Daniel Valença: Contra tudo e todos, Venezuela resiste aos ataques; chavismo vence em 18 de 23 estados

Tempo de leitura: 3 min

  Contra tudo e todos, a Venezuela resiste

por Daniel Valença, especial para o Viomundo

A oposição venezuelana, os grandes meios de comunicação e o governo americano tentaram de todas as maneiras – boicote econômico, atos violentos de rua, processos desestabilizantes – derrubar Maduro, eleito democraticamente sob os ditames constitucionais.

Tudo isto porque, lá trás, em 2002, Chávez fez o oposto do que Temer hoje faz com a Petrobras e o Pré-sal: destinou as riquezas naturais de seu povo para o povo.

Frente à instabilidade aparentemente insuperável, Maduro tomou uma decisão arriscada, mas com amparo constitucional. Convocou a constituinte para aprofundar o processo revolucionário venezuelano.

As oposições trabalharam dia e noite para deslegitimar a constituinte. Lá, a MUD – coalizão de oposição – atacou abertamente e violentamente os locais de votação.

Porém, a população queria a pacificação e a positivação de mais direitos econômico-sociais. A participação foi massiva e a correlação de forças se alterou.

Nesse domingo, realizaram-se eleições estaduais. A oposição, percebendo que perdeu terreno devido sua estratégia de desestabilização e derrubada do governo, voltou a participar do processo eleitoral.

Segundo Alba Correo, a revolução obteve uma conquista histórica frente a oposição:

*Vitória do PSUV em 18 estados, contra 5 conquistados pela oposição

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* Chavismo recuperou o Estado de Miranda, baluarte da direita

*61% de participação, contra 53% em 2012

Daí, surgem algumas conclusões:

a) Cai por terra a narrativa da existência de una “ditadura bolivariana”, levantada pelas oligarquias locais e recepcionada por setores de esquerda desavisados.

b) A revolução bolivariana tem de aproveitar para aprofundar as transformações em curso, especialmente em termos produtivos e de trabalho associado, sem descuidar de preparar-se para eventual agressão americana.

c) Correlação de forças só se constrói com luta política, ao contrário do que ainda professa setores expressivos da esquerda brasileira.

d) Aqueles e aquelas que vêem o direito de maneira apartada das concretas relações sociais e de produção permanecem sem entender o que se passa neste continente.

Votação, estado por estado

Amazonas PSUV 59,85% MUD 23,00%

Anzoátegui PSUV 46,74% MUD 52,01%

Apure PSUV 51,92% MUD 31,56%

Aragua PSUV 56,83% MUD 39,06%

Barinas PSUV 52,88% MUD 44,35%

Carabobo PSUV 51,46% MUD 46,41%

Cojedes PSUV 55,48% MUD 42,91%

Delta Amacuro PSUV 48,78% MUD 39,05%

Falcón PSUV 51,86% MUD 44,04%

Guárico PSUV 61,68% MUD 37,38%

Lara PSUV 57,65% MUD 40,93%

Mérida PSUV 46,03% MUD 51,05%

Miranda PSUV 52,54% MUD 45,92%

Monagas PSUV 53,94% 43,97MUD %

Nueva Esparta PSUV 47,46% MUD 51,81%

Portuguesa PSUV 74,24% MUD 33,22%

Sucre PSUV 59,89% MUD 38,77%

Táchira PSUV 35,38% MUD 73,29%

Trujillo PSUV 59,09% MUD 37,82%

Vargas PSUV 52,35% MUD 46,22%

Yaracuy PSUV 61,88% MUD 35,81%

Zulia PSUV 47,07% MUD 51,06%

Daniel Araujo Valença é professor de Direito da UFERSA, coordenador do Grupo de Estudos em Direito Crítico, Marxismo e América Latina – Gedic

PS do Viomundo: A imagem ao lado é do resultado final da eleição no Estado de Bolívar, cuja apuração ainda estava em aberto quando este post foi publicado, às 12h. O Estado de Bolívar deu a 18ª vitória ao chavismo (post atualizado às 13h30).

Leia também:

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