Quem são os conselheiros que estarão à frente do CRM-DF a partir de 1º de outubro: Desafios da única chapa progressista vitoriosa no País

Tempo de leitura: 12 min

Por Conceição Lemes

Em 1º de outubro, tomam posse os novos conselheiros dos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) do País.

Ao todo, são 540 titulares e 540 suplentes.

Eleitos em 14 e 15 de agosto, eles vão gerir os conselhos até 2028.

As chapas de situação, de perfil conservador, tiveram vitória avassaladora, como já dissemos aqui.

A exceção foi no Distrito Federal (DF), onde está localizada Brasília, a capital do Brasil.

Quatro chapas disputaram o comando do CRM-DF.

Ganhou a chapa 4 – Movimento: Ciência, Ética e Dignidade.

José Alberto Nunes Sobrinho (1) Samuel Domingues (2) Thiago Blanco Vieira (3) Paula Campos Vieira de Melo (4) Ricardo Gamarski (5) José Davis Urbaez Brito (6) Janice Bauab de Assis (7) Márcio de Castro Morem (8) Maria Aparecida Teixeira Lustosa (9) Mayra Teixeira Magalhães (10) Mirian Conceição Moura (11) Márcia Pimentel de Castro (12) Gisele Sampaio Fernandes (13) Itajaí Oliveira de Albuqerque (14) Maria Célia Couto Mello (15) Camila Solé Ferreira Magalhães Lemes (16) Rodrigo Santos Biondi (17) Felipe de Oliveira Lopes Cavalcanti (18) Gerli Araújo Gonçalves Coêlho (19) Fábio Ferreira Amorim (20) Danilo Aquino Amorim (21) Fabiane de Miranda Vasconcelos (22) Julio Cesar Meirelles Gomes (23) Flávia Letícia Carvalho Gonçalves (24) Bruno Pinheiro Silva (25) Lívia Vanessa Ribeiro Gomes (26) Antonio Carlos de Souza (27) Marcela Sena Braga (28) Rommel Madruga Lima Costa (29) Vinícius Veloso Paulino (30) Luciana Teixeira de Campos (31) Kássia Rita Lourenceti de Menezes (32) Eduardo Vaz de Castro (33) André Luis de Aquino Carvalho (34) Albino Verçosa de Magalhães (35) Ana Carolina Gonçalves e Silva (36) Estêvão Cubas Rolim (37) Kátia Sudbrack Vidigal (38) Nelmy Angela Saad (39) Adérito Guedes da Cruz Filho (40)

Vitória relevante.

Primeiro, porque entre as quatro pleiteantes a chapa 4 era a única realmente de oposição, de perfil progressista.

A atual gestão rachou, e seus membros se distribuíram pelas chapas 1-Pode Contar Comigo (16 integrantes), 3-CRM para Você (5) e 2-Pela Medicina e pelos Médicos do DF (1).

Segundo, porque a chapa 4 foi a que enfrentou o maior número de tentativas de impugnação na Justiça. Foram quatro, todas por parte da chapa 1, que perdeu todas.

A chapa 1, talvez querendo se apresentar como única e legítima representante dos médicos do DF, buscou também a impugnação das chapas 2 e 3. Perdeu igualmente.

Terceiro, porque a chapa 4 provavelmente foi também a maior alvo de fake news.

Quarto, porque teve que enfrentar na categoria médica os efeitos das ações de três fronts de peso do negacionismo científico durante a pandemia de covid-19.

1. Do próprio CRM-DF, que recomendou medidas negacionistas.

2. Do governo Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Jair Bolsonaro (PL-RJ), que adotou medidas negacionistas.

3. Do CFM, já que a sua sede fica em Brasília.

É público e notório que o CFM aderiu ao projeto político do então presidente Jair Bolsonaro, abdicando de seu dever com os médicos e a população, atropelando a ética médica e a medicina baseada em evidências científicas.

Funcionou como correia de transmissão das medidas negacionistas, anticientíficas do governo federal, respaldando-as e contribuindo para a sua disseminação.

23 de abril de 2020. O CFM autoriza o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19. O assunto foi tratado em reunião no Palácio do Planalto entre os então presidentes Jair Bolsonaro e o do CFM, Mauro Ribeiro. Fotos: Marcos Corrêa/PR

27 de julho de 2022. O CFM dá palanque e plateia para Bolsonaro, candidato à reeleição, fazer proselitismo político-negacionista à vontade. O candidato à reeleição exaltou as ações do seu governo na pandemia, debochou dos cientistas, defendeu cloroquina e, ainda, investiu contra a vacina. Ao final da sua fala, os médicos aplaudiram-no de pé. Houve gritos de “mito” Na mesa, da esquerda para a direita, Marcelo Queiroga (então ministro da Saúde), Bolsonaro e o atual presidente do CFM, José Hiran Gallo, que tomou posse em 2022. Na primeira fila da plateia, Mauro Ribeiro, atualmente diretor financeiro do CFM. Fotos: Divulgação CFM e vídeo

Essas imagens nos dão uma ideia da importância da vitória da chapa 4 no Distrito Federal.

Dão ideia também dos desafios terá à frente do CRM-DF a partir de 1º de outubro.

Entrevistei cinco novos conselheiros:

Davi Urbaez, infectologista, presidente da Sociedade de Infectologia do DF

Felipe Cavalcanti,  sanitarista e consultor legislativo do Senado Federal

Nelmy Saad, infectologista na Secretaria de Saúde do DF

Alberto Sobrinho, neurologista e neurofisiologista

Márcia Pimentel de Castro, pediatra, com atuação em neonatalogia

São estes, na montagem abaixo.

Davi Urbaez, Felipe Cavalcanti, Nelmy Saad, José Alberto Nunes Sobrinho e Márcia Pimentel

Cada um respondeu, por escrito, três das 15 questões enviei ao grupo, a começar pelos motivos da vitória da chapa 4 no DF e a derrota das chapas progressistas no restante do País.

Confiram a nossa entrevista.

Viomundo – Que fatores contribuíram para a derrota das chapas progressistas nos demais 26 CRMs do Brasil?

Davi Urbaez — De fato, no Brasil afora, se confirmou a marca conservadora da categoria médica, a ponto de apagar a trágica posição dos CRMs, inclusive o do DF, durante a pandemia.

Além do conservadorismo, há estados em que os mesmos grupos ocupam os conselhos há muito tempo, com domínio da máquina.

Houve também uma série de medidas arbitrárias, como proibição de propaganda e tentativas inexplicáveis de impugnação, que dificultaram a campanha das chapas oposicionistas até de dialogar com a categoria médica e apresentar suas propostas.

No DF, fomos claramente prejudicados pela contínua sabotagem ao andamento da nossa campanha. Fomos alvo de sanções e de várias tentativas de impugnação.

A mais grave foi a decisão da Comissão Regional Eleitoral que nos proibiu de realizar propaganda por 30 dias, sendo que, àquela altura, restavam apenas 39 dias de campanha.

Ela sinalizou aos adversários um caminho a seguir, pois confirmava a tese de que podiam nos impedir de participar no pleito via administrativa, um antídoto potente para anular a nossa luta.

Fomos à Justiça que reduziu a nossa ‘’pena’’ de 30 para 10 dias.

Ficamos 10 dias sem fazer propaganda. Não houve nenhuma reparação para esse prejuízo, ainda que a tenhamos buscado.

Além da proibição em si, essas arbitrariedades tinham o objetivo de nos paralisar, fazer perder a esperança e desmobilizar nossa campanha. Mas não caímos nessas armadilhas.

Viomundo – O que levou à vitória no DF?

Davi Urbaez – Para começar, conseguimos construir uma chapa plural. Nosso grupo foi formado por pessoas de várias colorações ideológicas, de vários espectros políticos, unidos pelo princípio da democracia.

Equacionamos, portanto, as diferenças políticas pela convergência de bandeiras éticas e princípios humanistas, em prol de um objetivo comum, a medicina como valor digno.

Nossa campanha foi calcada na ética, no debate de ideias e de propostas.

Não nos rendemos ao jogo baixo que alguns tentaram imprimir à campanha eleitoral. Esse fator, acredito eu, foi importante para nossa vitória.

Assim como foi importante também a grande mobilização dos integrantes da chapa e dos apoiadores.

Foi necessário ter muita serenidade para não cair em armadilhas e manter o ritmo da campanha, apesar das reiteradas tentativas de ganhar no tapetão.

Viomundo — Essas arbitrariedades se deveram ao fato de serem oposição ou uma oposição progressista?

David Urbaez — Analisando o momento histórico do País  e o que houve em 26 estados do Brasil, dá para afirmar que as arbitrariedades para impedir a nossa campanha advieram da orientação progressista da Chapa 4.

Desde o início, o grupo externou de forma clara, sem subterfúgios, a oposição aos desmandos éticos, à desestruturação institucional e às práticas negacionistas, que a atual gestão apoiou.

Além disso, inegavelmente, o nosso compromisso inarredável com o SUS e com a democracia nos caracterizou como uma alternativa progressista.

Viomundo — Em algum momento temeram ficar fora da disputa eleitoral por causa das perseguições e arbitrariedades?

Felipe Cavalcanti – Esse foi um receio permanente.

Felizmente, entendemos de forma clara e muito rápida que não podíamos de modo algum cair nesse jogo.

Além da possibilidade de vitória, a campanha em si era uma oportunidade de defender o que para nós é o óbvio dentro da medicina: a Ciência, a Ética e a Dignidade. Princípios que durante a pandemia de covid-19, o CRM-DF e o Conselho Federal de Medicina abandonaram.

Viomundo — Como foi ficar o todo sob ameaça de impugnação?

Felipe Cavalcanti – Haja coração (risos) e serenidade!

Sem dúvida, essa foi uma preocupação constante. Porém, a nossa decisão de focar na campanha e deixar nosso advogado fazer o trabalho dele foi acertada e nos rendeu a vitória.

É importante salientar que a Comissão Nacional Eleitoral reverteu a decisão da Comissão Regional Eleitoral em relação à sanção por pretensa campanha antecipada.

Isso nos deu algum alento no sentido de acreditar que a instância superior gozava de alguma imparcialidade.

Viomundo – A chapa 4 foi muito alvo de fake news.  Quais destacaria?

Felipe Cavalcanti — Verdade, foram muitas, apesar de a regulamentação do processo eleitoral vetá-las.

Talvez a mais reiterada tenha sido a de que seríamos a “chapa do PT”, embora o nosso grupo fosse uma frente ampla, com pessoas de vários espectros ideológicos.

Membros das outras chapas recorreram a blogs extremistas de direita, redes sociais, prints descontextualizados de discussões de apoiadores, entre outros expedientes, para disseminar a mentira de que seríamos uma chapa do PT.

Usaram esses expedientes o tempo inteiro, inclusive durante os dias de votação.

É possível que essa mentira tenha afastado alguns colegas que votariam em nós, mas, por fim, não foi suficiente para melar nosso trabalho.

Outra mentira muito difundida era de que seríamos contra a revalidação de diplomas de profissionais formados no exterior.

E olha que a nossa defesa do Revalida com Prova estava em destaque, na primeira página de nosso programa e de nossas propagandas.

Destaco ainda a absurda fake news de que nossa chapa seria contra a atenção primária à saúde. Logo a chapa com o maior número de especialistas em Medicina de Família e Comunidade…

Essas e outras fake news – que podemos chamar apenas de mentiras deslavadas – mostram que, infelizmente, algumas pessoas não prezaram por um processo limpo, não queriam debater propostas, e basearam suas campanhas apenas na tentativa de desqualificar nosso grupo.

Esse comportamento, acredito eu, não era aprovado pela maior parte dos colegas das outras três chapas.

Conversei com vários que me disseram que a maior parte discordava do jogo baixo. Disseram também que isso estaria ocorrendo à revelia da vontade da maioria.

Isso nos dá a esperança de que poderemos dialogar com vários colegas das demais chapas em busca do objetivo da categoria como um todo.

Ou seja, que a Medicina e os médicos sejam respeitados por exercerem a profissão com base nas melhores evidências científicas e compromisso de prover o melhor cuidado aos pacientes.

Viomundo — No processo eleitoral, sei que a chapa 4 foi taxada de comunista, de esquerda, do PT. É isso mesmo?

Nelmy Saad — Pois é, fomos acusados de tudo isso junto e misturado. Éramos a “chapa da esquerda”, a “chapa comunista” e, principalmente a “chapa do PT”, para aparelhamento do CRM pelo governo federal , que planejava  “aparelhar todos  CRMs do país”, já que  outras chapas progressistas disputaram a eleição em alguns estados.

Hoje em dia, qualquer posição ideológica um pouco mais razoável, não radical de direita, é taxada de esquerda, comunista, “do PT”. Infelizmente, essa radicalização por parte de um pequeno e barulhento grupo da sociedade contaminou nossa categoria.

Viomundo — Afinal, quem são vocês da chapa 4?

Nelmy Saad – Aí, sim, uma bela mistura com muita liga…Nós somos um grupo bastante diverso.

Aqui, no DF, médicas e médicos indignados com negacionismo científico e o discurso antivacinas se juntaram para reagir, dando origem ao movimento “Médicos em movimento’’.

A chapa 4 nasceu dentro do Médicos em Movimento.

As diferenças entre nós vão desde as especialidades médicas até o modo de pensar.

Mas foi exatamente essa pluralidade que nos construiu e nos fortaleceu como grupo.

Sabe aquela  história  de que  o que nos une é maior do que o que nos separa?

Foi bem isso. Sempre houve  tolerância  às diferenças,  com um debate constante  e respeitoso.

Obviamente que, a partir desse ponto de partida, temos construído vários objetivos em comum e pretendemos honrar os votos que recebemos, fazendo uma gestão que orgulhe não só os colegas que votaram em nós, mas também a maioria da categoria.

Viomundo – O que ganha a medicina do DF tendo a chapa 4 à frente do CRM/DF?

Nelmy Saad — Ganha um CRM voltado para o cumprimento do seu verdadeiro papel.

Ou seja, um CRM sem vínculo político-partidário, voltado às  boas  práticas médicas,  regidas pela ciência e pela ética, e que coíba aventuras no intuito de proteger a saúde e zelar  pela  vida da  população.  Aliás, lugar de onde nunca o CRM-DF deveria ter saído.

Viomundo — Os CRMs têm a obrigação, prevista em lei federal, de defender a saúde da população e o exercício ético da profissão. Só que, por corporativismo, os CRMs abandonaram a parte que diz respeito à saúde da população. Isso aconteceu no DF?

Alberto Sobrinho – Realmente, nos últimos tempos houve grave distorção da atuação do CFM e CRMs.

Ao invés de se aterem ao papel de proteção dos princípios éticos no exercício médico, chancelaram condutas equivocadas e contrárias à saúde, particularmente no período delicado da pandemia.

Não diria que isso ocorreu por intenção corporativista, e sim por atitudes atreladas à uma vertente política obtusa e danosa, avessa à racionalidade e ao papel do médico na sociedade.

Quando os CRMs abandonam a ciência, eles contrariam seus princípios basilares e não protegem nem os médicos nem a medicina. Ao contrário, contribuem para total desmoralização da profissão.

Eu diria que, na verdade, houve uma aliança de boa parte dos dirigentes dos Conselhos com um reacionarismo propugnado pelo governo, que fomentou o negacionismo, o discurso anti-vacina…

No DF, por exemplo, onde o governo local enfrentou a pandemia de forma errática e sem diretrizes claras, o CRM foi contra o distanciamento social recomendado pela OMS para reduzir a transmissão do vírus covid-19.

Enquanto isso, vários de nós sofriam em UTIs, serviços de pronto-atendimento, unidades básicas de saúde e outros serviços, abarrotados de pacientes e sem que tivéssemos condições de cuidar de forma adequada dos mesmos. Ou seja, sem condições mínimas de trabalho.

Tão grave e inaceitável foi a omissão do CRM-DF em relação aos médicos antivacinas, o que contribuiu para a baixa adesão à campanha ainda presente da população.

Sem o olhar crítico e ponderado advindo da formação ético-científica, os conselhos tornaram-se coniventes e a reboque de ingerências alienígenas à medicina.

O CRM tem outro papel, definido em lei, e é sob essa égide que devemos atuar.

Viomundo — No DF, que atribuições de um CRM a gestão anterior abandonou?

Alberto Sobrinho — Quando se abandona o eixo ético profissional, o sentido de existir o CRM se perde.

Dessa forma, ou pelo silêncio e omissão, ou por pactuação ativa, assistimos atônitos ao apoio de medicações ineficazes, de técnicas, no mínimo, questionáveis ou mesmo impróprias.

Antagonizaram ações de valor sobejamente reconhecido, como vacinas e distanciamento social necessário, expondo a população a riscos sérios à saúde.

Permitir que médicos disseminassem informações falsas em seus canais profissionais foi uma falha absurda.

Acho que o principal foi o abandono do seu papel de prezar pela ética no exercício da profissão. Ao defender posições políticas, descoladas da ciência, meramente por questões ideológicas, passou a exercer um papel contrário ao seu mandato legal.

Viomundo — A chapa 4 pretende retomar atribuições do CRM abandonadas pela gestão anterior?

Alberto Sobrinho — A principal diferença entre a gestão que está saindo e a nossa é que desejamos trilhar o caminho que nunca deveria ter sido ser abandonado: comportamento médico baseado em conhecimento científico, acolhendo e cuidando do paciente com respeito à sua dignidade.

Medicina não tem sentido se não aliviar o infortúnio de quem sofre, jamais produzir mal.

Não pretendemos substituir a atuação com motivação partidária por outra, mas abolir essa influência político-partidária nas ações do CRM-DF.

Se conseguirmos que os médicos se lembrem do seu juramento, teremos o CRM-DF exercendo fielmente a sua função.

Viomundo — Já pensaram na hipótese de algum esqueleto/armadilha ter sido deixado de propósito no armário?

Márcia Pimentel –Somos um grupo muito atento e cuidadoso em suas atividades.

Estamos em um momento diferente do País e isso também vai repercutir no processo de transição entre a atual gestão e a nossa.

Temos que considerar o arcabouço legal que rege as instituições e acreditamos nele.

O CRM DF é uma autarquia muito bem estruturada, possui Regimento Interno e prestação de contas ao CFM, como determina a Lei.

Desta forma, acreditamos sim, que precisamos estar atentos e vigilantes, mas teremos muita tranquilidade durante o período de transição e nos primeiros meses de trabalho.

Na hipótese de alguém ou algumas pessoas tentarem deixar algum tipo de armadilha, acredito que isso só vai repercutir negativamente para as mesmas.

Há leis que precisam ser respeitadas e, se for o caso, essas pessoas poderão responder tanto administrativa quanto judicialmente. E isso pode redundar na esfera cível e na criminal.

Viomundo — Como pretendem agir para não cair em nenhuma armadilha?

Márcia Pimentel — Estou muito tranquila quanto a isso. Muitos de nós têm vasta experiência de gestão. Estamos nos organizando para fazer um processo de transição como deve ser, dentro dos parâmetros da institucionalidade.

Além disso, por ser uma autarquia, o CRM tem um corpo de profissionais concursados, sérios, que não estão a serviço de grupo X ou Y.

Caso em algum momento haja alguma suspeita fundada, teremos os instrumentos para identificar os malfeitos e malfeitores. Mas tudo isso será feito dentro do devido processo legal. Não haverá, em hipótese alguma, qualquer tipo de caça às bruxas.

Viomundo — A vitória da chapa 4 é muito emblemática já que foi a única progressista eleita. Uma vitória que ultrapassa os limites do DF. Queiram ou não, os médicos do Brasil afora e as direções dos demais CRMs estarão ligados em tudo o que vocês fizerem. Este fato aumentará muito a responsabilidade. Como pretendem lidar com isso?

Márcia Pimentel — De fato, é grande a responsabilidade por sermos a única chapa progressista eleita neste pleito.

Penso que a única forma de lidarmos com isso é repetir o que fizemos durante a campanha.

Ou seja, um trabalho sério, árduo, com muito diálogo e valorização dos princípios que defendemos ao longo de toda a campanha: Ciência, Ética e Dignidade, em letras maiúsculas, mesmo.

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