Patrick Mariano: O pior caminho para Dilma é a apatia de parar na esquina

Tempo de leitura: 7 min

Manifestação reforma política

Sobre o ódio às cores e aos amores

por Patrick Mariano, especial para o Viomundo

Ato I

Um jovem com camiseta vermelha é agredido com empurrões e xingamentos na avenida paulista por usar camiseta vermelha. Na estampa, uma alegre alegoria com Marx, Lênin, Fidel e Mao numa festa.

— Vai pra Cuba, vai morar no inferno, estamos num país livre! Vai arrumar emprego na Venezuela e na Argentina, nesses buracos!

Ato II

Um repórter de um programa de TV é agredido e impedido de trabalhar na mesma avenida Paulista.

— Jean Wyllis do CQC! Eu não tenho ódio, amiguinho. Você tá cagando de medo porque vai se fuder nessa história! Vai pra Cuba, devia ir mesmo! Ô viadão. Você já deu pro Lula? Tá sendo entrevistado aqui um filho da puta comunista. Dá pro Tas, pro Lulinha! Você tem que ser extirpado da vida pública. (ouve se imitações de macaco).

Ato III

14 de novembro de 2010.

Na hora em que eu olho, ele já acerta com a lâmpada no meu rosto. Na hora em que eu coloquei a mão no rosto, já estava saindo sangue. Ele vem com a segunda, e eu me defendo. Os outros começaram a rir.

Ato IV

— Eles vem com força mesmo de agressão mesmo para ver o sangue sair mesmo das pessoas que estiver andando com mãos dadas uns com os outros.

Esses fatos têm em comum o lugar em ocorreram: avenida Paulista, os três quilômetros mais ricos do Brasil. É lá que se tomam as decisões que impactam em todo o resto do país. Os grandes bancos e o chamado “mercado”, aquele que decide e dá as cartas, estão todos lá com suas representações.

Tirante o local, esses acontecimentos se entrelaçam com o ódio e a vontade de destruir ou, no dizer de um desses personagens, extirpar o outro. Seja porque usa uma camisa vermelha ou porque se resolve andar de mãos dadas com outra pessoa. Demonstrar carinho e afeto, dentro desse contexto, é perigoso.

Se eu não posso escolher a cor da minha camiseta, sequer as mãos com as quais caminharei pela rua e vivo em uma democracia, algo de estranho paira no ar.

Já abordamos aqui neste Viomundo  o número preocupante de assassinatos de pessoas em situação de rua, pelo “motivo” de serem pobres e a rejeição, por parte de moradores da construção de albergues no bairro de Santa Cecília e em Brasília.

Os lamentáveis episódios que acabamos de relatar colocam em estado de alerta o próprio processo civilizatório ou de construção de uma sociedade cada vez mais livre, justa e solidária, a teor do mandamento da Constituição da República de 1988.

Esses fatos trágicos e lamentáveis tem se repetido. Hora assistimos espancamentos e assassinatos de gays, hora assassinatos de pessoas em situação de rua e hora hostilidades e agressões a quem pensa politicamente diferente ou mesmo apenas usa camisa vermelha.

Ato V

Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, 2014

“O garoto foi espancado, teve suas roupas arrancadas e depois foi acorrentado com um cadeado de bicicleta. Durante a surra, também perdeu parte de uma orelha”.

Ato VI

Zona Leste de São Paulo, 2013

“As vítimas estavam indo trabalhar, são pedreiros numa obra na zona leste, aqui na avenida do oratório foram perseguidos e atacados bem em frente a esse ponto de ônibus”.

Esses dois últimos casos são, também, tristes exemplos de manifestação social de ódio. O primeiro contra um jovem negro, acusado de furto. O segundo contra pedreiros do Piauí que iam para o trabalho. O motivo? Ser negro, pobre e nordestino.

Durante a campanha presidencial não foram raros os ataques aos nordestinos, atribuindo-lhes a responsabilidade por um voto ignorante e mal informado, até mesmo por um sociólogo renomado.

Mas, antes mesmo disso, já nas manifestações de junho de 2013, militantes com bandeiras vermelhas foram agredidos e expulsos do espaço público.

O muro de Berlim caiu em 1989, mas a base racional de construção do inimigo ainda se faz presente, mesmo que em mentes pouco privilegiadas ou com falhas graves no estudo da história.

O comunista de outrora, razão física do medo incutido pelas nações capitalistas, renasce agora travestido de ditadura petista, gayzista e comunista.

Mas por que gays, petistas, camisetas vermelhas, nordestinos e pessoas em situação de rua despertam tanto ódio em uma parcela da população?

É que na ausência de um discurso racional de oposição, quem tomou a frente como formadores de opinião foram humoristas, ex-cantores e alguns articulistas de revistas.

Através de contas na rede social twitter que às vezes chegam agregar 5 milhões de seguidores e de blogues, foram explanando aos quatro ventos esse discurso sem pé nem cabeça que não resiste a um diálogo minimamente sério.

A apatia dos partidos políticos contribuiu para esse tipo de “formação de consciência”. Basta a tanto assistir (se tiver estômago) alguns hangouts de 2013 (debates pela internet) entre essas trágicas figuras. Nesses vídeos é possível pegar alguns traços da construção desse discurso.

Por outro lado, há uma crise de referências na sociedade brasileira. Na intelectualidade, nos meios acadêmicos e na cultura. Há um vácuo de geração.

Muitos dos jovens de hoje só ouviram falar de Ariano Suassuna na sua morte ou em alguma associação com Chicó e João Grilo.

Quantos jovens de hoje sabem quem foi Darcy Ribeiro? Glauber Rocha, Oscar Niemeyer? Nessa molecada que vive nas redes sociais, quem conhece Antônio Cândido?

Quem são os ícones da juventude atual dentro desse contexto neoliberal de sociedade de consumo de massas?

A canalização do potencial criativo e ousado dos nossos jovens para onde está indo atualmente?

Os brasileiros que possuem maior número de seguidores no tuíter em ordem decrescente são: Kaká, Neymar, Ivete Sangalo, Paulo Coelho, Programa Pânico, Ronaldinho Gaúcho, Cláudia Leite, Luciano Huck, Marcos Mion. O humorista Danilo Gentili tem algo em torno de 7 milhões de seguidores.

Aí se encontra a atual encruzilhada e que pode nos dar um início de resposta ao por que dessas manifestações e discursos toscos, confusos, que disseminam o ódio.

No neoliberalismo, os grandes meios de comunicação tornam os jovens meros consumidores e reprodutores dos “valores” individualistas.

E o contraponto a isso?  

O PT hoje paga o preço pelo aquilo que não fez e poderia ter feito. Seja na formação política dos seus militantes, seja na ação de governar ao se ausentar de pautar e enfrentar temas caros da atualidade.

A perda da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados já era um sintoma da apatia do governo e do partido. É óbvio que não há nada de comunista no programa petista e que o Foro de São Paulo é um fantasma que diz muito e não diz nada.

No entanto, o PT não é criticado por ter tirado 40 milhões da pobreza extrema, disso não se fala.

A corrupção, Cuba, camisa vermelha, gays e ditadura são os pontos que “embasam” esse discurso do ódio, mas se esquece que a corrupção é a forma de funcionamento do capitalismo.

Por isso, é preciso disputar e pautar a sociedade com temas que façam o processo democrático avançar. Na apatia, esse discurso minoritário ganha eco.

O PSDB se apropria desse discurso e o legitima na ausência de um projeto para o País. A direita está acéfala de pensadores com um mínimo de seriedade.

Não sem razão, o senador Aloysio Nunes esteve presente nessas manifestações em que mencionamos no início e foi ao programa de Danilo Gentili.

Na política, ou você constrói pautas ou é pautado. O governo tem força e amplitude para pautar temas, mas nos últimos anos acabou muitas vezes sendo pautado. Temas não faltam.

A questão da democratização da educação, da mídia, reforma política, do extermínio da juventude negra nas periferias, reforma agrária, dos indígenas, quilombolas, da fome e das desigualdades regionais ainda estão candentes e precisam ser enfrentados.

A Comissão da Verdade criada pelo governo federal, se tivesse sido mais efetiva e ousada, talvez constrangesse ainda mais aqueles que falam em volta da ditadura militar.

Dilma a tratou com descaso. Prova disso é a falta de estrutura, autonomia administrativa e a demora irrazoável na indicação e substituição de nomes.

Reestabelecer a verdade histórica é o maior antídoto contra a volta de monstros adormecidos. Punir e responsabilizar os torturadores pelos crimes cometidos é a melhor forma de assimilar o passado e garantir que não mais nos assombre.

O vento favorável que sopra dos movimentos sociais

Um vento favorável sopra dos movimentos sociais e não só pelo que se viu nas eleições. A proposta de reforma política juntou 400 movimentos, entidades e organizações.

Foram organizados mais de 2 mil comitês populares em todo o país e recolhidas quase 8 milhões de votos de eleitores, exigindo a convocação de uma assembléia constituinte.

As manifestações por moradia em São Paulo e no resto do País tem mostrado que há povo organizado e consciente à espera de maior aprofundamento democrático.

A forte mobilização de movimentos pelo fim do extermínio da juventude negra e aprovação do projeto 4771/2011, que trata dos famigerados autos de resistência, é uma importante bandeira para enfrentar os absurdos números de assassinatos (77% dos jovens assassinados no Brasil são negros).

O geógrafo marxista David Harvey levou 3 mil jovens a praça pública em Fortaleza, proferindo a conferência, “Direito à Cidade e Resistências Urbanas”.

Neste momento, 200 advogados populares de movimentos sociais de todo o Brasil estão reunidos no XIX Encontro Nacional da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares-RENAP, em Natal/RN, discutindo estratégias conjuntas de atuação e temas como direito, justiça e cidadania.

O papa Francisco reuniu líderes de movimentos sociais do mundo todo para durante três dias debater temas como a fome, democracia e inclusão social.

Ou seja, para além dessas tolices e sandices da extrema direita que assistimos vez ou outra, existe um pulsar social mais profundo e arraigado por uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.

Além de sermos a sétima economia mundial, somos uma nação que tem se colocado no mundo com uma alternativa ao enfrentamento da crise neoliberal e da inclusão social. O Brasil, portanto, é muito maior que esse discurso tosco e sem racionalidade que vemos nos vídeos.

Nesses tempos de mediocridade de ideias e projetos, faz falta a ousadia de Darcy Ribeiro.

Darcy Ribeiro sonhava com o Brasil sendo a nova Roma dos trópicos.

Uma democracia inovadora, em que caibam todos os povos. E que no espaço público ninguém seja “extirpado” por andar de mãos dadas, usar camisa colorida ou externar o que pensa.

Os caminhos estão dados para o novo governo Dilma. O pior deles é a apatia de parar na esquina, pois como diria Elis, é nela que mora o perigo.

Patrick Mariano é doutorando em Direito, Justiça e Cidadania no século XXI na Universidade de Coimbra, Portugal. Mestre em direito, estado e Constituição pela Universidade de Brasília, integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares-RENAP, do coletivo Diálogos Lyrianos da UnB e autor do livro 11 Retratos por 20 Contos.

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Comentários

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Fabiano

A resposta tem que vir dos movimentos sociais. O PT não está mais do lado deles. Paciência. Criem-se alternativas e partidos de esquerda (de verdade).

O Mar da Silva

Os defensores da postura defensiva do PT têm a mesma desculpa: não há força política suficiente para enfrentar esse atrasos nacionais.

Nunca haverá força suficiente. Ter chegado ao poder, mesmo com a famigerada carta aos brasileiros, deveria ter feito o PT enfrentar algumas situações como o oligopólio da mídia. Não digo que aprovando lei, mas com atitudes como não anunciar no PIG ou reduzir ao mínimo a publicidade nas organizações midiáticas golpistas. Não fez isso em 12 anos!

A luta interna no PT é outro drama que tentam esconder: a turma de São Paulo é avessa ao enfrentamento e pensou que com a carta teria comprado seu acesso à elite política nacional. Bastou o mensalão para ver que não tinha acento junto aos queridinhos da mídia, judiciário e classe alta.

A postura do PT só irá mudar se os movimentos sociais forçarem o governo a peitar interesses de minorias encrustadas no poder.

snowden

Mais: a mídia apenas apresentou contra o PT – fora a delação do bandido do PSDB Paulo Roberto Costa, nomeado por esse partido – que O Pernanbuco se beneficiou de 1 milhão. Brincadeira não é?! 1 milhão é o valor de uma casa de classe média em alguma capital. Ou um apto. em SP por exemplo.

Não é que dentre bilhoes desviados conseguiram apontar 1 milhão para o PT. Essa quantia irrisória, entre aspas, e ainda assim sem provas. Mas a revista da Globo diz em manchete ” PF já tem provas suficientes” . Por que não apresenta a todos e apresenta somente ao jornalista do PSDBGlobo?

snowden

A grande diferença entre PT e PSDB é que o PT não corrompe as instituições. Apanha delas.

snowden

Cortei a internet por uma semana e viajei.

voltei após 15 dias e fui ver tudo e total, jornais, TV, Net, do Java a jato.

Não havia nenhuma novidade. O mesmo de antes da viagem. Mas as revistas e jornais e programas de rádio e TV tiveram matéria para trabalhar. As mesmas. Tiveram por repetição.

Ouvi sobre a Sonda perfuratriz mais de 50 vezes nesses veículos, após minha volta. OU seja, estão malhando o PT mesmo. A corja da direita trabalha incansavelmente para dominar o Estado. E raspar o tacho. Pois a grana grossa já tiraram pela privataria e anexos. Nos anos 90.

O Dr. Freitas não nos deixa mentir.

abolicionista

Pois é, quando você não politiza a população você tem fascismo. É uma equação simples. E a gente vem dizendo isso há pelo menos uma década. O filósofo Walter Benjamin dizia que toda ascensão do fascismo é tributária de um fracasso da esquerda. O PT, como Lula gosta de frisar, abandonou a “luta ideológica” (claro, ela não ganha eleição). Vale tudo pra tomar o poder, inclusive manipular as forças de esquerda do país durante o pleito e depois traí-las em nome dessa sutil metafísica chamada “governabilidade”. Isso tem um nome mais simples: traição.

Mauro Assis

Enquanto isso, Dilma nomeia a Kátia Abreu…

    renato

    É mentira…não chamou Katia Abreu..

    Francisco

    É verdade… Chamou a Katia Abreu e da Comissão de Verdade não sairá ninguém preso. Nem também da Lava-jato. A ser claro que seja petista.

    Não demora e a direita vai se perguntar: para que ocupar a presidência se podemos botar os “trabalhadores” para construir nossa infraestrutura e meter heróis da esquerda na cadeia?

    Vamos ficar no Leblon!

    Deixa que o PT mete comunista na cadeia!!!

Edgar Rocha

A questão para o PT é o jogo de forças que garante a governabilidade. Mais um espancamento e os caras ganham uma secretaria, quem sabe até um ministério. É preciso anular as forças oposicionistas, juntar esforços pra aprovar os projetos realmente importantes. Afinal de contas, o que é uma camiseta diante do bolsa-família? Basta um Salve-Geral e teremos Marcola como Ministro da Defesa. Quem morre tem mais é que ficar quieto (me perdoem se fui óbvio demais).

FrancoAtirador

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Historicamente, os Representantes Superiores dos Supremos Poderes

se miram no Espelho das Matrizes Coloniais do Hemisfério Norte.

Assim a República Guarani se transformou na republiqueta braZil.
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Zilda

Dilma não parou na esquina. Fez pior, andou para trás. Convidou Kátia Abreu para Ministra da Agricultura.

Urbano

Os neofascistas mandando um provável desafeto procurar emprego em outro país, como se o maior período de menor desemprego da história brasileira não tivesse sido proporcionado pelos Governos do Partido dos Trabalhadores. Aí tenha paciência; como que não os chamar de cretinos?

Euler

De fato, o governo não pode se deixar pautar pela mídia golpista e seus afins. Mas é o que tem acontecido nos últimos anos. O governo tem que criar uma mídia alternativa, fortalecer essa mídia com o dinheiro que atualmente repassa para os inimigos do povo brasileiro. Eu sei que o Viomundo não aceita verba publicitária do governo. É um equívoco, na minha opinião, pois se trata de dinheiro público, e neste caso seria para defender os interesses do povo, ao contrário de Globo, Band, SBT, Folha, Veja, que usam dinheiro público e concessão pública (no caso das rádios e TVs) para atacarem os interesses do povo.

Considero que, para além do governo federal, que se omite em quase tudo, já passou da hora da esquerda e de setores independentes da mídia brasileira construírem um projeto de mídia nacional e local. Por que até hoje não temos uma TV ou uma rádio, mesmo que pela Internet inicialmente, que funcionasse com regularidade, com boa qualidade de imagem e som, com um corpo de profissionais permanente, engajados com as lutas sociais e as bandeiras populares? Seria somente o governo que está se omitindo, ou nós também estamos nos omitindo?

Por quê que ao invés do grupo de 10 ou 12 blogueiros mais conhecidos ficarem pelejando para arrancar uma entrevista com Lula e Dilma, não se reúnem, inclusive com mais pessoas e constroem uma proposta comum de mídia alternativa mais ousada? Estão com medo de quê? De que a direita chame este movimento de chapa branca? Me poupem né, pessoal.

Penso que dá para criar um grande portal com rádio e TV e notícias e crônicas, que consiga manter as diferenças e os blogs e os sites particulares, mas que se forme enquanto real alternativa de mídia. Inclusive fornecendo conteúdo próprio para as rádios e TVs comunitárias, produzindo DVDs sobre temas específicos para se passar nas salas de aula e nos sindicatos e nas ruas. Criar, enfim, um movimento nacional de mídia independente.

Quem vai bancar isso? Claro que no primeiro momento é o governo federal, com o meu dinheiro, com o seu dinheiro, com os impostos que pagamos. O mesmo governo federal que banca a Globo, a Band, o SBT, com bilhões de reais.

Sem uma mídia alternativa de grande alcance será difícil formar uma opinião crítica de massa para enfrentar os golpistas que se multiplicam com o natural desgaste do governo federal em períodos de crise. Ainda mais com as características do governo federal do PT, refém de chantagens do congresso, do STJ, das alianças à direita para garantir a governabilidade, e sobretudo da mídia.

Então, Azenha, Conceição – e Nassif, Miguel do Rosário, Miro, Rodrigo Vianna, Maria Frô, Fernando Brito, Paulo Nogueira, Eduardo Guimarães e uma centena de pessoas mais, e que são mais ou menos conhecidas -, quando é que vamos pensar um projeto maior de mídia, sem anular os importantes projetos individuais que já existem, como o Viomundo, o DCM, o GGN, o Tijolaço, entre outros?

Até mesmo para pressionar o governo federal, e também para fortalecer uma base social de apoio ao governo pela esquerda; o apoio em torno de propostas como redução de jornada de trabalho, das lutas pelos direitos humanos, pelo fortalecimento das políticas sociais, enfim.

Pressionar o governo, por exemplo, para acelerar o processo de popularização da banda larga e criar um portal com TV de notícias 24 horas é quase que criar uma TV aberta para falar para milhões de pessoas, no Brasil e no mundo.

Sei que viajei um pouco, mas tudo bem, o importante é mostrar a minha indignação com a nossa (me incluo) incapacidade de enfrentar a direita construindo instrumentos mais fortes, que cheguem às casas das pessoas – como fazem a Globo, a Band, o SBT, todos a serviço do golpismo. A nossa irresignação precisa se materializar. Eu sonho com o dia em que vou “ligar” a Internet a qualquer momento e vou encontrar um canal (ou mais) de rádio e TV, além das belas crônicas, travando o bom combate à mídia golpista, desnudando cada frase de mentira dita pelos comentaristas de aluguel das elites. Do contrário, não demorará muito para que a direita ultrapasse os quase 50% do votos que teve no segundo turno das últimas eleições – lembrando que no congresso nacional a direita já tem mais que 50% de representantes.

    Mauro Assis

    Amigo, o governo já tem a TV Brasil… gastou lá só no primeiro ano 300 milhões de reais e consegue traço de audiência.

Julio Silveira

Ainda nem começou o segundo mandato e já estou ficando com as orelhas em pé com este governo que ajudei a eleger. A confirmar-se alguns nomes, como o de Katia Abreu, por exemplo, para o ministério, e acredito que este governo possa gostar mais é da oposição que de seus eleitores tradicionais. O conservadorismo, ao que tem sido ventilado, vai conseguindo impor os seus neste novo governo e certamente imporão suas agendas apesar de todo o engodo e hipocrisia que possam ser ditos em contrario. A confirmar-se certas pessoas, que nunca tiveram uma virgula de consideração com os interesses populares, se configurando como nomes deste novo governo, acredito que o melhor caminho, pelo menos para mim, será passar a ver a oposição como opção, quem sabe assim as pessoas que comungam com meu lado ideologico possam passar a serem respeitados e valorizados, aonde realmente importa, por este governo que começo a estranhar.

    Mário SF Alves

    Júlio Silveira,

    Respeitosamente, gostaria de lhe dizer o seguinte:

    Calma, companheiro, calma.

    Às vezes, em se tratando de galo duro demais, um galo de, digamos, quinhentos longos e tenebrosos anos, o melhor mesmo é cozinhá-lo em fogo brando.
    _______________________________
    Alguns dados que parecem insofismáveis:

    1) Essa eleição mostrou o quanto e do quê o ultra-conservadorismo no Brasil é capaz;
    2) Se permitíssimos que prevalecesse a sabotagem criminosa decerto perderíamos;
    3) Se perdêssemos todos perderiam, inclusive, a descontentíssima classe média, a maioria da qual inocentemente entucanada;
    4) Boa parte das obras de infraestrutura seriam paralisadas, com exceção das refinarias que seriam concluídas mediante um índice dez vezes maior de corrupção;
    5) A campanha contra a Petrobras continuaria e o Pré-sal sairia pelo ralo, assim BB, CEF e outros;
    6) O PT seria utilizado como bode expiatório da tragédia neoliberal que o conservadorismo lançaria sobre o Brasil, e por isso seguiria sendo midiática e covardemente desmoralizado, até, talvez, sua completa pulverização;
    7) Os BRICS seriam reduzidos a, quando muito, RICS;
    8) O Mercosul idem, seria esfacelado;
    9) A desconstrução gradativa, porém rápida, dos programas socias, inclusive do Bolsa Família;
    10) A proliferação de heliPÓpteros e a consequente mexicanização do Brasil (refiro-me ao que de pior fizeram ao México);
    11) Possivelmente, mais, muito mais…

    ________________________
    E aí, conseguiria imaginar um outro cenário diferente desse, seja para pior ou para melhor?

    Julio Silveira

    Meu caro, acredite eu entendo, mas não aceito. Sabe por que? por que acho que de concessão em concessão, daqui a pouco estamos perdoando até o fascismo, e reescrevendo a história por conta de interesses menores. O PT com esse tipo de fisiologismo vai se transformando naquilo que sempre disse ser contra, por isso a a cada eleição vai minguando seus votos e fortalecendo a direita. Talvez no fim seja isso mesmo que se pretende, nada muda culturalmente falando, ficam os mesmos perfumes com mudança cosmética nos frascos. Não é isso que o País precisa, no meu entendimento. O problema é que interesses individuais sobressaem sobre interesses públicos. Sds.

Aroeira

NASSIF ALERTA NOVAMENTE

http://jornalggn.com.br/noticia/juiz-moro-monta-a-segunda-garra-da-pinca-do-impeachment

Juiz Moro monta a segunda garra da pinça do impeachment
sab, 22/11/2014 – 11:01
Atualizado em 22/11/2014 – 11:09
Luis Nassif

Na posse, o irmão de Toffoli (que tem síndrome de Down) dá em Lula o beijo.

No post “Armado por Toffoli e Gilmar já está em curso a estratégia do impeachment” alertei que a estratégia consistiria em encontrar ligações entre a Lava Jato e a campanha de 2014. Ou seja, sinais de contaminação do Caixa 1 da campanha.

Agora já se tem o controle das duas garras da pinça.

Numa ponta, Gilmar Mendes com todos os documentos da prestação de contas do PT e da campanha de Dilma – auxiliado por um batalhão de técnicos do Banco Central, Tribunal de Contas da União e da Receita. Leia o post “Gilmar dá mais um passo em direção ao terceiro turno”.

Na outra, o juiz Sérgio Moro, que ontem estendeu a quebra de sigilo das empresas de Yousseff para 2014.

Nem o PT nem o Palácio demonstram dispor de alguma estratégia defensiva. O Palácio não dispõe sequer de um conselheiro para transitar pelo mundo jurídico. Se depender de ambos, a legalidade estará indefesa.

Como se recorda, o primeiro lance da jogada foi montado pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Antônio Dias Toffoli, ao atropelar o regimento e montar um sorteio que – contra todas as probabilidades – jogou os dois processos no colo de Gilmar Mendes.

O sorteio foi montado menos de oito horas úteis após o final do mandato do conselheiro Henrique Neves e antes mesmo que os documentos da prestação de contas tivessem chegado ao Tribunal. Menos de meia hora depois de ser “sorteado” Gilmar Mendes tomou as providências para tornar irreversível o remanejamento dos processos.

Segundo o presidente do PT, Rui Falcão, o partido se cercou de todas as precauções para impedir dinheiro contaminado na campanha.

Além dos técnicos que o auxiliam na avaliação das contas, Gilmar conta com um conselheiro especial: o próprio Toffoli que já foi advogado do PT.

Não significa que o impeachment são favas contadas. Há muita água a rolar debaixo da ponte.

Mas significa que o jogo está armado e que, no mínimo, conseguirá paralisar por um longo tempo um governo que necessita de urgência para estabilizar a economia.

As informações sobre a ampliação do prazo de quebra de sigilo das empresas de Alberto Yousseff, foi dada hoje pelo O Globo.

Julio Silveira

Começo a me preocupar com o governo que ajudei a eleger. A considerar os nomes que estão sendo aventados para os ministérios, que parecem ser mesmo os escolhidos da Dilma, acho q

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