Emílio Ribas: Médicos denunciam recusa do governo Doria em contratar profissionais para o hospital e risco de privatização; vídeo

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Médicos do Emílio Ribas exigem contratações por concurso público. Serviço enfrenta grave crise por falta de recursos humanos

Governo Doria recusou pedido do hospital para a contratação de 258 profissionais. Residentes paralisaram os atendimentos hoje, dia 15 de outubro

Hoje, dia 15 de outubro, os médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) lançam nas redes sociais a campanha #EmilioRibasporInteiro, com o propósito de sensibilizar os governantes e a população para que haja contratações por concursos públicos para sanar a grave crise que o hospital enfrenta.

Simultaneamente, os médicos residentes paralisaram os atendimentos e realizaram um ato às 11h, em frente à instituição.

Às vésperas da finalização de uma obra faraônica que se estende por sete anos e irá ampliar o número de leitos do hospital, os médicos foram surpreendidos, no dia 29 de setembro, pela recusa do Governo do Estado de São Paulo de abertura de concursos públicos para contratação de 258 profissionais.

De acordo com Eder Gatti, presidente da Associação dos Médicos do IIER (AMIIER), desde o início de 2020 os médicos já vêm alertando a diretoria do hospital e o governador João Doria em relação à falta de mão de obra em diferentes áreas e, com isso, a própria instituição solicitou a contratação desses profissionais, incluindo médicos.

“Com a entrega da obra, esse quadro tende a se agravar mais ainda, já que não são realizados concursos públicos para repor o déficit de profissionais desde 2015. A partir de então, apenas entre os médicos, já ocorreram mais de 40 saídas, seja por exoneração, aposentadoria ou óbito. Este quadro clínico de infectologistas deveria ser reposto por meio de concurso público”.

O diretor clínico do hospital, Wladimir Queiroz, explica que, quando houve o estopim da pandemia de Covid-19, o Governo do Estado de São Paulo se viu em um dilema de ter um hospital altamente especializado, mas com poucos recursos humanos para garantir a oferta de serviços, terceirizando parte do hospital para a organização social Associação para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).

“Em 2022 teremos dois cenários com potencial catastrófico: a obra longeva chegará ao fim com a abertura de 78 leitos, ao mesmo tempo que a SPDM diminui a sua atuação, já que a pandemia está chegando ao fim e não há mais necessidade de tantos leitos de Covid-19. Dessa forma, se já não há recursos humanos para fazer o hospital funcionar, como os atendimentos ficarão diante da retomada de leitos?”

Queiroz ainda explica que se corre o risco de perder o Emílio Ribas para terceirizações por organizações sociais, o que vai afetar, e muito, a qualidade do serviço, além de comprometer também a produção de conhecimento e de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

“O hospital é uma instituição centenária que teve um protagonismo em todas as epidemias que São Paulo enfrentou, inclusive de Covid-19, além de ser um serviço que gera recursos humanos para o SUS, formando médicos infectologistas para o Brasil inteiro, além do principal: prestar um serviço altamente especializado para a população”.

Gatti conta que o governo do estado deixou o Emílio Ribas chegar nessa situação.

“O governador Doria pouco fez para reparar os erros que cometeu ao longo da gestão do hospital, tanto na obra quanto pela falta de recursos humanos, e agora não realiza concurso público de forma intencional, impedindo que o hospital possa funcionar em sua plenitude. Nós, médicos, e demais profissionais do hospital exigimos concurso público!”, finaliza.

Atualização às 13h49 de 15/10/2021 para inclusão da nota enviada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Na íntegra, abaixo:

O Instituto de Infectologia Emílio Ribas está operando normalmente hoje, atendendo plenamente sua demanda. Todo o seu corpo de funcionários segue trabalhando normalmente e todos os pacientes estão sendo atendidos.

A Secretaria de Estado da Saúde vem ampliando os investimentos na unidade. Somente durante a pandemia, com o objetivo de salvar vidas, reforçou o time, por meio de empresa contratualizada, para a ampliação da UTI com 60 leitos e de enfermaria com 24 leitos exclusivos para a Covid-19.

A pasta estadual investiu mais de R$ 9,6 milhões nestes dois anos de pandemia para reforço de profissionais na unidade, somando 181  contratos por tempo determinado. Portanto, em todas as ocasiões em que houve aumento dos leitos e da assistência, o número dos profissionais também teve crescimento com impacto direto na assistência da população.

A unidade também vem passando pela maior reforma e ampliação de sua história, que aumentará em 34% sua capacidade de atendimento, com destaque para os leitos de UTI que terão capacidade triplicada, bem como quadro profissional suficiente para atender esta nova demanda. As obras estão em andamento e até o final da reforma, serão investidos R$ 130 milhões.

Importante salientar que a pasta estadual continuará assegurando os serviços, estruturas e recursos humanos para garantir assistência, já reconhecidos por sua excelência pela população, prezando pelas melhores práticas de gestão e de uso dos recursos públicos.


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