Dr. Rosinha: Kelman, o impostor que usa roupa de “padre” para defender o fascismo

Tempo de leitura: 3 min
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Por Dr. Rosinha

Foto: Divulgação

O impostor

Por Dr. Rosinha*

No debate de ontem, dia 29, vejo na tela da TV Globo uma figura que se diz padre.

Ao vê-lo e ouvi-lo lembrei-me de Enric Marco.

Marco tornou-se conhecido na Espanha por lutar contra a ditadura de Franco, ter sido deportado e ir para num campo de concentração nazista.

Na militância antinazista, chegou a presidir a Amical de Mauthausen, associação de vítimas do Holocausto.

Por sua história, depois desmascarada, comparecia a eventos e atos políticos, onde dava depoimentos contra o franquismo e o nazismo, até que dias antes da cerimônia dos 60 anos do fim da Segunda Guerra, o historiador Benito Bermejo revelou que Marco nunca tinha sido preso em campo de concentração.

Javier Cercas recolhe essa história e escreve O Impostor, romance não ficcional.

Enric Marco vestiu-se de uma identidade e de uma memória que não lhe pertenciam.

Isso fez com que passasse a ser considerado o maior impostor do mundo.

Enric Marco construiu e incorporou um personagem para denunciar o franquismo e o nazismo.

Já “Padre” Kelmon é o oposto. Usa a impostura – uma indumentária — para defender o fascismo.

Se Marco é considerado o maior impostor do mundo, será que Padre Kelmon é o maior impostor do Brasil?

Certeza tenho: a impostura do Padre Kelmon é mais criminosa que a de Marco.

*Dr. Rosinha é médico pediatra, militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017).  De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul. 

PS 1 do Viomundo: Padre Kelmon era o vice de Roberto Jefferson (PTB) na disputa à Presidência da República. Porém, no início de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou a candidatura de Jefferson, que se encontra em prisão domiciliar.

Padre Kelmon foi, então, catapultado à titular da chapa do PTB.

Kelmon Luis da Silva Souza (é o seu nome completo) se apresenta como sacerdote da Igreja Ortodoxa no Brasil.

Nas peças de campanha do PTB, ele aparece em peças de campanha com vestimentas tradicionais da igreja.

O primeiro debate presidencial do qual participou foi no SBT, em 24 de setembro.

Antes disso, em 14 de setembro, a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil, por meio de seu arcebispo, Dom Tito Paulo George Hanna, divulgou uma nota a respeito do candidato à Presidência da República, Padre Kelmon Luís da Silva Souza.

“Chegou ao nosso conhecimento que muitos cidadãos têm questionado membros da nossa igreja a respeito de um candidato à Presidência da República pelo PTB que se auto apresenta como Padre Kelmon, utilizando insígnias de nossa tradição, sobre a veracidade de seu vínculo à nossa Igreja”, diz o documento.

“Diante disso, esclarecemos que, em pleno respeito, mas também gozando da mesma liberdade de pensamento, consciência e religião prevista no 18º artigo da Declaração dos Direitos Humanos e no artigo 5º da Constituição Federal do Brasil, o referido candidato não é membro de nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil em nenhuma de suas paróquias, comunidades, missões ou obras sociais”, revela a nota.

Segundo a nota Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil, o “padre” nunca foi seminarista ou membro do clero da Igreja em nenhum dos três graus da ordem, quer no Brasil ou em outro país.

Ou seja, Kelmon é um padre de araque.

PS2 do Viomundo — Mesmo com esse “currículo”, o ”padre” Kelmon participou do último debate presidencial, realizado ontem pela TV Globo.

A propósito:

Por que  a Globo não barrou a participação do padre de araque?

Por que nem ao menos a Globo alertou os telespectadores sobre a farsa?

Será por que o sonho global continua ser o de levar a eleição para 2º turno?

Se era para levar alguém com 0% nas pesquisas eleitorais, segundo o Datafolha de 29 de setembro, por que não contemplou a Sofia Manzano (PCB) ou a Vera (PSTU), candidatas de esquerda?

Por que a Globo preferiu Felipe d’Ávila (Novo) e o Padre Kelman (PTB), ambos de direita e com 0% nas pesquisas eleitorais?

Leia também:

Eliara Santana, sobre o debate da Globo: O padre de festa junina e o deboche da cara de um país inteiro

Ângela Carrato: Debate presidencial na Globo, show de horrores e fake news

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Dr. Rosinha

Médico pediatra e militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017). De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.


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Comentários

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Zé Maria

“Se é pra ouvir um Padre,
eu quero ouvir o @pejulio
(Padre Júlio Lancellotti).”

Jornalista Leilane Neubarth
https://twitter.com/LeilaneNeubarth/status/1575693590461677568

Zé Maria

“Luiz Felipe d’Avila é o padre Kelmon da Igreja Ortodoxa do Neoliberalismo”

https://twitter.com/LulaFalcao/status/1575866314291400710

Zé Maria

.

“A crítica a Lula é tão orquestrada
quanto os elogios até aos espirros de Tebet!
Criam uma “teoria do domínio do fato” …
https://twitter.com/Hendrix_Careta/status/1575924683769192448

.

Peter Pan

Se não é fiel de nada adianta certos títulos. Não dá para ludibriar Deus. Não dá para passar a perna em Deus.
Vivemos uma hipocrisia.
Deveria ser chamado para debates somente candidatos com 1% ou mais de intençoes de votos.
Aliás, é bastante hipócrita falar de Deus para quem passa fome. E o bozolismo apostou nessa falácia e pulou de cabeça numa piscina vazia. Vazia de água e vazia de comida.
Vai perder com certeza.

abelardo

Continuo suspeitando que a geringonça farsante que se travestiu de padre, no debate, foi uma espécie de bomba semiótica carregada com alto teor de cinismo, mentiras e provocações agressivas, cujo único intuito seria de desestabilizar a concentração e o controle emocional de Lula. Quem tem a autoridade e a chave de comando de tudo é a Globo. Quem é dono do espaço e conhece todos os seus cantos é a dona do pedaço, se chama Globo. Quem manda e desmanda naquele terreiro é a Globo. Portanto, eu entendo que quem teve o poder de fazer aparecer do nada e aos 45 minutos do final do jogo, a tal geringonça farsante travestida de padre, só poderia ser a Globo. Afinal, o seu passado tenebroso e ficha suja, especialmente em finais de campanhas eleitorais, já é suficiente para taxá-la, em minha opinião, como a grande e favorita suspeita de ter introduzido aquela estranha, vassala, submissa, e inesperada aparição. Apesar de ter sido realizado na Globo, o desempenho da criatura geringonça farsante no debate eleitoral me fez lembrar o famoso quadro de uma atração do concorrente SBT denominado “Topa tudo por dinheiro”. Parece que foi planejado e construído um debate bagunçado, deprimente, com contornos de comédia, de terror, de agressão gratuita, de acusações falsas e levianas, que talvez tenha levado ao criador e a criatura a certeza de que ficarão impunes e que nada os acontecerá. A emissora merece uma investigação séria para avaliar se ela teve alguma participação na aparição do serviçal sem noção e no desenrolar do teatro macabro, e possivelmente de cartas marcadas, ofensivo e desrespeitoso toda espécie de público que dedicou seu tempo, sua esperança e sua confiança no tal decepcionante, confuso e remendado padrão de qualidade global.

Zé Maria

https://www.viomundo.com.br/wp-content/uploads/2022/09/igreja-ortodoxa.jpg

Essa Nota da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil
declarando que o tal Kelman não passa de um Farsante,
“um Padre de Casamento na Roça de Festa Junina” (*),
como afirmou a “Candidata Bolsonara” (**), tem de ser
amplamente Divulgada nas Redes Sociais e em
Aplicativos de Mensagens, tipo WhatsApp e Telegram.

*(https://twitter.com/i/status/1575679786436857856)
(https://twitter.com/i/status/1575692995872968705)
.
Excerto do PS do Viomundo:

Em 14 de setembro, a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil,
por meio de seu arcebispo, Dom Tito Paulo George Hanna,
divulgou uma nota a respeito do candidato à Presidência
da República, Padre [que não é padre] Kelmon Luís da Silva Souza.

“Chegou ao nosso conhecimento que muitos cidadãos têm questionado membros
da nossa igreja a respeito de um candidato à Presidência da República pelo PTB
que se auto apresenta como Padre Kelmon, utilizando insígnias de nossa tradição,
sobre a veracidade de seu vínculo à nossa Igreja”, diz o documento.

“Diante disso, esclarecemos que, em pleno respeito, mas também gozando da
mesma liberdade de pensamento, consciência e religião prevista no 18º artigo da
Declaração dos Direitos Humanos e no artigo 5º da Constituição Federal do Brasil, o
referido candidato não é membro de nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do
Brasil em nenhuma de suas paróquias, comunidades, missões ou obras sociais”,
revela a nota.

Segundo a nota Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil, o “padre” nunca foi
seminarista ou membro do clero da Igreja em nenhum dos três graus da ordem,
quer no Brasil ou em outro país.

.
https://twitter.com/i/status/1575714278862196737

.

    Zé Maria

    Sobre o PS2 do Viomundo:

    A Imprensa-Empresa ‘Tradicional’ (Globo e a Mídia da FasciDireita Paulistana),
    sempre encontrará algum motivo para não dar voz às Pessoas de Esquerda.

    É uma Questão Procedimental estritamente Político-Econômica Ideológica.

    Os Debates Eleitorais na TV e no Rádio, Concessões de RadioDifusão
    Outorgadas pelo Poder Público, devem ser Objeto de Regulação por
    Legislação Especial, no caso, pela Lei Eleitoral, considerando haver
    a Necessidade de Igualdade – e até a Exigência de Eqüidade – de
    Tratamento aos Candidatos e Candidatas, em respeito aos Eleitores.

    .

    Zé Maria

    “Lula fez o certo.
    Ou: Da arte de censurar a vítima
    e aplaudir o agressor”

    Há mais “especialistas em debate” (outra
    categoria metafísica) a censurar Lula
    do que a apontar o comportamento
    obviamente fraudulento de uma fraude
    … um sujeito fantasiado de padre,
    que estava presente ao debate numa
    dobradinha óbvia com Jair Bolsonaro,
    comportando-se como candidato laranja.
    Ademais, o falso padre era só a expressão
    mais burlesca do embate dos “seis contra um”.
    … o bolsonarismo perverte de tal maneira
    a Verdade que leva a que se fustigue a vítima
    em benefício do agressor.

    […]
    … Vou abrir uma empresa de um só — eventualmente
    convidando a minha mulher para sócia, e já sei que
    ela vai recusar —, especializada em avaliar a “opinião
    dos indecisos”.
    Criarei um método e me tornarei o maior especialista
    do mundo na minha própria invenção. E sairei por aí
    a pontificar sobre o que pensa essa notável categoria.

    Desde já, fico cá a pensar onde se acha o indeciso exemplar.
    Na composição das amostras de institutos de pesquisa
    que realmente existem — não os levantamentos “delivery”
    de pilantras —, a definição das proporções, como se sabe,
    interfere no resultado.
    Como é que se chega ao grupo de indecisos que representa,
    por amostragem, todos os indecisos?
    Não tentem me explicar porque a pergunta é meramente retórica.
    Sei que é impossível.

    Aí vem essa conversa torta de que os indecisos criticaram o dito
    “descontrole” de Lula ao reagir a um sujeito fantasiado de padre,
    que estava presente ao debate numa dobradinha óbvia com Jair
    Bolsonaro, comportando-se como candidato laranja.
    E, então, ancorando-se na opinião de “indecisos exemplares”,
    faz-se a crítica fácil: “Ah, Lula perdeu pontos ao reagir etc.”
    Quais pontos? Quantos pontos?

    Parem, para princípio de conversa, de tentar emprestar
    uma inflexão científica ao mero ‘opinionismo’.
    Até porque, se bem me lembro, o petista foi criticado
    por não ter reagido com a devida dureza aos ataques
    que sofreu no debate na Band.

    Ademais, o falso padre era só a expressão mais burlesca
    do embate dos “seis contra um”.

    Não fiz a conta, razão por que a afirmação que segue é
    uma impressão — mas eu digo ser impressão, não uma
    contabilidade que ambiciona ser uma ciência.

    Tenho, pois, a impressão de que há mais “especialistas
    em debate” (outra categoria metafísica) a censurar Lula
    do que a apontar o comportamento obviamente fraudulento
    de uma fraude.

    O embusteiro trocou papeis mais de uma vez com o genocida,
    além de cochichos, e isso se deu aos olhos de todos,
    sem qualquer constrangimento.

    Não teve nenhuma vergonha de parecer o que de fato era.

    Mas quem recebe as reprimendas maiores?
    Lula, é claro!, em razão de seu suposto descontrole.

    É que Sua Excelência o Indeciso Exemplar gostou mesmo
    daquele momento em que candidatos de si mesmos
    faziam digressões impossíveis sobre o nada
    porque, afinal, aquilo pareceu bastante propositivo.

    Obviamente eu não serviria para ser político,
    ou a coisa ficaria ainda mais quente,
    o que me exporia à crítica dos especialistas
    na própria opinião.

    Assistindo ao debate com a minha família,
    exaltei, vejam vocês, o sangue frio de Lula.
    E ainda acrescentei: “Ele não precisaria estar ali”.

    Eu mesmo, em seu lugar, não iria para um massacre
    anunciado, que regra nenhuma consegue conter
    porque a especialidade de certa canalha
    é justamente ignorar as regras do jogo e,
    como é sabido, da própria democracia.

    Mas aí grita uma outra “doxa” que dispensa provas:
    “Ah, se não debate, não quer prestar contas”.
    É mesmo? O que fazia ali o cara de bandana?
    Prestava contas? Tenham paciência!

    Não estou me opondo à existência de debates.
    Apenas digo o que eu faria, sem fingir que
    pratico ciência.
    Estou certo de uma coisa: se o mediador é
    uma espécie de juiz para garantir as regras
    e acusar as faltas e se há até um VAR
    (a equipe que avalia direito de resposta),
    então é preciso ter o poder para expulsar
    do jogo quem comete a falta digna de
    cartão vermelho.

    Não estou censurando William Bonner porque,
    certamente, essa possibilidade não constava
    da combinação prévia.
    Logo, ele não tinha como mandar embora
    o “padre de festa junina” — “olha cobra…”
    — sem transgredir o combinado.

    Ocorre que a moral dos pilantras permite
    que façam o que a moral dos juízes isentos
    os impede de fazer.

    Olhem aqui: o bolsonarismo perverte
    de tal maneira a verdade que leva a que
    se fustigue a vítima em benefício do agressor.

    Esse é o mesmo juízo que poupa o assediador
    e censura a mulher de minissaia.
    É como se dissessem: “O papel do agressor,
    afinal de contas, é agredir. Quem tem de se virar
    é a vítima. Afinal de contas, se quer andar
    com essa roupa, tem de saber enfrentar
    as consequências”.
    Ou ainda: “Um negro vítima de racismo
    tem de se comportar de modo ‘esperto’.
    Em vez de reagir, tem de fazer der conta
    que nada aconteceu.
    Um negro não pode cair nas provocações
    de um racista”.

    Esse coro a censurar Lula por seu suposto
    descontrole é o coro que culpa as vítimas
    e, ainda que não queira, aplaude a eficácia
    do agressor.

    Jornalista Reinaldo Azevedo, no UOL

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