Ministra Nísia Andrade: Quero me desculpar muito pelo ocorrido, que repudio veementemente; vídeo

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

O Ministério da Saúde divulgou na noite desse sábado, 7 de outubro, nota à imprensa sobre episódio ocorrido no 1º Encontro de Mobilização para Promoção da Saúde no Brasil, envolvendo a apresentação de funk por uma bailarina.

Na nota, o Ministério da Saúde informa a exoneração, a pedido, do diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde, que ”assumiu integralmente a responsabilidade pelo episódio inadmissível”.

E enfatiza que o episódio isolado (imagem abaixo divulgada nas redes sociais) não reflete a política da pasta nem os propósitos do debate sobre a promoção à saúde realizado no encontro.

O evento, vinculado à Secretaria de Atenção Primária à Saúde, teve como objetivo apoiar a implementação e gestão participativa da Política Nacional de Promoção da Saúde a partir do compartilhamento de experiências entre gestores e trabalhadores de diferentes estados, com momentos dedicados à diversidade cultural.

Em vídeo divulgado também nesse sábado à noite, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, se posicionou firmemente sobre o episódio que aconteceu durante o 1º Encontro de Mobilização para Promoção da Saúde.

Assista abaixo.

Íntegra da transcrição do posicionamento da ministra Nísia Andrade 

“Ontem tomei conhecimento de um fato inadmissível, que causou grande comoção em nossa sociedade, ligado a uma manifestação que fez parte do 1º Encontro de Mobilização para Promoção da Saúde no Brasil.

O Ministério da Saúde, em nota, lamentou o episódio, que repudio veementemente. Criamos imediatamente uma curadoria para evitar que circunstâncias semelhantes ocorram nos próximos eventos da nossa pasta.

Naquele momento, eu estava em uma importante agenda nas cidades de Diadema e Mauá, em São Paulo, para o fortalecimento do sistema de saúde local, como venho fazendo em todo o Brasil. Ao mesmo tempo, comecei a apurar responsabilidades pelo ocorrido.

Hoje, diante da gravidade do fato, foi afastado o Diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde, que assumiu integralmente a responsabilidade pelo que aconteceu.

Reitero aqui o compromisso do Ministério da Saúde com todo o programa apresentado pelo presidente Lula e pelo vice-presidente Alckmin, no qual é destaque o fortalecimento do SUS com visão inclusiva, com respeito à diversidade e com a valorização e o reforço da democracia.

Infelizmente, eu fui surpreendida pelo episódio de ontem e venho, por meio desse vídeo, me desculpar muito sinceramente pelo ocorrido e reiterar o compromisso do Ministério da Saúde de que seus eventos reflitam a conduta e a orientação da Pasta da Saúde e do Governo liderado pelo presidente Lula”, Nísia Trindade, ministra da Saúde.

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Zé Maria

http://alturl.com/9qget

“Não existe cura para o que não é doença”

https://twitter.com/lazarorosa25/status/1712833463793954894
.
.
https://pbs.twimg.com/media/F8VBWK7XwAAuluZ?format=png
https://twitter.com/lazarorosa25/status/1712817504530092314

Ma[li]gno Malta disse que
“deus estaria preparando
um varão” para a Karol Eller.
A influenciadora, que era lésbica
e estava tentando suprimir
sua sexualidade em uma igreja
evangélica, se suicidou ontem.

https://twitter.com/SergioAJBarrett/status/1712896250251501897
.
.

Zé Maria

https://youtu.be/2po7S06gTg4

Zé Maria

https://youtu.be/YrsZtryhxjI

Zé Maria

EU SOBREVIVI
]
Thalma de Freitas
Bruna Caram
Nina Oliveira

https://youtu.be/ijBUCsCThuU

As canções sozinhas
Não resolvem cicatrizes
Acontece que cantar
Nos faz mais fortes, mais felizes

Hoje me proponho reencontrar
Minha potência
Sonho e corro desmanchar meu trauma
E lembrar da minha essência

Tudo que você sofreu
Tudo que você sofreu
Tudo que você sofreu
Alguém sofreu também
Se você não entendeu
Se não se defendeu
Tudo que você viveu
Alguém viveu também
E ninguém merecia (merecia)
E ninguém saberia o que fazer
Não, não, não
Ninguém merecia
Ninguém saberia o que fazer
Ninguém merecia, iá, iá, iá

E enfim chegou, chegou o dia
Da coragem pra dividir
Que é a passagem pra encontrar
O abraço que livra da culpa
Nunca foi sua culpa (nunca foi)
Nunca foi minha culpa (nunca foi)
Nunca foi sua culpa
Nunca foi nossa culpa

E a palavra que move essa luta, é a união

Não vou silenciar nem mais um segundo
Vou gritar pro mundo que eu sobrevivi
Não vou silenciar nem mais um segundo
Vou gritar pro mundo que eu sobrevivi
Dói dizer o que não tem palavra
Dói saber que vem um mar de mágoa
Dói a quebra da convicção de proteção

E a covardia também se disfarça
Pra não se entender
A covardia também se disfarça de prazer
A covardia também se disfarça
De boa intenção
A covardia é justamente a contradição

E enfim chegou, chegou o dia
Da coragem pra dividir
Que é a passagem pra encontrar
O abraço que livra da culpa
Nunca foi nossa culpa, não
(Nunca foi nossa culpa)
Nunca foi nossa culpa (nunca foi)
Nunca foi nossa culpa (nã, nã, não)

E a palavra move essa luta, é a união

Não vou silenciar nem mais um segundo
Vou gritar pro mundo que eu sobrevivi
Não vou silenciar nem mais um segundo
Vou gritar pro mundo que eu sobrevivi
Não vou silenciar nem mais um segundo
Vou gritar pro mundo que eu sobrevivi
Não vou silenciar nem mais um segundo

O que a gente precisa, é lembrar de viver
A gente precisa é lembrar que a gente é mais
Eu vejo a nossa força, eu vejo as nossas cicatrizes
Eu vejo regeneração, eu vejo amor

Nesse caminho que trilhamos
Existem outras como nós
E essa força pode mudar o mundo (eu sobrevivi)
Essa força pode mudar o mundo (eu sobrevivi)
Eu sobrevivi
Eu sobrevivi

https://youtu.be/SRCbykTCyW4

Zé Maria

Tranquila

Thalma de Freitas

Levo a vida tranquila
Não tenho medo do mundo
Não tenho medo do mundo
Não vou me preocupar
Não vou me preocupar

Tranquila
Levo a vida tranquila
Não tenho medo da morte
Não tenho medo da morte
Não vou me preocupar
Não vou me preocupar

Que passe por mim a doença
Que passe por mim a pobreza
Que passe por mim a maldade,
A mentira e a falta de crença
Que passe por mim olho grande
Que passe por mim a má sorte
Que passe por mim a inveja,
A discórdia e a ignorância

Tranquila
Levo a vida tranquila
Não tenho medo do mundo
Não tenho medo do mundo
Não vou me preocupar
Não vou me preocupar

Que me passe
A doença que me passe
A pobreza que me passe
A maldade que me passe
Olho grande que me passe
A má sorte que me passe
A inveja que me passe
A tristeza da guerra

Tranquila
Levo a vida tranquila
Não tenho medo da morte
Não tenho medo da morte
Não vou me procupar
Não vou me preocupar
Não vou me preocupar
Não vou me preocupar

https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_mMQ32Amj7s184kGVet4A7rGp-aLKEk3zA

Zé Maria

Livro: COMO O RACISMO CRIOU O BRASIL

Autor: JESSÉ DE SOUZA

“Este livro foi um esforço de compreensão do racismo multidimensional
e de como, em sociedades como a brasileira, o racismo racial assume
o comando do processo de dominação social e política ao construir a
gramática, a maior parte das vezes implícita, por meio da qual afetos,
necessidades inconscientes e, acima de tudo, anseios de distinção
social orientam as alianças e lutas entre as classes sociais.

Na verdade, é a necessidade de reconhecimento social, a mais universal
e mais básica de todo ser humano que vive em sociedade, que explica o
racismo multidimensional e racial.

Por conta disso, tivemos que reconstruir a maneira como a moralidade
do Ocidente foi historicamente construída, ou seja, como a necessidade
ubíqua de reconhecimento social será percebida e utilizada tanto para o
aprendizado, quando estimula novas formas mais profundas e abrangentes
de universalização da autoestima e da autoconfiança individuais e coletivas,
quanto para a opressão, quando o reconhecimento é negado com base
nos diversos tipos de racismo que examinamos aqui.

Sem essa reconstrução, caímos em todo tipo de oportunismo político,
como o ‘lugar de fala’ ou o ‘empiricismo’ cego de estratégias como a
discussão sobre o ‘privilégio branco’, na tentação de meramente demonstrar
que existe racismo, sem compreender nada de sua lógica, de sua atuação
concreta e muito menos como ele se traveste constantemente de outras
máscaras para continuar vivo fingindo que está morto.

Este livro partiu do pressuposto de que é necessário poder explicar o que
é destruído pelo racismo para compreendê-lo.

Ou seja, é preciso compreender de que modo nossa capacidade de auto-estima, autoconfiança e autorrespeito, que possibilita nossa dignidade
e nosso bem-estar como seres humanos, é sistematicamente destruída.

Compreender efetivamente o racismo, e não apenas mostrar que ele existe,
significa demonstrar como ele destrói o reconhecimento social de que todos
nós, sem exceção, como seres frágeis, transitórios e carentes que somos,
necessitamos para levar uma vida digna desse nome.

Daí o racismo ser uma ferida tão profunda e covarde, em suas diversas
manifestações, sobretudo na sua forma racial.

O racismo surge sempre como manipulação das nossas necessidades de
reconhecimento social, seja para atender às necessidades de legitimação
das classes privilegiadas, para justificar o ‘direito’ ao privilégio injusto, seja
para criar alguma forma de distinção social positiva para os estratos
oprimidos dos ‘brancos pobres’ e dos ‘pobres remediados’, de modo a forjar
uma classe/raça inferior a todos para a qual canalizar o ressentimento que
não pode ser dirigido aos poderosos.

No primeiro caso, o discurso falso moralista do combate à corrupção
encobre o afeto racista da elite e da classe média branca, embelezando-o
como ‘correção moral’ e retirando a culpa do canalha racista das classes
do privilégio, que agora pode ser contra a ascensão social de pobres e
de negros sem dor na consciência.

No outro caso, a construção do negro pobre como criminoso permite alguma
forma de distinção social positiva ao branco pobre, além de canalizar contra
seus irmãos de cor que ascenderam socialmente e contra uma classe de
pessoas vulneráveis e sem proteção o justo ressentimento que ele sente.

De outro modo, como são prisioneiros, como quase todo mundo, da mentira
da ‘meritocracia’, teriam que dirigir o ressentimento contra si mesmos.

Mas também permite ao mestiço ou negro que ascendeu ou está em vias
de ascensão, sobretudo o religioso, se sentir ‘superior’ em relação a seus
irmãos de cor excluídos e abandonados.

Se o rico precisa legitimar seu privilégio, já que não basta ser rico, ele quer
acreditar que tem ‘direito à riqueza’, imagine o pobre remediado, branco,
mestiço ou até negro, que não tem nada a não ser a vantagem moral
artificialmente construída contra os que têm ainda menos do que ele…

A classe/raça dos excluídos e dos abandonados, quase toda negra,
construída historicamente para ser superexplorada economicamente e
humilhada socialmente pelas outras classes, mantém, enquanto existir
como tal, a permanência da sociedade brasileira no verdadeiro atraso
social e político.

O ódio contra essas pessoas é funcional para uma elite do saque de curto
prazo e para uma classe média que nunca pode ser maior que 20% da
sociedade e vive com medo da falta de segurança e da desclassificação
social.

O processo de aprendizado social que se torna interditado, a partir desse
racismo criado e recriado mil vezes, desde a escravidão, e vivido cotidiana- mente com outros nomes, é o acesso da sociedade brasileira a formas
universais de reconhecimento social.

Esse interdito é o real atraso social, econômico, moral e político da sociedade brasileira.

A tolice da inteligência brasileira dominante, com raríssimas exceções,
culpou a própria vítima, ou seja, o povo, por esse atraso social.

O povo brasileiro explorado e oprimido é ainda insultado pelas cabeças supostamente mais brilhantes do país como ‘cordial’ e animalizado, adepto
do ‘jeitinho’, pouco honesto, precisamente o tipo de culturalismo pseudo-científico que foi construído para fingir que o ‘racismo científico’ estava
superado, apenas para melhor revivê-lo.
Ele é, na verdade, a mera sobrevivência pseudocientífica do mesmo
racismo explícito que, desde Gobineau, ganhou o coração da elite tanto
intelectual quanto social do Brasil.

O triste é que essa visão está tão incorporada na sociedade – sobretudo
pela ação incansável e cotidiana da mídia venal –que se tornou ‘naturalizada’ e infensa a crítica para muitos, inclusive entre democratas e adeptos da esquerda.

A abertura para formas universais de reconhecimento social exige, antes
de tudo, a incorporação dos excluídos, humilhados e abandonados, na base
da pirâmide social, já que o preconceito de raça e de classe dirigido a eles
explica a imobilidade de toda a sociedade e o fechamento aos processos
de aprendizado social e moral que descrevemos neste livro.

Daí ter sido tão importante reconstruir historicamente as diversas fases
do aprendizado moral e as concepções de justiça que o acompanham.

Senão somos feitos de tolos pela renomeação economicista das demandas
morais.

Vimos também que os interesses econômicos, supostamente naturais,
nada mais são que demandas morais tornadas petrificadas e esquecidas
de sua gênese.
Daí a necessidade tão fundamental de reconstruir as concepções de justiça
que nos guiam, ainda que inarticulada e irrefletidamente.
Sem elas, nós, que somos antes de tudo agentes morais em processo de
constante aprendizado, nos tornamos meros agentes econômicos,
inconscientes do que determina o nosso próprio comportamento.

Nada melhor para quem domina e explora que poder ocultar e distorcer
todas as demandas morais a partir disso.

Como o reconhecimento social é a dimensão mais profunda e mais
importante de qualquer sociedade, a distinção mais importante entre
as sociedades concretas é aquela que permite distinguir a maior ou menor
abrangência no atendimento das demandas morais mais básicas.

Todo o resto decorre disso e lhe é, portanto, secundário.

Assim, o critério decisivo para aferir o grau de desenvolvimento de uma
sociedade é saber se ela manipula a necessidade de reconhecimento social
dos indivíduos para jogar pessoas e classes sociais umas contra as outras
ou se ela reconhece a importância da universalidade desse reconhecimento
como seu desafio social mais significativo.

Uma sociedade como a brasileira manipula a necessidade de
reconhecimento social, degradando-a em ânsia por distinção positiva
às custas dos mais frágeis e vulneráveis, transformando as vítimas em
culpados do próprio infortúnio e perseguição histórica.

A classe média branca se sente privilegiada pela mera distância social
em relação a negros e pobres, os quais explora a preço vil e humilha
cotidianamente, e está disposta a tudo para garantir esse privilégio sádico,
inclusive ir às ruas protestar contra qualquer governo que ouse diminuir
essa distância.

A real função do falso moralismo do combate à corrupção há cem anos,
como vimos, é evitar a inclusão e a ascensão social desses humilhados
e explorados cuja imensa maioria é composta de negros.

Os pobres remediados, por sua vez, quer sejam brancos pobres, quer
sejam mestiços ou negros dispostos a tudo para não serem associados à ralé
de humilhados e abandonados, quase toda negra, se apegam de modo
renitente e agressivo a qualquer distinção positiva que lhes acalme o medo
da desclassificação social.

Essa é a real função do racismo brasileiro: construir uma classe/raça de
indesejáveis contra a qual todas as outras classes podem se distinguir
positivamente.

Como a distinção social é a necessidade mais básica de indivíduos e grupos
sociais, pelo ganho em reconhecimento social que produz, a construção da
classe/raça que todos podem humilhar, que morre assassinada todos os
dias sem provocar comoção em quase ninguém, é o fator que esclarece a
lógica de funcionamento e a verdadeira lei fundamental da sociedade
brasileira.

Ela é a nossa verdadeira Constituição, não aquela dos juízes como Moro,
mera fachada, mas a que explica toda a vida social, econômica e política
do Brasil como ela verdadeiramente acontece.
Ela foi construída historicamente e pode ser refeita.
E não tem nada a ver com maldições culturalistas de mil anos, como a
imensa maioria de nossa inteligência vira-lata pregou até hoje.

Uma sociedade mais humana e mais avançada moral e socialmente tem
que aprender a se orgulhar não de sua distância em relação às vítimas
sociais que são construídas ad hoc, volitivamente, para propiciar esse tipo
de gozo sádico do escravocrata, um reconhecimento social construído
contra os outros à custa do sofrimento deles.

É possível, e sociedades mais igualitárias o demonstram, se orgulhar
precisamente do contrário: se orgulhar e se sentir reconhecido socialmente
por participar de uma sociedade que não exclui ninguém ou apenas muito
poucos.

Nada é mais importante, avançado, justo e desejável que isso.

Em uma recente pesquisa do equivalente ao IPEA alemão (www.wzb.eu/de)
acerca do que os alemães consideravam a lição mais importante na
pandemia do coronavírus, a resposta de mais de 60% dos entrevistados foi
que seu país, em momentos de catástrofe, não deixa ninguém na mão e
efetivamente ‘ninguém solta a mão de ninguém’.

Fiquei imaginando quantos séculos levaremos para ter um sentimento
socialmente compartilhado desse tipo no Brasil.

Dizer isso não significa idealizar sociedades como a alemã.

A Alemanha tem o ‘jeitinho alemão’, como toda sociedade humana,
tem corrupção financeira e mistura do público com o privado, também
como qualquer outra sociedade.

É a tolice da inteligência brasileira que cria idealizações descabidas e
admiração basbaque que nada ensina e nada aprende.

E, acima de tudo, os alemães são racistas também, como todo o mundo.

A diferença é que os alemães aprenderam, à custa de muito sofrimento,
é verdade, que o melhor modo de combater seu próprio racismo é assumi-lo
enquanto tal, não negá-lo.

É que nesse estágio, quando se assume quem se é, os processos lentos,
penosos e demorados de aprendizado individual e coletivo real estão
abertos e são possíveis.

O principal desses aprendizados é perceber que é possível se orgulhar
do fato de não mais precisar humilhar alguém e condenar outros a uma
morte em vida para se perceber como um indivíduo ou um povo com
autoestima e autorrespeito.

É possível se orgulhar do fato de ninguém soltar a mão de ninguém e,
portanto, universalizar as chances de vida para todos ou, pelo menos,
para a imensa maioria das pessoas.

(Obviamente, o limite desse respeito quase universal dentro da própria
sociedade é que ele não se universaliza à sociedade mundial, pelo
compromisso da Alemanha e dos outros países europeus com o
imperialismo americano baseado na espoliação dos povos do Sul global.)

É possível se orgulhar e se sentir bem com isso, não com o infortúnio do
vizinho ou com a cusparada e a piada vil para oprimir o outro.

Esse é o verdadeiro aprendizado moral aberto pelo Ocidente e seu
individualismo moral, perfeitamente possível de ser realizado.

As formas multidimensionais de racismo estão aí para evitar que esse
aprendizado aconteça por conta de um gozo sádico de curto prazo.

A reconstrução que realizamos aqui mostra também
que a luta contra o racismo, tanto o multidimensional
quanto o racial, é de toda a sociedade, não de supostos
e autointitulados representantes do sofrimento alheio,
que se arvoram de um lugar de fala tão falso e oportunista
quanto autoritário.

Na realidade, como vimos, uma armadilha dos poderosos
para dividir os oprimidos e melhor oprimir.

E o caminho não é outro senão reconhecer nosso racismo
racial e de classe contra uma classe/raça que existe para ser
desumanizada de modo a garantir a humanidade ‘superior’
dos que a oprimem.

O caminho é universalizar a boa escola, um bom SUS, uma boa
polícia, uma justiça decente e o acesso à arte e à diversão,
com oportunidades reais de bom emprego para todos.

Em resumo, a universalização das benesses do mundo moderno
para todas as classes e todas as pessoas.
E, com isso, quebrar 500 anos de uma servidão que é, hoje,
de todos nós, brancos e negros, mulheres e homens, ricos e pobres.

A luta contra o racismo, racial e multidimensional, entre nós é uma luta
de vida e de morte para todos os envolvidos e interessa igualmente
a todos.
Ou acabamos com ele, ou não restará vida social digna deste nome
no Brasil.”

Íntegra:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7581779/mod_resource/content/1/Jess%C3%A9%20SOuza.pdf

.

Zé Maria

Um Episódio Local Isolado
de uma Secretaria de Saúde
em um Determinado Município.
Moralismo Reacionário.

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