Paulo Henrique Martinez: Aécio é o burger king da avenida Paulista

Tempo de leitura: 2 min

aecio-generico

FESTIM DIABÓLICO

por Paulo Henrique Martinez, especial para o Viomundo

Destronado em Minas Gerais, o candidato Aécio Neves espera tornar-se o novo burguer king da avenida Paulista. De nada serviu o aeroporto construído, com dinheiro público, na fazenda da família. A candidatura de Aécio foi pelos ares com a força do pontapé eleitoral que recebeu dos eleitores mineiros. Aterrissou de bico e sem escalas em uma mesa qualquer da praça da alimentação ideológica do Shopping Higienópolis, na capital paulista.

Aécio Neves foi o primeiro a chegar para o festim diabólico que se anuncia e que reunirá a liga dos torturadores do Clube Militar, do Rio de Janeiro, a ala dos grileiros do Pontal do Paranapanema, as estrelas de prata do ruralismo de Goiás e a banda larga de lojistas da fronteira do Paraná com o Paraguai. Tudo sob a benção da Opus Dei local. Os madeireiros do Pará, temendo a interceptação do Ibama, avisam que irão para o segundo turno…

O sorriso amarelo dos eleitos pelo PSDB, em São Paulo, ilumina os demais candidatos tucanos, transformando-os em alegres canários, retidos na gaiola de ouro do conservadorismo. Esta é posta ao abrigo do colo macio e do suspense das urnas. Algo digno dos filmes de Alfred Hitchcock. Ave de arribação, Aécio Neves encarapitou-se na cumeeira do Palácio dos Bandeirantes.

Inebriado com as lendas e viagens dos caçadores de esmeraldas, ignora que o telhado é de vidro e que a casa pode cair. Muitos dos ditos bandeirantes voltaram para suas casas de mão vazias e, não raro, sujas de sangue pelas ações incontroláveis de seus companheiros de viagem. A curva descendente da votação do PSDB nas eleições presidenciais é olvidada na avaliação dos entusiastas do futuro do pretérito na mídia e de seus candidatos preferenciais.

Em 2006, Alckmin obteve 41,6% dos votos no primeiro turno. Serra beirou 33%, no primeiro turno de 2010. Em 2014, Aécio cravou menos de 34%. Os resultados finais foram a reeleição de Lula e a eleição de Dilma Rousseff. O que sustenta a euforia oposicionista deste ano? Um castelo de cartas… Os dados e a experiência do passado apontam o contrário de uma arrancada para a vitória, anunciada pelo bater de asas. Não será voo de galinha?

A candidata Dilma flutuou entre os 40% e 50% das intenções de voto. Instável mas nas alturas, guardou distância de outros pássaros. No calor nordestino não houve chances para a candidatura Neves. Lá, acima da média nacional, os índices de geração de emprego com carteira assinada, ou seja, com direitos sociais garantidos, ecoam os versos do poeta maranhense, Gonçalves Dias: “As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Paulo Henrique Martinez, professor no Departamento de História da Universidade Estadual Paulista.

Apoie o VIOMUNDO

Leia também:

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Leia também

Política

Roberto Amaral: No fundo do poço, outro poço

Violência contra Glauber e a anistia disfarçada de ‘dosimetria’

Política Saúde

Francisco Júnior: Queremos nosso PT de volta!

Propostas da chapa Resgate da Reforma Sanitária aprovadas no Encontro Setorial de Saúde