Carta Maior: A eleição de Graziano

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GRAZIANO  É O NOVO DIRETOR-GERAL DA FAO

da Carta Maior

O ex-ministro do governo Lula, José Graziano da Silva, vence o adversário espanhol, Miguel Angel Moratinos, na disputa pela sucessão de Jacques Diouf, n comando da FAO, por 92 votos a 88. Brasil conquista seu primeiro posto de relevo entre as organizações internacionais.

Graziano era o candidato dos países pobres que lutam contra o subdesenvolvimento e o domínio neocolonial na América Latina e África. Não por acaso, pouco antes da votação, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, sem abrir o voto dos EUA, elogiou o candidato espanhol Miguel Angel Moratinos, porta-voz da Europa e dos interesses do Norte.

A vitória brasileira reposiciona o papel da FAO na política internacional. O que se espera agora é que um organismo renovado passe a ecoar, de fato,os interesses Sul-Sul,  sobretudo das nações latinoamericanas e africanas na luta pelo desenvolvimento, por segurança alimentar e  justiça social.

Graziano é um crítico da especulação financeira decorrente da desregulação do sistema bancário promovida pelo neoliberalismo. Ao contrário de seu adversário espanhol, em diversos pronunciamentos e artigos ele destacou a influência nefasta dos capitais especulativos na formação dos preços dos alimentos, gerando flutuações abruptas que asfixiam consumidores e produtores dos países pobres.

A vitória do ex-ministro e amigo pessoal de Lula certamente influenciará inclusive a trajetória do líder brasileiro, que trabalhou intensamente nos bastidores da campanha, em contatos com líderes e governantes, sobretudo da África e América Latina. Lula passa a ter na FAO, certamente,  uma âncora institucional para seus projetos de cooperação internacional para o desenvolvimento e a luta contra a pobreza e a fome.

Para o governo Dilma, que se empenhou decididamente na eleição de Graziano, deslocando ministros e o chanceler Patriota a vários pontos do planeta, numa ação centralizada no Itamaraty, é um trunfo da competência brasileira na política externa. Ele reafirma o Brasil como líder de uma parte significativa dos países pobres, um interlocutor cada vez mais relevante da agenda do desenvolvimento no século 21.

(Carta Maior; Domingo, 26/06/ 2011)

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