De uma entrevista de um irmão do atirador de Realengo, Wellington Menezes de Oliveira, à Folha:
Como era a relação dele com a família?
Quando ele chegava em casa, era sempre com a boca fechada. Ele conversava pouco com a família, mas não era agressivo. Quando havia festa na casa de minha mãe e todos irmãos estavam lá, Wellington fazia um prato e ia para o quarto dele. Todos os cinco irmãos são muitos comunicativos, só Wellington que não era assim. Ele tinha dois ou três amigos. A imprensa fala que ele não tinha amigos, mas tinha ao menos uns três.
Talvez ele já estivesse com problema mental naquela época e, quando sentiu a perda da mãe, foi ali que a doença se apresentou. Até então, ele só apresentava esse jeito fechado. Como a gente não tem entendimento sobre esse tipo de coisa, fica difícil de descobrir algo, uma doença assim.
[…]
Vocês notavam que havia algo de errado com Wellington?
Todos os irmãos se preocupavam pelo fato de Wellington ficar muito tempo na internet. O tempo todo ele passava em frente ao computador. Em geral, ele comia vendo TV ou levava o prato para o lado do computador. Como o computador ficava no quarto dele, ninguém ficava entrando. Minha mãe tinha muita preocupação em relação às amizades que ele poderia fazer pela internet.
A família encaminhou Wellington para tratamento com psicólogos? Por que ele parou?
A própria escola chamou a minha mãe numa época e recomendou que ela levasse Wellington para um psicólogo. Minha mãe levava Wellington para a terapia e ele foi fazendo o tratamento. Quando ficou mais velho, perto da maioridade, minha mãe contou que ele não queria mais ir e ela resolveu não obrigá-lo.
Como era o comportamento de Wellington em casa, com a mãe de vocês?
Não havia agressividade, o que havia era mal criação, às vezes. Minha mãe tratou Wellington com muito amor e carinho. Como ela o adotou com pouco mais de 50 anos, acho que ela pensava que ela iria faltar mais cedo para ele. Ela tratou Wellington até melhor que os outros filhos.
Minha mãe era um porto seguro para o Wellington, pois ele era um menino que quase não se relacionava com mais gente. Todos os irmãos eram mais velhos e casados. Mas, mesmo assim, a gente sempre tentava conversar com ele. Ele era bem paparicado.Minha irmã fazia doce e bombons para ele. Wellington quase não saía de casa. Depois que minha mãe morreu, até comida ele pedia, marmitex.
Wellington sempre teve ligação com alguma religião?
Minha mãe era extremamente religiosa, era testemunha de Jeová. Wellington também a acompanhava na igreja. Depois, quando foi crescendo, ele acabou se afastando dessa religião, acho que procurou outras religiões. Minha mãe nunca ensinou nada de ruim ao Wellington, nada desse radicalismo. Ela deu cultura, família e valores.
Wellington chegou a ter alguma namorada? Teve alguma decepção amorosa?
Pelo que nós sabemos, ele nunca teve namorada.
PS do Viomundo: Algumas coisas chamam a atenção. A morte da mãe como gatilho. A incapacidade para relações afetivas aprofundadas. O uso da internet como uma espécie de “universo paralelo”, onde Wellington aparentemente se acreditava aceito pelos pares.
Leia aqui a íntegra do projeto que criminaliza a “intimidação escolar”.
Entenda aqui como Washington quer toda a ajuda possível para apovar leis antiterror no Brasil.




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