Aline Blaya: Por uma Saúde Coletiva que pense e transforme o mundo; íntegra do livro

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Aline Blaya: '''A Pandemia e a Saúde Coletiva' é um livro aberto, construído por muitas mãos e inspirado em outras tantas. É também um convite para o leitor pensar na pandemia que nos assola não como um fenômeno isolado, mas como um acontecimento previsto o qual não foi dada a devida atenção para que tivéssemos evitado a catástrofe". Foto: Isabelle Rieger

Por uma Saúde Coletiva que pense e transforme o mundo

Por Aline Blaya Martins*

Estamos nos aproximando de 500 mil vidas perdidas para a covid-19.

Uma trágica marca resultante direta do individualismo e irresponsabilidade de muitos.

Justamente no momento em que nós, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFRGS, estamos lançando o livro “A Pandemia e a Saúde Coletiva: produzindo conhecimentos e tecnologias no cotidiano”.

Trata-se de um livro aberto, construído por muitas mãos e inspirado em outras tantas.

Mas não só. É também um convite para o leitor pensar na pandemia que nos assola não como um fenômeno isolado, uma transmissão viral de larga escala única e finita em si mesma, mas como um acontecimento previsto o qual não foi dada a devida atenção para que tivéssemos evitado a catástrofe que por hora observamos.

Há tempos pesquisadores já anunciavam que teríamos uma pandemia, mas, pela forma da humanidade habitar este planeta, pautada no capitalismo que expropria e descarta vidas humanas e recursos naturais, como meros subprodutos necessários de um suposto desenvolvimento, nada foi feito antes.

É necessário pensar com urgência em abraçar o mundo para que ele não seja devorado por nós mesmos.

É preciso e urgente inventar inéditos viáveis, hoje.

As experiências vividas ao longo destes meses estão interligadas, como é possível perceber ao ler os capítulos do livro.

Sendo assim, a solidariedade humana, por mais que todo o egoísmo pareça ter escapado da caixa de Pandora, nos remete ao único pilar de sustentação possível, à esperança que vem da rua, dos trabalhadores que não abaixam a cabeça diante da opressão.

Como se poderá ler neste livro, a solidariedade é construída a todo momento em lugares em que não se espera.

Onde se luta pela sobrevivência e onde o povo insiste em esperançar.

De Paraisópolis, em São Paulo, à Vila Cruzeiro em Porto Alegre.

Do Brasil a Honduras e Itália.

Da comunidade à gestão do Sistema Único de Saúde, às múltiplas estratégias de resistência só se fazem possíveis porque existe quem acredite e lute por elas.

Assim como vale a leitura do livro, disponível ao final deste texto ou gratuitamente no formato e-book no site do PPG (www.ufrgs.br/ppgsaudecoletiva), também vale desfrutar da sua apresentação feita de forma brilhante pelos textos da contracapa e das orelhas do livro.

Já o lançamento do livro físico será no dia 19 de junho, às 14h, na praça da Alfândega, em Porto Alegre (RS).

Um dia marcado para que o povo esteja nas ruas lutando por direitos, já que manter a realidade como està tem se tornado tão ou mais perigoso do que o vírus.

Como se diz em slogans populares, não se sabe mais se morreremos de bala, de fome ou de vírus.

A data não foi escolhida por acaso. Como dizia Marx: Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo. Seguimos… seguimos pensando a saúde coletiva… mas também seguimos vigilantes da concepção de que é preciso transformar o mundo.

Boa leitura! Boa luta!

Use máscara, se tiver sintomas ou contato com alguém que tenha covid, fique em casa.

Organizadores do livro

Aline Blaya Martins, Luciane Maria Pilotto, Renata Riffel Bitencourt, Jaqueline Miotto Guarnieri e Alcindo Antônio Ferla

Autores dos capítulos

Akemi Larissa Moreira Suzuki, Alcides Silva de Miranda, Alcindo Antônio Ferla, Aline Blaya Martins,  Aline Schwalm Andrade Rattes, Amanda Della Bruna Campos, Ana Paula Cappellari, Caroline Baroni,  Douglas Rodrigues Gonçalves,Erica Rosalba Mallmann Duarte, Fernanda Dos Santos Fernandes, Francisco José Mayorga Marín, Frederico Viana Machado, Giulia Rodeschini,  Gladis Jung, Guilherme Lamperti Thomazi, Izabella Barison Matos, Jaqueline Miotto Guarnieri, Joyce Alves da Cruz, Juliana Silveira Tubino Ranucci, Karolline Da Silva Silveira, Letícia dos Santos Litran, Lídia Deise Ilídio Sanduane, Luciane Maria Pilotto, Lucildina Muzuri Conferso Sunde, Magnólia Aparecida Silva da Silva, Mara Lisiane de Moraes dos Santos, Marcelle Rodrigues Schettert, Maria Augusta Nicoli, Maurício Almeida Stédile, Pamella Morette, Rafael Henrique Flores Ribeiro, Renata Machado Brasil, Renata Riffel Bitencourt, Renata Vidor Contri, Rosaura Soares Paczek, Samara da Silveira Lourenço, Sheila Valdivia Quiroz, Simone Ávila, Stela Nazareth Meneghel, Tania Esmeralda Rodriguez Vargas, Tatiane da Rosa Vasconcelos, Vanessa Vivoli, Vincenza Pellegrino, Walter Smelin Perdomo Aguilar, William Genderson Barquero Morales.

*Aline Blaya Martins é coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A pandemia e a saúde coletiva by Conceição Lemes on Scribd


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