Calero diz que gravou conversas por sugestão de amigos na Polícia Federal. Teria aí a digital de Serra?
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Da Redação
Nesse domingo (28/11), em entrevista ao Fantástico, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero admitiu que fez “gravações de uma conversa” com o presidente Michel Temer. Também que gravou diálogos com colegas de ministério, mas não deu os nomes, para não atrapalhar as investigações.
Ele diz:
“A sugestão, né, de alguns amigos que tenho na Polícia Federal; nos momentos finais, para me proteger, para dar um mínimo de lastro probatório de tudo aquilo que eu relatei no depoimento eu fiz algumas gravações telefônicas, com pessoas que me ligaram”.
O Conversa Afiada reproduziu outros trechos da entrevista de Calero a Renata Lo Prete:
— No momento da conversa, o Presidente estava sozinho. Entrei rápido, e ele falou: “Marcelo, a decisão do Iphan nos causou bastante estranheza. Não foi uma decisão correta e me causou dificuldades operacionais”.
— Me chamou muito a atenção o termo “dificuldades operacionais”.
— O Temer disse que as dificuldades operacionais decorriam do fato de o Geddel ter ficado muito irritado.
— Falou da ministra Grace Mendonça, “que tem conhecimento jurídico muito bom e poderia resolver a questão de um modo bom pra todos” — ele usou esse termo!
— Queria que eu criasse uma chicana para que o caso fosse enviado à AGU.
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— Não sei se a ministra Grace sabia ou não.
— no final, na despedida, me chamou a atenção a declaração que ele, Temer, fez: “Marcelo, a política tem dessas coisas, dessa pressão”. Ele falou como se estivesse dando conselho ou ensinamento a alguém que acabou de entrar na política!
— Não fui desleal. O servidor público não pode ser cúmplice.
— Começaram com essa boataria do Palácio do Planalto de que eu deliberadamente fui ao encontro para gravar o Temer.
— Isso é um absurdo! Só serve para alimentar essa campanha difamatória e desviar o foco.
— Eu jamais entraria no gabinete presidencial com um ardil sorrateiro assim.
— O que fiz foi por sugestão de alguns amigos da PF: nos momentos finais, para me proteger e dar lastro probatório a tudo o que falei no depoimento, fiz algumas gravações telefônicas, com pessoas que me ligaram.
— Inclusive uma do Temer, bastante burocrática, protocolar, na qual evitei induzir o Presidente a produzir provas contra si.
— Não gravei nenhuma outra conversa com o Presidente.
— Todas as minhas gravações foram feitas por meio telefônico.
— Foram 3 encontros com Eliseu Padilha.
— Autoridades da República perdendo tempo com um assunto paroquial!
— A última ligação que recebi a esse respeito foi do Secretário Jurídico da Casa Civil — novamente insistindo pra eu mandar o caso à AGU!
— Pensei: “o Presidente queria que eu interferisse no processo!”
— Não posso dizer se gravei ou não conversas com Padilha e Geddel.
— Não desejava isso para mim, nem para o Governo.
— Eles acharam que eu faria qualquer negócio pra preservar o cargo. Jamais faria isso!
Considerando que o ex-ministro alega ter sido orientado a gravar por “sugestão” de “alguns amigos” na Polícia Federal, as perguntas óbvias a esta altura:
* O que a PF tem a dizer a respeito?
* E o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes?
* Afinal, quem manda na PF?
* Ou a PF seria a verdadeira casa-da-mãe Joana?
* Teria aí a digital do chanceler José Serra (PSDB-SP), que tem controle sobre uma parte do PF?
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