Ministra defende na OMS ‘reforma da arquitetura global da saúde, que reduza as desigualdades’

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Foto: Divulgação/MS

Da Redação

Depois de quatro anos rechaçando as recomendações científicas na pandemia de covid-19, o Brasil retorna à Organização Mundial de Saúde (OMS). 

“O Brasil está de volta, o que significa a retomada de nossa agenda em defesa da equidade em saúde, da cultura da paz e do multilateralismo, fundamentais neste tempo”, ressaltou nesta segunda-feira, 22/05, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na 76ª Assembleia Mundial da Saúde da OMS, em Genebra, na Suíça. 

Em seu discurso (na íntegra, abaixo), a ministra propôs à Assembleia que marca os 75 anos de fundação da OMS:

”Precisamos nesse momento fortalecer substancialmente os sistemas de vigilância e os sistemas de saúde como um todo”.

”Necessitaremos mais inovação, transferência de tecnologia, financiamento, voltados para sistemas de saúde mais equitativos”.

”Temos que descentralizar a produção de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos para garantir o acesso equitativo em todo o mundo.  Trabalhar para reduzir as desigualdades e diante e dentre elas a desigualdade de acesso aos benefícios do conhecimento científico e tecnológico. Desigualdade faz mal a saúde”.

”Temos de democratizar o sistema internacional de saúde, para que as vozes dos Estados e de suas populações, sobretudo as negligenciadas, possam ser ouvidas”.

Para tanto, será necessário um ”multilateralismo revigorado”, afirmou a ministra, enfatizando:

”Não alcançaremos esses objetivos sem uma reforma da arquitetura global da saúde que a torne mais ágil, coesa, com a OMS no centro desse processo e que reduza as desigualdades entre países e regiões”.

Segue a íntegra do discurso da ministra Nísia Trindade na plenária na 76ª Assembleia Mundial da Saúde da OMS.

Confira. 

Íntegra do discurso 

Excelentíssimo Senhor Tedros Adhanon, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde,

Excelentíssimo Senhor Presidente desta Assembleia,

Caros colegas, amigos,

Senhoras Ministras, Ministros,

É uma grande honra subir a este púlpito para, em nome do Brasil, celebrar o 75º aniversário da OMS.

Trago também uma saudação do Presidente do Brasil, Presidente Lula, que cumprimenta a Organização pela sua história e pela liderança durante o tempo de pandemia.

O grande potencial da Organização está em sua capacidade de enfrentar os desafios contemporâneos e antecipar os futuros desafios.

É imperioso neste momento aprendermos lições de uma pandemia que deixou 6 milhões de mortos, mais de 700 mil no Brasil, com grave impacto nos sistemas de saúde, na saúde mental, na economia e no tecido social.

Precisaremos de sistemas nacionais de saúde mais preparados para as emergências que virão, e dar respostas a problemas latentes durante esta pandemia.

Quero também dizer que o Brasil está de volta, o que significa a retomada de nossa agenda em defesa da equidade em saúde, da cultura da paz e do multilateralismo, fundamentais neste tempo.

Precisaremos enfrentar os desafios da mudança do clima e seus impactos em saúde.

Recordemos que mais da metade do tempo para realizar os ODS já transcorreu, e a despeito de alguns avanços como os demonstrados pelo Dr. Tedros hoje, estamos em grande parte do mundo em situação pior do que antes da Covid-19.

Precisamos nesse momento fortalecer substancialmente os sistemas de vigilância e os sistemas de saúde como um todo.

Necessitaremos mais inovação, transferência de tecnologia, financiamento, voltados para sistemas de saúde mais equitativos.

Em tempos de inteligência artificial e avanços na saúde digital, é crucial que essas sejam ferramentas acessíveis e eticamente orientadas.

Temos que descentralizar a produção de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos para garantir o acesso equitativo em todo o mundo. Trabalhar para reduzir as desigualdades e diante e dentre elas a desigualdade de acesso aos benefícios do conhecimento científico e tecnológico. Desigualdade faz mal a saúde.

Isso nos exigirá um multilateralismo revigorado.

Não alcançaremos esses objetivos sem uma reforma da arquitetura global da saúde que a torne mais ágil, coesa, com a OMS no centro desse processo e que reduza as desigualdades entre países e regiões.

Temos de democratizar o sistema internacional de saúde, para que as vozes dos Estados e de suas populações, sobretudo as negligenciadas, possam ser ouvidas.

A conclusão exitosa do instrumento sobre pandemias e a reforma do Regulamento Sanitário Internacional são elementos decisivos nesse momento.

Isso implica também ampliar nossa agenda: reduzir desigualdades e promover a equidade.

Nesse sentido reforço a proposição que o Brasil traz a essa Assembleia de uma resolução com defesa do respeito às especificidades da saúde dos povos indígenas.

Agradeço a todos que apoiam esse nosso pleito.

Confiamos no papel que a OMS possa exercer para realizar essas aspirações e na liderança do Dr. Tedros Adhanon. O Brasil voltou para somar sua voz e sua atuação em defesa da equidade em saúde, da paz e da solidariedade internacional.

Muito obrigada!

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