Dr. Rosinha: Manual brasileiro de como usar errado as máscaras e desmascarar as autoridades

Tempo de leitura: 4 min
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Por Dr. Rosinha

Fotos: Agência Brasil e reprodução de vídeos

Máscaras: como utilizá-las

Breve manual brasileiro de como utilizar máscara e desmascarar as autoridades

Por Dr. Rosinha*, no Porém.net

Tenho observado aqui em Curitiba que – ao contrário do que muita gente fala e escreve – desde o início da pandemia a grande maioria da população tem usado máscara.

Inclusive há que se considerar que no início da pandemia o maior exemplo – foi praticamente uma aula – de como usá-la veio do Jair Messias Bolsonaro.

Ele – didaticamente – demonstrou como usá-la:

i) desdobra-a e coloca-a sobre o queixo;

ii) pode também – como que brincando de cabra cega – cobrir os olhos;

iii) ou usá-la sobre o nariz e parte dos olhos;

iv) cobrir somente a boca, deixando o nariz livre;

v) também pode ser sobre a boca e o nariz (dizem ser esta a mais correta);

vi) finalmente pendurada em uma das orelhas.

Como vê foi uma pequena demonstração prática de como usar máscaras.

Há muitas outras maneiras de usar a máscara, como o exemplo, dado – durante uma live – pelo prefeito Sérgio Onofre de Arapongas (PR).

Enquanto sua secretaria falava da importância de usar máscara, o prefeito mostrava que ela pode ser usada para limpar a tela do celular.

O objetivo aqui não é mostrar que as autoridades têm usado máscaras – às vezes até duas –, mas mostrar que a máscara está sendo intensamente usada. Sei que esta afirmativa é necessária que se comprove e comprovarei.

Não vi, ainda, máscara de linho, talvez seja porque não encontrei o Rafael Greca e o Ratinho.

Ambos elegantes, cada um a sua maneira, podem ter máscaras de linho e usá-las combinado com as cores da roupa, quem sabe com a cor da gravata ou das meias. Combinar ou contrastar as cores é importante para todo mundo, não só para eles.

Curitiba, nesta questão de uso de máscaras é exemplar: até ônibus usa.

O prefeito mandou pintar uma máscara na – cara – frente dos ônibus.

Antes de entrar no ônibus, ao olhar a cara do mesmo o/a passageiro/a já se lembra da própria [máscara] e acerta a posição da mesma na própria cara.

Acertar significa tirá-la da região protegida, que pode ser o queixo, e colocá-la sobre a boca e o nariz.

De máscara – pedindo licença – entra no ônibus e começa a procurar um jeito de ficar o 1,5 metro – recomendado – de distância da outra pessoa.

Até conseguir esta posição já resvalou em, pelo menos, umas 20 e quando consegue ficar na distância adequada chegou ao destino final.

Em Curitiba, o ônibus tem máscara e o prefeito Rafael Greca pede para não ter aglomeração — dentro do transporte público. Nas festas dele, pode, como a da vitória eleitoral. Foto: Hully Paiva/SMCS

Para que não tenha aglomeração – dentro dos ônibus – ele deu, claro do nosso dinheiro, 300 milhões de reais para os empresários do transporte coletivo.

Dinheiro este muito bem usado: pintaram máscaras na ‘cara’ dos ônibus.

Rafael Greca entende que isto [ônibus de máscaras] ajuda com a ideia que a população tem que usar máscaras, portanto os 300.000.000,00 foram bem aplicados.

Para corroborar que a ideia do prefeito deu certo vou tentar provar que 100% da população está usando máscara.

Tenho observado que parte importante da população compreendeu a aula de Bolsonaro e Onofre e tem feito uso da máscara.

Tem muita gente usando máscara para proteger o pescoço, o queixo, a mão, a munheca…, incrível, vi outro dia uma testa bem protegida por uma máscara. Talvez porque o cidadão tenha pouco cabelo.

Também observo que a máscara é usada como tiara ou uma fita de prender cabelo: dá certa elegância.

Ainda não vi a máscara sendo usada para amarrar tranças ou fazer rabo de cavalo.

Há gente usando a máscara pendurada no guidão de moto e de bicicleta.

Nestes casos a situação é séria, o cidadão transferiu a responsabilidade de usar máscara para a bicicleta ou a moto.

Como também é grave – outra situação que assisti – a transferência para que o retrovisor interno de carro a usasse.

A máscara também está muito usada pendurada numa das orelhas ou em algum dos dedos da mão.

Por estarem preocupados/as em não contrair o COVID-19, em Curitiba, a população está usando máscara: algumas pessoas as usam de forma visível, como acabei de descrever, outras, de maneira mais discreta, levam nos bolsos ou bolsas.

Portanto, creio que as autoridades sanitárias não precisam se preocupar: não haverá aumento do número de pessoas infectadas pelo COVID-19, tá todo mundo usando máscara de acordo com a orientação das autoridades: presidente, governador e prefeitos.

Preocupadas em não se infectar e não infectar ninguém as pessoas vão para as festas do Greca – como a vitória [15/11] e natal Luz de Pinhais – o jantar do Bolsonaro – o Ratinho filho não pode ir, mas o Ratinho pai foi – com máscaras, só não as vê que não quer.

Desejo um Feliz Ano Novo e que a máscara dos hipócritas, digo destas autoridades, caiam em 2021.

* Doutor Rosinha é ex-deputado federal e ex-presidente estadual do PT do Paraná. Ele é médico pediatra aposentado da Prefeitura de Curitiba.

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Dr. Rosinha

Médico pediatra e militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017). De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.


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