Agora, a sério, sobre a estação Higienópolis

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Leio que o Ministério Público pediu ao Metrô paulistano que explique os critérios técnicos considerados para transferir a estação prevista na avenida Angélica para outro ponto do bairro de Higienópolis.

Li a argumentação de alguns moradores que se opõem à estação, argumentando que ela ficaria muito próxima (600 metros) de outra, que servirá ao Mackenzie e da seguinte (1.500 metros) que servirá à PUC. O presidente da associação Defenda Higienópolis chegou a dizer que com estações muito próximas o desgaste do material rodante seria maior, por causa dos arranques e freadas.

Não entendo do assunto, mas acredito que a distribuição das estações obedeça a outros critérios, como o preço das desapropriações, a geologia local, a existência de impedimentos físicos (por exemplo, diante do Pacaembu, a existência de um piscinão) mas, especialmente, a demanda local baseada na densidade de população e nos deslocamentos diários de quem trabalha no bairro ou o frequenta por outro motivo.

Nesse sentido, não há qualquer dúvida da existência de demanda na avenida Angélica, que aos poucos vai se tornando um dos principais centros médicos de São Paulo, com consultórios, clínicas, laboratórios e um hospital.

Em Nova York, que tem uma imensa rede de Metrô, há estações da mesma linha separadas por menos de 200 metros. Se considerarmos as linhas que atravessam Manhattan no sentido Norte-Sul, para calcular grosseiramente a distância entre duas estações, considerem cerca de 80 metros por quarteirão. Assim, se existe uma estação na rua 42 e outra na rua 50, são mais ou menos 640 metros.

Mas há distâncias bem menores. Considerem este texto do New York Times:

Short Trip, Long Trip

Q. Quando eu andava no trem número 5, notei a pequena distância entre as estações de Bowling Green e Wall Street. Qual é a menor distância entre duas estações? E a maior?

A. De acordo com Glenn Lunden, diretor de planejamento dos sistemas de trilhos da New York City Transit, a distância entre Howard Beach e Broad Channel na linha A é de mais de três milhas e meia [5,6 km] é a maior entre duas estações do metrô da cidade. “Existem vários pares de estações que estão a distâncias bem curtas uma da outra — pouco mais de dois décimos de uma milha [320 metros]”, o sr. Lunden escreveu numa mensagem de e-mail. “Elas são Bowling Green e Wall Street nas linhas 4 e 5, Wall Street e Fulton Streent nas linhas 2 e 3, Park Place e Chambers Street nas linhas 2 e 3”.

Mas Antonio Cabrera, assistente-chefe para engenharia de trilhos, disse que a menor distância na verdade é entre Beverley Road e Cortelyou Road na linha B e Q de Brighton — pouco menos de 500 pés [152 metros]. (Ron Schweiger, historiador do Brooklyn, disse que as duas estações precederam o metrô e serviram aos trens a vapor da ferrovia Brooklyn, Flatbush, Coney Island.

Lembro que o incentivo para o uso do transporte público é diretamente proporcional à comodidade oferecida aos passageiros e nesse cálculo entram, obviamente, o custo, a conexão com outros meios de transporte, a distância a ser percorrida a pé.

Mesmo que moradores de Higienópolis se manifestem em defesa ou contra a estação, faria muito mais sentido calcular a necessidade ou não de uma estação na Angélica levando em conta os interesses de toda a cidade e do conjunto do sistema. Que se manifestem os que conhecem o assunto melhor…

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