Presidente do Conass: ‘Podemos ter apagão de vacinas nas próximas semanas’; ‘governo federal abandonou o Brasil’, afirma CNS

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Nesta quarta-feira (07/04), os conselhos de Saúde do Distrito Federal, Nacional de Saúde e entidades representativas da área fizeram ato no gramado do Congresso Nacional, em Brasília, pelo Dia Mundial da Saúde. Usando jalecos brancos e segurando cartazes, os participantes representaram profissionais de saúde, enquanto no gramado o símbolo do SUS homenageou esse patrimônio do povo brasileiro

Por Conceição Lemes, com CNS

Ontem, 7 de abril, foi Dia Mundial da Saúde.

Data em que os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) colocam na ordem do dia a Saúde Pública como questão fundamental para o desenvolvimento social e a dignidade humana.

Aqui, porém, não tivemos o que comemorar, embora o Brasil tenha o maior sistema de saúde pública do mundo — o SUS.

A razão é óbvia: a conduta irresponsável governo Bolsonaro ao longo de toda a pandemia, que até essa quarta-feira, 7 de abril,  matou 340.776 brasileiros. Só nas últimas 24 horas foram 3.829 óbitos.

Esses dados são do Painel Conass Covid-19, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, divulgado às 18h.

O mais cruel e criminoso: desses  340.776 óbitos, 75% deles poderiam ter sido evitados.

É o que revelou o epidemiologista Pedro Hallal, em reunião virtual do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com vários especialistas, realizada em 24 de março de 2021:

— Não existe argumento científico que justifique esses números como aleatórios. A estrutura do SUS nos daria possibilidade de sermos referência mundial no enfrentamento à Covid. 225 mil dos 300 mil óbitos poderiam ter sido evitados. Já são mais de 12 meses de negacionismo.

—  Temos um desempenho 10 vezes pior em relação ao mundo.

Em nota pública, no Dia Mundial da Saúde, o CNS acusa o governo federal de abandonar: 

O Brasil foi abandonado pelos que optaram por apostar no ajuste fiscal, na manutenção da EC 95/2016, na redução do auxílio emergencial e no fim da verba emergencial para enfrentamento da Covid-19 em 2021.

Mais da metade do orçamento da União está intocado para dar conta do pagamento dos juros e encargos da dívida pública.

Ou seja, vigora a austeridade fiscal seletiva: Governo Bolsonaro e ”Centrão” cuidam do dinheiro do banqueiros e rentistas em vez da saúde da população.

A nota pública do CNS prossegue:

Isso é genocídio. As pessoas que morreram não voltam mais, mas nossa força será capaz de transformar o luto em luta para seguirmos defendendo os valores da nossa Constituição de 1988.

A nota do CNS arremata: Não podemos deixar o SUS e a vida do nosso povo nas mãos de um genocídio deliberado

A propósito: na manhã de ontem, o Conselho Nacional de Saúde realizou uma live pelo Dia Mundial da Saúde.

Na ocasião, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, alertou para a possibilidade de falta de vacina contra covid-19 nos próximos dias devido à falta de planejamento do governo federal.

“Podemos ter um apagão de vacinas nas próximas semanas”, alerta Carlos Lula, presidente do Conass, durante live do CNS

Ascom CNS

De acordo com o Ministério da Saúde, já são mais de 18 milhões de pessoas vacinadas com a primeira dose. E 5,1 milhões com as duas doses.

Os números ainda são baixos levando em consideração os 210 milhões de habitantes no Brasil e diante do aumento expressivo de óbitos por Covid-19, que na terça-feira bateu a triste marca de mais de 4 mil mortes em apenas 24h, totalizando mais de 337 mil vidas perdidas desde o início da pandemia.

Para Fernando Pigatto, presidente do CNS, “a data de hoje carrega a força do SUS e das pessoas que defendem a vida. A pandemia está agravada pelos ataques do governo federal à democracia”, disse.

Para Carlos Lula,  é necessário estar atento para que não haja a privatização da vacina.

“Chegamos ao dia 7 de abril podendo ter um risco de apagão de vacina nas próximas semanas. Muitas cidades não estão mais vacinando porque o estoque acabou. Perdemos as vidas e a economia no país. E vemos acontecer a permissão para compra de vacinas no ‘fura-filas’ institucionalizado pelas empresas no Brasil”, criticou.

A autorização para compra de vacina pela iniciativa privada segue em votação no Congresso Nacional.

Diego Spíndola, representante do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), afirmou que “perdemos o rumo e não foi por falta de aviso do Conass e do Conasems”. [Se o ‘fura-fila’ institucionalizado for aprovado,] “pessoas com mais poder aquisitivo vão se vacinar antes, em vez de termos vacina no SUS para quem mais precisa”.

Socorro Gross Galiano, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, enalteceu o SUS e os trabalhadores da Saúde. “São nossos heróis e heroínas para vencermos a pandemia”.

Já Valcler Rangel, chefe de gabinete da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse que o Brasil passa por uma crise sanitária e humanitária.

“Se não fossem os estados e municípios, estaríamos muito piores”.

Ele reafirmou a necessidade de ampliar leitos, restringir atividades não essenciais, vacinar velozmente a população, enfrentar a fome e oferecer o benefício da renda emergencial adequada para quem precisa.

Fernanda Magano, conselheira nacional de saúde representante da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), defendeu a “Saúde Pública, a Assistência Social e a Previdência adequada para garantir a transformação do país”.

Gerídice Lorna, conselheira nacional de saúde representante da Associação Brasileira de Alzheimer e Doenças Similares (Abraz), afirmou que “é necessário reforçar protocolos para garantir que as pessoas com Alzheimer possam ter acesso aos tratamentos adequados nesse contexto”. Segundo ela, organizar protocolos para este público é fundamental para que não se cometa injustiça. 

Laboratório de inovação: Conselhos de Saúde contra a Covid-19

Na ocasião, Socorro Gross apresentou o Laboratório de Inovação em Participação Social com foco nas medidas de prevenção e cuidados na Covid-19, realizado pela Opas e CNS. A atividade faz parte da Cooperação Técnica (TC-68) entre OPAS e CNS, que completa 10 anos em 2021. O objetivo é identificar e reconhecer boas práticas dos conselhos de saúde para fortalecer a participação social no contexto da Covid-19. 

A iniciativa busca inovações da participação social na saúde, focando em ações que atuam para aprimorar a atuação dos Conselhos como protagonistas da execução das políticas de saúde.

As inscrições ocorrerão entre 12 de abril a 15 de maio, por meio de formulário disponível no Portal da Inovação na Gestão do SUS (www.apsredes.org).


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Zé Maria

Fiocruz só terá IFA 100% Nacional para Produção
de Vacinas entre Julho e Setembro de 2021

| Reportagem: Beatriz Borges, de Brasília | G1 |

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima,
disse nesta quinta-feira (8) que a instituição
planeja passar a produzir o chamado
Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA)
necessário para produção da vacina contra
a Covid-19.
Segundo Nísia, a partir de setembro o Brasil poderá ter um imunizante de produção nacional.

Atualmente, a Fiocruz necessita do IFA que vem da China para poder produzir a Vacina AstraZeneca/Oxford.

“Já estamos com as áreas adequadas,
temos os profissionais, estaremos assinando
contrato [de transferência de tecnologia] até
o final deste mês e as entregas se darão a
partir do mês de setembro de vacinas com
o IFA nacional”, disse a Presidente da Fiocruz.

Vídeo: (https://www12.senado.leg.br/tv/programas/noticias-1/2021/04/e-preciso-reforcar-a-producao-de-vacinas-contra-a-covid-19-destaca-presidente-da-fiocruz)
https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2021/04/08/presidente-da-fiocruz-preve-producao-de-ifa-no-brasil-e-vacinas-com-insumos-nacionais-a-partir-de-setembro.ghtml

Zé Maria

Até pelo menos 19 de Abril, Instituto Butantan não tem mais Insumos para Produção de Vacinas
IFAs só chegam da China a partir do dia 20.

| Reportagem: Eduardo Simões e Pedro Fonseca | Reuters |

https://br.financas.yahoo.com/noticias/butantan-conclui-envase-da-coronavac-002306151.html

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