Acordo com o HSBC prova que a guerra às drogas é uma piada nos EUA

Tempo de leitura: 8 min

por Matt Taibbi, na Rolling Stone, via Resistir.info

Se alguma vez foi preso por posse de droga, se alguma vez passou um dia na prisão por ter um bocado de marijuana no seu bolso ou “equipamentos de droga” na sua mochila, o procurador-geral assistente e amigo de longa de data de Bill Clinton, Lanny Breuer, tem uma mensagem para si: Suma daqui.

Breuer concluiu esta semana um acordo com o gigante bancário britânico HSBC que é o insulto final a toda pessoa comum que alguma vez na vida teve a sua vida alterada por uma acusação de narcóticos. Apesar do facto de o HSBC ter admitido que lavava milhares de milhões de dólares para cartéis de droga colombianos e mexicanos (entre outros) e violava um conjunto de importantes leis bancárias (desde o Bank Secrecy Act até o Trading With the Enemy Act), Breuer e seu Departamento da Justiça preferiu não efectuar processamentos criminais do banco, optando ao invés por um acordo financeiro recorde de US$1,9 bilhão, que um analista observou corresponder a cerca de cinco semanas de rendimento do banco.

As transacções de lavagem dos bancos eram tão descaradas que a National Security Agency provavelmente podia tê-las detectado do espaço. Breuer admitiu que os traficantes de droga por vezes vinham a agências mexicanas do HSBC e “depositavam centenas de milhares de dólares em cash, num único dia, numa única conta, utilizando caixas concebidas para ajustarem-se às dimensões precisas das janelas dos caixas”.

Isto importa repetir: a fim de movimentar mais eficientemente tanto dinheiro ilegal quanto possível para a instituição bancária “legítima” do HSBC, traficantes de droga conceberam caixas destinadas a passar através das caixas receptoras. O homem de confiança do [personagem] Tony Montana a marchar com sacos de cash no [filme de ficção] “American City Bank”, em Miami, era realmente mais subtil do que aquilo que faziam os cartéis quando lavavam o seu dinheiro por meio de uma das mais célebres instituições financeiras britânicas.

Embora não seja declarado explicitamente, a lógica do governo para não avançar com processos criminais contra o banco aparentemente estava enraizada em preocupações de que colocar executivos de uma “instituição sistemicamente importante” na cadeia por lavagem de dinheiro da droga ameaçaria a estabilidade do sistema financeiro. O New York Times colocou isto desta forma:

Autoridades federais e estaduais optaram por não acusar o HSBC, o banco com sede em Londres, por ampla e prolongada lavagem de dinheiro, por receio de que a acusação criminal derrubasse o banco e, no processo, pusesse em perigo sistema financeiro.

Não é preciso ser um génio para ver que o raciocínio aqui é altamente enviesado. Quando se decide não processar banqueiros por crimes de milhares de milhões de dólares conectados com o tráfico de droga e o terrorismo (alguns clientes sauditas e bangladeshis do HSBC tinham ligações terroristas , segundo uma investigação do Senado), isso não protege o sistema bancário, faz exactamente o oposto. Aterroriza investidores e depositantes por toda a parte, deixando-os com a impressão clara de que mesmo os bancos mais “reputados” podem de facto ser instituições capturadas cujos executivos sénior estão ao serviço de (isto não pode ser repetido demasiado repetido) assassinos e terroristas. Ainda mais chocante, a resposta do Departamento da Justiça ao saber acerca de tudo isto foi fazer exactamente a mesma coisa que os executivos do HSBC fizeram em primeiro lugar para se meterem em perturbações – tomaram o dinheiro a olhar para o outro lado.

E eles não só liquidaram-se aos traficantes de droga, eles liquidaram-se barato. Pode-se ouvir esta semana jactâncias da administração Obama de que conseguiram uma penalidade recorde do HSBC, mas isso é uma piada. Algumas das penalidades envolvidas são literalmente de dar gargalhada. Isto é do anúncio de Breuer:

Em consequência da investigação do governo, o HSBC … “recuperou” bónus previstos para dar como compensação a alguns dos seus mais importantes responsáveis nos EUA anti-lavagem e concordou em adiar bónus de compensação para os seus principais responsáveis sénior durante o período de cinco anos do acordo de acusação adiado.

Uau. Então os executivos que passaram uma década a lavar milhares de milhões de dólares terão de adiar parcialmente os seus bónus durante os cinco anos do acordo de acusação adiada? Estão a brincar comigo? Isso é lá punição? Os negociadores do governo não podiam manter-se firmes forçando os responsáveis do HSBC a esperar para receber os seus mal fadados bónus? Eles tinham de decidir fazê-los esperar “parcialmente”? Todo promotor honesto na América tem de estar a vomitar as suas entranhas diante de tais tácticas de negociação. Qual foi a oferta de abertura do Departamento de Justiça – pedir aos executivos para restringirem sua temporada de férias no Caribe para nove semanas por ano?

Então, pode-se perguntar, qual é a penalidade apropriada para um banco na posição do HSCB? Exactamente quanto dinheiro deveria ser extraído de uma firma que desavergonhadamente ao longo de anos e anos lucrou de negócios com criminosos? Recorde-se, estamos a falar acerca de uma companhia que admitiu um vasto conjunto de graves crimes bancários. Se você fosse o promotor, teria o banco preso pelos colhões. Assim, quanto dinheiro deveria ser tomado?

O que acha de tudo isto? O que acha de cada dólar que o banco ganhou desde que começou a sua actividade ilegal? O que acha de mergulhar em cada conta bancária de cada simples executivo envolvido nesta sujeira e tomar até o último dólar de bónus que eles alguma vez ganharam? A seguir tomar suas casas, carros, as pinturas que compraram em leilões do Sotheby’s, as roupas nos seus armários, os trocos soltos nos jarros sobre os balcões das suas cozinhas, tudo o que restasse. Tome isso tudo e não pense duas vezes. E a seguir lance-os na prisão.

Soa duro? Assim parece, não é? O único problema é que se trata exactamente do que o governo faz todos os dias a pessoas comuns envolvidas em casos de droga habituais.

Será interessante, por exemplo, perguntar a residentes em Tenaha, Texas, o que pensam acerca do acordo HSBC. É a cidade onde a polícia local rotineiramente detém motoristas (sobretudo negros) e, sempre que encontram dinheiro, propõem uma escolha aos motoristas: Poderiam deixar a polícia tomar o dinheiro ou enfrentar acusações de droga e lavagem de dinheiro.

Ou podiam perguntar a Anthony Smelley , residente em Indiana, que ganhou US$50 mil num acordo de acidente de carro e estava a transportar US$17 mil em cash no seu carro quando foi detido pela polícia. Os polícias revistaram o seu carro e tinham cães para cheirar droga. Os cães alertaram duas vezes. Não foram encontradas drogas, mas a polícia ficou com o dinheiro na mesma. Mesmo depois de Smelley ter apresentado documentação provando onde obtivera o dinheiro, responsáveis do Putnam County tentaram manter o dinheiro com base no argumento de que ele podia ter utilizado o dinheiro para comprar drogas no futuro.

Sem brincadeira, isso aconteceu. Isso acontece o tempo todo, e mesmo o próprio Departamento da Justiça de Lanny Breuer envolve-se nestes actos. Só em 2010, gabinetes de Procuradores dos EUA depositaram aproximadamente US$1,8 mil milhões em contas do governo em consequência de casos de apreensão, a maior parte deles casos de droga. Pode ver neste gráfico as estatísticas do próprio Departamento da Justiça:

Se nos EUA for detido na estrada levando cash consigo e o governo pensar que é dinheiro de droga, esse cash vai servir para comprar ao seu chefe de polícia local uma nova Ford Expedition  na tarde do dia seguinte.

E isso é só a cobertura do bolo. O prémio real que você obtém por interagir com um responsável pela aplicação da lei, se acontecer estar conectado de qualquer forma às drogas, é uma ridícula e descomunal penalidade criminal. Mesmo aqui em Nova York, um em cada sete casos que acaba em tribunal é um caso de marijuana.

Noutro dia, enquanto Breuer anunciava seu tabefe no pulso dos mais produtivos lavadores de dinheiro do mundo, eu estava num tribunal no Brooklyn a observar como eles tratam pessoas reais. Um defensor público explicou o absurdo das prisões por droga nesta cidade. Nova York realmente tem leis razoavelmente liberais acerca da marijuana – não se supõe que a polícia o prenda se possuir a droga em privado . Então como é que a polícia consegue fazer 50.377 prisões relacionadas a marijuana num único ano só nesta cidade? (Isso foi em 2010, o número em 2009 era de 46.492).

“O que ele fazem é pará-lo na rua e dizer-lhe para esvaziar os seus bolsos”, explicou o defensor público. “Então, no instante em que um cachimbo ou uma semente está fora do bolso – bum, é de “uso público”. E você fica preso”.

Pessoas passam noites na prisão, ou pior. Em Nova York, mesmo se eles o deixam sair com uma contravenção e tempo passado, você tem de pagar US$200 e tem o seu DNA extraído – um processo que tem de ser pago por si (custa 50 dólares). Mas além disso não é preciso investigar muito para encontrar casos de sentenças draconianas, idiotas por crimes de droga não violentos.

Peça só a Cameron Douglas, o filho de Michael Douglas, que foi condenado a cinco anos de prisão  pela simples posse. Seus carcereiros mantiveram-no em solitária durante 23 horas por dias durante 11 meses e negaram-lhe visitas de família e amigos. Embora o típico condenado não violento não o filho branco de uma celebridade, ele é habitualmente o utilizador que obtém sentenças mais duras do que os garotos brancos ricos obtém por cometerem os mesmos crimes – todos nós recordamos a controvérsia crack versus coca na qual orientações federais e estaduais de sentenciamento deixavam que os utilizadores de crack (uma minoria) obtivessem sentenças 100 vezes mais duras do que aquelas administradas aos utilizadores predominantemente brancos da coca em pó.

O viés institucional nas orientações das sentenças por crack eram um ultraje racista, mas este acordo do HSCB deixa aquilo longe. Ao abster-se de processos criminais de grandes lavadores de dinheiro da droga com o argumento (claramente absurdo, a propósito) de que o seu processamento põe em perigo o sistema financeiro mundial, o governo acabou de formalizar o duplo padrão.

O que eles agora estão a dizer é que se você não for um dente importante na engrenagem do sistema financeiro global, você não pode escapar impune de coisa alguma, nem mesmo pela simples posse. Você será encarcerado e qualquer dinheiro que eles encontrem consigo será apreendido na hora, e convertido em novos cruzadores ou brinquedos para a sua equipe local de agentes aplicadores da lei (SWAT team), a qual estará pronta a arrombar as portas de casas onde vivem dentes da engrenagem tão pouco essenciais como você. Se não tiver um emprego sistemicamente importante a posição do governo é, por outras palavras, de que os seus activos podem ser utilizados para financiar a sua própria privação de direitos políticos.

Por outro lado, se você for uma pessoa importante e trabalhar para um grande banco internacional, você não será perseguido mesmo se lavar nove mil milhões de dólares. Mesmo se se conluiar activamente com as pessoas no topo máximo do comércio internacional de narcóticos, a sua punição será muito mais pequenas do que aquela na base da pirâmide mundial da droga. Você será tratado com mais deferência e simpatia do que um drogado desmaiado numa carruagem do metro em Manhattan (utilizar dois assentos numa carruagem de metro é um delito comum processável nesta cidade). Um traficante internacional de droga é um criminoso e habitualmente um assassino; um viciado em droga a passear na rua é uma das suas vítimas. Mas graças a Breuer, agora estamos no negócio, oficialmente, de encarcerar as vítimas e deixar os criminosos.

Isto é a desgraça das desgraças. Não faz mesmo qualquer sentido. Não havia razão para que o Departamento da Justiça não pudesse ter agarrado toda a gente no HSBC envolvida com o tráfico, processado criminalmente e actuado com reguladores bancários para assegurar que o banco sobrevivesse à transição para nova administração. Nessas circunstâncias, o HSBC não teve virtualmente de substituir ninguém na sua administração de topo. As partes culpadas aparentemente eram tão importantes para a estabilidade da economia mundial que tiveram de ser deixados nas suas mesas de trabalho.

Não há absolutamente nenhuma razão para que eles não pudessem enfrentar penalidades criminais. Que não estejam a ser processados é covardia e corrupção pura, nada mais. E ao aprovar este acordo, Breuer removeu a autoridade moral do governo para processar qualquer um por qualquer delito de droga. Não é que a maior parte das pessoas já não soubesse que a guerra à droga é uma piada, mas isto torna-a oficial.

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Comentários

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mineiro

depois disso tudo ,eu pergunto, a corrupçao acaba? logico que nao , os governantes das grandes potencias precisam dela. a prova esta ai, provou que os desgraçados , sem vergonha que trabalham nesse banco , esta envolvido ate o pescoço , e todo mundo fez vista grossa. nao adiantam a droga , é uma necessidade desses governos sujos , hipocritas , principalmente dos eua. isso ja vem acontecendo a anos , quanta podridao , esse pais maldito fez e faz ate hoje. isso é so a ponta do iceberg , ate nos leigos sabem que o combate a droga é uma piada hipocrita , sem vergonha. os eua desgraçado , maldito , sempre precisou e sempre pricisara do dinheiro sujo , seja da droga , golpes de estado , trafico de mulheres e crianças etc. e mais muito mais.

Nelson

A título de sugestão, meu caro Azenha, e para comprovar que “a guerra às drogas nos EUA é uma piada”, você poderia publicar um artigo de William Blum escrito em setembro de 2008.

Em “Os Senhores Reais da Drogas – Notas sobre o envolvimento da CIA com o comércio de estupefacientes”, Blum mostra como a agência foi usada pelos governos dos EUA para facilitar o desenvolvimento da produção e do tráfico da droga com o objetivo de atender a seus objetivos imperiais de dominação de vários países e regiões do planeta.

O artigo de Blum foi publicado em 04/09/2008 no mesmo resistir.info. O link para acessá-lo diretamente é:
http://www.resistir.info/eua/real_drug_lords.html

P.S.: O artigo de Blum deixa patente o imenso desprezo que os governos dos EUA têm para com seu próprio povo, uma vez que grande parte da produção de drogas se destinava ao consumo de seus conterrâneos e, além disso, acabava por forçar a ampliação da quantidade de viciados, gerando, por consequência, mais desgraças e desespero a um número maior de famílias estadunidenses.

Mui patriotas esses governos!

renato

Este cara que escreveu tem um raciocínio invejável!
Mas eu queria saber das ações do HSBC aqui no Brasil!
Como? Assim como por milagre eles tornam-se donos de
toda rede do Bamerindus!
No Governo de FHC,( que gosta de Maria e Joana), que
por coincidência, quebram com o Senador José Eduardo
dono do Bamerindus!Que por coincidência não quiseram
ficar com a fábrica INPACEL( Fabrica de Papel que pertencia
ao Banco Bamerindus), alegando que ela dava prejuízo? Banco
Central comandou processo até vender para uma empresa Americana,
que vendeu para outra empresa Americana, que vendeu para uma outra empresa estrangeira…..e assim vai..Alguém me explica estes fatos,
através de um raciocínio lógico.

Nelson

Na verdade, os que não se contentam em informar-se apenas através dos órgãos de mídia hegemônicos e buscam informações em meios alternativos, ou já desconfiavam ou tinham certeza de que a guerra ao tráfico de drogas empreendida pelos governos dos EUA é uma farsa.

Em 2006, o economista canadense, Michel Chossudovsky, denunciava, no artigo “Quem beneficia com o tráfico de ópio no Afeganistão”, que a produção de ópio no país asiático crescera 33 vezes desde que as tropas dos EUA o invadiram e o ocuparam, passando a dominá-lo quase por completo, nos meses finais do ano de 2001. Em 2001, a produção do ópio tinha chegado a apenas 185 toneladas e, em 2006, a estimativa era de que batesse em 6.100 toneladas, conta Chossudovsky, no artigo. O artigo pode ser lido clicando em
http://www.resistir.info/chossudovsky/opium_trade_p.html.

A corroborar a denúncia de Chossudovsky, temos a informação do Ria Novosti, publicada no sítio rebelión.org em março de 2011, dando conta de que o “Control de drogas ruso afirma que producción de heroína en Afganistán creció 40 veces en última década”. A notícia pode ser lida em
http://rebelion.org/noticia.php?id=123398

Nelson

Enquanto isso, nossas redes de televisão despejam filmes que intentam nos convencer de que o governo dos EUA é o paladino defensor de todos nós e de nossos familiares contra os traficantes de drogas e também do terrorismo. O mesmo acontece nas locadoras, entupidas de filmes com o mesmo condão.

Nelson

Não poucas vezes vemos brasileiros a afirmarem que “Se fosse nos Estados Unidos a coisa seria diferente, iriam parar na cadeia; lá não tem moleza”, ao comentarem algum caso em que o malfeitor acaba se safando impune.
Um claro desdém às instituições e à Justiça do nosso país que, sabemos, têm problemas, mas que, nem por isso, justifica a postura de muitos que passam a acreditar que tudo no Brasil é uma bosta.
O caso envolvendo o banco inglês e outros casos, corriqueiros na vida estadunidense, citados por Taibbi, mostram que o imaginado por muitos, a perfeição morando lá no grande país do norte, que deveria ser copiada, está muito longe de representar a realidade.

Hélio Pereira

Em SP a PF prendeu o Mega-traficante Ramires Abádia e prendeu também o “chefão” do DENARC Delegado Pedro Luiz Pórrio,que lhe dava cobertura e garantia sua “Liberdade” no solo de Piratininga,Governado pelo PSDB de “Xuxu”.
Ramires Abádia sabia que teria tratamento “vip” em Terras Norte-americanas,afinal tinha informações e também muito “dindim” para comprar sua liberdade.
Eu duvido que Ramires Abádia esteja preso,pois quem tem capital de sobra,se da muito bem nos EUA,como mostram as “penas” impostas aos Banqueiros do HSBC.

Urbano

Sim, mas tem que se salvaguardar o besouro, pois o cabra está mais para a obra do que para o obreiro…

Macaco

” Após ter passado 15 dias a ouvir depoimentos e mais de um ano a fazer deliberações legais, o juiz em direito administrativo da DEA, Francis L. Young, instou formalmente a agência antidroga a autorizar os médicos a receitarem marijuana. Num juízo pronunciado em Setembro de 1988, Young considerou: “A evidência constante neste registro mostra claramente que a marijuana é reconhecidamente capaz de aliviar os tormentos de um grande número de pessoas gravemente enfermas, e de o fazer com segu­rança, baixo supervisão médica. (…) Seria irrazoável, arbitrário e capri­choso por parte da DEA continuar a intrometer-se entre o sofrimento destas pessoas e os benefícios que, à luz das provas constantes neste re­gistro, esta substância causa. Em termos estritamente médicos, a marijua­na é muito mais segura do que muitos alimentos que consumimos nor­malmente (…) a marijuana na sua forma natural é uma das mais seguras substâncias terapeuticamente ativas conhecidas do Homem”.

Todavia, baseados nos seus critérios pessoais, todos os administradores da DEA até ao presente — nenhum dos quais é médico! — têm-se recu­sado a acatar esta decisão, continuando a privar as pessoas de cannabis médica. (…)
Que hipocrisia é esta que permite aos funcionários públicos troçar dos factos e negar a verdade? Como é que eles racio­nalizam as suas atrocidades? Como? In­ventando os seus próprios peritos. ”

http://hempadao.blogspot.com/2012/10/capitulo-15-historia-oficial.html

    Job

    “marijuana na sua forma natural “, assim como tomate, banana, etc, praticamente não existe mais a chamada forma natural. Hoje toda marijuana presente no mercado são versões alteradas da Natural. Na Holanda, por exemplo, já estão prestes a proibir o uso, pois os produtores estão produzindo versões cada vez mais fortes, para “atender” melhor seus objetivos.

CNunes

Realmente, existe um risco sistêmico no caso de condenação penal do HSBC.
Mas não do sistema financeiro.
Por este transitam recursos ilegais não só do tráfico de drogas e terrorismo, mas também do comércio de armas, do caixa dois de empresas privadas e da corrupção de atores públicos (servidores e políticos).
O risco seria a quebra do sistema de hipocrisias..

Fred

Até aí, nenhuma novidade. Lá por volta de 1990, a revista Terceiro Mundo (acho que não existe mais) publicou uma reportagem de fôlego sobre a questão econômico-política do tráfico de drogas.
Nessa reportagem, com dados bem fundamentados, a revista afirmava que 95% do dinheiro do tráfico era depositado nos bancos dos EUA, e que somente 5% do dinheiro permanecia nos países produtores de drogas.
A revista estimava que o volume do dinheiro do tráfico era, na época, de 100 bilhões de dólares
A partir dessa constatação a revista dizia que o combate ao tráfico era uma piada, já que não havia nenhum interesse do governo norte-americano em combatê-lo efetivamente.
Aquilo que a revista dizia há 30 anos agora tornou-se oficial.

Luís Carlos

Impunidade. É isso que ocorre com influentes e poderosos. Vejamos aqui no Brasil o sr. Cachoeira, bandido reconhecido, com casamento sendo coberto pela Folha. PGR e STF fazem absolutamente nada. Impunidade. A grande mídia adora deixar seus amigos e anunciantes impunes.

Ana Cruzzeli

O sistema bancário dos EUA e Europeu estão abraçados nessa.
O HSBC é só a testa de um dragão criada e tratada a pão-de-ló pelos EUA.

Por que o sistema bancário é imexível lá no norte nos paises capitalistas?
Por que o sistema comunismo de tratar banco como coisa publica era de fazer tremer?
Por que o BB e a Caixa estavam na lista para ser privatizada por FHC/SERRA/AÉCIO/CIA?

Não o HSBC é só a ponta de um sistema simples que se chama lavagem de dinheiro. Se TODOS os bancos fossem o trafico de drogas acabaria no MUNDO.
Se a Holanda fosse realmente um pais vanguardista fariam o que Lula fez. Compraria ativos privados transformando-os em publicos.

O ÚNICO MANDATÁRIO QUE COMBATEU AS DROGAS NO MUNDO FOI O LULA E AGORA A DILMA.

Quem sabia o quanto as drogas compraram políticos no BRASIL CHOROU, CHOROU com a queda da CPMF.

Essa historia de divertir a platéia distraído com o tal do libera geral já cansou.

Com relação ao HSBC, vai ficar tudo como antes. Se o sistema bancário lá no norte não for estatizado podem fazer lei e mais leis anti-drogas que é só ação de enxugar gelo.

A melhor politica anti-drogas ou correção de riscos o LULA já ensinou.

-Sistema financeiro publico
-Politicas de inclusão social
-Criança na escola
-Adolescente projetando-se para o trabalho
-Geração de emprego.

AGORA O MAIS IMPORTANTE
-Politica de não violência. Os criminosos adoram conflitos, adoram guerras, adoram sangue nas ruas.

NÃO DAREMOS ISSO A ELES.

Lafaiete de Souza Spínola

O CRIME ORGANIZADO E A LAVAGEM DE DINHEIRO

Deveríamos abrir uma ampla discussão sobre esse assunto. A ocorrência é grave demais e devemos exigir uma ampla investigação, pois o crime organizado permeia vastas áreas do nosso país. O Demóstenes e demais investigados pela Polícia Federal devem ser punidos exemplarmente.

Estudos sérios estimam que há, aproximadamente, 3% de psicopatas no meio da sociedade. Considerando um país com população de 190 milhões, eles são, assim, 5.7 milhões. Eles são inteligentes, dissimulados, autoritários e bem informados. Conseguem, com suas artimanhas, manter muitos políticos sob sua batuta, depois de corrompê-los. Vide um exemplo recente, o Carlinhos Cachoeira.

“É preciso distinguir entre a reciclagem local e internacional.

O primeiro caso é ilustrado de maneira exemplar pela cidade de Reggio, na Calábria, 190 mil habitantes na ponta da “bota”. Corso Garibaldi: 02 Km de butiques ultrachiques ao longo de uma via reservada aos pedestres.

Pode-se adquirir o que há de melhor em matéria de moda e design: roupas assinadas por Valentino ou Calvin Klein, bolsas Vuitton ou móveis Armani. Mas estas butiques estão vazias. Ninguém compra nada! Um mistério logo explicado por Vicenzo Macri, magistrado: “Estas lojas não são mais que vitrines. Pouco importa que não vendam nada. O proprietário emite a cada noite tíquetes de caixa como se houvesse vendas. E assim é lavado o dinheiro sujo da droga…”.

Como está sendo executada a lavagem de dinheiro em nosso país?

Seguramente é tão ou mais escancarada que esse procedimento usado na cidade de Reggio, na Calábria.

Se acontecer uma simples auditoria, nada de anormal vai ser encontrado.

Esses psicopatas, em sua maioria, pagam pontualmente os impostos, compram e vendem com nota fiscal, tudo, aparentemente, parece muito perfeito.

Para os desavisados são empresários competentes e bem sucedidos! Crescem como pés de banana plantados perto da várzea. Só que fazem parte de uma espécie de bananeira que mesmo plantada na caatinga cresce como se estivesse ao lado do brejo.

Não há crise econômica para esses senhores. Suas pegadas são claras e escancaradas para quem entende um mínimo do assunto. Por que tudo isso acontece? Porque, aqui, eles têm mais liberdade que por lá, na Península Itálica.

Sugiro que leiam: Gomorra, livro de Roberto Saviano e os livros, sobre o tema, do Juiz Fausto de Sanctis; além de pesquisar palestras e artigos na internet.

hc

O pior de tudo é que esse dinheiro pode ter sido sacado aqui e acolá, para os piores fins. Lembram-se das Offshore, me permito até fazer um trocadilho com Offshore: vai muita mãe “chorando em off”, digo “chore em off”.

    rodrigo

    Nossa! Muito bom esse trocadilho!

Urbano

Mais uma vez eu estava certo quando traduzi hsbc, naqueles tempos idos do desgoverno do fred henrique danoso salieri, cujos adeptos, que de tão encharcado se encontrava o ambiente por eles, vinham a sair pelo ladrão…

Mário SF Alves

Tony Montana tem um adjetivo pra tudo isso: shits. Frei Leonardo tem outro: rolabostas.
______________________________________
JUntando um e outro, resulta nisto:

lulipe

Não sei por que o espanto.John Calvin Coolidge Júnior, 30º Presidente dos Estados Unidos, disse há mais ou menos um século atrás que “O negócio dos Estados Unidos, são os negócios”!!!!

    Mário SF Alves

    O problema não são os negócios, lulipe. O problema, lulipe, é o (seu)conceito de negócio.

xacal

O pior, no nosso caso, é a internalização destes valores, que resultam em realidades distorcidas e, geralmente, muito mais violentas e paradoxais.

Orbitamos entre a esquizofrenia normativa que pune a venda(pelos pobres, diga-se)e autoriza o consumo(mais ou menos como autorizar a venda de carros, proibir a venda de combustíveis nos postos, mas pouco ou nada incomodar as grandes distribuidoras), e a militarização permanente das polícias que aplicam seletivamente o arcabouço legal baseadas nas suas leituras da realidade, misturadas com seus conceitos históricos sobre quem é criminoso, onde a sociedade é fonte legitimadora de ações e discursos.

Se nos EEUU, o War on Drugs é uma piada de mau gosto, que promove a “quase-extorsão” em nome do Estado, e a segregação dos pretos nas cadeias e depois no limbo social das condicionais(paroles) ou no estigma de ex-detento, que nunca mais lhes permitirão, por exemplo, votar, no Brasil, vamos, ao nosso “jeitinho” aplicando esta noção tipo Jim Crow:

Com um mórbido detalhe que nos difere:

Lá eles tomam a grana, prendem e segregam para toda vida.

Aqui, a gente resolve na hora: plic-plac-bum!

    Mário SF Alves

    Plic-plac-bum! Onomatopeia de quem entende do riscado. Putz!

    __________________________________
    Desculpa aí, Xacal, mas, fiquei surpreso. E eu que ainda não levava fé naquela sua identificação como policial. É isso. Mundo… grande mundo. E vamo que vamo porque o “Brasil Um País de Todos” demanda certa pressa.

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