Nelson Nisenbaum: Ao se dizer ‘um quadro técnico bolsonarista’, Queiroga confessa o crime de renúncia à sua autonomia médica

Tempo de leitura: < 1 min
Queiroga participa de uma live das quinta-feiras de Bolsonaro. Foto: Isaac Nóbrerga/PR

COMPROMETIDO E CONTAMINADO

Por Nelson Nisenbaum*, em perfil de rede social

O ex-médico Marcelo Queiroga, ora ocupante da pasta da Saúde da nossa República, declarou ontem ser “parte do corpo técnico bolsonarista” ou ser “um quadro técnico bolsonarista”.

Assim declarado, comete o ministro um delito ético segundo o código de ética médica, o qual reza, tanto em seus princípios fundamentais quanto nos artigos mais especificados, que por brevidade, não reproduzirei aqui, lembrando que quem quiser consultá-lo está amplamente disponível na internet, bastando buscar do Google.

A questão fundamental é que quando ele diz que é um quadro técnico, ele implicitamente diz que está lá como MÉDICO.

E no momento em que ele se diz “bolsonarista”, ele explicitamente viola diversas disposições do código que zelam pela independência do médico, pelo prezo à ciência e aos melhores recursos disponíveis, o melhor do conhecimento médico em prol da coletividade e da saúde pública.

Toda a conduta de Queiroga vem sendo pautada pelas práticas e ideologias bolsonaristas, totalmente espúrias ao espírito da Medicina e de seu respectivo código de conduta.

Assim, se o código dita que o médico não pode ser compelido a pautar sua conduta de modo a comprometer a qualidade e a eficiência de seu trabalho (como médico), ao confessar-se bolsonarista, ele confessa o crime de renunciar à sua autonomia para satisfazer interesses de terceiros e eventualmente os seus individuais, o que não é permitido e expressamente vedado.

Espero que as autoridades médicas se sensibilizem com mais este absurdo e denunciem, no foro adequado, a má conduta confessa deste delinquente.

*Nelson Nisenbaum, 61 anos, médico e escritor, especialista em clínica médica. Trabalhou 25 anos no sistema de urgência e emergência da Prefeitura de São Bernardo do Campo/SP, e foi delegado do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Flavio Wittlin

Até médicos renomados que aderiram ao nazismo tinham pudor de se explicitar como nacional-socialistas, preferindo dizer que faziam o que faziam em nome da ciência. Este cabra ruim é despudorado.

Zé Maria

E cadê o Conselho Federal de Medicina (CFM)?
Articulando contra o Programa Mais Médicos?
Contra a Saúde dos Povos Indígenas do Brasil?

Não responda. São apenas perguntas retóricas.

Deixe seu comentário

Leia também