Dr. Rosinha alerta: Estudo revela que é urgente grande ampliação de leitos em UTI no SUS para enfrentar o Covid-19

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Por Dr. Rosinha

Foto: Isac Nóbrega/PR

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Dr. Rosinha*

Os pesquisadores Beatriz Rache, Rudi Rocha, Letícia Nunes, Paula Spinola, Ana Maria Malik e Adriano Massuda acabam de divulgar um estudo (na íntegra, ao final), onde analisam as Necessidades de Infraestrutura do SUS em Preparo ao COVID19: Leitos de UTI, Respiradores e Ocupação Hospitalar.

Ele foi realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).

Esta pesquisa dimensiona os recursos hospitalares necessários para enfrentar a epidemia do COVID-19.

Mapearam o número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e respiradores disponíveis nas 436 regiões de saúde do Brasil.

No mesmo estudo, projetaram as taxas de ocupação de leitos de UTI de adultos no SUS (Sistema único de Saúde) para diferentes cenários de infecção do COVID-19, comparando-a a ocupação observada em 2019.

Por último estimaram a taxa de infecção populacional por região de saúde que seria necessária para levar a taxa de ocupação dos leitos adultos de UTI para 100%.

Deste estudo tiraram as seguintes conclusões:

1. 30% das regiões de saúde do país são vulneráveis: a quantidade de leitos de UTI está muito aquém do mínimo necessário para enfrentar o COVID-19.

2. Dentre as regiões, a mais vulnerável é o Sudeste, onde 40,4% da população é dependente do SUS. Destacam principalmente a região metropolitana do Rio de Janeiro. A segunda mais vulnerável é o Nordeste, onde 21,8% são dependentes do SUS.

3. Em um cenário em que 20% da população seja infectada, e destes, 5% necessitem cuidados em UTI por 5 dias, 294 das regiões de saúde do país ultrapassariam a taxa de ocupação de 100%.

Em 53% delas necessitariam ao menos o dobro de leitos-dia em relação a 2019 para tratar os casos mais críticos.

4. Para metade das regiões de saúde, uma taxa de infecção de 9% de seus habitantes seria suficiente para ocupar 100% dos leitos de UTI.

Para 25% das regiões, uma taxa de infecção de 5,6% ou menos bastaria.

5. Neste contexto de baixo número de leitos de UTI per capita, é necessário a desaceleração da taxa de infecção da população para diminuir a superlotação.

6. É necessário, portanto, a adoção de medidas urgentes para otimizar o uso dos serviços públicos e privados existentes, como também aumentar os investimentos para ampliar a capacidade instalada.

7. Urgente a alocação de recursos para aumentar o número de leitos em UTI no SUS, observando as necessidades locais e com coordenação em âmbito regional e nacional.

8. Observam que, como alternativa emergencial para reduzir custos e ganhar rapidez, alguns países estão montando hospitais exclusivos para tratamento de pacientes com infecção por COVID-19, e contratando ou requisitando leitos no setor privado.

Este estudo demonstra que a possibilidade de diminuir a mortalidade será distribuindo o número de infectados ao longo do tempo.

Mas mesmo com a distribuição são necessários investimentos massivos em infraestrutura para montar e equipar leitos de UTI.

Chamo a atenção que este tipo de estudo/pesquisa, ora divulgado, já deveria ter sido demandado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assim que foi anunciado, em janeiro de 2020, o inicio da epidemia na China.

Não demandado, portanto não foi feito.

Agora se corre contra o tempo. E é uma corrida cheia de obstáculos.

O principal obstáculo é o presidente Jair Bolsonaro. Para não usar adjetivos agressivos, o que não deixaria de ser justo, chamo-o de incompetente.

Há barreiras —  e são muitas! — construídas pelo próprio ministro Mandetta. Por exemplo, acabar com o Programa Mais Médicos e contribuir com o desfinanciamento da saúde, votando a favor da “PEC da Morte” que originou a Emenda Constitucional 95.

Bom lembrar: Jair Bolsonaro também votou a favor.

Na última sexta-feira, dia 20, Mandeta afirmou que o sistema de saúde “entrará em colapso” no fim de abril.

Declarado o “estado de Emergência” Bolsonaro, Guedes e Mandetta nada estão fazendo para evitar o colapso.

*Dr. Rosinha é médico pediatra, militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017).  De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.

Covid 19: Necessidades de infraestrutura do SUS by Conceição Lemes on Scribd

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Dr. Rosinha

Médico pediatra e militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017). De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.


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Zé Maria

Está havendo sub-notificação de
casos da virose por COVID-19.
O Número de Infectados no País
é muito maior que o divulgado.

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