Greve: Professor precisa trabalhar 170 anos para ganhar o mesmo que executivo de banco
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Foto Elza Fiúza, Agência Brasil, via Fotos Públicas
De Cecília Negrão, do Sindicato dos Bancários
A proposta apresentada pela Fenaban de 5,5% de reajuste nos salários + R$ 2.500 de abono não incorporado ao salário gera uma perda real de 3,99% no salário dos bancários, já que o INPC da data-base da categoria acumulou 9,88%. Nos últimos dois anos os bancários conquistaram ganho real de 1,82% e 2,02%, o que resulta num ganho acumulado de 3,88%.
Ou seja, a proposta da Fenaban na prática está mais do que anulando os ganhos conquistados pela categoria bancária em 2013 e 2014. No saldo final destes 3 anos teríamos uma perda real de 0,26%.
O abono não integra o salário base. Isso quer dizer que o reajuste da data base seguinte será calculado sobre o salário reajustado em 5,5% e não leva em consideração o abono. Ou seja, além da inflação da próxima data-base a negociação já começaria com uma perda de 3,99%.
Com esta proposta considerando o salário anual do trabalhador (salários, 13º, férias e FGTS) e também a PLR, o bancário que recebe o salário médio da categoria (R$ 6.208) teria uma perda de R$ 2.144,81 ao longo do ano, se comparado a uma proposta que apenas repusesse a inflação. Se compararmos com uma proposta que garantisse o mesmo aumento real do ano passado (2,02%) a perda anual do bancário que recebe o salário médio seria de R$ 4.499,02.
A remuneração total média anual de um Diretor Estatutário de banco foi de R$ 5,035 milhões em 2014 de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (levando em conta Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil).
Isso significa que um professor da educação infantil, por exemplo, precisaria trabalhar 169,4 anos para ganhar o mesmo que um executivo de banco ganha no ano. Esse mesmo professor teria que trabalhar 14,1 anos para ganhar o que o executivo do banco ganha em um mês! Veja outros exemplos na tabela abaixo:
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Ao mesmo tempo em que propõe perda real de 4% para os bancários, os Bancos retiram recursos da população através de taxas de juros astronômicas e tarifas abusivas.
As taxas de juros do cartão de crédito chegaram a 403,5% ao ano. As taxas do cheque especial estão em 253,2% ao ano, crédito pessoa não consignado 120,9% ao ano e aquisição de bens 86,6% ao ano.
Portanto para aquisição de bens, caso uma pessoa utilize este crédito para comprar uma televisão de R$ 1.200,00, por exemplo, e pague em 12 meses no regime de juros compostos, ao final irá pagar o valor de R$ 2.230,00, gastando quase o valor inicial da TV apenas com juros para o banco! As taxas estão em trajetória crescente (veja no gráfico abaixo):
Além dos juros temos a questão das tarifas bancárias: Um levantamento feito pelo Idec com os seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander) verificou que o custo da anuidade de cartão de crédito subiu até 188% entre agosto de 2014 e de 2015.
O aumento é mais de dez vezes superior à inflação acumulada no período, medida em 9,56%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
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