José do Vale: Lula tem razão em pedir às lideranças mundiais governança global contra a pandemia de covid-19

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Lula na ONU em 2003. Foto: Ricardo Stuckert

LULA PEDE GOVERNANÇA GLOBAL CONTRA A EPIDEMIA DE COVID-19

Por José do Vale Pinheiro Feitosa, especial para o Viomundo

O peso da liderança mundial de Lula é consequência do seu papel político como presidente.

Desde Getúlio Vargas poucas lideranças refletiram tão bem a importância do Brasil para o desenvolvimento histórico da humanidade.

Não importa a fraqueza do atual governo brasileiro, todos os povos sabem o que significa o território, a população, as riquezas produzidas e a importância estratégica do país contra dois enormes desafios da humanidade: segurança alimentar e a questão ambiental.

A situação da pandemia no Brasil assusta sobretudo por ser a segunda nação com maior número de casos, com possibilidades de mutação genética do vírus e pelo peso continental que tem sobre outros povos.

Porém, o que mais assusta a humanidade é que a pandemia é de fato global, sendo identificadas em 221 nações.

Grandes centros populacionais da chamada Civilização Ocidental estão sob impacto da covid-19, amplamente na Europa, América do Norte, Caribe e América do Sul.

A epidemia não apenas demonstra a vulnerabilidade das cadeias mundiais de produção, como desnuda a fragilidade das políticas de saúde decorrente da concentração de renda, da ficção do liberalismo econômico, da destruição de estruturas mundiais e estatais que universalizem acessos aos ganhos de desenvolvimento técnico-científico.

A estrutura de investimento e lucro esteriliza o investimento público (social) feito em inovação e distribuição, resultando numa crise global cuja epidemia é apenas um sintoma.

Vejamos o caso das Big Pharma numa corrida gananciosa para se aproveitar das pesquisas com vacinas, a maior parte financiadas pelo capital público.

Até as 12h57 desta terça-feira, 6 de abril de 2021, o mundo contabilizava 132.655.884 de casos e 2.877.753 de mortes pela covid-19, segundo a plataforma Worldometers.

Em outras palavras: tomando todos os países atingidos são 1684,5 casos por cada 100 mil habitantes com 36,66 mortes.

Nesta pandemia, o reflexo mais virtuoso é quando o Estado se faz presente, estimulando o comportamento diante da transmissão aérea do vírus, apoiando as estruturas produtivas para se organizarem conforme o impacto decorrente das medidas. O exemplo da Ásia e da Oceania são referências.

Há um fato não conclusivo, ainda estamos no curso da pandemia, que é o impacto dela nos países africanos, à exceção de alguns como a África do Sul onde a incidência e a morte são maiores. Uma vez tendo importância os determinantes sociais, se esperaria uma força muito maior do que se verifica.

De qualquer forma, Lula tem razão em exigir que as lideranças mundiais se reúnam e criem condições de governança mundial da pandemia, especialmente com a universalização do acesso às vacinas, aos créditos necessários para reduzir os impactos sociais, especialmente da fome e desemprego, assim como estabelecer uma cooperação mundial nos principais insumos para salvar vidas na pandemia.

Se ainda restam dúvidas nas cabeças coroadas do neoliberalismo a respeito do papel do Estado e da governança mundial com objetivos de políticas universais, solidárias e equânimes, estas perderão razão diante da própria realidade objetiva.

Tal realidade não será sepultada mesmo após este drama mundial.

*José do Vale Pinheiro Feitosa é médico sanitarista.


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