Médicos do Emílio Ribas realizam novo ato hoje por abertura de concurso público e não terceirização da UTI

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Médicos do Emílio Ribas realizarão novo ato contra déficit de 258 profissionais no instituto na próxima quinta-feira, dia 25

Convocando todos os profissionais para manifestação em frente ao hospital, às 11h30, médicos pedem abertura de concurso público e são contra terceirização da UTI, anunciada pela diretoria no início do mês

Por Nicolli Oliveira*

Na próxima quinta-feira, dia 25 de novembro, os médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) realizarão ato em frente ao hospital, às 11h30 (Av. Dr. Arnaldo, 165 – Pacaembu, São Paulo).

Os profissionais convocam todos os funcionários do hospital para a manifestação e exigem abertura de concursos públicos, pois o instituto hoje enfrenta um déficit de 258 profissionais.

Para piorar a situação, no dia 4 de novembro, a diretoria do hospital anunciou que irá terceirizar 30 leitos da unidade de terapia intensiva (UTI) da instituição. Pouco antes do ato, às 11h, haverá assembleia dos profissionais para definição dos rumos do movimento.

De acordo com Eder Gatti, presidente da Associação dos Médicos do IIER (AMIIR), apesar de a diretoria ter afirmado que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) prometeu realizar concursos públicos, após pressão dos médicos, não há data prevista, prazo ou mesmo garantia de que a abertura do edital realmente ocorra.

“Promessas não bastam. Queremos o edital do concurso e convocação rápida de todos os aprovados para o preenchimento das vagas de trabalho e leitos ociosos. Em 2022 teremos um cenário catastrófico: a obra que se estende há sete anos chegará ao fim, com a abertura de 78 leitos, e não temos profissionais suficientes para fazer o instituto funcionar por completo. Assim, corremos o risco de que o nosso hospital seja todo terceirizado, não só a UTI, o que afetará diretamente a qualidade dos atendimentos e pesquisa”, conta.

O diretor clínico do hospital, Wladimir Queiroz, explica que terceirizações precarizam o trabalho de pesquisa, formação de profissionais da saúde e o atendimento à população.

“Exigimos que nossa UTI não seja terceirizada. Essa será só a porta de entrada para a terceirização e o sucateamento do hospital como um todo. O Governo do Estado de São Paulo age com falta de respeito e ingratidão com o Emílio Ribas. 

Gatti ainda explica que o Instituto de Infectologia Emílio Ribas produz conhecimento para toda comunidade científica e, se o hospital for terceirizado, não haverá garantia de que isso continuará acontecendo.

“Com vínculos empregatícios fracos e alta rotatividade de profissionais, o hospital corre risco de deixar de ser a referência que é hoje no campo científico, gerando uma grande perda para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para a população brasileira.”

Histórico da luta por concurso público para o Emílio Ribas

No dia 15 de outubro, os médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) lançaram nas redes sociais a campanha #EmilioRibasporInteiro, com o propósito de sensibilizar os governantes e a população para que haja contratações por concursos públicos para sanar a grave crise que o hospital enfrenta.

Simultaneamente, os médicos residentes paralisaram os atendimentos e realizaram ato em frente à instituição. 

De acordo com Eder Gatti, desde o início de 2020 os médicos já vêm alertando a diretoria do hospital e o governador João Doria em relação à falta de mão de obra em diferentes áreas e, com isso, a própria instituição solicitou a contratação desses profissionais, incluindo médicos.

“Com a entrega da obra, esse quadro tende a se agravar mais ainda, já que não são realizados concursos públicos para repor o déficit de profissionais desde 2015. A partir de então, apenas entre os médicos, já ocorreram mais de 40 saídas, seja por exoneração, aposentadoria ou óbito. Este quadro clínico de infectologistas deveria ser reposto por meio de concurso público”.

O diretor clínico do hospital, Wladimir Queiroz, explica que, quando houve o estopim da pandemia de Covid-19, o Governo do Estado de São Paulo se viu em um dilema de ter um hospital altamente especializado, mas com poucos recursos humanos para garantir a oferta de serviços, terceirizando parte do hospital para a organização social Associação para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).

Gatti conta que o governo do estado deixou o Emílio Ribas chegar nessa situação. “O governador Doria pouco fez para reparar os erros que cometeu ao longo da gestão do hospital, tanto na obra quanto pela falta de recursos humanos, e agora não realiza concurso público”, finaliza.

O hospital é uma instituição centenária que teve um protagonismo em todas as epidemias que São Paulo enfrentou, inclusive de Covid-19, além de ser um serviço que gera recursos humanos para o SUS, formando médicos infectologistas para o Brasil inteiro, além do principal: prestar um serviço altamente especializado para a população.

*Nicolli Oliveira é jornalista, assessora de imprensa da Associação dos Médicos Residentes do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER)


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