Ubiratan Santos: O que chamou a atenção nos atos do 7 de Setembro em São Paulo

Tempo de leitura: 2 min
No dia da Pátria, extrema direita empunha bandeira dos Estados Unidos na avenida Paulista. Esquerda fez manifestação na Praça da República. Fotos: Paulo Pinto/AgênciaBrasil e Elineudo Meira/PT

Por Ubiratan P. Santos*

O ato organizado pela extrema direita na Av. Paulista, em São Paulo, superou em bom número ao realizado pelas forças de esquerda na Praça da República.

Repetidamente as forças conservadoras vêm realizando atos com muito maior número de pessoas do que os atos organizados pelas forças de esquerda, progressistas, democráticas, populares ou o nome a gosto. Tiveram início no governo Dilma e não mais cessaram.

No evento de domingo 7 de setembro, o Ato na Praça da República contou com maior participação dos partidos políticos, de seus parlamentares e dirigentes, mais presentes do que nos últimos atos que ocorreram neste ano. E, também, a convocatória recebeu mais atenção de importantes e graduados militantes do PT.

Entretanto, não houve, pelo menos de conhecimento público, uma convocação por parte das direções Nacional, Estadual, Municipal e dos zonais do PT, para que os militantes e parlamentares (federais, estaduais e vereadores) comparecerem todos ao ato e com esforço de convocação, pelos mesmos, de simpatizantes e da população em geral para um evento que tinha como objetivo: a eliminação da escala 6×1; em defesa da soberania nacional afrontada pelos EUA, com apoio da famíglia bolsonara et caterva; em defesa da democracia e, portanto, sem anistia aos criminosos organizadores da tentativa de golpe de estado e de assassinatos, e pela taxação dos mais ricos com a isenção de IR aos mais pobres. E com convocação a ser feita com folhetos, panfletos e textos enviados pelas mídias sociais, explicando de forma objetiva e compreensível ao povo comum, o porquê dessa pauta e da necessidade de presença na manifestação.

Mas um fato ou fator chama atenção nas manifestações.

A direita, a extrema e a habitual, marca presença nos atos com seus governadores e contou com a presença da presidência da república de 2019 a 2022. Eles sabem que tem lado, explicitam e precisam, como governo, reafirmar e mobilizar os seus. Sabem que seus partidos deixados à própria sorte não mobilizam ninguém.

E a esquerda, os progressistas? Não tem o governo maioria interna para apoiar a pauta do ato? Não parece que carece disso. Exerce um republicanismo de academia paraguaia, provavelmente para evitar patrulha da mídia corporativa.

Uma coisa é governar o país com seus 213 milhões de habitantes, de respeitar a independência dos poderes, de buscar um consenso no seio do governo em torno de pontos fundantes, como os presentes na pauta antes referida.

Outra coisa é virar as costas para a necessidade de o Governo mostrar que também tem lado, quais suas prioridades e o porquê delas e que para que sejam vencedoras, em benefício do povo, é preciso que o povo exerça a direito de manifestação em defesa de seus interesses.

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O quadro político reconheceu uma melhora nas ações e aprovação do governo, em função dos “presentes” advindos dos sucessivos erros da direita e ajuda do trumpismo, mas erram os que acham que a eleição está ganha e que o certo é não fazer marola, não confrontar nas ruas os que nos confrontam.

A descaracterização e a falta de aguerrimento e de empenho para vencer uma grande batalha por um Brasil melhor não passam despercebidos aos olhos e aos sentimentos do povo, que vem assistindo anódino aos acontecimentos. A história não perdoará.

*Ubiratan P. Santos é médico.

Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Marco Paulo Valeriano de Brito

O BRASIL É MAIS ORIENTAL DO QUE PENSAM AS NOSSAS VÃS IGNORÂNCIAS

A Ásia tem mais étnico-relacionamento com o Brasil, do que imagina o nosso desconhecimento.
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Marco Paulo Valeriano de Brito

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