Comentários

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Nelson

A privatização foi pensada pelos neoliberais como uma forma de abrir novos espaços para que os grandes grupos privados pudessem continuar ampliando seus lucros. Isto ficou bem claro e por demais evidente ao vermos, ao longo desses mais de 30 anos de privatizações, empresas altamente lucrativas serem entregues – doadas, se falarmos mais precisamente – à iniciativa privada.

Assim, foi simplesmente pulverizado o argumento que insistia em que privatizar seria uma necessidade, pelo fato de uma determinada empresa estatal estar dando prejuízo. E foi pulverizado ainda o argumento de que seria necessário privatizar para reduzir a crescente dívida pública.

Uma empresa que está dando lucro iria, obviamente, ajudar na redução da dívida do Estado. Por que entregá-la, então? Além disso, é só olharmos a evolução da dívida pública para vermos que as privatizações nem cócegas fizeram em seu montante.

Essa dívida cresceu exponencialmente desde a imposição do Plano Real, ainda que centenas de empresas e outros setores tivessem, neste mesmo tempo, “saído dos ombros do Estado e do contribuinte”, para usar o linguajar malandro e engabelador dos neoliberais.

E também foi pulverizado o argumento repetido ad nauseam de que o Estado brasileiro seria grande demais, de que temos funcionários públicos em demasia e outras mentiras. O percentual de funcionários ligados ao setor público/estatal no Brasil fica bem abaixo do mesmo percentual na maioria dos países do primeiro mundo. É só pesquisar para constatar isto.

Já o setor estatal brasileiro abarca 30% da economia brasileira, enquanto que nos países ricos abarca 40%. Quem expõe esses dados é o eminente economista Ladislau Dowbor. A dependermos da mídia hegemônica e de seus comentaristas, tais dados nunca serão de domínio público.

Ora, se os países ricos têm um percentual de suas economias desse nível ocupado pelo Estado, significa que os países pobres, como o Brasil, deveriam ter um naco muito maior ainda de suas economias reservado ao setor público/estatal. Bem ao contrário, portanto, do “Estado mínimo” que a nós prescrevem o FMI/Banco Mundial (países ricos) e os neoliberais e privatistas em geral.

Por fim, assim como os argumentos que listei acima eram todos “furados”, a privatização como forma de garantir produtos e serviços de melhor qualidade a preços e tarifas mais baixos à população também demonstrou nunca ter passado de pura enganação.

Bíblia do Bolsonarismo

o Brasil não pode ser considerado de primeiro mundo quando o povo paga tarifa elétrica de quinta, tinha que ser uns 300% para mais

Zé Maria

Os Abutres do Mercado Financeiro fizeram
toda essa Revoada, através da Rede Globo,
com a troca do Presidente da Petrobras,
para arrancar os pedaços da Eletrobras.
E a Banca do Cassino faz o Banquete.

    Zé Maria

    Tarifa de Energia Elétrica deve subir 16% com Privatização da Eletrobras, na Largada.

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