Sindicato denuncia desmonte do SAMU e discurso enganoso de Covas: Prefeito será o responsável pelas mortes

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Gerson Salvador, diretor do Sindicato dos Médicos de SP: "'O prefeito Bruno Covas está sendo absolutamente irresponsável ao retirar recursos da saúde, ainda mais de um serviço de emergência; isso vai custar vidas humanas''

As equipes do SAMU frequentemente lidam com sangue.  Elas foram jogadas em unidades de saúde que não têm local adequado para higienização das ambulâncias, dos instrumentos e dos próprios profissionais, aumentando o risco de contaminações. As imagens desta reportagem integram o dossiê que o sindicato dos samuzeiros, o dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), entregou ao Ministério Público do Estado de São Paulo nessa segunda-feira (22/04).  Ele está na íntegra, ao final.

por Conceição Lemes

Para onde você liga em primeiro lugar quando tem acidente em estrada, rua, trabalho, emergência médica em casa ou alguém passa mal na rua?

Se mora na cidade de São Paulo, apostamos: SAMU 192. É o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

 “Realmente, quando há situação de risco imediato de vida, ninguém liga primeiro para o seu convênio, as pessoas ligam para o SAMU”, atesta o doutor Gerson Salvador, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp).

Aqui, o Corpo de Bombeiros também faz esse tipo de atendimento. Mas é apenas de uma pequena parcela. A quase totalidade dos resgates de pessoas em situação pré-hospitalar é feita pelo SAMU.

Não é à toa que, na capital, falou assistência pré-hospitalar, falou SAMU.

Eu mesma já acionei para três emergências bem diferentes: minha mãe, então com 93 anos, caiu e fraturou o fêmur; um vizinho pediu ajuda, estava com sinais de infarto; e uma senhora desmaiou em frente de casa e não tinha ninguém com ela.

Saltaram à vista a rapidez para equacionar os casos, a dedicação e o jeito humano de lidar com os pacientes.

Porém, quem acionou o SAMU nessa terça-feira, 23 de abril, talvez não tenha sido atendido prontamente.

Eles fizeram greve.

A culpa não é deles.

Uma canetada do governo Bruno Covas (PSDB) põe em xeque a qualidade de um serviço aprovado pelos paulistanos.

Trata-se da portaria 190/2019, de 22 fevereiro de 2019, que “institui as diretrizes de descentralização das equipes assistenciais do SAMU”.

Os três itens do artigo 2 da portaria, a descentralização vai levar a tudo de bom, inclusive ampliar a cobertura do SAMU.

Três dias antes, o portal da Prefeitura de São Paulo publicou a notícia: Saúde anuncia nova etapa de descentralização do SAMU

Em 512 palavras, a Prefeitura vende à mídia e  aos paulistanos que a descentralização/ integração/reestruturação – são as palavras pomposas que utiliza para edulcorar a mudança –,  mais e melhor SAMU.

De saída, afirma que vai aumentar de 58 bases para 78 pontos de assistência, que ficarão em equipamentos de saúde do SUS, como as unidades básicas de saúde (UBS).

Só ao final do 3º parágrafo a Prefeitura informa que das 58 bases atuais, 31 serão fechadas. São as modulares, aquelas em módulos de contêineres.

A Prefeitura afirma que a junção das unidades de saúde com as equipes do SAMU vai qualificar mais o atendimento, proporcionando ganhos aos usuários.

A Prefeitura afirma ainda que as mudanças vão aumentar a cobertura do SAMU e reduzir o tempo de resposta aos chamados.

“Só que tudo isso que a Prefeitura de São Paulo está falando é falacioso”, denuncia Gerson Salvador.

‘’As mudanças vão aumentar o tempo de resposta aos chamados. Portanto, as ambulâncias vão demorar mais para chegar às emergências, o que vai custar mais vidas humanas’’, avisa.

“Infelizmente, o prefeito Bruno Covas não está sendo transparente com a população de São Paulo; essas mudanças são para poupar recursos; ele está tirando recursos da saúde pública, que já são insuficientes”, atenta.

‘’O prefeito Bruno Covas está sendo absolutamente irresponsável ao retirar recursos de onde jamais deveria retirar, ainda mais do serviço de emergência; isso vai custar vidas humanas’’, alerta o diretor do Simesp.

“Ele será o grande responsável pelas mortes que vierem a ocorrer’’, observa Gerson Salvador.

A ‘’reestruturação’’ está baseada no decreto nº 58.636, de 21 de fevereiro de 2019

Curiosamente, a Prefeitura de São Paulo possui em caixa R$ 10,8 bilhões. Os dados são de fevereiro. Os relatórios são bimestrais.

Como entre os trabalhadores do SAMU há médicos associados do Simesp, a entidade está acompanhando bem de perto todo esse movimento.

Segue a íntegra da nossa entrevista.

Blog da Saúde — Em se tratando de emergência médica ou suspeita dela, qual a importância do atendimento rápido?

Gerson Salvador – Um paciente com uma doença grave que ameace a sua vida o tempo de resposta tem que ser em até 12 minutos.

Blog da Saúde –Traduzindo.

Gerson Salvador — Uma equipe com suporte avançado de vida tem que chegar ao local em que este paciente está em até 12 minutos para socorrê-lo.

Por exemplo, uma pessoa que possa vir a ter parada cardiorrespiratória.

Parada cardiorrespiratória não revertida é morte. Internacionalmente, o tempo preconizado é 12 minutos. Na cidade de São Paulo já estava em 24 minutos, portanto acima do preconizado.

Blog da Saúde – Por quê?

Gerson Salvador — Não  tem equipes em número suficiente. Antes da portaria de fevereiro de 2019, o SAMU já sofria com um contingente relativamente pequeno ante o tamanho da demanda das pessoas desta cidade.

Outro exemplo. Se um paciente com parada cardíaca não for atendido em 10 minutos é 100% de morte.

Então, cada minuto conta. Cada minuto que o SAMU demora para chegar aumenta o risco de o quadro se tornar irreversível.

Blog da Saúde – Como médico o senhor viveu a era pré-SAMU?

Gerson Salvador – Eu não tenho essa vivência, porque o SAMU foi instituído em 2003 e eu me formei em 2006, mas tenho colegas que vivenciaram essa fase e me relatam como era.

Na cidade de São Paulo, desde o início da década de 1990, já havia um serviço de atendimento pré-hospitalar, cujas unidades foram  construídas principalmente junto aos hospitais municipais.

Mas não havia uma política municipal organizada de atenção pré-hospitalar.

O que se tinha, na verdade, eram poucas ambulâncias e poucas equipes, que, além disso, atuavam com algumas dificuldades. Por exemplo, ficavam em meio ao fluxo intenso de usuários e funcionários dos hospitais.  De modo que enfrentavam muitas barreiras até que conseguissem sair.

Em 2003, no primeiro ano do governo Lula, surgiu o SAMU como uma política nacional, com protocolos de atendimento, médicos atendendo, fazendo perguntas para avaliar a gravidade, saber se seria necessário deslocar equipe de suporte avançado.

Ou seja, dependendo do caso, ambulância com UTI, incluindo médico na equipe, ou uma ambulância com suporte básico e profissional de enfermagem. E com uma linha de financiamento federal.

Então, o SAMU passou a ser uma política nacional e com certeza qualificou a atenção pré-hospitalar pelo Brasil afora.

Blog da Saúde — O Sindicato dos Médicos está acompanhando as mudanças no SAMU na cidade de São Paulo?

Gerson Salvador – Sim, e bem de perto, pois há médicos associados do sindicato que trabalham no SAMU.

Blog da Saúde – O que a Prefeitura fez?

Gerson Salvador – Na cidade, havia 58 bases do SAMU, sendo 31 modulares.  A Prefeitura simplesmente fechou as 31 bases modulares.

Eram bases modulares alugadas. O custo de cada uma é de 20 mil reais por mês. A prefeitura vai “poupar’’ com o não aluguel dessas bases R$ 620 mil. Por ano, R$ 7,4 milhões.

As equipes dessas 31 bases do SAMU foram transferidas para unidades  básicas de saúde — cerca de dois terços — e prontos-socorros de hospitais.

Blog da Saúde – Pelo que a Prefeitura divulgou o objetivo dessa descentralização/reorganização das bases do SAMU é aproximá-las das unidades de saúde do SUS.

Gerson Salvador – Essa é uma das grandes falácias do prefeito Bruno Covas.

As equipes do SAMU foram literalmente jogadas em unidades de saúde que não estavam preparadas para recebê-las.

As ambulâncias não têm local adequado para permanecer, ficam expostas ao sol.

Também não há local adequado para higienização das ambulâncias, dos instrumentos e equipamentos e dos próprios profissionais, o que aumenta o risco de contaminação.

Afinal, o SAMU atende frequentemente pessoas acidentadas, onde você tem muito sangue. E a higienização adequada não está sendo feita.

Blog da Saúde – A Prefeitura diz que a portaria 190/2019 atende à descentralização do SUS.

Gerson Salvador – A Prefeitura quer poupar recursos e usa o discurso falacioso de descentralização, de acordo com o SUS.

Detalhe:  A redução de despesas com o aluguel das bases terá impacto  no orçamento anual da Secretaria Municipal de Saúde equivalente a 0,08%.

Blog da Saúde – Afinal, o que é a chamada descentralização, que só atinge as bases modulares?

Gerson Salvador – A bases modulares do SAMU foram pensadas estrategicamente em vias expressas, para daí se deslocarem pela cidade. Com isso chegando mais rápido às ocorrências.

Então, tinham que ser localizadas junto a marginais, a avenidas como a dos Bandeirantes e Escola Politécnica, por exemplo. Também de acordo com os pontos de maior número de casos de emergências traumáticas e clínicas.

Em São Paulo, especificamente, essas bases modulares foram incorporadas a partir de estudos internacionais, demonstrando que quanto mais próximas em das vias de acesso rápido, em locais estratégicos, as bases tendem a diminuir o tempo de resposta.

Ou seja, facilitam a chegada da ambulância  à ocorrência em menor tempo e salvam mais vidas.

Essas bases modulares foram usadas com sucesso em vários países.

O Brasil trouxe esse modelo de outros países, como França e Canadá, que trabalham atenção pré-hospitalar e em cujas diretrizes o SAMU foi inspirado.

Pois bem, a chamada descentralização acaba com as bases em locais estratégicos, junto às vias expressas que facilitam o deslocamento das ambulâncias, consequentemente salvam mais vidas.

Blog da Saúde —  Então, a chamada descentralização vai produzir efeito oposto ao que o governo Bruno Covas propagou?

Gerson Salvador – Infelizmente, sim. A eliminação das bases modulares, que ficam junto às vias expressas, vai aumentar o tempo resposta e causar mortes.

Explica-se. Como as mudanças vão fazer  com que a ambulância e a equipe do SAMU demorem mais para chegar nos locais das emergências. Em consequência, vai demorar mais tempo para que essas pessoas comecem a ser assistidas, fazendo com que mais pessoas morram.

Blog da Saúde – Foi feito algum estudo para essa mudança?

 Gerson Salvador –  Nós não temos conhecimento de nenhum estudo e a situação leva a crer que a distribuição atual das bases foi feita de modo aleatório. Tudo indica ela foi baseada onde havia unidades disponíveis. Tanto que as equipes do SAMU foram colocadas em depósito de materiais, porões de hospitais, salas inadequadas.

Blog da Saúde – Mas a Prefeitura diz há embasamento técnico?

Gerson Salvador – Na verdade, o que eles chamam de embasamento técnico não passa de embromação.  Essa opinião não é minha opinião pessoal. É a nossa opinião enquanto Sindicato dos Médicos de São Paulo.

Blog da Saúde – A Prefeitura diz que vai ampliar o SAMU. Passará das 58 bases atuais para 78 pontos de assistência, que ela chama de bases descentralizadas.

Gerson Salvador – Outro discurso falacioso: o SAMU passará das 58 bases atuais, das quais 31 modulares estão sendo fechadas, para 78 pontos de assistência como se fossem a mesma coisa. E não são!

Blog da Saúde – Mas é isso enganoso, induz a população a acreditar que sejam a mesma coisa.

Gerson Salvador – Pois é, mas são bem diferentes.

As bases modulares têm infraestrutura adequada para garantir a qualidade do atendimento. Elas têm desde local especial para limpeza das ambulâncias e equipamentos, de modo a evitar contaminações, a sala de descanso e banheiro com chuveiro, para que os profissionais façam a higienização após cada atendimento.

Já os pontos de assistência são simplesmente salas em unidades de saúde sem condições adequadas para o trabalho das equipes do SAMU.

Portanto, com o fechamento de 31 bases modulares das 58 existentes, o SAMU terá 27 bases (apenas) e 51 pontos de assistência.

Blog da Saúde – A Prefeitura diz que as equipes das 31 bases fechadas serão alocadas nos postos de assistência. Considerando que há 21 locais a mais, qual o “milagre” das equipes para elas cobrirem tudo isso?

Gerson Salvador – Desidrataram a assistência. As bases do SAMU dispunham, em média, com 2 a 3 equipes para atendimento básico, intermediário e avançado.  E havia sempre uma equipe de plantão durante as 24 horas.

Já os pontos de assistência contarão, em sua grande maioria, com apenas 1 equipe no período diurno e 1 equipe no período noturno. Se apenas um funcionário faltar ao plantão, o ponto de assistência não terá condições de atender aos chamados.

O pior é que a Prefeitura não está sendo transparente ao falar com a população sobre as mudanças nas bases do SAMU.

Blog da Saúde – Em que medida?

Gerson Salvador – Quando chama o que está fazendo de reestruturação, reorganização do SAMU. Na verdade, o que a Prefeitura está fazendo é retirar recursos da assistência. É o desmonte da política de assistência pré-hospitalar. É o desmonte do SAMU.

A Prefeitura não está sendo transparente quando deixa de informar à população que a mudança vai fazer com que o tempo de resposta aumente. Portanto, que as ambulâncias vão demorar mais tempo para chegar às emergências, e isso vai custar vidas humanas.

Que vai fazer com que o tempo de resposta aumente. Portanto que as ambulâncias demorem mais tempo para chegar às emergências, e isso vai custar  vidas humanas.

Na verdade, o que a Prefeitura chama de reestruturação, reorganização, nós chamamos de desmonte da assistência pré-hospitalar, desmonte do SAMU, aumento do tempo resposta.

Nessa medida, o prefeito Bruno Covas está sendo absolutamente irresponsável. Ele está tirando recursos de onde ele jamais deveria retirar.

O prefeito não só está tirando recursos do SUS. Ele está tirando o dinheiro do serviço de emergência, um serviço essencial.

A consequência do que a prefeitura chama de reorganização é o aumento do tempo resposta.

Blog da Saúde – Os recursos para as ambulâncias do SAMU vem do Ministério da Saúde?

Gerson Salvador –Sim, o Ministério da Saúde repassa um determinado valor para que cada ambulância rode as 24 horas do dia. Só que esse esquema montado pela Prefeitura está fazendo com que uma ambulância deixe funcionar por ponto de assistência, já que uma circula só circula de dia e a outra, apenas à noite.

Então cada ambulância que deveria circular 24 horas para servir à população só está circulando 12 horas. Isso é muito sério.  O Sindicato dos Médicos já levou isso ao conhecimento do Ministério Público. Isso deve ser verificado pelos órgãos de controle.

Blog da Saúde – E ao Ministério da Saúde?

Gerson Salvador – Notificamos o Ministério da Saúde e Ministério Público do Estado de São Paulo para que sejam apuradas as responsabilidades e tomadas as providências necessárias.

Blog da Saúde – Na avaliação do sindicato, quem é o responsável?

Gerson Salvador — Na nossa opinião, o grande responsável é o prefeito Bruno Covas, que deveria ter uma postura mais responsável com a saúde da população. Ele não está levando em consideração que essas mudanças vão acarretar perdas de vidas humanas.

Blog da Saúde – O fato de as ambulâncias estarem rodando 12 horas em vez de 24 sinaliza o quê?

Gerson Salvador – Nós esperamos que o Ministério Público e o Ministério da Saúde apurem se houve fraude, pois indícios há.

Blog da Saúde – Quais as consequências desse desmonte do SAMU para as periferias das capital?

Gerson Salvador – As consequências vão ser devastadoras para a população pelo aumento do tempo resposta.

Vou te dar dois exemplos. A base de Engenheiro Marsilac, na região extremo Sul da capital, foi fechada e as equipes foram transferidas para a base Nova Parelheiros (base ou posto de assistência?), que fica a cerca de 12 quilômetros.

A base do Alvarenga, também no extremo Sul da capital, deixou de existir. As suas equipes foram equipes transferidas para a UBS Jardim Miriam II, ponto de assistência a 9 quilômetro de distância.

Com o aumento das distâncias, as ambulâncias agora vão demorar mais tempo para chegar, o que terá consequências nefastas para a população dessas áreas.

A propósito, as regiões do Sacomã [bairro que dá acesso às rodovias Anchieta e Imigrantes] e da Vila Maria [bairro da Zona Norte, vizinho da estação rodoviária, terminal Tietê] ficarão sem bases do SAMU.

Blog da Saúde – Na cidade de São Paulo, SAMU é sinônimo de assistência pré-hospitalar?

Gerson Salvador – Em São Paulo, quando a gente fala de atenção pré-hospitalar, a gente fala SAMU, embora, aqui, o resgate seja feito também pelo Corpo de Bombeiros.

O SAMU realiza a quase totalidade dos atendimentos de pessoas em situação pré-hospitalar.

Quando tem um acidente, ninguém primeiro para o seu convênio. Liga para o SAMU.  Quando uma pessoa tem uma parada cardíaca no meio da rua, as pessoas ligam para o SAMU.

Blog da Saúde –Tem alguma região cuja população não será atingida pela mudança?

Gerson Salvador – Não. A mudança atingirá todas as regiões da cidade e afetará a população de todas as classes sociais.

Insisto: em situação de risco imediato da vida, as ambulâncias vão demorar mais para chegar, com consequências nefastas para todos.

Portanto, essa mudança feita pela Prefeitura no SAMU é um risco à saúde pública.

Blog da Saúde –Aliás, a má vontade do Estado de São Paulo com o SAMU é gritante.

Gerson Salvador – O SAMU é uma política pública, instituída em 2003, pelo então presidente Lula, e que prevê financiamento por parte da União, Estado e municípios.

Só que o Estado de São Paulo nunca colocou um centavo no SAMU. Se os governos anteriores não colaboraram, menos ainda o João Doria.

Aliás, no momento em que as bases do SAMU são fechadas, o governo Doria  diminui o repasse de recursos para o serviço de resgate do Corpo de Bombeiros.

Infelizmente vai morrer gente devido às mudanças na política de atenção pré-hospitalar na cidade.

Blog da Saúde – O senhor tem estado com médicos e demais servidores públicos que atuam no SAMU. Como eles estão?

Gerson Salvador – Estão se sentindo ultrajados.

Blog da Saúde – Explique melhor.

Gerson Salvador –-A Prefeitura diz que a reformulação é também para qualificar o atendimento móvel de emergência.

Só que, na prática, o que está acontecendo é o seguinte:

*Em alguns hospitais há demora para as ambulâncias acessarem a rua

* Nos hospitais é difícil estacionamento, eles têm que validar o ticket.

* Tem posto de assistência que fica no quinto andar do hospital; então, essa equipe tem que pegar elevador para descer e chegar à ambulância.

*Não tem local para os profissionais higienizarem a ambulância, os equipamentos nem para eles se higienizarem após cada atendimento. Não podemos esquecer que lidam com situações potencialmente contaminantes.

É isso, prefeito, que o senhor chama de qualificar o serviço de atendimento móvel?!

Blog da Saúde – Como o senhor qualifica essa postura do governo Bruno Covas  relação às equipes do SAMU?

Gerson Salvador — Isso é desrespeito, descaso.

Imagino que a esta altura os integrantes da sua equipe já estejam lhe dizendo: ‘Isso é besteira’, ‘deixa pra lá’, ‘os servidores estão se queixando à toa’, ‘que se lixem’,  entre outros ‘’conselhos’’.

Prefeito, certamente desconhece a competência e a dedicação dos profissionais do SAMU da cidade de São Paulo.

Eles dedicam as suas vidas para atender a nossa população.

Toda vez que saem numa ambulância, em alta velocidade, pelas vias da capital, para atender uma ocorrência, eles estão arriscando  as próprias vidas pelo outro, para atender  o munícipe, que o elegeu.

E o senhor, num ato executivo, absolutamente irresponsável, dispõe da vida desses servidores assim como de todas as pessoas da cidade de São Paulo.

PS do Blog da Saúde: O texto original foi atualizado para informar o final da greve.

Inicialmente publicamos:

Quem ligar a partir de hoje, terça-feira, 23 de abril, talvez não seja atendido prontamente.

Os trabalhadores do SAMU entraram em greve por tempo indeterminado. 

Porém, na noite dessa terça-feira, como a Prefeitura, em negociação com o Sindsep, decidiu atender parte das reivindicações, os samuzeiros voltaram ao trabalho nesta quarta

Dossiê SAMU: Sindsep ao MP by Conceição Lemes on Scribd

 


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Rodrigo

Na base de Santa Cecília uma senhora que se chama Rafaela chefe de um setor no.local que fomos colocado proibiu as esquipe de usa a cozinha ou até mesmo enche o galao de água e ainda gritou com o segurança no.local humilhando ele na frente de todos e falando.qie a gente nao Samos nada e isto que o prefeito quer humilhar trabalhadores que estão na rua lutando para salva vidas me desculpe o.desabafo mais esta mulher tem que se denunciada para não fazer isto com ninguém mais

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