
por Conceição Lemes
Na sessão de 5 de agosto, o Conselho Universitário da Unicamp decidiu manter o título de Doutor Honoris Causa concedido, em 1973, ao coronel Jarbas Passarinho, ex-ministro da Educação do governo do General Emilio Garrastazu Médici. Apesar de 49 membros terem apoiado a revogação, os votos de uma minoria (10 contrários e 10 abstenções) foram suficientes para a manutenção da honraria. O quórum qualificado de 50 votos não foi alcançado.
O médico e cientista brasileiro Bernardo Boris Vargaftig, ex-diretor do Instituto Pasteur, na França, reagiu.
Recusando-se a “continuar a acompanhar o Coronel repressivo, ex-Ministro da Educação e responsável por tantos desmandos e arbitrariedades”, ele devolveu à Unicamp o título de doutor Honoris Causa que ela lhe concedeu em 1991.
Caio N. Toledo, aposentado da Unicamp, saudou a decisão de Vargaftig:
Recusando-se aceitar a mesma honraria concedida ao coronel Jarbas Passarinho, Bernardo Boris Vargaftig, cientista brasileiro – ex-diretor do Institut Pasteur, Paris – renuncia ao título Doutor Honoris Causa a ele outorgado pela Unicamp, em 1991. Um gesto digno e raro; talvez inédito na academia brasileira.
A excelência da produção científica de Vargaftig pode se comprovada por três reconhecimentos públicos: Condecoração nacional:Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico – Presidência da República do Brasil – agosto /2008 e dois Prêmios Internacionais: Grande Prêmio – Institut Electricité Santé – 1995 e Life Achievement Award – International Association of Inflammation Societies (IAIS) – 2005.
Indignados também com a decisão, professores da Unicamp criaram uma petição online, solicitando ao Conselho Universitário da Unicamp que convoque nova reunião para examinar as moções de quatro congregações dessa universidade que defendem a revogação do título do coronel da ditadura.
Clique aqui para ler e assinar a petição.
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Seguem a carta do professor Vargaftig ao reitor da Unicamp e da Comissão da Verdade da Universidade ao cientista

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