Bordalo: Sem força para passar boiada no Congresso, mineradoras tentam comer pelas bordas, mudando leis estaduais

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Da Redação

A Hidrelétrica de Tucuruí foi uma típica obra da ditadura militar. Construída sem debate sobre questões ambientais ou sociais, foi enfiada goela abaixo de moradores realocados ou que perderam suas terras.

Na cheia, o lago ocupa 2.850 quilômetros quadrados de área.

Um escândalo de corrupção da época foi a indicação da Agropecuária Capemi Indústria e Comércio para retirar a madeira antes da inundação causada pelo fechamento das comportas.

A empresa, subsidiária da Capemi, criada por oficiais do Exército em 1958, ganhou a licitação sem qualquer experiência no ramo.

Só entregou 10% do serviço, causando a liberação no lago de toneladas de dióxido de carbono e metano da madeira das árvores que apodreceram submersas.

Tucuruí foi construída essencialmente para saciar a fome de energia das grandes empresas que se instalaram no Pará e no Maranhão para produzir alumínio, um produto eletrointensivo.

Agora, um novo risco paira sobre a região.

Um projeto do deputado Fábio Freitas (Patriotas) prevê alteração da lei estadual que veta a mineração no entorno do lago de Tucuruí.

O deputado Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará, vai realizar nesta quinta-feira audiência pública com moradores e representantes comunitários da região.

O deputado, como nos explicou na entrevista acima, também apoia a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Vale, empresa controladora da maior mina a céu aberto do planeta, a de Carajás, também no Pará.

Bordalo está interessado em tratar, dentre outras coisas, do pequeno retorno financeiro que Carajás deixa para o Pará e do ritmo de produção que obedece, como foi o caso da energia de Tucuruí, ao interesse de empresas multinacionais.

Ele lembra que o Pará está em boa posição no ranking do PIB brasileiro, mas em compensação tem mais da metade da população vivendo com menos de um salário mínimo por mês — a riqueza estadual não é distribuída para sua própria população.

Na entrevista, Bordalo denuncia que os grandes interesses mineradores, incapazes de passar a boiada no Congresso Nacional, estão adotando nova tática: alterar legislação estadual que protege a biodiversidade, as populações tradicionais, indígenas e ribeirinhas.


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