Homem que obteve áudio de Marcela Temer e arrancou R$ 15 mil do irmão dela não quer falar sobre o processo: “Seria colocar outra algema”, diz advogado

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Karlo, Arlon e o impeachment: uma história contada pela metade?

por Lino Rodrigues, com Redação

O advogado Valter Bettencort Albuquerque, que defende Silvonei José de Jesus Souza, condenado por extorsão e estelionato contra Marcela Temer, mulher de Michel Temer, espera que seu cliente seja libertado até o final de março, quando terá direito ao regime semiaberto.

Souza foi condenado a 5 anos e 10 meses de prisão em regime fechado pela Justiça paulista.

Ele foi preso em maio de 2016 e desde então cumpre pena no presídio de Tremembé.

O advogado disse que Silvonei não vai dar entrevistas. Alega que a exposição na mídia acabaria prejudicando a defesa, que está recorrendo da condenação.

O Viomundo pretendia ouvir Silvonei sobre como ele conseguiu arrancar R$ 15 mil do irmão de Marcela.

“Se falar vai acabar colocando outra algema, desta vez na perna”, afirmou o advogado, lembrando que o recurso será julgado já com o seu cliente em liberdade.

“Esse julgamento do recurso deve acontecer só daqui a três meses”, estima Albuquerque.

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Segundo a acusação, Silvonei obteve fotos, mensagens de áudio e texto de Marcela através da clonagem do celular dela e passou a exigir dinheiro para não divulgar o material.

Souza queria receber R$ 300 mil  da agora primeira dama para não vazar as informações, segundo o processo conduzido pela juíza Eliana Cassales Tosi de Mello, da 30ª Vara Criminal.

O processo, que corria sob segredo de Justiça, tornou-se público. A Folha de S. Paulo divulgou trechos dele online esta noite.

A reportagem traz a troca de mensagens por WhatsApp entre Silvonei e a agora primeira-dama.

“Como achei que esse vídeo joga o nome de vosso marido na lama. Quando você disse q ele tem um marqueteiro q faz a parte baixo nível… pensei em ganhar algum com isso!!!!”, diz uma das mensagens enviadas pelo criminoso.

O vídeo, na verdade, é um áudio entre Marcela e o irmão, Karlo Augusto Araújo.

Segundo a Folha, o marqueteiro é Arlon Viana Lima, tesoureiro do PMDB paulista, integrante das executivas municipal, estadual e nacional do partido, chefe do gabinete presidencial em São Paulo e muito próximo de Temer.

Não há referências ao significado da frase “q faz a parte baixo nível”, que segundo o jornal se refere a Arlon.

Silvonei: “Tenho uma lista de repórteres que oferecem 100 mil cada pelo material”.

Marcela: “Você acha que isso prejudicaria alguém? Então, você quer dinheiro por causa desse áudio?”

A esposa de Temer diz em seguida ao criminoso que o áudio é montagem.

Silvonei: “Sabe q não é montagem, não tem cortes”.

O irmão da primeira dama, que pretendia se candidatar a vereador em Paulínia em 2016, desistiu depois do episódio. Ele pagou R$ 15 mil a Silvonei, que insistiu em receber mais depois que descobriu que o áudio trazia a voz da esposa de um político graúdo.

Segundo a Folha, “o áudio foi ouvido por poucas pessoas ligadas diretamente à investigação e não chegou a dar entrada no Instituto de Criminalística, que realiza as perícias”.

O jornal diz que sob “o então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, hoje ministro da Justiça licenciado e indicado por Temer a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), a Polícia Civil paulista criou uma força-tarefa com cinco delegados, 25 investigadores e três peritos” para cuidar do caso.

Depois da prisão de Silvonei, o processo foi concluído em apenas seis meses. Apesar de primário, ele foi condenado ao regime fechado.

Já Temer tem um histórico de bons resultados na Justiça.

Segundo o Viomundo denunciou aqui, um processo que o investigava por supostamente receber R$ 2,7 milhões em propina através de esquemas no porto de Santos teve morte suave, sem causar danos à carreira do então deputado federal, que presidiu a Câmara, o PMDB e chegou ao Palácio Jaburu como vice na chapa de Dilma Rousseff.

Ele assumiu a presidência em agosto de 2016 depois que o Senado aprovou o impeachment da titular, num processo que o próprio Temer comandou nos bastidores.

Quando a chantagem a Marcela aconteceu, o processo de impeachment estava para ser votado no Senado.

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