Parecer sobre Monteiro Lobato causa debate entre os comunistas

Tempo de leitura: 9 min

Está dando o que falar, entre os comunistas do PCdoB, o parecer do Conselho Nacional de Educação sobre trecho de uma obra de Monteiro Lobato. Aqui, duas opiniões bem distintas publicadas pelo Vermelho (a primeira delas, do deputado Aldo Rebelo, saiu na Folha):

7 de Novembro de 2010 – 10h44

Aldo Rebelo: Monteiro Lobato no tribunal literário

O parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) de que o livro “Caçadas de Pedrinho” deve ser proibido nas escolas públicas, ou ao menos estigmatizado com o ferrão do racismo, instala no Brasil um tribunal literário.

A obra de Monteiro Lobato, publicada em 1933, virou ré por denúncia — é esta a palavra do processo legal de um cidadão de Brasília, e a Câmara de Educação Básica do Conselho opinou por sua exclusão do Programa Nacional Biblioteca na Escola.

Na melhor das hipóteses, a editora deverá incluir uma “nota explicativa” nas passagens incriminadas de “preconceitos, estereótipos ou doutrinações”. O Conselho recomenda que entrem no índex “todas as obras literárias que se encontrem em situação semelhante”.

Se o disparate prosperar, nenhuma grande obra será lida por nossos estudantes, a não ser que aguilhoada pela restrição da “nota explicativa” — a começar da Bíblia, com suas numerosas passagens acerca da “submissão da mulher”, e dos livros de José de Alencar, Machado de Assis e Graciliano Ramos; dos de Nelson Rodrigues, nem se fale. Em todos cintilam trechos politicamente incorretos.

Incapaz de perceber a camada imaginária que se interpõe entre autor e personagem, o Conselho vê em “Caçadas de Pedrinho” preconceito de cor na passagem em que Tia Nastácia, construída por Lobato como topo da bondade humana e da sabedoria popular, é supostamente discriminada pela desbocada boneca Emília, “torneirinha de asneiras”, nas palavras do próprio autor: “É guerra, e guerra das boas”.

Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne negra. Escapou aos censores que, ao final do livro, exatamente no fecho de ouro, Tia Nastácia se adianta e impede Dona Benta de se alojar no carrinho puxado pelo rinoceronte: “Tenha paciência — dizia a boa criatura. Agora chegou minha vez. Negro também é gente, sinhá…”.

Não seria difícil a um intérprete minimamente atento observar que a personagem projeta a igualdade do ser humano a partir da consciência de sua cor. A maior extravagância literária de Monteiro Lobato foi o Jeca Tatu, pincelado no livro “Urupês”, de 1918, como infamante retrato do brasileiro. Mereceria uma “nota explicativa”?

Disso encarregou-se, já em 1919, o jurista Rui Barbosa, na plataforma eleitoral “A Questão Social e Política no Brasil”, ao interpretar o Jeca de Lobato, “símbolo de preguiça e fatalismo”, como a visão que a oligarquia tinha do povo, “a síntese da concepção que têm, da nossa nacionalidade, os homens que a exploram”.

Ou seja, é assim que se faz uma “nota explicativa”: iluminando o texto com estudo, reflexão, debate, confronto de ideias, não com censuras de rodapé.

O caráter pernicioso dessas iniciativas não se esgota no campo literário. Decorre do erro do multiculturalismo, que reivindica a intervenção do Estado para autonomizar culturas, como se fossem minorias oprimidas em pé de guerra com a sociedade nacional.

Não tem sequer a graça da originalidade, pois é imitação servil dos Estados Unidos, país por séculos institucionalmente racista que hoje procura maquiar sua bipolaridade étnica com ações ditas afirmativas.

A distorção vem de lá, onde a obra de Mark Twain, abolicionista e anti-imperialista, é vítima dessas revisões ditas politicamente corretas. País mestiço por excelência, o Brasil dispensa a patacoada a que recorrem os que renunciam às lutas transformadoras da sociedade para tomar atalhos retóricos.

Com conselheiros desse nível, não admira que a educação esteja em situação tão difícil. Ressalvado o heroísmo dos professores, a escola pública se degrada e corre o risco de se tornar uma fonte de obscurantismo sob a orientação desses “guardiões” da cultura.

Fonte: Folha de S.Paulo

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Olívia Santana: Lobato, negros e Mayaras

O Parecer nº. 15/2010 do Conselho Nacional de Educação — que identifica situações de racismo no livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato — causou polêmica nos meios literário e educacional. Uma passagem do referido livro diz: “Sim, era o único jeito — e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros”.

Por Olívia Santana*

Ora, há muito se associa a imagem das pessoas negras a macacos. Já vimos insultos a jogadores de futebol, no vôlei e em inúmeras situações da vida cotidiana. Na escola, não raro, professores despreparados chegam a justificar manifestações racistas como brincadeira.

Evitemos as saídas simples. Não se trata de defender a não exposição das crianças a um autor de méritos reconhecidos, como Lobato. Trata-se de ter visão crítica sobre possíveis racismos em expressões supostamente carinhosas, como a infantilização do negro, sua comparação com um macaco, como feito com a simpática personagem Tia Nastácia. Cabe à escola desnaturalizar estereótipos racistas.

Todo autor é fruto do seu tempo, mas o racismo atravessa o tempo e permanece arraigado às relações sociais, não nos permitindo contemporizá-lo. Ciente disso, um professor de Brasília analisou o livro em tela e formalizou denúncia junto à Ouvidoria da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial-SEPPIR. Por sua vez, a SEPPIR acionou o Conselho Nacional de Educação.

Com base no artigo 5º da Constituição de 1988, que criminaliza o racismo, e na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -9394/06, alterada pelas leis 10.639/08 e 11.645/08, para inclusão da história e da cultura afro-brasileira, africana e indígena, o CNE elaborou o Parecer nº.15/2010. Esse Parecer resgata as normas da própria Coordenação-Geral de Material Didático do MEC, que estabelecem que “na avaliação dos livros indicados para o Plano Nacional de Biblioteca nas Escolas, as obras ‘primem pela ausência de preconceitos, estereótipos e que não sejam selecionadas obras clássicas ou contemporâneas com tal teor’. Em casos em que a obra selecionada mantenha tais problemas, será acompanhada de ‘uma nota de orientação sobre a presença de estereótipos raciais’. Fato curioso é que os escritores Márcia Camargo e Vladimir Saccheta, na abertura da 3ª edição, 1ª impressão, publicada em 2009 de Caçadas de Pedrinho, devidamente atualizada no que diz respeito às novas normas da língua portuguesa, situam historicamente a obra de Lobato, explicando que na época não havia legislação protetora dos animais silvestres. Mas não há nenhuma referência à linguagem racialmente discriminatória que há no livro, em contraste com os avanços que houve no Brasil em relação ao enfrentamento do racismo, desde a Constituição de 1988.

Assim, longe de ser um ato de censura, como alguns intelectuais reclamam, o parecer orienta o trato da questão racial na escola, instituição que deve educar todo o povo brasileiro, sem discriminação de qualquer segmento que compõe a nossa matriz civilizacional.

Lobato é, sem dúvida, um grande nome da literatura nacional, o que não o impede de ter pés de barro, ou aversão ao barro negro. Há os que gritam que o Brasil trata a cidadania negra e indígena com paternalismo, e não se diz uma palavra sobre a escravidão branca. Sabe-se que brancos escravizaram brancos no passado e até negros escravizaram negros. Toda forma de escravidão deve ser rechaçada em nome da humanização, da evolução dos sistemas de organização social e da socialização da riqueza que o trabalho é capaz de gerar. Mas povos brancos se lançaram a escravizar outros povos e reelaboraram simbolicamente as experiências que travaram contra os seus. Quando se pensa em escravidão branca, nos invade a imagem do glorioso Spartacus, o grande e bravo líder de uma rebelião escrava que confrontou o poder na Roma Antiga. Como se reelabora a tragédia vivida pelos povos negros? O que nossas crianças e adultos sabem sobre a escravidão negra? O navio negreiro, a subalternidade, a desumanização do continente africano. A indústria cultural e a literatura hegemônica não deram voz e imagem de dignidade aos vencidos e suas formas de resistência. Não fosse o Movimento Negro, Zumbi não seria mais que um espectro entre os morto-vivos a povoar histórias de terror.

O ser humano é um ser cultural e politicamente construído. Seu imaginário de sucesso ou de fracasso é, também, feito de símbolos construídos na dinâmica social concreta. A verdade é que as crianças têm recebido na escola uma enxurrada de livros que enaltecem a branquitude e a riqueza. Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel, Gata Borralheira… Os famosos contos dos irmãos Grimm dominam o ranking literário infantil.

A turma do Sítio do Pica Pau Amarelo é um contraponto à exaltação do herói e da heroína europeus, afirma a cultura nacional, mas o lugar do negro nas histórias de Lobato é silenciado, inviabilizado: é um não-lugar. A única criança negra é o saci, um diabo, que fuma e tem uma perna só. Tia Nastácia e Tio Barnabé não têm família, vivem na cozinha e nos fundos da casa de dona Benta, são subservientes, infantilizados, ainda que cuidadosos. A criança negra que cresce ouvindo essas histórias, sem uma abordagem crítica e sem outras histórias que possam valorizá-las, é efetivamente vítima silenciosa da violência simbólica. Reeducar o povo brasileiro é um desafio a ser vencido, sob pena de continuarmos produzindo Mayaras e outros jovens que odeiam negros, índios e nordestinos.

Há que se contestar as injustiças, mesmo que estas tenham sido cometidas por um notável pioneiro da literatura infantil. E despertar na criança a capacidade de análise crítica, para que possam ver os pés de barros de muitos mestres. Mas será que a escola aguenta este outro tipo de modelo de educação que tanto beneficiaria negros e brancos e contribuiria para interações não hierárquicas e estereotipadas?

*Olívia Santana é vereadora de Salvador e Coordenadora de Combate ao Racismo do PCdoB

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O parecer da discórdia

A íntegra do parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) está aqui. Ele foi aprovado por unanimidade, apenas aguarda a homologação pelo Ministério da Educação (MEC).

A não leitura do parecer está levando muitos a conclusões precipitadas. Por isso destacamos alguns trechos importantes:

“…as ponderações feitas pelo Sr. Antônio Gomes da Costa Neto, conquanto cidadão e pesquisador das relações raciais, devem ser consideradas (…) coerentes . A partir delas, algumas ações deverão ser desencadeadas” :

“a) a necessária indução de política pública pelo Governo do Distrito Federal junto às instituições do ensino superior – e aqui acrescenta-se, também, de Educação Básica – com vistas a formar professores que sejam capazes de lidar pedagogicamente e criticamente com o tipo de situação narrada pelo requerente, a saber, obras consideradas clássicas presentes na biblioteca das escolas que apresentem estereótipos raciais.

b) cabe à Coordenação-Geral de Material Didático do MEC cumprir com os critérios por ela mesma estabelecidos na avaliação dos livros indicados para o PNBE, de que os mesmos primem pela ausência de preconceitos, estereótipos, não selecionando obras clássicas ou contemporâneas com tal teor;

c) caso algumas das obras selecionadas pelos especialistas, e que componham o acervo do PNBE, ainda apresentem preconceitos e estereótipos, tais como aqueles que foram denunciados pelo Sr. Antônio Gomes Costa Neto e pela Ouvidoria da SEPPIR, a Coordenação-Geral de Material Didático e a Secretaria de Educação Básica do MEC deverão exigir da editora responsável pela publicação a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura Esta providência deverá ser solicitada em relação ao livro Caçadas de Pedrinho e deverá ser extensiva a todas as obras literárias que se encontrem em situação semelhante.

d) a Secretaria de Educação do Distrito Federal deverá orientar as escolas a realizarem avaliação diagnóstica sobre a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, inserindo como um dos componentes desta avaliação a análise do acervo bibliográfico, literário e dos livros didáticos adotados pela escola, bem como das práticas pedagógicas voltadas para a diversidade étnico-racial dele decorrentes;

e) que tais ações sejam realizadas como cumprimento do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana:

“A literatura pode ser vista como uma das arenas mais sensíveis para que tomemos providências a fim de superar essa situação.

Portanto, concordando com Marisa Lajolo (1998, p. 33) analisar a representação do negro na obra de Monteiro Lobato, além de contribuir para um conhecimento maior deste grande escritor brasileiro, pode renovar os olhares com que se olham os sempre delicados laços que enlaçam literatura e sociedade, história e literatura, literatura e política e similares binômios que tentam dar conta do que, na página literária, fica entre seu aquém e seu além.”

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Manifesto de apoio ao parecer 15/2010 do Conselho Nacional de Educação

A discussão equivocada tem sido tamanha que Alzira Rufino,presidente da Casa de Cultura da Mulher Negra, e professora Urivani Rodrigues de Carvalho, diretora de Arte da Revista Eparrei, fizeram uma carta aberta ao ministro da Educação, Fernando Haddad, parabenizando o parecer do Conselho Nacional de Educação.

A carta (abaixo) virou um manifesto de apoio: www.euconcordo.com/com-o-parecer-152010

Professoras(es), gestoras(es), pesquisadoras(es) e vários setores da sociedade civil parabenizam a iniciativa do parecer 15/2010 que prima pela políticas de promoção da igualdade racial.

Nós estamos de acordo com a recomendação do parecer.

Enfatizamos que, numa sociedade democrática e em um ministério da educação que tem se colocado parceiro na luta por uma educação anti-racista, o aprimoramento da análise das obras do programa nacional biblioteca escola (PNBE) está em conformidade com os preceitos legais e constitucionais da nossa sociedade.

Está condizente com a garantia da diversidade étnico-racial, o pluralismo cultural, a equidade de gêneros, o respeito as orientações sexuais e às pessoas com deficiência.

Nosso entendimento é de que o parecer 15/2010 em nenhum momento faz menção à censura. Mas, tão somente, ponderações responsáveis e necessárias numa sociedade democrática. Na sociedade brasileira 50,6% da população é negra, o que está confirmado pelos dados do censo do IBGE.

Portanto, a discussão do parecer não desconsidera a liberdade de expressão ou a licença poética, muito menos pode ser interpretada como um excesso de didatismo. Trata-se de uma recomendação necessária de contextualização dos autores e suas obras que circulam nas escolas, a qual já tem sido adotada pelas instituições escolares, porém, na maioria das vezes sem considerar o peso da questão racial na formação da nossa sociedade.

Vale registrar que o problema não é a obra de Monteiro Lobato. A questão vai mais além. Entendemos que o que o CNE está propondo é o aprofundamento do estudo sistemático e cuidadoso das obras literárias que já conhecemos e a devida contextualização dos autores no tempo e no espaço, sem perder a dimensão da arte, da criatividade e da emoção que caminham juntos com a boa literatura.

Portanto, concordamos que o CNE, quando consultado, é o órgão responsável por orientar educadores e sistemas de ensino sobre procedimentos indispensáveis para garantir uma escola democrática.

O objetivo do parecer é aprimorar ainda mais o trabalho que já tem sido feito na escolha de obras literárias e demais materiais que circulam nas escolas, ou seja, primar pela ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações.

Recomenda-se que este princípio seja realmente seguido para análise de todas as obras do PNBE, quer sejam elas clássicas ou contemporâneas.

Caso sejam clássicos e todos reconhecemos a importância do lugar da obra clássica, e estes venham apresentar estereótipos raciais , já discutidos pela produção teórica existente, que os mesmos sejam discutidos na forma de nota explicativa, ou seja, numa contextualização do autor e sua obra. Entendemos que, nesse caso, não há nenhuma censura à obra literária. Há o cuidado com os sujeitos e com a diversidade étnico-racial presente na escola brasileira.

Contando com seu compromisso democrático como educador e cidadão, em favor da diversidade étnico-racial e pela importância do cargo que ocupa como ministro da educação do brasil, esperamos, sinceramente, que o senhor defenda o valor da literatura como bem inestimável da cultura humana e também defenda uma política educacional voltada para a promoção da igualdade racial, homologando o parecer do CNE. É papel do Estado cuidar da democracia , do direito à liberdade de expressão sem discriminação.


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Comentários

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por uma nova leitura de Tia Nastácia « kukalesa

[…] Aldo Rebelo, o Prof. Deonísio da Silva, Augusto Nunes e dezenas de tuiteiros fizeram uma tempestade numa xícara d’água contra uma suposta “censura” sofrida pelo autor de Urupês. Em comum entre todos eles, a ausência de qualquer citação do parecer que foi pedido ao MEC sobre Caçadas de Pedrinho (ou, no caso de Aldo, a presença de citações distorcidas do texto). O blogueiro do Serra, que eu saiba, ainda não surtou com o tema, mas não duvide. Se, depois de ler algo da obra infantil de Lobato, você ler o parecer do MEC sobre o tema, perceberá a pobreza da indústria do escândalo. […]

turmadazica

Pensei agora… Hoje, nas novelas quase sempre as cozinheiras ou empregadas são nordestinas… Mesmo quando a novela não se passa aqui em SP (a elite branca separatista de Higienópolis)… #medo #sabotagem #valetudo

Alexandra Peixoto

[email da minha irmã, Michelle Peixoto, que nem facebook tem, nem orkut, nem nada, só email e celular a muito custo, rs, mas é pedagoga, se especializando em pedagogia Waldorf, contadora de histórias, leitora voraz de literatura infanto junvenil e ficou sabendo dessa polêmica por meu intermédio]

Pois é, ainda não me interei bem dessa polêmica (logo mais vou ler os outros artigos que ele indica etc), mas só posso franzir a testa e me lembrar…
De quando eu tinha uns oito anos e ganhei aquela coleção do Lobato e passei a ler um livro atrás do outro com uma paixão religiosa!
Apesar dessa veneração toda que eu tinha pela Emília e cia., não me lembro nunca de ser influenciada pelos seus comentários racistas a ponto de eu mesma concordar com eles. Na verdade, acho mesmo que esses comentários passaram batidos pela minha consciência de criança, muito mais preocupada com o
que me dizia respeito – a coragem destemida do Pedrinho, a audácia de dizer o que pensava da Emília (na maior parte das vezes, ficava muito claro que a Emília era uma tolinha superficial sem coração nem piedade que, eventualmente, tinha alguma idéia bastante criativa…), a fantasia fértil da Narizinho, a inteligência acadêmica do Visconde, o talento de tia Nastácia na cozinha (que vontade de comer seus bolinhos…) e para lembrar das histórias do povo (que vontade de ouvir suas histórias…), a amorosidade da vovó Benta na educação de seus netos, etc. etc.
Mas talvez eu nem desse ouvido a esse racismo implícito (que hoje em dia me parece gritante, tenho que concordar) porque sempre fui criada por minha mãe para não ser preconceituosa, para valorizar todas as etnias e culturas existentes, para respeitar as diferenças humanas sejam quais forem – com exceção àquela gente que, ao contrário de nós, quer dominar o outro por se achar superior. Nesses daí, minha mãe dá guarda-chuva na cabeça ou, no mínimo, um sermão bem dado!
Bom, mas pra quem quer servir de advogado do diabo e tentar botar panos quentes no Lobato, sugiro a leitura d´O Saci. Esse personagem que habitualmente é visto como um pretinho abusado e impertinente, que só presta para fazer maldades por aí, no livro de Lobato se torna uma voz denunciante e crítica. Quem quiser saber o que ele critica, vai lá ler, uai. Vai ver que o neguinho não tem nada de burro não, é até muito mais esperto que a Emília…
E pra terminar, que tal as próprias professoras resgatarem seu papel histórico e social e assumirem de uma vez por todas um olhar crítico sobre todo e qualquer material que utilizarem em sala de aula? Afe, precisa o MEC ainda pra dizer o óbvio e ululante (que toda obra deve ser contextualizada, blá blá blá). Ê povo, cresce e aparece!
O problema, a meu ver, é o da polícia do politicamente correto, que ao invés de olhar o problema radicalmente, fica roendo pelas beiradas (quero saber se o povo que tá aí reclamando do racismo da Emília é a favor de cotas nas universidades…) e arrotando hipocrisia.
Monteiro Lobato teve muitas outras idéias equivocadas – por exemplo, apostou irrestritamente no petróleo como salvação da lavoura. Taí a gente agora no meio de um colapso ambiental e continuando a jogar as fichas em quem? No pré-sal.
Mas o cara foi um gênio literário, um empreendedor como poucos (a primeira editora nacional, gente!) e um defensor da escola para todos.
Guardadas às críticas aos seus preconceitos (muitos!), fez uma revolução tão importante na literatura infanto-juvenil, que eu considero um crime não apresentá-lo às crianças.
Claro, com uma professora tão consciente quanto a minha mãe contextualizando seus textos para as crianças. E incluindo outros textos que interajam com a Emília, apresentando a cultura afro-brasileira com a beleza e a riqueza que ela continua tendo. Viva tia Nastácia, tio Barnabé e sua cultura popular. E viva a Emília e sua independência ou morte!

Michelle Peixoto

    mano

    imagina se esivesse inteirada…

    @paicassio

    Concordo inteiramente com voce

Sul 21 » Monteiro Lobato, o racismo e uma falsa polêmica

[…] Aldo Rebelo, o Prof. Deonísio da Silva, Augusto Nunes e dezenas de tuiteiros fizeram uma tempestade numa xícara d’água contra uma suposta “censura” sofrida pelo autor de Urupês. Em comum entre todos eles, a ausência de qualquer citação do parecer que foi pedido ao MEC sobre Caçadas de Pedrinho (ou, no caso de Aldo, a presença de citações distorcidas do texto). O blogueiro do Serra, que eu saiba, ainda não surtou com o tema, mas não duvide. Se, depois de ler algo da obra infantil de Lobato, você ler o parecer do MEC sobre o tema, perceberá a pobreza da indústria do escândalo. […]

Monteiro Lobato, o racismo e uma falsa polêmica « LIBERDADE AQUI!

[…] Aldo Rebelo, o Prof. Deonísio da Silva, Augusto Nunes e dezenas de tuiteiros fizeram uma tempestade numa xícara d’água contra uma suposta “censura” sofrida pelo autor de Urupês. Em comum entre todos eles, a ausência de qualquer citação do parecer que foi pedido ao MEC sobreCaçadas de Pedrinho (ou, no caso de Aldo, a presença de citações distorcidas do texto). O blogueiro do Serra, que eu saiba, ainda não surtou com o tema, mas não duvide. Se, depois de ler algo da obra infantil de Lobato, você ler o parecer do MEC sobre o tema, perceberá a pobreza da indústria do escândalo. […]

Bule Voador » Blog Archive » Monteiro Lobato, o racismo e uma falsa polêmica

[…] Tanto Aldo Rebelo como o Prof. Deonísio da Silva como Augusto Nunes como dezenas de tuiteiros fizeram uma tempestade numa xícara d’água contra uma suposta “censura” sofrida pelo autor de Urupês. Em comum entre todos eles, a ausência de qualquer citação do parecer que foi pedido ao MEC sobre Caçadas de Pedrinho (ou, no caso de Aldo, a presença de citações distorcidas do texto). O blogueiro do Serra, que eu saiba, ainda não surtou com o tema, mas não duvide. Se, depois de ler algo da obra infantil de Lobato, você ler o parecer do MEC sobre o tema, perceberá a pobreza da indústria do escândalo. […]

Idelber Avelar: | Maria Frô

[…] Aldo Rebelo, o Prof. Deonísio da Silva, Augusto Nunes e dezenas de tuiteiros fizeram uma tempestade numa xícara d’água contra uma suposta “censura” sofrida pelo autor de Urupês. Em comum entre todos eles, a ausência de qualquer citação do parecer que foi pedido ao MEC sobreCaçadas de Pedrinho (ou, no caso de Aldo, a presença de citações distorcidas do texto). O blogueiro do Serra, que eu saiba, ainda não surtou com o tema, mas não duvide. Se, depois de ler algo da obra infantil de Lobato, você ler o parecer do MEC sobre o tema, perceberá a pobreza da indústria do escândalo. […]

CC.Brega.mim

trechinho de Rosa pra esquentar a discussão…

Mãitina gostava dele, por certo, tinha gostado, muito, uma vez, fazia tempo. Miguilim agora tirava isso, da deslembra, como as memórias se desentendem. Ocasião, Mãitina sempre ficava cozinhando coisas, tantas horas, no tacho grande, aquele tacho preto, assentado na trempe de pedras soltas, lá no cômodo pegado com a casa, o puxado, onde que era a moradia dela — uma rebaixa, em que depois tinham levantado paredes: o acrescente, como se chamava. Lá era sem luz, mesmo de dia quase que só as labaredas mal alumiavam. Miguilim era mais pequeno, tinha medo de tudo, chegou lá sozinho para espiar, não tinha outra pessôa ninguém lá, só Mãitina mesmo, sentada no chão, todo o mundo dizia ela feiticeira, assim preta encoberta, como que deve de ser a Morte.

Gerson Carneiro

Não queria citar o que citarei aqui para não soar como soberba. Entretanto me vejo obrigado a revelar, especialmente pelo que tem dito o comentarista Orlando.
Tenho uma sobrinha negra. Nasceu , mora e estuda (em universidade) aqui no Nordeste.
Rala pra caramba de estudar. Permaneceu o semestre passado em Chicago, estudando, através da universidade . Exatamente ontem, foi para Berlim, em seguida irá para Stuttgart. Tudo através das pesquisas que ela desenvolve na universidade aqui no Nordeste.
Desde pequena foi estimulada a estudar, pela mãe e pelo pai dela (que eram professores de escola do antigo “segundo grau”).
Sabe qual o grau de influência do Monteiro Lobato no destino dela? Zero.
Fosse ela absorver o que o Monteiro Lobato pretendeu imputar o destino dela seria outro.
É isso que estou tentando expor e não estou sendo entendido. O negro deve ser estimulado a ser capaz de ler a obra e recusá-la por conclusões próprias, e não porque haverá uma nota de esclarecimento na capa.
Esse é o tipo de medida que eu chamo de ”dose homeopática de caridade”. Eu a recuso.

    Jair de Souza

    Realmente, Gerson, você está indo além do que eu imaginava. Você quer tornar a exceção em regra. Será que é difícil dar-se conta de que o contexto é fundamental para a formação de nossa consciência? Por que será que te incomoda tanto que um trabalho com conceitos racistas de Monteiro Lobato tenha uma introdução que alerte os leitores para tal problema? Então você acredita que independentemente daquilo a que as crianças são expostas (mesmo as negras), elas quase sempre reagirão como sua sobrinha? Sinceramente, não dá para entender sua compreensão desta questão. E não vamos falar de proibição ou censura no parecer do CNE, pois isto não existe!

    Gerson Carneiro

    O que me incomoda tanto são medidas paliativas.

    O que tem que ser feito é encarar a Educação Pública de forma definitivamente séria e responsável. Fazer com que a Educação Pública seja capaz de tirar todas as crianças e adolescentes da condição passiva, de aceitação de qualquer tipo de preconceito. Fazer com que a Educação Pública dê de verdade condição para que o aluno(independentemente da etnia) se sinta estimulado a permanecer na escola e mais do que tudo aprenda e goste de estudar. Dê condição ao aluno de mudar para melhor o seu destino. Aí não serão necessárias medidas paliativas como essa, como cota para negros nas universidades, como a ladainha do José Serra de implantação de escolas técnicas profissionalizantes, como o engodo da tal progressão automática, e etc.

    Gerson Carneiro

    Lugar de negro e de quem quer que seja é na universidade pública. E só uma Educação Pública eficiente,eficaz,é capaz de mudar para melhor a condição de quem é discriminado. Chega de nhenheném de medidas paliativas.

    O que tanto me incomoda é que minha sobrinha é a exceção, quando não deveria ser.

    Portanto, urge uma revolução estrutural na Educação Pública, sem isso haverá sempre a necessidade de medidas paliativas. E cada vez mais aumentará o exército de pessoas que absorvem e propagam aquelas mensagens horripilantes que foram propagadas contra a Dilma durante a campanha eleitoral.

    Orlando

    Gerson Carneiro

    Sempre quando ocorre um debate sobre a questão étnica brasileira, chovem opiniões sobre como o negro, no Brasil, deveria agir face a questão do racismo. Não raro, essas pessoas não são negras. Na verdade, repete-se uma mania, bem brasileira, de tentar decodificar o que o negro pensa ou sente. Ou mesmo, quem é ou não negro. Freire, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Oracy Nogueira, Yvone Maggie, Peter Fry, Demétrio Magnoli, Ali Kamel e tantos outros ousaram fazer isso. Algo como usar o negro como rato de laboratório para determinar o quão ele, negro, está equivocado em ter a ousadia de confrontar/afrontar as doutas opiniões dos intelectuais supra citados.
    Não dá para pegar a sua sobrinha como regra – ela é excessão.
    Gerson, vivemos em um país sem identidade étnica e, sobretudo, com um forte anseio caucasiano e eurocentrista. Brasil onde tudo se amalgama com a farsa ideológica e politica da miscigenação. Miscigenação essa que não se traduz em igualdade de condições na pirâmide social e econômica brasileira. Ou seja, o negro está na base dessa pirâmide e os brancos ou não negros estão na parte mais alta. Isto é, não há equidade ou isonomia de oportunidades. Depois de séculos de escravidão e décadas [pós escravidão] de racismo e de tentativas [início do século passado – branqueamento por meio da vinda de imigraantes europeus etc..], a autoestima do negro no Brasil está combalida e a literatura racista e eugenista de Lobato não iria ajudar em nada.

    [[[[Esse é o tipo de medida que eu chamo de ”dose homeopática de caridade”. Eu a recuso.]]]]

    Ao contrário, eu diria ao invés de caridade que o negro tenha a dignidade e respeito por si de recusar que estranhos à comunidade negra digam o que é certo ou errado para o negro fazer.

    Gerson Carneiro

    Então não poderei discutir sobre quem quer que seja porque não sou quem quer que seja? Simplista sua tese.

    O que me incomoda é que minha sobrinha é a exceção, e não deveria ser. E não é medida paliativa que vai mudar esse quadro. Ficaremos eternamente patinando se o que precisa ser feito não for feito, que é uma revolução estrutural na Educação Pública. Do que adianta medidas como essa se continuaremos tendo a tal progressão automática, por exemplo. Tem que estimular as crianças e os adolescentes a estudar, aprender a pensar.

    Alice Matos

    Gérson, por que perdeu o eixo?
    Incrível! Saiba que sua postura é uma das muitas ferramentas pelas quais o racismo opera.

    Gerson Carneiro

    rsrsrs… aconteceu um episódio aqui e quando eu voltei perdi a linha de raciocínio.

    Orlando

    Gerson Carneiro
    Você não poderá discutir sobre determinado assunto se você não dominá-lo. No caso, sobre a questão érnica no Brasil, você não sabe muito.

    Quando a minoria dos estudantes de escolas públicas eram negros, cerca de 50 anos atrás, elas eram de excelente qualidade. Hoje todos nós sabemos a ruindade que é. Coincidênica talvez…

    Gerson Carneiro

    Se não discuto o que não domino, não aprendo. E ao que sei os negros foram vítimas também do cerceamento desse direito. Ou não?

    manolo

    poiis entao nao cite

    José Carlos

    Concordo plenamente com você, Gerson. As notas explicativas se sucederão, daqui por diante, sempre que qualquer minoria se supôr atingida.

MirabeauBLeal

ENQUANTO ISSO, NA TERRA DOS ORIXÁS:

A sessão de violência e tortura sofrida pela líder religiosa – que é filha de Oxóssi, uma entidade do Candomblé – começou na tarde do dia 23 de outubro, um sábado, quando um destacamento da PM baiana invadiu o Assentamento D. Hélder Câmara, à procura de um homem que supostamente teria escondido drogas no local.

Os policiais continuaram sua incursão, invadiram a sede da Associação de Moradores, vasculhando tudo o que encontravam pela frente. Foi então que a líder religiosa foi mais incisiva: “É melhor vocês se retirarem. Isso aqui é uma área privada, um assentamento. Vocês podem entrar nas casas de quem não conhece as leis. Mas aqui nós não somos abestalhados”, afirmou.

Tortura

Foi o bastante para que o PM que comandava a patrulha, identificado como Adjailson, lhe desse voz de prisão por desacato e começasse a sessão de torturas que – após o lançamento no formigueiro – terminou com ela jogada num camburão e depois numa cela masculina, de onde só saiu horas depois, por intervenção de lideranças do movimento negro.

Guedes, o soldado identificado por Jesus e outro aspirante de oficial, Adjailson – a arrastaram pelos cabelos até um formigueiro próximo para, segundo ironizavam “tirar o demônio do corpo”. “Os PMs riam e diziam que estavam tirando o demônio “em nome de Jesus. Essas pessoas não têm nenhuma condição de lidarem com seres humanos e vestem a farda do Estado”, acrescentou Bernadete.

A mãe de santo não lembra quanto tempo ficou na cela masculina no 7º COORPIN, de Ilhéus, para onde foi levada, porém, recorda um detalhe: “Teve um momento que o preso que estava na cela tentou se aproximar de mim e aí alguém [que ela diz não saber quem] não deixou. Imagino que fiquei de três a quatro horas presa na cela”.

As consequências da tortura ainda estão nas pernas de Bernadete, que foi jogada em um formigueiro pelos policiais.
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/campanha-

Wanderson Brum

Acho que a discursão tem um q de monomania mas vá lá…

A mim o que importa é discutir a implementação de medidas como a a Lei 10.639/03( http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L1… ) que versa sobre o ensino da historia africana e afrodispórica entre outras coisas. É compativel a um estado que tem a igualdade como principio fundamental de sua carta magna e que edita tal norma como a acima sinalizada, permitir que material seja lá for que ameace tal principio seja distribuido sem a devida contextualização necessária para o melhor entendimento do conteúdo da obra e do contexto em que ela foi elaborada ?

Fabrício

Daqui a pouco o livro As Caçadas de Pedrinho se tornará A Luta ambiental de Pedrinho.

    mauro

    concordo.

    José Carlos

    É por aí. Não demora o "Dom Casmurro" vai ter a tal nota, para alertar que Capitu era inocente. Ou alguém propõe que a nota seja para advertir sobre o comportamento adúltero da moça.
    Em vez da tal nota explicativa, vamos oferecer a molecada boa literatura produzida por negros.
    Negros como Machado de Assis, por exemplo.

RBM

Era uma vez um país em que os leitores não caíam em manipulação fabricada pela IMPRENSA, e procurava se informar bem antes de formar opinião. Um país em que os leitores não papagueavam as acusações infundadas contra profissionais sérios. Em que os leitores tinham o cuidado de ler na íntegra o Parecer do CNE, e descobriam que foram vítimas de manipulação vazia pois notavam que tal documento não falava em proibição.

JORNAL DO POVÃO

serracista.blogspot.com – JORNAL DO POVÃO
[email protected] / 15 MILHÕES E-MAILS NEGROS.
OS NEGROS AFRO-DECENDENTES O POVO UNIDO JAMAIS SERA VENCIDO ,AGORA É DILMA PRESIDENTE.CHEGA DE RACISMO, SEGREGAÇÃO, IMPERIALISMO FACISTA JUDAICO SIONISTA, GLOBALIZAÇÃO PERVERSA,
PATRIA INDEPENDENCIA OU MORTE VENCEREMOS.
VIVA BRASIL PARA POVO BRASILEIRO!
VIVA ZUMBI! VIVA MANDELA,HUGO CHÁVEZ,LULA VIVA! DILMA PRESIDENTE É NÓS.
CAMPANHA NACIONAL PRÓ SERRA, SERRA EM-SERRA,
POR FAVOR, PARA O BEM DO BRASIL?
Patrocínios; Globo, Bandeirantes,SBT,Recorde,RBS,CBN,Cultura Veja Abril,Estadão,Folha SP,Bancada Ruralista,UJSB União Judaica Sionista Brasileira,TFP Tradição Família e Propriedade Instituto Millenium etc.

Mariana Rodrigues

Em carta a Godofredo Rangel (1908), Lobato disse que “a associação entre miscigenação entre raças muito desiguais e degeneração física e admitia que o regime de segregação adotado nos EUA fosse a atitude correta para evitar a miscigenação entre brancos e negros no Brasil.”

(Fátima Oliveira, In Tua raça não morreu, Jim…, 20.01.08 http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=13...

    José

    A palavra de ordem é PROIBIR?
    Vamos jogar a história e a literatura na lata do lixo em nome de, supostamente, evitar o racismo na escola? Vamos abolir toda a literatura que expressar algum tipo de preconceito? Infelizmente não vai sobrar nada na estante, mas isso é um mero detalhe.
    É assim que nossas crianças vão se tornar cidadãs melhores, não sendo expostas às diversas vozes de diferentes épocas, sobre os mais diferentes assuntos?
    Sei… quem gostava de índice de obras proibidas era a Santa Inquisição.

    José Carlos

    Tudo bem, Mariana. Mas há hipocrisia na tal nota a ser impressa no livro.
    Os nossos professores são todos não-racistas? Vão todos realmente dar importância a isso?
    Alguém supõe que haverá a discussão sobre se Emília é o alter-ego de Lobato? No Ensino Fundamental?
    A escola é uma instituição separada da sociedade, casta e pura?

Fabio_Passos

Por que tanto receio em discutir nossa história e como as pessoas, inclusive autores de obras clássicas, foram influenciadas pelo contexto em que viviam?

Boa discussão também no Nassif:

"As teorias eugenistas do início do século 20"
Por Miguel Javaral http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-teori

"
O fato é que o pensamento eugenista, ainda que com contornos locais, penetrou profundamente no pensamento sobre a nação brasileira naquele momento. O interesse de Monteiro Lobato pela eugenia, que depois foi de certa forma atenuado pela sua ênfase no higienismo, decorre exatamente de seu sincero nacionalismo. E ele não era, de forma nenhuma, excessão.

(…)

… já que muitos de nós cresceram cercados pela literatura infantil de alta qualidade do criador do Sítio do Pica-pau Amarelo (sem prestar muita atenção em qualquer estereótipo racista que por ventura ali se apresentasse), mas acho que a esfera pública brasileira precisa discutir a sério a presença de uma herança racialista no seu patrimônio de alta cultura.
"

    CC.Brega.mim

    Fabio, cuidado com essas coisas de não era exceção…
    em todas as épocas pessoas lúcidas formaram exceções incríveis
    exceção ao eugenismo ao nazismo ao racismo…
    se aderiu deve ser criticado e exposto sim.

    e a qualidade é sempre discutível, redefinida, repensada…
    minha colega negra na pós graduação, a única pessoa de sua comunidade
    a chegar à pós graduação (vinda de uma grande favela de belo horizonte)
    não conseguia ler Casa grande e senzala
    e isso me fez repensar muitas naturalizações que aceitamos sem refletir
    acho o debate ótimo
    e sua inclusão na escola essencial…

    Fabio_Passos

    Concordo.
    Mas penso que quando o Miguel Javaral explica as posições de Monteiro Lobato, afirmando que ele não era exeção, não significa que ele era a regra, mas quer dizer apenas que haviam muitos influenciados na época.

Valéria

Um conto que me impressionou muito na juventude foi Negrinha onde são relatados com pormenores o modo como as crianças eram mal tratadas na casa dos patrões, brancos.. por acaso o autor desta obra prima é exatamente Monteiro Lobato. O autor sempre demonstrou em sua obra a forma de pensar da classe dominante no Brasil, e tia Anastácia é apenas um de seus personagens . Dizer que " lugar do negro nas histórias de Lobato é silenciado, inviabilizado: é um não-lugar." é uma afirmação de alguém que ignora a obra de Monteiro Lobato. Aliás tal assunto deveria ser melhor pesquisado junto a criticos literários , pesquisadores da obra do autor. Poderiam os jornalistas ou jornais procurar tais pessoas?

    Alice Matos

    Valéria, quanta quilometragem de leitura te falta, hein? Leia, leia, leia… e encontrará todas as respostas que te faltam

    CC.Brega.mim

    a opinião do especialista vale tanto quanto a sua ou a minha…

    mas, do que vi entre os que pensam a questão racial na sociologia e na literatura
    incomoda sim e muito o lugar do negro "oferecido" pela classe dominante
    suas condescendências são pura violência
    e não são recebidas com ingenuidade no debate racial.

Gerson Carneiro

Em Campinas-SP, terra de branco (onde se diz que foi a última cidade do Brasil a abolir a escravidão), o time da Ponte Preta é conhecido como "A Macaca". E a massa de torcedores é conhecida como "A Macacada". E eles adoram. E aí, quem vai lá dizer pra eles que isso pode ser racismo?

Somos um país de misigenação. Racismo fez parte da nossa história e não deve ser ocultado. Não deve ser praticado, mas não deve ser ocultado da nossa história.

Como diz Jerônimo em "eu sou negão": "É má cuchi, e muita onda"

    Orlando

    Gerson Carneiro

    Racismo faz, desde sempre, parte da história do nosso Brasil. Pelo menos da vida do negro brasileiro… E podes ter certeza não é nada agradável…

    Thais

    A questão é que a imensa maioria das vezes em que termos como "macaco" são utilizados, trata-se de sentido pejorativo, com intenção de inferiorizar o outro.
    Esse exemplo da Ponte Preta é EXCEÇÃO, e, como tal, confirma a regra.

    Alice Matos

    Gérson, só para sua reflexão.
    Dois vizinhos pobres, bem pobres. São pobres e moram no mesmo lugar. Possuem filhos, que brincam juntos todos os dias. São amigos, do peito, até o dia em que o menino negro bate no branco, que chega em casa chorando…
    Ivariavelmente o pai ou mãe desse menino branco dira: "Eu já te disse pra não brincar com preto!". Se ao branco pobre resta a sua branquitude, ao preto, pobre ou rico, o racismo. É por isso que só questão de classe não explica o racismo.

    Gerson Carneiro

    Alice, não gostaria que fosse exclusivamente "para a minha reflexão", mas sim para a nossa.

MirabeauBLeal

.
Antes de emitirem qualquer parecer sobre Monteiro Lobato,

leiam o livro "O Choque das Raças ou O Presidente Negro"

em que o autor (Monteiro Lobato) imagina

como seria a eleição, no ano 2228, de um presidente negro

nos Estados Unidos da América do Norte.

O candidato negro concorria com outros dois:

uma mulher feminista e um branco, candidato à reeleição.
.

O livro de Lobato, publicado em 1926,

trouxe à tona a discussão sobre o racismo e o machismo,

vigentes na sociedade norteamericana e, sugestivamente, no Brasil.
.
Resenha em: http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBras
.

    Mariana Rodrigues

    Prezada Sra. MirabeauBLeal, sobre o tal livro eu confio no que escreveu Fátima Oliveira sobre ele:
    " Intriga-me a citação exaustiva, no Brasil, com status de Nostradamus, de "O Choque das Raças" ou "O Presidente Negro: romance americano do ano 2228" (Monteiro Lobato, 1926). Pra quem ainda não sabe, Lobato compartilhava das falsas teorias científicas racistas de inferioridade dos negros, ideário que permeia sua obra, hegemônicas em seu tempo. O fim do seu romance só poderia ser a extinção da raça negra: "Tua raça morreu, Jim…"
    . (F.O, in Tua raça não morreu, Jim…, 20.01.08 http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=13...

    Mariana Rodrigues

    Mais ainda de Fátima Oliveira:

    Analistas têm dito que em "O Presidente Negro" Lobato foi clarividente. Engendrou um conflito racial eleitoral em 2228, quando os brancos se dividiram em Partido Masculino e Partido Feminino, possibilitando que o presidente da Associação Negra, Jim Roy, vencesse as eleições. Ganhou, mas não levou! Sequer tomou posse. Morreu antes. Vingativos, os brancos criaram uma tecnologia (raios ômega) que, ao alisar os cabelos dos afro-americanos, os esterilizava. E eles se apresentaram como manadas de bois aos "Postos Desencarapinhantes"! O presidente Kerlog, que era candidato à reeleição, casa-se com a líder do Partido Feminino, Evelyn Astor, e assim recupera o poder. Sem mais comentários (…)
    . (F.O, in Tua raça não morreu, Jim…, 20.01.08 http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=13...

    Orlando

    MirabeauBLeal

    Na verdade, o presidente negro, só apresenta e fundamenta o pensamento racista e eugenista de Lobato. Não é uma critica, é quase um plano de ação. Ou um projeto – para o Brasil…

Eduardo Soares

Ouvi toda a coleção infantil de Monteiro Lobato antes aprender a ler e me alfabetizei com eles. E isto não me tornou racista ou coisa que parecida. Criticar as obras de Monteiro Lobato acusando-as de racistas ou coisa que o valha é no mínimo uma sandice. Ela é atemporal como são as Graciliano Ramos e Castro Alves. Se formos atrás destas opiniões exdrúxulas. Vamos queimar também Memórias do Cárcere que em seu primeiro volume descreve a situação de um negro no navio que o levou para uma prisão.. Ou Navio Negreiro onde há "Legiões de Negros como a Noite" como relata Castro Alves. Será que a Vereadora e os Autores leram por acaso Negrinha ou o Presidente Negro do mesmo autor? Acho que não pois se o lessem conheceriam melhor Monteiro Lobato. E mais tanto não conhecem o autor de Taubaté, que esquecem o importante papel de Tia Nastácia na obra. Esquecem que ela é uma criadora. Criou a genial Emília de retalhos de pano, o sábio Visconde de Sabugosa de um sabugo de milho além de um boneco de pau. Era também exímia contadora de histórias em sua Tia Nastácia era demais!!

    Bonifa

    E também a maravilhosa cozinheira cujos bolinhos de polvilho amansaram o próprio Minotauro e o deixaram tão gordo que ficou inofensivo. Por causa destes bolinhos São Jorge não queria que ela fosse embora da Lua.

H.José C.Campos

Que vontade de vomitar que essa idiotíssima discussão me dá.
Vamos parar com isto e eleger logo o censurador do ano, e ver o que ele vai proibir as crianças de lerem.
É preciso que se diminua a leitura no Brasil, onde se tem lido demais.
Separemos para queima os livros de Monteiro Lobato (maldito racista, inumano, eugenista, fumante de cigarros, irônico), Guimarães Rosa (tem sacanagem em Sagarana), Hilda Hillst (que horror seu o caderno de Lori Lamb, com o horroroso prefácio de um professor universitário que "dá licença aos leitores de seguirem com a leitura do livro- ex-libris- votarei nele pra censor brasileiro), Pedro Nava (ele conta em Bicho Urucutum como perdeu a virgindade com uma empregada, no Rio de Janeiro, essa maldita e perniciosa cidade erótica), Jorge Amado (quanta sacanagem em Dona Flor e seus DOIS Maridos – que vergonha, tanto adultério!), além dos livros estrangeiros de Henry Miller, Anais Nin, Salinger (o menino de O Apanhador no Campo de Centeio tenta transar com uma prostituta – que horror!), Gore Vidal, além daquele livro cheio de homossexualismo, adultério, canibalismo, assassinato, injustiça, um tal de Bíblia.
Façamos uma limpeza na cultura do Brasil, não deixemos nossas crianças leram nem as revistas da Mônica, porque ela bate nos amiguinhos e eles a chamam de "baixinha e dentuça", uma ofença que mostra que há muito bullying acontecendo no Brasil. Estudemos o bullying, evitemos o bullying, acabemos com o bullying.
Censores, unidos, jamais serão vencidos!
(TODOS JUNTOS)
Censores, unidos, jamais serão vencidos! Censores, unidos, jamais serão vencidos! Censores, unidos, jamais serão vencidos! Censores, unidos, jamais serão vencidos! Censores, unidos, jamais serão vencidos! Censores, unidos, jamais serão vencidos!

    CC.Brega.mim

    José
    você tem razão e não tem…
    verdade que a liberdade fica ameaçada pela censura
    mas em nome dela não se pode fechar os olhos
    o politicamente correto é desprezível porque é hipócrita
    quer fazer na linguagem o que não se faz nas ações
    manter no terreno privado o que publicamente não se aceita
    mas…

    é fato que o respeito na linguagem trouxe frutos
    hoje as vozes tem que ser ouvidas
    e todos concordam que todas as vozes tem que ser ouvidas

    José Carlos

    Brilhante a referência à Mônica.
    Será que o Maurício de Souza não ridicularizava as dentuças quando moleque, e que o Cebolinha não é seu alter-ego?
    Será que não educou seus filhos dessa forma?
    Seus filhos não terão se sentido compelidos a agir como o Cebolinha ou o Cascão?

Marcelo de Matos

http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Gru… “Foi somente em janeiro de 1939 que se revelou a existência de petróleo no solo brasileiro, no poço de Lobato – BA, perfurado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do governo federal. O poço de Lobato produziu 2.089 barris de óleo em 1940”. Portanto, graças a Lobato que defendeu ferrenhamente a idéia de que devíamos pesquisar e explorar petróleo, o governo brasileiro acabou descobrindo o óleo negro. A luta de Lobato foi reconhecida e o primeiro poço levou seu nome. O autor de Zé Brasil, depois de preso por divulgar sua idéia fixa, foi finalmente reconhecido.

Fabio_Passos

Contextualizar obras clássicas não é censura. Pelo contrário. Enriquece a leitura.

Não vejo razão para negar uma contextualização na dimensão dos preconceitos do autor.
O que há de errado em discutir os preconceitos de autores clássicos?

    Thais 3º

    As manifestações artísticas são entendidas, por muitos, como dotadas de tal caráter sagrado, como se fora da história estivessem, como se houvessem sido construídas sobre relações sociais etéreas.

    Isso sim assemelha-se a pensamento único.

    RBM

    Muito sensato.

Marcelo de Matos

http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Gru… “Foi somente em janeiro de 1939 que se revelou a existência de petróleo no solo brasileiro, no poço de Lobato – BA, perfurado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do governo federal. O poço de Lobato produziu 2.089 barris de óleo em 1940”. Portanto, graças a Lobato que defendeu ferrenhamente a idéia de que devíamos pesquisar e explorar petróleo, o governo brasileiro acabou descobrindo o óleo negro. A luta de Lobato foi reconhecida e o primeiro poço levou seu nome. O autor de Zé Brasil, depois de preso por divulgar sua idéia fixa, foi finalmente reconhecido.

Bonifa

Mestre Azenha e amigos, não quero me estender sobre o que penso de Monteiro Lobato. Mas se idiotices como a proibição disto e daquilo vingarem no Brasil, a obra de Hemingway e de oitenta por cento dos grandes escritores mundiais terá aqui de ser proibida. E se Tia Nastácia fosse nordestina, embora branca? O mais importante é o amor que Lobato passa e perpassa através de Nastácia e do Tio Barnabé também, este sendo um grande sábio negro popular. Esta bobagem está além de hipocrisia. É perigoso atentado à cultura. A propósito, é bom que leiam O Presidente Negro, de Lobato, que antecipa em décadas a eleição de Obama e os gigantescos problemas que isto viria causar.

    RBM

    Meu amigo Bonifa, você faria melhor se simplesmente lesse a íntegra do Parecer do CNE. Em nenhum momento se fala em proibir livro algum, e as recomendações são sóbrias e sensatas. Que história é essa de proibição? Não seja inocente útil para jornalista tendencioso. E tudo de bom (é muita coisa) que existe na obra de Monteiro Lobato coexiste com seu notório racismo, já apontado em mais de um estudo sem que o mundo caísse. Respeite os profissionais do CNE, eucadores todos muito sérios. Eles não merecem a pecha de censor. Essa ladainha manjada de "atentado à cultura" foi apontada para o lado errado. Também se poderia dizer que estão cerceando a liberdade de expressão dos profissionais do CNE. Mas é falta de leitura mesmo. Como se diz no meu nordeste: "Quem vai pela cabeça dos outros é piolho."

    Bonifa

    Confesso que não li o tal parecer, meu caro. Mas nem de longe há notório racismo na obra de Lobato. Até há o contrário. Como o conto-denúncia "Negrinha" Lobato era homem de idéias ocasionais fortes e equivocadas, como sua posição, nna Revolução de 34, pela "hegemonia ou separação" de São Paulo. Ou em seu arrasador artigo contra a Exposição de Arte Moderna de 22. Mas nada disso está inscrito em sua obra infantil. Ao contrário, quando Pedrinho pergunta a Dona Benta, em História do Mundo para Crianças, se o comunismo era uma boa coisa, Dona Benta responde sabiamente que só o tempo será capaz de dizer.

    Bonifa

    Só para colocar melhor, referia-me à exposição de Anita Malfatti na Semana de Arte Moderna de 22. E quanto ao conto Negrinha, ao lado de um outro conto de Coelho Neto que não recordo o título, no qual a Sinhá manda quebrarem todos os dentes de uma outra negrinha mucama só porque seu marido elogiou a beleza de seu sorriso, são os dois libelos mais terríveis contra o racismo e a condição social dos negros submetidos ao escravagismo ou semi-escravagismo no Brasil. Quanto ao CNE, nada tenho contra ele e creio que não lhe faltei com o respeito. Apenas acho que o tema fugiu de sua alçada e está clamando por uma discussão que elimine qualquer ovo de uma possível futura maldita serpente. Não posso me conformar com o bloqueio cruel que fazem à obra de seu conterrâneo nordestino Gustavo Barroso, possivelmente o maior intelectual brasileiro de sua época, pelo fato de que ele tenha sido um ferrenho integralista. E quanto aos piolhos, deve dizer-lhe que todos nós somos piolhos. Nada mais fazemos do que nos alimentarmos na cabeça dos outros. Nem os nordestinos, pessoas com toda razão muito orgulhosas de sua origem, podem escapar desta contingência humana.

Lucho

Depois dessa história toda, só me resta dar três vivas:
.
* Um viva ao pogreçismo.
* Um viva a essas pessoinhas que se ofendem com qualquer besteira.
* E um viva, em especial, para o politicamente correto.

RBM

Há mais de um estudo sobre os preconceitos de toda ordem do maravilhoso e humano Lobato. Não me lembro de ninguém com uma tese séria contestando isso no meio acadêmico. Se há um patrulhamento, é primeiramente contra o CNE, que, acionado, cumpriu seu papel. E eu, que adoro Lobato, convido a todos que enxergaram no Parecer uma censura ou proibição, a exercitar o saudável hábito de LER não só esse autor, mas tudo (o que inclui pareceres e notícias da imprensa), não só como um exercício de decodificação visual, mas com os sentidos apurados. Quem sabe assim a gente desenvolva um antídoto contra a manipulação e enxergue intenções pouco evidentes no que somos instados a simplesmente engolir.

RBM

Talvez devamos descer dos pedestais do debate ideológico, e imaginar que a origem da polêmica seja mais fisiológica, estomacal. Quiçá o interesse editorial, incomodado com a recomendação do CNE que poderia gerar a obrigação de ajustes na edição (notas de esclarecimento, e tome dinheiro a mais), quiçá o interesse editorial tenha acionado o interesse jornalístico. A ser verdade, é estarrecedor a imagem que os agentes de imprensa fazem dos seus leitores: pessoas que se contentam com informações pela metade, lacunosas; pessoas que não têm o senso crítico nem o hábito de conferir a veracidade dos dados; cidadãos manipuláveis, ovelhas dóceis, inocentes, massa de manobra. Exatamente o tipo de gente que gosta de Monteiro Lobato pelo que assistiu na TV, e só; ou que não tem a disposição de ir a fontes originais; ou que desprezam o aprofundamento de questões. Essa talvez tenha sido a aposta.

RBM

O mais grave nessa história toda é o modo como as pessoas se lançam numa apaixonada discussão sem o cuidado de procurar a verdade factual. O parecer do CNE estava disponível o tempo todo, na íntegra. O próprio presidente da ABL deveria ter o cuidado de lê-lo, mas não o fez, antes de emitir uma nota sobre o caso. Brandiu a espada contra um fantasma, talvez porque no Brasil poucos queiram deixar um veículo da imprensa esperando. Assim, do alto de sua autoridade simbólica, se prestou ao pouco lisonjeiro papel de inocente útil.

RBM

Claro está que, se levarmos a ferro e fogo o senso crítico, ninguém mereceria ser lido. Ou talvez os "problemas" desse tipo tornem a leitura mais instigante. Não preciso endossar o racismo de Lobato. Gosto de ler as obras dele, muito mais interessantes que os paradidáticos literalmente infantis de hoje. Mas continuo "desmascarando-o" quanto aos seus juízos politicamente incorretos, embora compreensíveis numa época em que se podia alardear o racismo sem maiores consequências. Vou lê-lo a vida toda. Mas não vou ficar cego aos seus disparates, e meus alunos aprenderão a reconhecê-los como exercício de desenvolvimento do senso crítico, se o lerem sob minha orientação. A riqueza das obras de Lobato não pode ser reduzida a isso, obviamente.

Marcelo de Matos

Monteiro Lobato não merece o que estão querendo fazer com ele os burocratas do MEC. Pierre Lucena, do blog Acerto de Contas, chama esse pessoal de educocratas: “Na raiz do problema estão aqueles que Elio Gaspari apelidou de Educocratas. São os “educadores” que se enfiam em um gabinete em Brasília ou nas Secretarias de Educação, “planejando” o que é o ensino, mas tem horror a uma sala de aula. Pensam como se tudo fosse fácil, mas não tem a menor noção da realidade brasileira”. Monteiro Lobato foi um dos responsáveis pela formação de nossa consciência nacional. Insistiu que no Brasil havia petróleo e deveríamos explorá-lo. Para divulgar suas idéias escreveu Zé Brasil, que o levou à cadeia. Decidiu, então, educar as crianças, mostrando a elas o que os adultos não conseguiam enxergar. A minha geração riu e se divertiu muito com O Poço do Visconde, mas, aprendeu lições sérias. Sem o escritor, o movimento “o petróleo é nosso”, que resultou na criação da Petrobrás, teria demorado mais tempo. Salve Monteiro Lobato e abaixo seus detratores!

    RBM

    Caro Marcelo, como imagino que você não seja telepata para ter certeza que os educadores do CNE são um bando de alienados sem noção da realidade educacional brasileira, gostaria de sugerir que ao menos lesse na íntegra o Parecer em questão. Vai ver que não se fala em proibir nada. O fato de os livros de Monteiro Lobato terem encantado várias gerações, e de serem melhores que os muitos medíocres que se publicam hoje em dia, ou o fato de o Brasil dever a ele o movimento "O petróleo é nosso", não deve nos deixar cegos para o racismo e outras posições moralmente duvidosas que perpassam sua ficção. Isto é inegável, aparece escancaradamente. Ele, humano que era, tinha suas contradições. Merece ser lido pela beleza do mundo imaginário que criou.

    RBM

    Numa sociedade democrática, quem publica se expõe a críticas. De onde surgiu essa paranoia de banir, proibir, expurgar etc? Com certeza não foi do CNE. Só a má-fé, a ignorância ou a ingenuidade de quem não se vê manipulado atribuirá isso aos (para mim desconhecidos, mas dignos de todo o respeito até prova em contrário) integrantes do Conselho nacional de Educação.

marinildac

Melhor ler e debater. Edgar Rice Burroughs (1875-1950), o autor de Tarzan, tem falas terríveis contra os africanos em seus livros. Quanto ao Jeca Tatu, que rendeu muita crítica a Lobato, era reconhecido nas expedições dos nossos grandes sanitaristas no iníciodo século passado. As pesquisadoras Simone Petraglia Kropf e Nísia Trindade Lima, da Casa de Oswaldo Cruz, registram a resposta de Miguel Pereira à convocação dos brasileiros à Primeira Guerra (http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home):

“É bem que se organizem milícias, que se armem legiões, que se cerrem fileiras em torno da bandeira, mas melhor seria que se não esquecessem nesse paroxismo do entusiasmo que, fora do Rio ou de S. Paulo, capitais mais ou menos saneadas, e de algumas outras cidades em que a providência superintende a higiene, o Brasil ainda é um vasto hospital. (…) Em chegando a tal extremo de zelo patriótico uma grande decepção acolheria sua generosa e nobre iniciativa. Parte, e parte ponderável, dessa brava gente não se levantaria; inválidos, exangues, esgotados pela ancilostomíase e pela malária; estropiados e arrasados pela moléstia de Chagas; corroídos pela sífilis e pela lepra; (…) Não carrego as cores ao quadro. É isso sem exagero a nossa população do interior. Uma legião de doentes e de imprestáveis”.

Em outro discurso dias depois, o médico exaltou a descoberta da doença de Chagas e a missão social dos “homens de ciência” que, como Chagas, revelaram a triste realidade dos sertões: um Brasil abandonado, doente, que responderia aos clamores patrióticos com “um exército de sombras”. Chagas viu na fala do colega “magnífico painel de verdades melancólicas”.

RBM

Essa polêmica se originou de uma má-fé. O parecer do CNE em nenhum momento menciona proibição de livro algum. As recomendações, sensatas, foram escritas em tom sóbrio e brando. Quem fez a denúncia gerou uma série de absurdos. O presidente da ABL, a própria escritora Marisa Lajolo (autora de estudo que aborda o racismo em Monteiro Lobato, estudo esse citado com propriedade no Parecer) e o público em geral caíram numa armadilha, pois quase ninguém se dignou a ler o suposto documento inquisitorial. Acho que os alvoroçados e defensores da "liberdade', que viram patrulhamento ideológico, na verdade nem leram as obras de Lobato, um genial escritor.

    parte1

    Ler é mais que tudo, entender. Se você leu Monteiro Lobato -obra adulta ou infantil-, e o considera como autor à parte do que escreve, e, mais que isto, o considera genial, creia-me -e não se trata de gosto-, você está precisando rever seus conceitos acerca de literatura e sobretudo de genialidade.

    Francamente! Autor dissociado da obra? Obra genial? Lobato era um tremendo racista sim! E Marisa Lajolo não é referencial para aferir o que seja ou não racista. Que ela tenha a coragem de fazer o que fez o grandioso Fausto Wolf. Pinte-se de negro e saia pelas cidades brasileiras e descubra o que é de fato ser negro e viver em uma sociedade racista como a brasileira. Racista, sim! Como Lobato. Mas será que você realmente leu Lobato? Melhoras!

    Deusdédit R Morais

    RBM

    Caro amigo. Obrigado pela atenção. A opinião sobre a genialidade ou não de Lobato levaria a uma discussão que foge à polêmica inicial. Cada um de nós montaria um curso sobre isso. O que está implícito no meu texto é que, qualidades literárias à parte, Lobato foi racista, sim. Defendi o Parecer do CNE (leia, e sobretudo entenda) o conjunto de meus comentários, todos os cinco). Sou contra a imputação de patrulhamento ideológico e autoritarismo ao CNE.Li, e analisei extensamente, muitos textos de Lobato em cursos que ministrei, apontando inclusive o óbvio racismo. Eu, que ñão precisei me pintar de negro para sentir o racismo ao longo da vida. Volte ao que escrevi. Se eu abolisse o autor perderia boas leituras. Se eu não usasse os seus textos para ensinar aos jovens que comigo estudaram como por trás da aparência de inocência se escondem venenos como o preconceito, seria um omisso. E se eu negasse qualquer outro tipo de valor positivo a um autor racista, seria fundamentalista. Mas quero voltar ao ponto da defesa do CNE, vítima de acusação infundada por razões políticas não confessadas.

    Orlando

    RBM

    Não está em jogo, aqui, a genialidade de Lobato, mas o fato, inequivoco, de que Lobato era racista e eugenista. E suas obras, em que pese serem brilhantes, expressam a visão de mundo de Lobnato. Grosso modo, nociva para crianças negras e negros em geral. Isso em função do forte conteúdo racista de suas histórias. Essa é a discussão: quão nocivo é a leitura de Lobato para crianças negras ou não. Aliás, essa história de nacionalismo, não raro, está mais próximo de regimes autoritários e facistas. Enfim, Lobato gostava mesmo é do espelho…

Rafael

Imagine que você tem um neto de nove anos de idade, que estuda em uma escola pública e recebe uma ligação da diretora pedindo para ir buscá-lo. Chegando lá, você o encontra sentado no chão da diretoria, chorando. Em casa, ele conta que foi chamado de "Nego, macaco e rei da cocada preta" e arrastado pelo corredor da unidade de ensino pela diretora e pela professora.
http://jc.uol.com.br/canal/educacao/noticia/2010/

Gerson Carneiro

Se essa frescura tomar proporção daqui a pouco vamos ter que queimar toda a obra do Jorge Amado, repleta de palavrões tão doces e tão insurgentes.

Criança tem mais é que ler e aprender a interpretar o mundo por si. A Educação estaria uma maravilha se as crianças lessem mais.

    Orlando

    Gerson Carneiro

    Crianças brancas com certeza não terão nenhum prejuíso em ler Lobato. O mesmo não ocrre com as crianças negras que seriam vitimas do racismo de Lobato. Mas eu acho que você tá pouco se lichando para as crianças negras. Não és negro e, com certeza, filhos negros não deves ter…

    parte1

    Parabéns Orlando!
    O baixo clero da intelectualidade politizada brasileira, assim como grande parte do alto, tem por nocivo somente o preconceito contra judeus e nordestinos, já o contra os negros… Bem, parece que até nisto somos de segunda classe!

    Abraços,
    Deusdédit R Morais

    Gerson Carneiro

    Orlando,

    Sou baiano, cabelo crespo, adoro sarapatel, e sou portador de traço falsiforme. Precisa dizer mais?
    No máximo, se eu pretendesse ser branco, eu diria que sou preto claro.

    Na Bahia temos orgulho de sermos negros. Eu sou contra sim a essas frescuras, inclusive contra cota para negros em universidades. Negro bom mesmo (e é difícil não ter um baiano negro bom) vai lá e entra na raça. Não precisa de caridade. Negro na Bahia anda é de cabeça erguida.

    [youtube ICtrncWfh84 http://www.youtube.com/watch?v=ICtrncWfh84 youtube]

    RBM

    Amigo, o CNE em nenhum momento falou em proibir, queimar, deixar de adotar livro algum. Leia o parecer na íntegra. Você verá que foi vítima de um exagero jornalístico muito do interesseiro.

Fabio_Passos

O MEC não está censurando livros.

Você não leu o parecer do CNE?
Está logo ali acima…

Ana Flávia

Acho que o texto do Inácio Araújo pode ajudar na discussão. Naturalizar o preconceito, como coisa normal, coisa da época, sem reflexão, sem crítica, é extremamente violento. Segue: http://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2010/11/08/

turmadazica

Essa discussão é bizarra… Logo mais não pode mais xingar a polícia, chamar alguém de gordo, colocar escondido presunto nos sanduíches dos judeus e árabes, enfim… Isso aí é coisa de quem não tem o que fazer…

    Orlando

    Turmadazica

    Se você faz tudo isso [colocar presunto no sanduiche de judeus etc] é claro que você não tem nenhum respeito pelas diferenças. Ou seja, nenhum apreço pelo outro – seja ele negro ou judeu ou gordo. Nesse caso a filosofia de vida excludente Lobato se encaixa perfeitamente com você…

    turmadazica

    Se o Lenny Kravitz engordar ele será preto, judeu e gordo… Pense nisso…

    Thais Terceiro

    "chamar alguém de gordo, colocar escondido presunto nos sanduíches dos judeus e árabes, enfim… "

    Isso sim é coisa de quem não tem o que fazer.

Klaus

Muitos dos que riem de quererem censurar Monteiro Lobato, foram leitores vorazes e entusiasmados de "Para Ler o Pato Donald", um dos livros mais engraçados que já li. Quem não leu, leia.

Klaus

Nuvens negras no horizonte do Brasil, querem denegrir a imagem de Lobato.

    Orlando

    Klaus

    Acho que uma nação de fato, não pode e não deve compactuar com a mentira e farsa. Lobato era racista e eugenista. Creio eu que se ele tivesse poder [politico e financeiro] talvez tivesse colocado em prática as idéias racistas e eugenistas do livro o "Presidente Negro".

    Não discuto o talento de Lobato e nem advogo que seus livros devam ser proibidos, afinal, temos, no Brasil, hoje em dia, muitos admiradores do pensamento eugenista e racista de Lobato. No entanto, acho que seus livros deveriam vir com uma advertência "conteúdo mortalmente racista"

    RBM

    Que nuvem negra, que nada, meu amigo. O racismo de Lobato é escancarado. E o parecer do CNE não fala em proibir. Não faça o papel de inocente útil nessa polêmica fabricada.

ratusnatus

Continuando, e o "mé" do Mussum?

    Fabio_Passos

    O mé agente bebe.

LauraBeal

enquanto a educação do país desaba, se discute se Monteiro Lobato era ou não preconceituoso. É o fim.

    Fabio_Passos

    A educação do país desaba?
    De onde tirou essa idéia?

    Nossa educação melhora sensivelmente.
    Achei muito interessante a entrevista do Temporão. Ele afirmou que se compar a primeira década deste século com a última do século passado, o tempo de estudo médio do brasileiro quase dobrou.

    Pode não ser o mundo dos sonhos mas é uma evolução sensível.

    RBM

    Como é que é? então a educação do país desaba? Que eu saiba, ela nunca foi excelente. Mas já está bem mehor. Quando fiz o vestibular, por exemplo, a decoreba era a lei. Hoje, gostaria de ser jovem para fazer o ENEM, que só é ruim para a indústria de adestradores dos cursinhos, hoje perdidos porque têm de ensinar a refletir e não sabem.

Alessandro Lino

"Cêis qué sabê"????Pra mim isso é coisa do resquício da campanha o Serra e do vice dele, o Malafaia.Vão satanizar escritores agora.Tudo é preconceito,diabo,satanás.
Eu sou historiador,existe um tempo histórico.Uma obra perpassa o tempo com o que nos chega de moderno,de usável,de verdade.O resto sempre vem a reboque de um tempo,nós pertencemos e nos restringimos a um tempo que é mutável,como foi o Brasil de Monteiro e de todos nós agora.
Mas esqueçam o que eu disse agora:eu tô satanizado e defendendo o preconceito e sei lá mais o quê…
Obs: Tenho uma deficiência física,já fui chamado de aleijado,deficiente e etc.Eram nomenclaturas da época.Hoje é "portador de necessidade especial".Vou culpar as pessoas que historicamente me chamavam assim???Amanha a nomenclatura é outra e aí?
Deixem o Monteiro em paz!!!e o Serra e o Malafaia também!!!!rsrsrsrsrsrsrsrs

    Orlando

    Alessando Lino

    Como historiador, você deve saber que, pelo menos em uma coisa, o Brasil de Lobato e o atual são similares: o racismo. Hoje mais hipócrita e safado do que na época de Lobato, no entanto, não menos virulento e cruel. Negar esse fato [racismo] é negar a própria evidência histórica que o cotidiano brasileiro nos dá.

    Como racista e eugenista que Lobato era, de certa forma, podemos dizer que a literatura de Lobato era o veículo para se passar a mensagem da eugenia e racismo. Em vista disso, crianças negras em idade escolar não podem, hoje em dia e mesmo desde sempre, ficarem expostas ao racismo ou ódio étnico contido nos livros de Lobato. Com o risco, dessas crianças negras terem sérios problemas de autoestima.

    Alessandro Lino

    Caro Orlando,

    Entendo perfeitamente sua preocupação,de fato ela é muito válida.Eu mesmo que o diga,como expus em forma de brincadeira minha situação.Mas a minha preocupação é a paranoia,o excesso.Praticamente todos os escritores até o seculo 19 e metade de 20 eram racistas ou tiveram passagens por suas obras onde isso era exposto.Sentimento quase comum de uma época.É fácil,penso eu, trabalhar o olhar crítico de uma época a uma criança do que eliminar grandes escritores que enriqueceram e enriquecem a cultura do país e do mundo.Se formos eliminar tudo,o que sobrará?E o preconceito de alguns escritores era muito mais que racial.Mais fácil falar com as crianças sobre racismo,até usando essas obras,do que eliminar escritos e escritores.Mas é somente minha humilde opinião.
    Muito obrigado por ter lido meu post e divergido,isso é extremamente democrático.Até!!!

    Eduardo Soares

    .Monteiro Lobato racista? Eugenia? Você acha que somente os negros sofrem preconceito no Brasil? Você já conviveu ou convive com pessoas com deficiência? Acho que se convivesse saberia que o preconceito para estes quase 25 milhões de brasileiros existe e é mais cruel. Ou com os LGTB. Acho sim os seu comentário preconceituoso e mal informado.As crianças negras têm direito a uma educação libertadora sim, mas não que as tolham ou escondam a realidade que vão encontrar ao longo da vida. Elas têm o direito de saber que Tia Nastácia filha de escravos e exímia cozinheira de Dona Benta era uma criadora de vidas e histórias. Que conviveu com São Jorge e personagens como príncipes e princesas de maneira igual. Os "sérios problemas de autoestima" ocorrerão somente se os pais negros destas crianças não as educarem em prol de uma sociedade inclusiva e plena em Direitos Humanos. E não é com preconceito e o obscurantismo proposto por aqueles membros do CNE que chegaremos a uma verdadeira Democracia Racial.

ratusnatus

Eu acho essa discussão toda surreal.

O obra tem passagens politicamente incorretas porque nossa sociedade era politicamente incorreta. Então o que era normal e usual, na época, hoje é politicamente incorreto.
E o fato de ter passagens como as citadas não torna o autor defensor da escravidão. É apenas produto do seu tempo.

flw

    luiz123

    Digite o texto aqui![youtube 6IbMszBC6r8 http://www.youtube.com/watch?v=6IbMszBC6r8 youtube]

    Tinha que mandar prender o dedé!

    Fabio_Passos

    Pois é.
    O parecer do CNE pede uma nota explicando exatamente o que você descreveu.

    Percebe como não há nada de surreal?

    Orlando

    ratusnatus

    [[[[O obra tem passagens politicamente incorretas porque nossa sociedade era politicamente incorreta. Então o que era normal e usual, na época, hoje é politicamente incorreto.]]]]

    Infelizmente as idéias racistas e eugenistas de Lobato estão muito afinadas com o Brasil/povo brasileiro de hoje. Tão ou mais racista do que na época de Lobato. No entanto, as idéias eugenistas e racistas de Lobato são/serão, desde sempre, moralmente e éticamente deploráveis. No Brasil ou em qualquer luigar do planeta.

    ruypenalva

    Todo o Mundo, àquele tempo, era politicamente incorreto do ponto de vista "racial" e até mesmo os asiáticos eram considerados sub-raça até por estudiosos.

    Fabio_Passos

    Pois é.
    Não sei se era "Todo o Mundo", mas seguramente uma parcela significativa.

    Você reconhece e acha feio que se divulgue e discuta os efeitos negativos?

ruypenalva

Deus meu, não se colocar Lobato, Machado, Alencar e tantos outros dentro do contexto histórico em que viviam é uma brutal ignorância. Eu questiono até essa idéia de que ofender, chamar alguém de preto, seja racismo. Racismo é passar fome, é negar emprego, oportunidades, direitos, inserção na sociedade. Racismo não pode ficar preso ao linguajar, à intenção, à menção ou a qualquer coisa que não produza efeitos visíveis. Se se lê Machado vai ver que alguém de 40 anos no tempo dele era velho, "o velho braceiro" como diz ele é um dos seus contos. Tchékhov também chama de idoso qualquer um acima de 50 anos, o que me deixa com baixa estima, mas amando Tchékhov. Eu tenho mais medo da faca do que do desenho da faca, da arma do que da menção da arma, de Serra do que nome Serra. Se formos proibir todos os livros que falam mal de judeus teríamos que começa pelo Mercador de Veneza. Camões devia ser proibido por tratar Maomé de forma depreciativa, tipo Mafoma e outros adjetivos pejorativos. Fico imaginando também essa tal de lei Maria da Penha. Ora, menção misógina produz muito menos danos do que agressão à mulher, dicriminação real à mulher. O Brasil quer virar o país onde o texto tem a força de chicote, de arma branca, de arma de fogo. Viva Lobato, Machado, viva os negrinhos que ajudaram a fazer dessa nação uma nação neguinha. Eu sou branquinho.

    Fabio_Passos

    Meu Deus, o parecer do CNE pede exatamente uma nota colocando Lobato, Machado, Alencar e tantos outros dentro do contexto histórico em que viviam. O CNE quer colocar algo muito parecido com seu comentário como adendo as obras clássicas.

    ruypenalva

    Não tem de colocar nota nenhuma, isso é uma estupidez. Obra é obra, tem que ser mostrada como tal. Não adianta esconder o passado. Não conheço um autor brasileiro antigo que não trate o negro por negrinho, isso era do tempo da escravidão. Chico Buarque, será que deve ser censurado também? em uma de suas músicas usa a expressão: "Mas eu quero te dizer que a coisa aqui tá preta" Ora, a expressão "coisa preta" é algo que veio do preconceito antigo, será que essa expressão deve ser abolida da língua? Você não pode esquecer que a maioria dos mercadores de escravos da África eram negros que capturavam negros de outros tribos para vender como escravos, isso mesmo, os maiores traficantes de escravos eram negros, pode ler em qualquer livro de história. Ninguém fez mais mal ao negro do que o próprio negro na África. Até hoje governos corruptos africanos, embora não sejam considerados racistas, submetem suas populações a torturas, fomes, doenças. Racismo é isso, o cara morre antes de pensar até que existe auto-estima. O negro vive melhor no Brasil do que na África, desse ponto de vista certos governos africanos são racistas.

    Fabio_Passos

    Não adianta ficar nervosinho. Sua argumentação é fraca.
    Leia ao menos o parecer do CNE.
    Eu sou plenamente a favor de que se coloque a nota e você é incapaz de explicar porque isto seria errado.

    Aparentemente você quer esconder a história porque te envergonha.
    Mas por que você sente vergonha? Curioso…

    Luca

    Nossa!
    Falou,falou,eu já estava pronto para tirar o chapéu…Daí veio o final com : "eu sou branquinho".
    Reforçou a tese toda do início do comentário ao fim.
    Parabéns!

    ruypenalva

    Bom, mas eu esqueci de dizer que como neto (parte de mãe) de um mulato e bisneto de uma negra chamada Clementina, Kelé, eu também sou neguinho, tá bom assim? Na Bahia, mermão, todo branco tem um nego na famía.

    Orlando

    Ruypenalva

    [[[[Eu questiono até essa idéia de que ofender, chamar alguém de preto, seja racismo. Racismo é passar fome, é negar emprego, oportunidades, direitos, inserção na sociedade. Racismo não pode ficar preso ao linguajar, à intenção, à menção ou a qualquer coisa que não produza efeitos visíveis.]]]

    Talvez eu possa ajudá-lo. Sinto que você tem certa dificuldade em definir o que seriam efeitos/consequências visiveis do racismo. Cara, passei boa parte da minha vida sendo chamado de negrinho ou pretinho. O estranho nisso tudo, é que eu tinha/tenho nome e sobrenome. Isso dentre outras manifestações racistas que, segundo você não deixam evidências visiveis. E nisso você tem certa razão. As pessoas não percebiam que eu ficava combalido na minha autoestima com tudo aquilo. Mas eu acho que autoestima não dê para se ver nem com raio X…
    Enfim, quero ajudá-lo. Há cerca de 70 ou 80 anos atrás em um país mais ao norte das Américas, existia um povo que era extremamente talentoso em deixar marcas visiveis de racismo. Eles batiam nos negros e depois os penduravam em arvores e toda a comunidade [homens, mulheres e crianças] ia lá fazer festa e, sobretudo, ver as marcas visiveis do racismo.

    Billie Holliday, cantora negra americana escreveu e canta uma obra prima: "Strange Fruit" . Nessa música ela descreve um linchamento de um negro. Link abaixo.
    http://www.youtube.com/watch?v=h4ZyuULy9zs

    ruypenalva

    Meu jovem, quem de nós nunca foi humilhado de um jeito ou de outro nesse país. Quem por ser pobre, negro, nordestino, deficiente não foi humilhado? O que não podemos é ficar presos à sombra do passado tal qual o judeus ficaram a um símbolo tão inofensivo quanto a suástica. Veja, chamar alguém de preto é racismo no Brasil, de negro não, até o Paulo Souza reclamava de ser chamado de Paulo Preto, embora existam sobrenomes, inclusives de brancos, no Brasil, de Preto. Havia um jogador, que jogou no Bahia, no Santos, que tinha sobrenome Preto, e esse sobrenome é grande no Brasil, no entanto não é racista. O pássaro preto, uma ave linda, com canto complexo, teria que ser chamada de pássaro negro, pois preto virou nome racista. Eu já fui chamado de amarelo, não de maneira racista, mas de maneira depreciativa. Os negros do Ilê aqui na Bahia são racistas, não admitem brancos no Ilê. A deputada Olívia, a quem o Azenha se refere acima, tem como lema de campanha "Vote na negona", no entanto se alguém a chamasse de negona poderia até ser preso como racista. Eu já tive problemas com auto-estima quando era pobre, quando era menor em estatura do que meu colegas, quando não namorei a mulher que eu desejava etc. Todos nós temos ou teremos problema de auto-estima. O que estou querendo dizer é que precisamos acabar com a idéia de racismo linguístico. Veja, uma dos maiores ídolos negros do Brasil, o Pelé, nunca casou com uma negra, será que isso não é racismo da parte dele? Billi Holliday foi explorada principalmente por negros, foi prostituta inclusive, mas teve sua glória reconhecida pela elite intelectual branca dos EUA e da Europa!!! Meu bisavô por parte de mãe era mulato, filho de uma negra com um português. Eu sou neguinho também cara.

    Orlando

    Ruypenalva

    Minha avó era branca. Loira de olhos azuis. Isso não me torna branco. E nem as pessoas que me discriminam estão preocupadas com a origem do meu DNA. O que importa é a cor. Do mesmo modo, seu bisavo mulato também não o torna negro. Ser mestiço é a condição intrinseca do ser humano, posto que não existem etnias puras. Se você fosse negro saberia que o racismo, no Brasil, não é linguistico. Saberia, com certeza, quando visse uma senhora branca segurar sua [dela] bolsa com força quando passar perto de você. Ou quando você quiser entrar no prédio onde mora e as pessoas perguntarem se você trabalha lá.

    Gerson Carneiro

    RuyzãoPenalva,

    Li todos os seus comentários. De riba à baixo. Você salvou minha onda. Finalmente, não estou sozinho. A coincidência é que tu também é baiano. Gostei do "Na Bahia, mermão, todo branco tem um nego na famía".

Valdete Moraes

Gente!
Vamos assinar o apoio ao Parecer do CEN
http://www.euconcordo.com/com-o-parecer-152010

Poir favor: não esqueçam!!!

+ uma vez, meus parabéns Olívia Santana por ter ido pra cim do Aldo que faz muito tempo se comporta como se tivesse recebido dos eleitores dele um mandato para ser contra nossas mais importantes bandeira e ainda mais sob a capa do PCdoB!!!

    Fabio_Passos

    Assinado.

joão bravo

Azenha, sei que este não é o melhor espaço,mas ajude-me a divulgarAssunto: ADEUS à tx da conta de telefone // REPASSEM SEM DÓ!

Todos temos a ganhar, basta ligar

Bom Dia Senhores …. eu liguei .. e é importante VOTAR .. é só seguir
as instruções abaixo …

Uma Boa Semana a Todos !!

ADEUS à assinatura de telefone// PELO ESPÍRITO DE CIDADANIA, REPASSEM
SEM DÓ!!!
É interesse nosso !!

Eu liguei ( é gratuito ) , é bem simples e rápido.

ADEUS A CONTA DE TELEFONE // REPASSEM SEM DÓ !!

CANCELAMENTO DA TAXA TELEFÔNICA de:

R$ 40,37 (residencial) e R$ 56,08 (comercial)
Quando se trata do interesse da população, nada é divulgado.
Ligue 0800 – 61 96 19

Digite 1 (um), aguarde, 1 (um), aguarde e, 1 (um)

Votar a favor do cancelamento da taxa de telefone fixo.

O Projeto de Lei é o de n.º 5476, do ano de 2001.

Esse tipo de assunto NÃO é veiculado na TV ou no rádio, porque eles não
têm interesse e não estão preocupados com isso. Então nós é que temos de
correr atrás, afinal quem paga somos nós!

O telefone a ser discado ( 0800-61 96 19, de segunda à sexta-feira das
08 às 20h00) é da Câmara dos Deputados Federais.

Passe para frente esta mensagem para o maior número possível.

LIGUE: 0800-619619 ….. Digite 1 (um), 1 (um),1 (um) .

Vamos divulgar!!!

Entrando em vigor esta lei, você só pagará pelas ligações efetuadas,
acabando com esse roubo que é a assinatura mensal. Este projeto está
tramitando na 'COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR', na Câmara.

Quantos mais ligarem, maior a chance.

Não adianta ficar só reclamando.

Quando podemos, temos que tomar alguma atitude contra os ladrões que
surrupiam nossas pequenas economias…

Envie uma cópia para TODOS OS SEUS CONTATOS!

Elias São Paulo SP

É sempre bom dissociar o ser humano de suas criações artísticas ou intelectuais. Muitas biografias causam espanto por depararmos com as incongruências entre a obra e a vida do autor(a). No caso de Monteiro Lobato o que se vê é um grande escritor com muitos conceitos e alguns preconceitos. E onde se vê melhor o verdadeiro Lobato é no conceito. Com bastante convicção ele defendeu idéias segregacionistas. Tanto as defendeu em seu íntimo e em suas cartas, que às vezes deixou escapar essas idéias verbalizando-as através de suas personagens. Por conseqüência deve ser revisto sim, sem endeusamento, e se houver outros também devem passar pelo mesmo crivo que não tem nada a ver com censura, mas com discussão para se chegar às verdades que sempre foram varridas pra debaixo do tapete da história brasileira.

Yacov

Penso que se a obra de Lobato é ofensiva de alguma forma para a comunidade negra, esta tem toda a liberdade de não lê-la, adquirí-la ou recomendá-la. Mas vamos combinar: censura na literatura, não tem cabimento, gente. O homem deve poder escrever o que lhe apetecer, doa a quem doer. Literatura é arte e arte, por definição é o terreno do ilimitado, do sem-fronteiras, da imaginação. Censura não. Blz?!?

"O BRASIL PARA TODOS não passa na gLObo – O que passa na glObo é um braZil para TOLOS"

Prof. Temístocles

continua

O etnocentrismo é uma característica inerente ao pensamento humano, e por mais que queiramos, não conseguimos ter o distanciamento necessário da "caixa socio-cultural" em que vivemos.

Creio eu que, muito da literatura que achamos aceitável sob vários pontos de vista, no futuro consideraremos racista, ou ofensiva a certos grupos.

Não sei porque fazer tanto alarde por causa da literatura de Lobato, quando vemos o que vemos na televisão: a secundarização do papel do negro, os personagens ricos das novelas todos tem sobrenome italiano ou de quatrocentão (nunca aparece um Silva).

Isso pra falar das novelas. Pior ainda são os telejornais, obras de ficção que nos empurram goela abaixo como realidade.

Na verdade, penso que a própria intenção de tutelar o pensamento do leitor tem um viés preconceituoso muito forte, pois parte do pressuposto de que as pessoas (que não o grupo de intelectuais "fazedores de rodapé") não possuem o senso crítico necessário para analisar o que lêem.

Fábio

A literatura de Lobato é racista, sim, assim como a de Mark Twain, ou a de Machado de Assis, Bernardo Guimarães, ou a de Dafoe, de Julio verne.

Ou vocês se esquecem as vezes que Tom Sawyer usa o termo "negrinho"? Ou o fato de Isaura, para ser heroína, precisar ser uma escrava de pele branca? Ou o fato de Robinson Crusoe ter uma relação de superioridade intelectual com sexta-feira? Ou ainda, o fato de que todos os personagens de Julio Verne autores de grandes invenções, grandes aventureiros, eram europeus brancos, enquanto que pessoas oriundas de outros povos aparecem como carregadores e outras coisas do gênero.

U.Garcia

Não se trata de crucificar Lobato, trata-se de outra coisa.
Vocês estão caindo no conto do vigário (ou, talvez, do PIG).

Como escreveu o Nei Lopes no Blog dele, http://www.neilopes.blogger.com.br/:

"Quanto ao burburinho atual, parece-nos que o foco da questão, mais uma vez, está sendo propositalmente deslocado. O que a militância negra quer é impedir que o livro de Lobato seja adquirido pelo Governo e distribuído às bibliotecas e escolas públicas. No mais, compre e leia quem quiser".

Pensei aqui em um pai negro lendo para a sua filha negra o seguinte trecho na hora dela ir dormir:

“Tia Nastácia (…) trepou, que nem uma macaca de carvão, pelo mastro de São Pedro acima (…) parecia nunca ter feito outra coisa na vida”

ou então:

“Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta. As onças estão preparando as goelas para devorar todos..”

Então a menina pergunta para o seu pai, que está lendo a história para ela dormir: "o que é isso papai?"

E ele responde: "É o Monteiro Lobato filha, ele é um gênio da literatura. Não discuta!"

Ninguém está atacando a obra. Mas eu não vou ler isso para a minha filha, escolho as "Reinações de Narizinho".

    Heitor Rodrigues

    Em um país onde o hábito da leitura é incipiente. Em um país onde as tiragens dos livros são mínimas, Em um país em que o ofício de editor é um ato de ousadia, e às vezes, de insanidade.

    Se a militância negra vai usar as mesmas armas que seus opressores outrora usaram para submeter seus antepassados, estamos muito mal. As tentativas de reescrever a história – ou de determinar o que os outros devam ou não, tomar conhecimento – são armas usadas desde sempre pelos que, no fundo, têm a pretensão de se impôr aos demais, ainda que disso não se dêem conta.

    Além disso, acho que a celeuma em tôrno de Lobato esconde o essencial, para variar. O PSDB vai ter que assumir sua plataforma privatizante, e Lobato foi um dos grandes brasileiros que lutou pela nossa independência energética. Foi um visionário. Esta polêmica arma a oposição. Desde guri, conheço gente que não gostava do escritor – principalmente alguns vizinhos, imigrantes italianos, inimpregáveis em sua pátria, e aqui convertidos em lacerdistas sectários. Tal fato não me impediu de aprender a ler nos livros do Lobato, não me tornou racista, e nem me fêz perder os amigos de infância. Os meus caminhos foram outros que não os dêles.

    Enquanto nos ocupamos com esta tertúlia, a direita acumula gordura para queimar em 2014, e às nossas custas. Os incomodados devem escrever seus próprios livros, expor suas próprias idéias, enfim, construir suas próprias realidades a partir do que somos e do que temos, o que não é pouca coisa, considerando o passado recente.

    E, se existe uma lei que abre espaço para que se persigam brasileiros mortos, que usaram suas vidas para colocar ao menos um tijolo nesta construção chamada Brasil, que mude-se a lei. É mais fácil, e evitaremos os riscos da higienização. Ou, daqui a pouco, teremos bibliotecas monotemáticas nas escolas públicas do país, um objetivo já explicitado pelos opressores de hoje, do Forum de Davos ao Tea Party, da CIA ao Pentágono, do PSDB ao DEM, do PIG à FIESP. Durante alguns anos, conseguiram tal objetivo nas bibliotecas de economia, e vejam no que deu.

    A perseguição movida pela Fôlha de São Paulo contra Dilma Rousseff, em busca dos arquivos do processo movido pela ditadura contra a Presidenta eleita, levantou muitas vozes clamando, novamente, pela abertura dos arquivos da repressão. Conhecer a História é essencial para conhecermos a nós mesmos. Tirar os livros de Monteiro Lobato das escolas é mais um passo na direção de fazer desaparecer da História do Brasil, conforme desejo expresso por Fernando Henrique Cardoso, a contraditória época de Vargas, cheia de idas e vindas, de avanços e recuos, mas afinal, um passo à frente dêste país que alguns pretendem que mantenha-se ´deitado eternamente em bêrço esplêndido`. Não conheço um livro sequer, que tenha obrigado alguém a lê-lo.

    O Govêrno de Dilma Rousseff vai ter uma casca de banana diária para tropeçar durante seus quatro anos. Na verdade, sequer esperaram a posse.

Aline C Pavia

Podemos botar notinhas de pé de página para contextualizar os livros.

Mas o mundo real não tem NUNCA notinhas de pé de página em lugar nenhum.

Estamos formando robôs desprovidos de inteligência e raciocínio.

Quando meus filhos forem ler Monteiro Lobato, vão ler a coleção que eu tenho em casa, anterior à reforma ortográfica da década de 70. E sem notinhas de pé de página. Prefiro ensinar meus filhos a pensarem por si próprios, pensarem e construírem a realidade, pensarem mais e melhor, pensarem para o mundo.

Jair de Souza

Nos últimos anos Aldo Rebelo vem se caracterizando por defender causas muito reacionárias. Na tentativa de aprovar lei para proibir o desenvolvimento natural do idioma dos brasileiros, foi buscar sustentação em gramáticos normativistas dos mais elitistas e reacionários (além de desconhecedores do funcionamento das línguas vivas) do tipo Napoleão Mendes de Almeida, e não em verdadeiros linguistas. Na época também se colocava como um defensor da brasilidade. Será que reacionários antipovo como Napoleão Mendes e Pasquale Cipro Neto viraram expressão de brasilidade? Na questão ambiental, sua aliança se dá com os representantes mais despudorados do agronegócio e do latifúndio. Portanto, nenhuma surpresa em seu posicionamento quanto ao parecer do CNE. Aldo Rebelo está em pleno processo de virar um novo verme Bob Freire. Fico feliz ao constatar nos comentários publicados em Vermelho que ele não representa a maioria dos militantes do PCdoB. Que alivio! Recomendo a leitura do livro Preconceito linguístico, de Marcos Bagno, (está na net) para melhor entender o comportamento de Aldo Rebelo.

Leo

Não tenho saco para este policiamento politicamente correto…

O que queriam os patrulhadores? Que a Dona Benta é que fosse negra contrariando a realidade da época? Cotas para personagens principais em livros? Desqualificar o grande autor e seu papel na cultura brasileira.

Acho que os movimentos que visam reduzir o racismo e outras discriminações seriam muito maiores se não se perdessem em pequenas coisas como esta.

Gerson Carneiro

Não estou entendendo aonde quer chegar o Antônio Gomes da Costa Neto,"conquanto cidadão e pesquisador das relações raciais", com suas ponderações.

E as novelas, filmes e peças teatrais que abordam o tema. Como ficam, como ficarão?

E na Bahia, com 90% da população negra, como trataremos nossa história.

É no mínimo descabida essa atitude do sr. Antônio Gomes da Costa Neto, é falta de assunto para pesquisar.
Não é o fato da pessoa ter contato com trechos eventualmente racistas de livros que se tornará um racista. Muitas vezes é o contrário. Eu preciso ter conhecimento do que não me agrada para poder ter condição de avaliar e poder dizer "isso não me agrada". Não é simplesmente camuflar. E a leitura é o melhor meio para proporcionar isso.

    Jair de Souza

    Estimado Gerson, desculpe-me por discordar. Aqui se trata de livros para trabalhar com crianças. É na infância que se adquire a maior parte dos conceitos que perdurarão pelo resto da vida. Na infância, a criança ainda não dispõe da capacidade crítica para perceber o que está por trás dos conceitos. Se colocarmos as criancinhas para estudar Mein Kampf sem nenhum esclarecimento, tenho muitas dúvidas de que elas venham a se tornar anti-nazistas. Acho mesmo que o oposto tenderia a ocorrer. E o CNE não está propondo que o livro não seja usado, propõe simplesmente que haja uma nota de esclarecimento. O restante é armação da máfia midiática, como parte do 3º turno. Quanto a Aldo Rebelo se aliar ao PIG neste caso, seu comportamento está de acordo com o que ele tem defendido nos últimos anos.

    Gerson Carneiro

    Caro Jair,

    "Na infância, a criança ainda não dispõe da capacidade crítica para perceber o que está por trás dos conceitos"

    Então por que despertá-las com a tal "nota de esclarecimento"?

    Cheguei a ler livros do Monteiro Lobato na infância e a estória e seus personagens eram envolventes ao ponto de não me despertar para tais questões que o pesquisador aí está levantando. Ou seja, a história e seus personagens eram o camelo, o bicho exótico que fascinava, e o pesquisador aí está procurando e querendo dar relevância às pulgas.

    Considero a questão uma tremenda bobagem. Para quê toda essa preocupação com os livros escritos para crianças, e não se atentar para o fato de que em seguida as crianças vão jantar, com seus pais e irmãos, muitas vezes assistindo cenas de sexo nas novelas da Globo?

    Orlando

    Gerson Carneiro

    Lobato deve estar muito feliz com você. A sua recusa em reconhecer os malefícios da leitura de Lobato para crianças negras, de certo modo, demonstra a sua empatia com as idéias racista e eugenistas presentes na literatura de Lobato. Direito seu. Você defender mesmo o seu direito de não gostar de negros ou nada que não seja espelho.
    No entanto, sendo você branco, querer impingir seu entendimento de Lobato às crianças negras extrapola o seu direito ou sua área de conhecimento.

    Heitor Rodrigues

    Caro Orlando, não creio que o Gerson tenha tentado impingir alguma coisa às crianças negras. Eu não ouso me colocar no lugar delas, ou de seus pais. Acho que êles saberão o que é melhor para êles e seus filhos. Quanto a mim, aprendi a ler nos livros de Lobato, que ganhei de minha mãe, uma mulata que os conhecia muito bem, e que achou que fariam bem à mim. Prá variar, estava certa.

    Gerson Carneiro

    Orlando,

    Deixa de bobagem. E não tire conclusões precipitadas sobre mim.Você nem me conhece.

    Na Bahia, em Salvador, crianças negras chegam a ser alfabetizadas no idioma Yorubá. Você tem noção do que seja isso? Essas crianças negras não estão nem aí para eventual racismo do Monteiro Lobato.

    Negro é forte, cara. Negro não se derrete com pouca coisa não. Quem deve estarfelizcomigo é Zumbi dos Palmares. Viva a Bahia! Viva a negritude baiana!

    Orlando

    Gerson Carneiro

    Concordo com você. Negro é um forte. 350 anos de escravidão e mais 150 anos de racismo não é para qualquer um…E, sobretudo, sobreviveu às tentativas de branqueamento da população e de figuras como Lobato e Nina Rodrigues….

    Acho que falar em nome de crianças negras ou o que elas pensam foge à sua área de conhecimento e experiência. Não és negro, logo, não tens como saber como pensa ou sente um negro.
    Quanto à Bahia [sou paulista mas filho de bahiano] é um dos estados mais racistas [senão o mais] do Brasil. Aí, o negro, realmente e infelizmente, conhece seu lugar….

    Gerson Carneiro

    Orlando,

    Não é necessário ser americano para saber como pensa ou sente um americano; assim como não é necessário ser um europeu, nem um talibã, nem um boliviano ou quem quer que seja, para saber como pensa ou sente quem quer que seja. Etnocêntrismo não serve para analisar esse tipo de questão, mas sim relativismo cultural. Senão teríamos que ser criança para falar sobre crianças.

    Senão direi para não falar em nome da Bahia porque não és um baiano.

    Ao falar sobre a Bahia você acerta em um ponto: aqui realmente o negro conhece o lugar dele.

    Quem quiser, vá ao Pelourinho falar qualquer bobagem para o primeiro negro que encontrar na rua. Aprenderá em um minuto qual é o lugar do negro baiano.

    Lazaro Ramos, negrão, saiu de uma escola de teatro do Pelourinho.

    Orlando

    Gerson Carneiro

    [[[[Não é necessário ser americano para saber como pensa ou sente um americano; assim como não é necessário ser um europeu, nem um talibã, nem um boliviano ou quem quer que seja, para saber como pensa ou sente quem quer que seja.]]]]
    No entanto, é fundamental morar no EUA e conviver com os americanos no seu dia a dia para conhecê-los. Ou morar na Europa para ver como vive o europeu. Ademais, é essencial falar a língua deles. Sou negro, todavia, sou diferente do negro americano. Falo inglês tão bem quanto o português e conheci vários negros americanos [moro em cidade portuária e trabalho com turismo]
    e, sem sombra de dúvida, o negro americano é diiferente do negro brasileiro. em que pese, o racismo presente tanto lá nos states e, igualmente, no Brasil. Gerson, o pelourinho, infeliamente, é o reduto dos negros baianos de sua história. E nos bairros de classe média alta de Salvador existem negros? Qual a percentegem de negros em relação aos brancos?

    [[[Ao falar sobre a Bahia você acerta em um ponto: aqui realmente o negro conhece o lugar dele.]]]

    Concordo com você.
    Na Bahia o negro, com certeza, conhece seu lugar: o gueto/reduto de resistência negra do Pelourinho. Pelourinho, o nome é bem sugestivo….

    Gerson Carneiro

    Orlando,

    para conhecer os americanos foi fundamental para mim que um americano, do texas, filho de um pastor evangélico americano morasse comigo (dividindo apto. em Salvador) durante 10 anos, e me contasse tudo do modo de vida dos americanos. Hoje o cara, vive em Los Angele e se sente mais baiano do que americano.

    E para mim não é essencial falar a língua deles. A prova maior é o Lula.

    E o racismo no Brasil não é igual ao racismo americano. O racismo no Brasil é sofisticado, enquanto que nos EUA não é. E se você quiser te explico o porquê.

    E concluo que você não sabe nada sobre o negro na Bahia. Em Salvador, no Pelourinho.

    Jair de Souza

    Sabe qual é a razão? É que a maior parte dos conceitos são assimilados inconscientemente. A criança exposta a situações frequentes em que os negros são apresentados como inferiores internalizará este conceito sem se dar conta de que está assimilando um preconceito racista. É em razão disto que quase todos nós temos uma série grande de preconceitos inconscientes que afloram quando a gente menos espera. O parecer do CNE é muito bom: não proibe o uso do livro, mas exige que seja inserida uma nota de esclarecimento na introdução. O que há de errado com isto? Em que diminui o valor da obra de Lobato? Vai acabar com o racismo com esta medida? Creio que não, mas é mais uma medida que contribui para atenuá-lo. Na verdade, se não houvesse o interesse do PIG de provocar o terceiro turno, o parecer do CNE não teria tido a repercussão que teve.

    Gerson Carneiro

    Agora sim você se aproxima do ponto que estou tentando explicar mas que até então ninguém está entendendo. O problema não é o autor chamar o negro de macaco. O problema é o negro se vê como macaco. Eu sou contra a aceitação. Quem quer que seja pode me chamar do que quiser (mesmo porque pode até responder judicialmente), o que não posso é absorver e me sentir o próprio. E qual será o nível que a pessoa tem que atingir para adquirir essa postura? Quando ela for capaz de pegar um livro, ler e concluir por si que tal livro aborda racismo por tais e tais motivos. E não simplesmente porque haverá no livro uma nota de esclarecimento.

    Gerson Carneiro

    Então sou a favor de estímulo à leitura, e que no caso a criança negra seja estimulada a estudar a sua história e a sua cultura e não se afastar delas, aí assim extirparia todo o mal pela raiz, não haveria Monteiro Lobato ou Nina Rodrigues capazes de tirar o orgulho da criança negra. Foi a falta desse estímulo que destruiu culturas indígenas e hoje faz com que tenhamos índios mendigando em várias partes do Brasil (inclusive na Bahia), como presenciei índios sendo humilhados em Mato Grosso (as pessoas humilhando-os, chamando-os de vagabundo, batendo e dando cachaça para eles).

    Orlando

    Gerson Carneiro

    Gerson Carneiro acho que, às vezes, é preciso ser negro para se entender certas coisas.

    Quando do fim da escravidão no Brasil, os negros, de certo modo, foram "demitidos" por justa causa. Ou seja, não receberam indenização por séculos de serviços prestados. Por outro lado, os donos de escravos foram indenizados pelo governo brasileiro. Ademais, em três anos, após a abolição, chegaram ao Brasil mais de três milhões de imigrantes brancos [indianos ou orientais, até 1920, eram proibidos], que ocuparam os, possíveis/disponíveis postos de trabalho dos negros recém libertos. Isso configura a tentativa de branqueamento da população brasileira feita pelo governo brasileiro. Com o apoio do sr Lobato é claro. Nessa época, em especial no sul do país, terras foram doadas a imigrigantes alemães que fundaram cidades onde a língua oficial era o alemão. Sem saída, o negro brasileiro ocupou as periferias e no Rio de Janeiro os morros. Marechal Deodoro que decretou que qualquer pessoa vagando pelo centro seria considerada vadia e presa. Obviamente os negros não estudaram e foram, em sua maioria absoluta, analfabetos até o início dos anos de 1960. Até a decada de 1960 nem a igreja, no Brasil, aceitava negros para serem padres. Infelizmente, ainda hoje, a maioria dos analfabetos desse país são negros ou não brancos.
    Tão importante quanto a leitura, e nisso eu concordo com você, é as crianças negras estarem preparada, em sua identidade e autoestima negras, para decodificarrm o racismo, não só na literatura, de Lobato ou qualquer outro escritor mas, sobretudo, o racismo subjacente e implicito no cotidiano de suas vidas.

    Gerson Carneiro

    Orlando, agora você começa a me entender. Se não for através de um outro modo de Educação realmente estimulante e eficaz, a história continuará sendo contada por quem não é negro, e as crianças continuarão acreditando que os negros se livraram da escravidão por um ato de bondade de uma princesa, filha de um imperador.

MirabeauBLeal

.
Quer ver coisa mais absurda do que essa do Lobato:

O IBGE classificar os brasileiros como BRANCOS, NEGROS e PARDOS.
.
Quando a menina do Censo me perguntou qual era a minha cor, citando essas 3 opções,

eu, que sou descendente de árabes, italianos, gregos, portugueses, espanhóis, africanos e índios,

me senti sinceramente constrangido em responder e até questionei a classificação,

muito embora soubesse que a recenseadora foi orientada para tanto e que estava cumprindo sua obrigação.

Ela, inclusive, me disse que se surpreendeu, quando recebeu a orientação inicial, no curso do IBGE.
.

    Orlando

    MirabeauBLeal

    Não existem "raças". "Raças" ou conceitos pseudo "raciais" como miscigenação são criações ideológicas ou politicas, não raro, feitas por que detem o poder. O uso do conceito de miscigenação, no Brasil, é politico e ideológico. Objetivos: no final do século XXI, era diminuir o número de negros para que a escravidão não chocasse a comunidade internacional, em especial, a Inglaterra, que exigia o fim da escravidão, e, hoje em dia, é dividir a comunidade negra brasileira em suas investidas em favor de reparações [ações afirmativas/cotas]. Grande blefe! O mundo é miscigenado desde sempre. Isto é, os povos se misturam há milênios. No Brasil, sobretudo, o que determina o racismo é a cor da pele – já dizia Oracy Nogueira. E nesse sentido, negros, pardos ou mulatos, são todos negros, posto que todos sofrem, do mesmo modo, com o racismo no Brasil. Sou negro [cor negra], todavia, tenho sangue italiano, português, negro, índio etc.. Mostre-me um brasileiro [ou ser humano] puro sangue e estarás diante de um Alien.

    parte1

    Absurdo é o Brasil querer passar-se por branco, seguindo o modelo eugenista traçado no final do século 19. Para alguns era mais confortável quando o recenceador do IBGE tinha livre arbítrio para determinar a etnia dos pesquisados. Nada como a leitura da história do país para entender a mente de seus habitantes.

    Deusdédit R Morais

Beto Crispim – BH

Sempre considerei as obras de Lobato com muito teor racista. Sim, o Conselho acertou em cheio no parecer. Quanto ao Aldo, há muito que ele tenta agradar a elite.

    Jairo_Beraldo

    Não culpo Lobato pela obra que coloca o negro na cozinha. Ele é da época que acabava com a escravatura, e convenhamos, Tia Anastacia(veja bem, a colocou como uma da familia), é uma personagem bem simpática, e com autoridade familiar na correção dos protagonistas. E coloca, como na bíblia…VINHO…e porque não WHISKY, CACHAÇA, CONHAQUE, VODKA?

Cícero

Enquanto isso… Na sala de Justiça da bat-caverna do MEC, os batmans, robins e mulheres maravilhas do CNE passam horas e horas debruçados sobre a obra de Monteiro Lobado, tentando entender, 70 anos depois, por que as crianças do sítio mataram a onça…. ORA, vai catar coquinho, vai procurar o que fazer cambada de folgados!

    Heitor Rodrigues

    Daqui a pouco, um ambientalista vai tentar restringir a obra de Lobato por terem matado a onça. E quando chegarem nos Doze Trabalhos de Hércules, aí f…u. O herói matou o Leão da Neméia, a Hidra de Lerna, foi atrás do Minotauro… Vão acabar queimando os livros do Lobato em praça pública. Eu, heim!

Wanderson Brum

Era uma vez um conselho que não podia emitir conselhos e…Bem o resto da estória coleguinhas basta ver a repercursão da "censura" do CNE. Algo muito dubio aliás há a suposta "censura" a obra de Lobato tida como indevida por muitos estes que de um modo geral alegam isto com a fundamentação digna da fabula dos porquinhos, de autoria de ex-candidato, a profundidade que tal argumentação expõen não vai além de alegações minimizadoras do racismo de Lobato, e por consequência do nosso racismo, e da sua importância. A outra censura orquestrada com base na "comoção" criada pela ameaça ao patrimonio nacional que é Lobato, não que ele não seja mas o clima criado sobre questão me parece meio artificial.

Engraçado como o termo "censura" tem sido usado e abusado ultimamente, obvio que isso pelo peso simbolico que o mesmo carrega, e que esse uso politico da expressão se dá em muitas vezes quando a argumentação carece de fundamentos validos quisquer…

Sim, por ultimo não dúvido do valor da obra de Lobato reafirmo isso, todavia também não concordo com a representação d@ negr@ que autor perpetua, tão pouco a tentativa de minimizar o impacto disso, creio que dai venha outra questão é a da representação ou melhor dizendo sub-representação d@ negr@ na literatura brasileira, seja como autor ou como personagem, que algo é escandaloso.

Se importante ler Monteiro Lobato digo que é mais importante ler o grande Lima Barreto e seu Brasil real, sem prejuizo ao ludismo do primeiro, pra se formar um senso critico verdadeiro nos nossos futuros e atuais leitores.

Cícero

Tem tanta coisa mais importante pra se preocupar na questão cultural, e o CNE fica aí gastando o tempo com as entrelinhas de uma obra publicada há mais de 70 anos. Dá licença, mano. A função do CNE é auxiliar o MEC a estabelecer diretrizes para o ensino no país. Vai trabalhar cambada de …

Cícero

Já que o CNE achou devido pontuar com notas explicativas a citada obra de Monteiro Lobato, então deveria marcar também trechos de romances tranformados em novelas exibidas e reapresentadas pela Globo no período da tarde ("Vale a pena ver de Novo"), epecialmente as que tratam de temas como racismo, escravidão e exploração da mulher, como, p. exemplo, "Sinhá Moça" (romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes), com cenas que mostram escravos sendo tratados à base de chibatada; ou adaptações como "Escrava Isaura" (inspirada no romance de Bernardo Guimarães), cujo enredo enfatiza a exploração da escrava Isaura com tomadas de violência sexual e apelos pornográfico.

Cícero

Se é pra sinalizar trechos de obras que induzem ao racismo, que fomentam o preconceito, que pregam o machismo ou seja lá o que for, então o MEC, através do CNE, vai ter de examinar toda a produção literária nacional.

Marcellus S.

Quando o estapafúrdio vira norma, temos aí um perigo real. Uma obra de arte não é feita de detalhes descontextualizados. Ela contém um todo, que expressa seu espírito e sua intenção. Uma obra anti-racista pode conter passagens racistas, justamente para expor a barbárie desse sentimento. Sequer é este o caso, de um desmedido tão grande que torna até constrangedor qualquer discussão sobre o assunto. Onde iria-se parar com tamanho disparate e exemplo mais patético de falta de inteligência governamental? Tal denúncia, que ultrapassa a fronteira do ridículo, deveria ser sumariamente barrada em instâncias superiores, sob risco de inaugurar-se o descalabro nacional da proibição de obras consagradas e imortalizadas universalmente pelo seu alto valor artístico e capacidade de enriquecer o entendimento a respeito da natureza humana. Parece coisa de desocupado querendo mostrar serviço. As políticas inclusivas desse ótimo governo já caminham acertadamente para a correção de injustiças sociais vergonhosas. Não precisam de episódios demagógicos e da mais pura cegueira intelectual como este. Menos. Tenham santa paciência…

    Orlando

    Marcellus s

    Vamos então liberar, em todos as escolas, Mein Kampf do Hitler. Já que Lobato ser racista e escrever livros com teor racista não é algo que cause malefícios/incomode ou baixe a autoestima de alguém – tudo bem!

    Thais

    Poxa, Orlando,
    O que importa a auto-estima das crianças negras ante uma obra de arte consagrada?

    Se fossem crianças italianas, judias, tudo bem, mas… negras?!?! Aonde é que esse mundo vai parar?!

    P.S.: refiro-me ao fato de a sociedade reconhecer imediatamente (e combater) ALGUNS preconceitos, MAS NÃO OUTROS, infelizmente.

    Marcellus S.

    Permita-me citar o presidente da ABL, Marcos Vinicios Vilaça a respeito do episódio:
    “Um bom leitor de Monteiro Lobato sabe que tia Nastácia encarna a divindade criadora, dentro do sítio do Picapau Amarelo. Ela é quem cria Emília, de uns trapos. Ela é quem cria o Visconde, de uma espiga de milho. Ela é quem cria João Faz-de-conta, de um pedaço de pau. Ela é quem “cura” os personagens com suas costuras ou remendos. Ela é quem conta as histórias tradicionais, quem faz os bolinhos. Ela é a escolhida para ficar no céu com São Jorge. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afrodescendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica”.
    A obra de Monteiro Lobato não é racista, não faz apologia do racismo. Muito pelo contrário. É muita obtusidade considerar isso dessa forma. Essa é a questão.

    Marcellus S.

    Mein Kampf Orlando? Monteiro Lobato? Hitler? Faça-me o favor… nem sei o que dizer… abraço!

    Heitor Rodrigues

    Marcellus S.,

    Fechado contigo. Acho que esta palhaçada está a serviço de outros fins, que não o declarado.

MArcelo

Essa é a lógica de socialistas e comunistas.
Patético. Você ajudou a abrir a caixa de Pandora.
Agora vire-se.

    Yacov

    Hummm.. 'Tá boa santa!?!?! Essa não é lógica de comunistas e socialistsa coisa nenhuma, meu amigo!!! Vc está muito mal informado ou mal-intencionado. Essa é a lógica do "preconceito", que está na base do sistema capitalista-consumista que vc preza tanto. Sistema que provoca desigualdades e divisões tremendas na sociedade. É óbvio que sempre aparecem "fundamentalismos" como reação a este estado de coisas. MAs no final o bom senso há de prevalecer.

    "O BRASIL PARA TODOS não passa na gLObo – O que o passa na glOBo é um braZil par TOLOS"

FatimaBahia

Vou sintetizar a minha opinião: PALHAÇADA!

A esses fundamentalistas só falta pedir que se lance livros na fogueira!Como bem lembraram comentaristas abaixo,incluam Graciliano,Jorge Amado…e não esqueçam da Bíblia.
Esse tipo de patrulha ideológica é que acaba contaminando o que realmente precisa ser enxergado e defendido pela sociedade.
Isso me dá um cansaço…!!

    Orlando

    FatimaBahia

    Não se trata de patrulha ideológica. O Brasil, infelizmente não gosta de se olhar no espelho. Somos racistas. No entanto, esssse racismo não atinge as crianças brancas. E sim as crianças negras. Lobato era racista e eugenista e odiava tudo que não fosse espelho. Em que pese a excelência de sua literatura, a mensagem de seus livros é, desde sempre, nociva à autoestima de crianças negras e por isso tem, sim, que ser proibida nas escolas. Só nas escolas. Quem quiser compra-los ou lê-los que os compre na livraria mais próxima de sua casa.

    Heitor Rodrigues

    Ou talvez as crianças negras devessem ter a oportunidade de lê-los, se quizessem.

    FatimaBahia

    Esta é a questão!Enquanto ficamos aqui dias discutindo o que fazer com clássicos da nossa literatura que retratam uma realidade de uma época,o racismo segue crescendo e frutificando disfarçado nas entrelinhas da nossa realidade atual.
    Ao meu ver,isso é desperdício de energia e de foco além de,me perdoem os intelectuais do pedaço,masturbação intelectual pseudo cultural!E em nada contribui para o presente e o futuro,ao contrário,desmoraliza o discurso.
    Minha opinião,sorry!
    Cansei de ver amigo paulista chegar aqui e achar "engraçado","bunitinho" o nosso sotaque!ou amigas do sul/sudeste dizerem que "estou a fim de pegar um negão",como se fossem cometer um ato exótico,experimentar uma comida rara!e pior,nem "pegam" o tal do "negão",ficam só na fala e na imaginação!Então,desculpem amigos,mas como bahiana,conheço bem como é se relacionar com todas as cores de igual pra igual e como é discursar contra racismo,da boca pra fora, ou em monografia e defesas de tese.
    No final de tudo,acho isso fruto de americanização(do norte) do nosso debate,mais uma vez importação do discurso e métodos dos nossos irmãos estadunienses,tão diferentes!

    Gerson Carneiro

    Porra, por que que os baianos (ruypenalva, gerson carneiro, e fatimabahia) têm a mesma opinião?

Clóvis

Imagina o que vão fazer com Vidas Secas? E o Jeca Tatu? Xiiiii, que escritor vai sobrar? Só parnasianos mesmo… e olhe lá! Se a leitura for feita buscando (querendo) preconceitos nem navio negreiro sobra…
EU sempre achei que as personagens negras de Monteiro Lobato eram SENSACIONAIS, verdadeiros exemplos, pessoas bondosas e com sabedoria. Mas, se vc quiser ver o negro infantilizado e não num livro infantil acho que deve dar.

    Jair de Souza

    Queira me desculpar, mas com Vidas secas ocorre justamento o oposto. Ali há valorização do sertanejo, não há nenhuma discriminação preconceituosa o nordestino. Busque outro exemplo para tentar justificar a imunidade que deveria ser dada a Monteiro lobato.

Zhungarian

Acho que o problema não se reduz a dizer que trata-se de obra literária e, portanto, imune à crítica. Trata-se de crianças que lerão o livro. A criança, em geral, não tem o senso ´crítico de perceber algum tipo de preconceito no texto de Lobato.

Trata-se de algo mais sutil. Uma espécie de anuência silenciosa da inferioridade do negro. É como se o negro, para ser bom, devesse buscar valores na "raça branca". Devesse identificar-se com os valores dos brancos habitantes do sítio.

Não se trata de uma censura, mas de uma contextualização do livro. Não vejo razão pra tanta celeuma.

Armando do Prado

O próximo passo é retomar a demonização de Prestes e outros que combateram a ditadura. Parece que o casal Serra está fazendo escola.

    Jair de Souza

    Na verdade, os que odeiam Luiz Carlos Prestes são os que estão comandando a campanha contra o justo e sensato parecer do CNE. Não inverta a coisa!

José Carlos

O racismo nunca irá acabar, ou somente irá acabar quando desaparecerem as diferenças.
O que é preciso é que os prejudicados possam e saibam se defender, e que os canalhas possam ser vistos.
A nossa FORMA de pensar é mais determinante para o que somos ou seremos do que O QUÊ pensamos.
Parece que até Dostoievski entrou na jogada. Aliás, Fiodor foi viciado em jogo.
O que queremos? Que nos filhos cresçam com literatura dirigida? Com vida dirigida, em suma?
Boa literatura, para qualquer idade, é uma das maiores oportunidades de crescimento, porque nos põe em contato com tudo o que é humano.
Walt Whitman era gay, e seu Folhas da Relva está repleto de homossexualidade. As escolas norte-americanas deveriam bani-lo? Dirão que não é comparável ao caso de Lobato. Respondo que, se pode ser considerado desagradável para alguns pais que seus filhos leiam um racista, pode ser desagradável para outros pais que seus filhos leiam um gay.
São quarenta e seis anos de vida vendo tanta gente em meu país confundindo Ensino – papel da escola, com Educação – papel dos pais, da família, etc.
É compreensível que os negros se incomodem. É justíssimo, e o que foi feito com os povos africanos NUNCA poderá ser compensado. Mas o racismo estará sempre lá fora, não na tinta impressa. Os conflitos, o Mal, o Bem, a vida sempre estará lá fora, e nossa obrigação é tornarmos os nossos filhos fortes.
Um livro nas mãos de um néscio é perigoso como uma espada. A escolha do que ler em outras mãos que não sejam as das crianças é a bomba atômica para o espírito livre.
Eu não me incomodaria se o caso fosse apenas o de eliminar Lobato das escolas, ou seja, o "quê" do pensamento. A questão é o COMO.
Para quê proteger as crianças de Lobato, se as entregamos ao televisor? Já não estará claro, a esta altura, que ler QUALQUER COISA (ok, quase qualquer coisa) é melhor do que a onipresente TV?
Lobato ou Datena, às tardes?
A Fazenda ou o Sítio?
E as caçadas do Pedrinho, meu deus! Já vejo o Greenpeace em passeata, desfilando com livros ensanguentados de Monteiro Lobato!

Newton

Não conheço os integrantes do CNE, mas estou começando a achar que eles são adeptos daquele triste slogan de FHC: "Vamos acabar com a Era Vargas!"… Sobrou pro Monteiro Lobato! Querem desqualificar nosso grande escritor porque ele foi nacionalista, um artista genuinamente nacional, que evidentemente acertou e errou dentro das limitações de sua época. Além disso, foi um defensor ferrenho do petróleo brasileiro, numa época em que as 7 Irmãs – já com o auxílio de seus jornalistas amestrados – zombavam da hipótese – hipótese!!! – de termos petróleo. Tá me parecendo que pessoas de estatura intelectual, artistica, política ou popular bem menores do que a dele estão usando esse "ataque" para se sentirem maiores do que são.

    Fabio_Passos

    Ou será que cidadãos não estão apenas fazendo uma defesa para que os negros não se sintam estigmatizados e menores do que são?
    A recomendação é de uma nota alertando os leitores para estereótipos raciais em obras clássicas.
    Se realmente houver estereótipo racial em uma obra, por melhor que seja, isto não deve ser alertado e discutido criticamente?

    Não creio que a brilhante defesa do Monteiro Lobato pela defesa do nosso petróleo esteja em questão.

    Mabel Carneiro

    "menores do que são"
    Os negros? Foi isso o que escreveu. Se não foi, poderia se explicar melhor?

    Fabio_Passos

    …para que os negros não se sintam estigmatizados e menores do que são?

    …para que não se sintam estigmatizados e diminuidos?
    …para que não se sintam estigmatizados e inferiorizados?

    Jair de Souza

    Já fosse assim como você está colocando, nossa direita furibunda não estaria na linha de frente de oposição ao parecer do CNE. Aliás, o CNE sugere (com muita propriedade) que a nota de observação seja inserida nos livros do PNBE, ou seja os livros que serão usados pelas escolas públicas do ensino fundamental (as que trabalham com crianças). É nesta fase da vida em que os principais conceitos são sedimentados na mente humana, daí a importância do esclarecimento. O CNE não está impedindo que nas universidades se use o livro sem nota de esclarecimento. Parabéns aos integrantes do CNE!

    parte1

    Só para constar, no quesito "civilização" -e não me venha falar em politicamente correto- grandes escritores não são jamais racistas, sexistas, classistas. Pois são antenas da humanidade, e como tal não se dão ao direito de perpetuar a estupidez humana.

    Deusdédit R Morais

Sérgio Cruz

Caro Azenha,

Já que você abriu o debate em seu blog, quero dizer qie concordo com a opinião do Aldo e sugiro também a leitura do belo artigo de Carlos Lopes, publicado na última edição do jornal Hora do Povo. O artigo intitulado "sobre Monteiro Lobato e os conselhos dos conselheiros" fala sobre essa decisão imbecil do CNE. O site é http://www.horadopovo.com.br.
Um grande abraço

Sérgio Cruz

Mauro A. Silva

Já publiquei uma resposta no outro post:

O ex-comunista, o Saci e o rato.
Publicado em 8 08UTC novembro 08UTC 2010 por Mauro A. Silva

Ao chamar o Conselho Nacional de Educação (CNE) de “tribunal literário” (“Monteriro Lobato e o tribunal literário”, Folha de São Paulo, 07/11/2010), o ex-comunista Aldo Rebelo demonstra toda a sua hipocrisia, pois é dele justamente uma proposta para criar “comissões específicas com a finalidade de elaborar os respectivos glossários contendo sugestões de termos equivalentes no vernáculo ou resultantes do processo de aportuguesamento” (artigo 5º do Projeto de Lei PL 1676/1999 – “Dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa e dá outras providências”). Destaque-se que o PL 1676/1999 propunha até multas para quem usasse palavras estrangeiras: multas de 1.300 a 13.000 UFIRs!

(…)

Quanto ao ex-comunista Aldo Rebelo, empenhado em agradar à bancada ruralista com seu parecer sobre o Novo Código Florestal, destacamos que sua maior contribuição à “cultura brasileira” foi apresentar o projeto de lei PL 2762/2003 (Dia do Saci)… Não contente com isso, o ex-comunista aflora o seu fanatismo religioso, propondo um “santo ofício da língua portuguesa” para fiscalizar, controlar, e punir quem ousar falar ou escrever palavras estrangeiras… Aprovada a “nova inquisição portuguesa”, toda vez que usarmos o “mouse” do computador, vamos ter de imaginar “um rato” por culpa e obra do ex-comunista Aldo Rebelo.
http://blogdomaurosilva.wordpress.com/2010/11/08/

    Mabel Carneiro

    Escrevi um comentário em seu blog. Muito bom o seu artigo-resposta para a arrogância do deputado Aldo Rebelo

Osvaldo

O próximo passo é descobrir que Mandela é racista

PAULO ANGELO (MG)

Se Monteiro Lobato fosse LEITURA OBRIGATÓRIA, nos bancos escolares, o Brasil já estaria no primeiro mundo há muito tempo!
Seus livros infantis, sao uma OBRA PRIMA, se cidadania, liberdade, democracia, justiça social, em uma linguagem universal, e ABSOLUTAMENTE FASCINANTE, para crianças e adolecentes!
Uma BLASFEMIA esse parecer!

    Orlando

    PAULO ANGELO

    Seria tudo uma maravilha. Se os livros não tivessem conteúdo racista e se, sobretudo, o autor [Lobato] não fosse assumidamente e notoriamente racista e eugenista. Mas é claro, você não deve ter filhos negros….

    Francisco

    Ensino história contemporânea e oriento meus alunos a lerem um dos capitulos de "Minha luta" de Hitler. Não conhecer é infinitamente pior do que se indignar. Monteiro Lobato é brilhante. Quem quiser que a literatura seja melhor que a que ele faz, ESCREVA!!!!!!

    Outra: o povo negro sofre muito mais no dia a dia com racismo na rua e na TV do que numa página de Lobato. O presente nós podemos mudar, o passado, não devemos!

    PAULO ANGELO (MG)

    O Monteiro Lobato viveu no início do século XX, onde racismo era visto naquele contexto. Os facistas da época tinha ódio mortal do Lobato porque sua obra pregava exatamente o contrário dos racistas de sua época.
    É uma avaliaçao simplista e equivocada misturar o Moonteiro Lobato com essa turma citada, esses sim os verdadeiros racistas e eugenistas.
    Reafirmo o que disse anteriormente, e se fosse presidente a leitura do Monteiro Lobato seria obrigatória!
    É preciso sempre contextualizar as obras literárias, se nao poderemos cair na vala comum dos censores de todas as épocas!

    parte1

    Monteiro Lobato seria sim genial se não fosse racista e um claro plagiário de fábulas d´alem mar. Um pouco de cultura universal não faria mal a você. E, além do mais, um pouco de leitura histórica e política também te ajudariam a entender por que o Brasil não está no que você denomina como "primeiro Mundo" -pode haver expressão mais denunciadora do baixo nível de uma pessoa do que esta?
    Deusdédit R Morais

    maria andrea

    Sou uma mulher negra e sim li muito Monnteiro Lobato. As representacoes que ele faz das personagens negras sao sim detrimentais para as criancas negras e acho que isso merece ser discutido sim

Laura Antunes

Abaixo um comentário do qual gostei e apoio. O PCdoB precisa emitir uma opinião depois dessa lambança.

AGORA É ESPERAR O PCdoB!
10/11/2010 12h14

Parabéns Olívia! Mas vamos esperar que o Partido se pronuncie, pois o deputado Aldo Rebelo, além de desqualificar o Conselho Nacional de Educação, desqualificou uma mulher negra, Mestre em Educação pela UFMG, com doutorado em Antropologia pela USP, professora da Faculdade de Educação da UFMG, indicada para o Conselho Nacional de Educação por organizações acadêmicas que refletem as questões étnico-raciais: exigimos respeito!

Erisvaldo Pereira dos Santos
Contagem – MG
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia

Zé Carneiro

Deveriamos proibir musicas como mulata assanhada ( do "branquelo" Ataufo Alves) , nega do cabelo duro, feitiço da vila,negro gato e varias outras cançoes "racistas". Karl Marx também costumava fazer piadas de judeus.Ora faça-me o favor! É muita demagogia. Essa censura coisa de gente burra e rascista.

    Ian

    Disse tudo,Zé! Do jeito que a coisa vai, logo logo vão fazer uma "revisâo" nas várias formas de expressão artística brasileira. Já pensou CD com "nota explicativa" pra cada composição politicamente incorreta? E nos textos teatrais, hein, como essa turma vai aumentar a quantidade de jetons ,já pensou? E é essa gente que pretende cuidar da nossa educação…

Laura Antunes

Fiquei encantada com a elegância da vereadora Olívia Santana em seu artigo. Evidente que é um artigo que responde ao do deputado Aldo Rebelo, mas ela saiu por cima da carne seca. Enquanto que o dito "reserva moral da república", perdeu as estribeiras e se mostrou por inteiro. Lamentavelmente, pois eu o tinha em outra conta.
Convido a todos que leiam os comentários dos dois artigos no site do PCdoB, o Vermelho: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticiahttp://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia

joe

"Nota" em livro de ficção?????????
Só pode ser brincadeira, né????
Talvez não seja o caso de se verificar se as escolas estão dando "ferramentas" para que o aluno
consiga entender o que envolve a expressão, o contexto, o próprio autor (racista) e etc….
Basicamente se os alunos tem a capacidade de interpretação de texto?????????

    José Carlos

    Concordo contigo. O que deveria estar em jogo é se há Ensino. Educação é papel dos pais.
    As crianças vão crescer sem saber realmente ler, se forem tuteladas.

Fabio_Passos

Não vejo problema em uma nota que alerte o leitor sobre como Monteiro Lobato era fruto de seu tempo.
Isto não desmerece a importância dele.

    Orlando

    Fábio_Passos

    Engano localizar Lobato na primeira metade do século XX. Seu racismo, tendo em vista, a enorme resitência de setores da sociedade brasileira em reconhecer que seus [Lobato] livros são nocivos à autoestima de negros, em especial, as crianças negras é [racismo] sobretudo presente. Racismo que, ainda hoje, permeia o debate étnico no Brasil. Não é [racismo] tão virulento e explicito como na época de Lobato. No entanto, é tão cruel quanto. Lobato era assumidadamente racista e eugenista. Confesso admirador da segregação étnica americana e simpatizante das idéias eugenistas de Nina Rodrigues, médico eugenista brasileiro. Ademais, Lobato defendia o embranquecimento da população brasileira via imigração de europeus brancos.

    Fabio_Passos

    Tem razão, Orlando.
    Ainda hoje.

    José Carlos

    Legal, Fábio, vamos imprimir uma nota explicando que Lobato era fruto do seu tempo para as crianças da 5a, a 8a. série. Mas porque diabos não deixá-las simples e tão somente ler?

    Fabio_Passos

    Deixa ler e ainda alerta.
    Qual o problema?

Wandeson Brum

Monteiro Lobato tem inumeras virtudes mas vamos lá também teve os seus tropeços isso é humano, agente tem que pensar é em como lidar com o problema, e não em como minimiza-lo para não resolver…

Há só para inticar mesmo, é só um chiste se for demais me desculpem, porém ao que me parece apesar de patriota o nosso amigo lobato tinha lá a sua preferência por uma massa cheirosa…

Marcelo de Matos

Quem leu Dostoiewsky sabe que ele critica os judeus. Então não devemos mais ler esse autor porque ele era anti-semita? Os autores clássicos não eram cobrados por suas opiniões, como hoje. O conde Tolstoi era monarquista. Deve, também, ser alijado de nossas estantes? Não há nada que encha mais o saco que esse paroxismo do politicamente correto. Nos campos de futebol os jogadores negros sempre foram apelidados de carvão, grafite, petróleo, etc. Os branquelos, de papel, algodão, leite, etc. Tudo numa boa, até que surgissem as pessoas interessadas em criminalizar qualquer brincadeira. Só faltava isso: censura nos campos de futebol e nas salas de aula, com relação à literatura clássica.

    Orlando

    Pergunte a um Judeu o que ele acha da criticas de Dostoiewsky à comundidade judia.

    José Carlos

    Pois é, Orlando, mas tem de ser um judeu interessado em Literatura, e não somente em ler o que lhe agrada de antemão. Porque do contrário ele não leria Dostoievski, ou qualquer outro autor, por temer ser incomodado.
    Pergunto: quantos clássicos anti-semitas nos deixou o Terceiro Reich? Nenhum! Só nos deixou a horrenda realidade dos campos.
    O quão eram letrados os nazistas? Liam Dostoievski?

    Alex

    No dia que Dostoiévski for leitura infantil, eu gostaria que as opiniões do autor fossem contextualizadas para que as crianças, leitores em formação, entendam que aquelas idéias não são necessariamente certas.

    José Carlos

    Caçarola, Alex. Todos os autores de todos os livros, e eu que não sou autor de nada, não estamos necessariamente certos. Vamos imprimir isso em todos os livros?

renan548

Bem, Azenha… sou grande fã do Lobato. Devoro seus livros. "O sítio do pica pau amarela" é uma das maiores realizações literárias que nosso país já produziu. Gênio!

Wandeson Brum

Estive agora no Blog do Grande Nei Lopes sambista de primeira, escritor e pequisador de primeira sobre o legado civilizacional africano e afro-diásporico, lá tem uma postagem sobre como Monteiro Lobato enchergava mestiçagem, vai a qui um trecho do post, que quiser mais ponga no link:

“Estive uns dia no Rio (…). Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi ?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!… (in A barca de Gleyre. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).
http://www.neilopes.blogger.com.br/

    Fabio_Passos

    Impressionante.
    Não sabia que Monteiro Lobato pensava assim.

ebrantino

Logo que este assunto surgiu, enviei uma comentário que foi publicado no Nassif, indignado com a inabilidde e a inoportunidade do encaminhamento. Acredito, mesmo, que o motivo original tenha sido bastante inocente, o desejo de aparecer, de quem "denunciou" o "racismo" de Lobato. Tenho lido o que saiu a respeito, e continuo com a minha opinião – Lobato deve ser fornecido sem restrições às crianças, gerações de brasileiros leem livros porque se encantaram com o Lobato. Grande escritor, grande brasileiro, grande paulista, grande patriota. Depois de tudo o que foi escrito agora não acredito que exista um professor que não tenha adquirido a habilidade de contextualizar a obra. Nem seria necessário, mas vá lá.
Entretanto, SERIA BOM ENTENDER que essa celeuma toda está sendo instrumentalizada pela chamada "grande imprensa" para matar dois coelhos de uma cajadada: a) Ridicularizar o Ministério da Educação, dar-lhe a pecha de autoritário, favorecendo, de quebra a escola particular, "onde não se cometem essas tolices"; b) sugerir que o Brasil está se tornando autoritário, o governo querendo meter-se em tudo. Não fosse esse duplo objetivo alguem acha que a imprensa teria fomentado a celeuma por dias e dias em todo o Brasil? Convenhamos… E deixemos o Lobato às crianças, que elas merecem.
Ebrantino

    Orlando

    ebrantino

    Com certeza és branco. E creio que tu não tens filhos negros. Logo não sabes o prejuizo que o racismo embutido nos livros de Lobato faz à autoestima de crianças negras. Cara, lobato era racista e eugenista e não um santo inocente. Culto como era ele sabia que seu ódio a tudo que não fosse branco não era correto.

    ebrantino

    Orlando, infelizmente não nos conhecemos, ou não poderias supor o que disseste. Ocorre que aprendi a gostar da leitura com o Lobato, e também a ser racional, a amar o Brasil e o seu povo, e sugiro que leias novamente os livros infantis do Lobato, procurando fazê-lo com os olhos de uma criança, e vais ver que ali não há nada a proibir. Alias livros não se devem proibir, o que se deve EVITAR, especialmente neste espaço democrático, é a intolerancia. E também é importante combater ideías com ideias e não com a desqualificação do autor delas.

    Marola1

    Pimenta nos olhos dos outros não arde.

    Orlando

    Ebrantino

    Tudo é muito relativo. Quando dizes ou insinuas que os livros de Lobato não são nocivos às crianças negras em função do seu, explicito, racismo – para mim, isto me parece intolerância. Posto que desconsideras o malefício que a leitura desses livros do Lobato causam à autoestima de crianças negras.
    Somos, no Brasil, extremamente racistas e preconceituosos, todavia, dissimulamos tudo com muita hipocrisia. Falo duro. Mas não sou desleal ou intolerante – entretanto não sei lidar com algo [racismo] tão sério, com a atitude do avestruz…
    [[[…a amar o Brasil e o seu povo,….]]]] Ebrantino amar o Brasil e seu povo é, sobretudo, vê-lo [Brasil]como ele é não dourar a pilula. E também é tratar seu [Brasil] povo com respeito e, acima de tudo, ser franco e direto/honesto nos posicionamentos com esse sofrido povo brasileiro. Com você tenho sido franco e honesto em meus posicionamentos. Jamais intolerante. Lobato, escrevia livros para crianças brancas de um país racista, quase como um manual de como tratar negros. Na verdade, o racismo de Lobato, não é passado é o presente do Brasil. Só que com uma roupagem mais hipócrita.

    RBM

    Seu último parágrafo vai no ponto fundamental dessa celeuma fabricada.

Mauro Silva

Caro Azenha
Sou do tempo do exame de admissão.
Estudei em escola pública do primário à universidade.
Li quase tudo de Monteiro Lobato e nem por isso sou racista.
É incrível como certas "opiniões", como a da ilustre vereadora de Salvador, passam ao largo da capacidade de reflexão, que este grande escritor, Monteiro Lobato, contribuiu e contribuiu a sedimentar em todos que o lêiam.
Concluo que esses "cuidados", esse patrulhamento, sobre o que seja "bom" para o povo nunca termina bem.
Sou do tempo, também, que se assistia filme de bang-bang na sessão da tarde e nunca se ouviu, naqueles dias, criança de 11 ou 12 anos com dezenas de homicídios nas costas.
Essa é notícia atual, e o que se assiste na "sessão da tarde" hoje em dia: bicho que fala; criança que conversa com animais e coisa desse nível.
Prefiro o "quindim", o "visconde", o "major agarra e não solta mais" e todos aqueles demais personagens do Sítio.

Leandro

Curioso! Quando da eleiçõ do Obama, (re-)lançou-se um livro de Monteiro Lobato chamado "O PRESIDENTE NEGRO", em que, num futuro relativamente à época da publicação do livro, um negro e uma mulher disputariam a Presidência no Brasil

adroaldo lima l.

como dizem por ai, querer ser mais realista que o rei, mela. e eh o que estao fazendo com Monteiro Lobato! ele escreveu sua obra sem nenhuma conotaçao no sentido do que estao abordando e agora, melou! quando mandamos um amigao a pqp, ele ri, mas, se alguem disser a ele em tom serio e incriminador que foi mandado a pqp, mela. e, hoje em dia, estah na moda melar com diz que diz.

KNeto

Grave mesmo foi o Monteiro Lobato ter caracterizado o único menino negro de suas estórias como deficiente físico, fumante e ainda por cima, usando um rídiculo gorrinho vermelho.

    Luiz Carlos Azenha

    Boa!

    Maria S. Magnoni

    Azenha querido,

    Permita-me discordar de você e também do KNeto, o saci tem um papel particular na obra de Lobato, eu sou apaixonada pelo saci até hoje, e quando criança, após ler o Lobato, eu passei a crer piamente em sua existência, não podia ver um redemoinho que ficava esperando o saci sair dele.Não foi o Lobato que o caracterizou dessa forma, o aparecimento do saci no nosso folclore remonta ao Brasil colonial e deve ter surgido entre os povos indígenas do sul, tanto é que era representado por um garoto de características suas. Porém, dada a diversidade cultural na qual o país foi se assentando, a lenda do saci, ao migrar para o nordeste/norte no contato com a cultura dos africanos e seus descendentes foi modificada e o saci transformou-se num jovem negro com apenas uma perna, pois, de acordo com o mito, havia perdido a outra numa luta de capoeira. Passou a ser representado usando um gorro vermelho e um cachimbo. Portanto, o Lobato apenas se "apoderou" de um personagem que já existia na tradição oral e na imaginação do povo brasileiro, seria uma injustiça acusá-lo de mais isso. E de resto, literatura é contexto, bem pior aos corações e mentes de nossas crianças e jovens são os programas de TV que elas vêem e as músicas que ouvem ou então uma sórdida campanha eleitoral como a que acabamos de vivenciar e que atingiu até mesmo os menorzinhos ainda não eleitores. E vamos ler Lobato!!

    Abração

    mark

    Mas aí é q tá o problema amigo, pq narizinho e pedrinho tem q ser brancos, e o menino negro que ele bota na história é saci? aí o problema,! imagine=se uma criança negra lendo este livro e naum se enxergando nele…a naum ser como o saci….com certeza, hoje, se alguem for escrever uma história assim, vai pensar duas vezes antes de somente caracterizar os negros como empregados e sacis….

    Pedro

    Camarada, vamos olhar com cuidado a História.
    Monteiro Lobato idealizou seu sítio e seus personagens no início do séc.XX, pouco depois, portanto, da abolição da escravatura. Não é preciso grande pesquisa para concluirmos que havia pouquíssimos – quiçá nenhum – proprietário rural negro. Logo, na tentativa de criar um enredo plausível, o autor descreve seus personagens da forma mais aproximada possível da realidade – como fazem hoje os filmes que se passam em favelas. A maioria da população favelada não é negra? Muito natural, portanto, que os protagonistas e coadjuvantes desses filmes sejam negros também. Isso não é preconceito, é apenas uma representação verossímil da vida.
    Ou seja: não se deve repreender Monteiro Lobato porque representou os negros como empregados (sem contar que o saci é uma figura antiquíssima, nada tendo a ver com o autor). Uma criança negra que leia esse livro hoje vai entender perfeitamente o motivo, constatando, simultaneamente e com satisfação, que as coisas atualmente são bem diferentes: existem inúmeros profissionais negros bem-sucedidos e abastados.

    Pedro

    Foi Monteiro Lobato que inventou o Saci?

    Mauro A. Silva

    Kneto,
    O Saci é o simbolo da rebeldia. O "gorro vermelho" representa a liberdade.
    O Saci é o "mascote" do time de futebol do Internacional, de Porto alegre (RS).

    José Carlos

    Muito bem lembrado.
    Infelizmente precisa ser lembrado, ou dito, o que era óbio.

    MirabeauBLeal

    .
    .
    Vocês não se deram conta!

    Esse cara é gremista, branquelo da Azenha (o bairro de Porto Alegre, não é o jornalista).

    O Saci é o mascote-símbolo do Internacional, o Colorado de Porto Alegre,

    que, aliás, tem uma torcida predominantemente constituída de negros, mulatos e pobres,

    ao contrário do Grêmio, que tem um mosqueteiro de capa azul como mascote.
    .

Rafael Andrade

Quando criança li a incrível obra de Monteiro Lobato, que semeou o terreno fértil da minha imaginação de menino. Quantas brincadeiras fiz tentando me transportar para aquele mundo maravilhoso, privilegiado que era por ter crescido em uma casa com um quintal enorme, cheio de árvores e frutas. Nunca extraí daí um sentimento sequer de racismo ou preconceito, e penso que esses sentimentos estão em quem lê, independentemente da obra. Devo levar em conta que a criação que tive foi marcada por fortes valores éticos e morais, onde o racismo e o preconceito eram firmemente repelidos.

Gabriel

Na boa, dizer que Aldo Rebelo é comunista é foda! Logo o maior aliado dos latifundiários! Ele apenas está no partido, mas representa os interesses da direita brasileira

    Luiz Carlos Azenha

    É engano meu ou o Aldo está escrevendo como um neocon da esquerda?

    Marcelo de Matos

    Não sei o que é "neocon", mas, a meu ver, Aldo não merece essas críticas. Raros políticos brasileiros têm biografia, como Aldo, e não folha corrida. Chamá-lo de aliado dos latifundiários é um imprópério, no sentido de afronta, vitupério, e não no de impropriedade de linguagem, como alguns erradamente empregam. Aldo tem irretorquível conduta republicana quando cuida de assuntos sérios como a conciliação entre ruralistas e seus adversários. Foi cogitado até para o Ministério da Guerra, porque já mostrou maturidade suficiente para exercer qualquer cargo público. Ele é, sim, uma das reservas morais da República. O mesmo não dá para dizer dos "catões" de plantão (não vou citar nomes para não cometer omissões, já que são tantos).

    Araquem

    Novilingua: "a conciliação entre ruralistas e seus adversários" !!!!
    Caraca, o talão de cheques da katia Abreu, do Caiado e da CNA deve estar praticamente acabado.

    Mauro A. Silva

    Aldo Rebelo é aquele deputado que quewria aplicar multas a quem escrevesse palavras estrangeiras…

Ivan Arruda

Quer dizer que doravante teremos que ler todos os pareceres dos inúmeros conselhos criados antes de nos atrevermos a ler e interpretar fatos passados e nos abstermos de manifestações sobre eventos presentes ou futuros?
Alguns querem reescrever livros mutilando a história para dizer que não fomos – ou somos – racistas ou preconceintuosos. Será que farão o mesmo com as peças teatrais, filmes, músicas e as pinturas?
Agilidade de um macaco, pular como cabrito, quando um burro orneia o outro murcha as oreia, foram expressões usadas indistintamente e até hoje as usamos para times ou torcidas. Será que vamos criar um estado policialesco em que somente os monteiros lobatos é que poderão se expressar? Pelamor!!!

Fernando Souza Jr.

Uma obra de arte deve ser vista, analisada e compreendida sob o prisma da época e da circunstâncias em que foi produzida. Logo logo vão querer proibir a exibição das pinturas de Botticelli porque as mulheres apresentam "pneus" e gordurinhas laterais, e isso pode encorajar as pessoas a serem obesas.
Se não educarmos as crianças e as pessoas em geral para que tenham compreensão clara do que é arte/ficção/metafísico do que é realidade, estaremos admitindo simplesmente que não conseguimos raciocinar e passar nosso conhecimento adiante, para as próximas gerações.
Por isso, em que pese os respeitáveis argumentos favoráveis, sou absolutamente contrário à revisão da obra de Monteiro Lobato. Aliás, cresci com minha mãe as lendo para mim e meus irmãos, e jamais desenvolvemos comportamento racista e preconceituoso, muito ao contrário: todos temos amigos, companheiros de trabalho e ídolos negros.

Thais

Uma coisa é compreender a obra no contexto da época. Outra, completamente diversa, é distribuí-la aos milhares, enquanto ação de uma política educacional. E isto é, sim, racista e depreciativo.
Engraçado. Sempre que se luta contra um preconceito arraigado, levantam-se vozes acusadoras: "ah, você é muito radical!"; bradam: " SÓ por isso?". "SÓ" – nunca é "só", nunca é "pouco" quando se trata de igualdade e dignidade humanas.
Trata-se de rever nossa história a partir do olhar crítico que reconheceu – ao menos em princípio – que todos os "outros" – relativamente ao homem branco, heterossexual e "de posses" – lhe são iguais em dignidade e direitos.

    mark

    perfeito!!!

Thais Terceiro

A tradição intelectual brasileira erigiu, com boas razões de acordo com seu contexto, um "NÓS" que somente muito posteriormente começou a ser problematizado. Um "NÓS" que oculta uma série de conflitos e opressões.
Acho muito BOM que possamos nos apropriar PLENAMENTE da nossa tradição, mas isto significa não só festejá-la, mas também apontar cuidadosamente, bem como não reproduzir, aqueles seus aspectos que descobrimos limitadores. Aliás, a própria concepção de "apropriação", em sentido profundo, implica interpretação, portanto escolhas, conforme o contexto histórico, já que nada há fora da História.
Nesse sentido, é desejável que as gerações futuras tenham a mesma liberdade de fazê-lo em relação a nós.
Obs.: embora não caiba entrar nessa questão neste momento/espaço, ressalvo que não entendo "geração"/"gerações" como um bloco uno, hermético (o que seria contraditório com o encadeamento de idéias apresentado)

LAGUERRE

Podem vetar à vontade. Vetem Lobato, vetem Machado de Assis, vetem José de Alencar, Drummond…só não vetem o Sarney e seus marimbondos de fogo (ou de ressaca) ou o ignobil do Paulo Coelho. Ah! e nem vetem os livros de auto-ajuda (que ajudam muito os "autores" a pagarem as contas). Isso sim é cultura.
Fico me perguntando como chegamos a isso. Não só a isso, mas olhem pro STF, pra OAB, pro Judiciário…às vezes me sinto cansado, extremamente cansado.

    Aline C Pavia

    Laguerre somos dois os cansados.
    Emília ao longo de toda a coleção do Picapau Amarelo chama Nastácia de preta, negra beiçuda, tição.
    Só que professores como esse que proferiu a denúncia, preferem escudar-se nas muletas das notinhas de pé de página, do que iniciar um debate de 1 mês com seus alunos, visando desenvolver e aprimorar a análise crítica e interpretação de textos da literatura.
    Eu tive bons professores de português, história, filosofia e literatura, a começar pela minha mãe que deu aulas no extinto Mobral.
    E o que ocorre como sempre é o erro de confundir o autor – Monteiro Lobato – com a obra – Picapau Amarelo – que não tem só esse estereótipo no seu conteúdo, mas inúmeros outros.

    Concordo com Aldo Rebelo. Os politicamente corretos são na verdade preguiçosos acéfalos. Muitas obras clássicas e contemporâneas da literatura portuguesa e brasileira precisarão vir com as tais notinhas do tribunal de censura literária. Haja papel e dinheiro e gente para redigir as tais notinhas.

Fani

Gostaria de levar a sério esta questão, mas não consigo. Diante de uma onça, qualquer "neguinho", por mais branco que seja, sobe na árvore como macaco. É só experimentar. Subir rápido e agilmente como macaco não tem nada a ver com a cor de quem sobe. Mas tudo isto é tão óbvio que fico até envergonhada por entrar nesta discussão. Esta professora e o Conselho estão, mesmo, muito preocupados com o mal que Lobato pode fazer às criancinhas? O resto está tudo funcionando direitinho? Será que esta quantidade imensa de pobres, que são negros, não levaria as crianças a associar pobreza á cor da pele? As crianças, no Brasil e no mundo, precisam é ler. E ler muito. Felizes as que podem ler Lobato. esta história da onça para 100 crianças negras e veremos se todas elas, sem exceção, não acharão muita graça. Duvido que uma única criança venha a pensar, como esta professora, que o autor da história é racista!

    Pedro

    Excelente comentário. Concordo plenamente. Creio que os idealizadores desse veto tenham assuntos urgentíssimos a tratar sobre a educação brasileira, que anda muito mal das pernas. Essa suposta conotação racista só pode ser, a meu ver, um modo de distrair a atenção pública dos problemas que assolam a área.

    maria

    Monteiro Lobato Era racista. Elel enxergava miscigenacao ocmo um mail a ser evitado. Leia o restante da obra dele como " O presidente negro" e vc vera.
    Outro exemplo:
    stive uns dia no Rio (…). Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi ?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!… (in A barca de Gleyre. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133). http://www.neilopes.blogger.com.br/

joni

Parabéns, Deputado Aldo Rebelo. Sempre o considerei, entre outras coisas,por sua defesa da língua portuguesa, e agora muito mais, pela defesa de "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato. Nada existe de preconceito no livro, pelo contrário. Existe sim de realidade de uma época. Monteiro Lobato não só elevou a personagem Dona Benta(sábia e bondosa), como lhe deu, na vida familiar do Sítio, um papel de destaque, coisa incomum naquela época ,onde pobres e negros eram invisíveis. Ela é gente, com sabedoria, educação e humanidade. Creio que os que se opõe ao livro não o leram com atenção, ou não o leram. O que dizer então de Gabriela(Jorge Amado), Bertoleza(Aluisio Azevedo) e outras tantas mais? Vamos proibir tudo? Ou vamos ser sensatos?

    Alex

    "Creio que os que se opõe ao livro não o leram com atenção, ou não o leram."

    pega mal falar isso aí logo depois de errar o nome da tia nastácia.

Fabian

Na verdade, o livro não deveria ser proibido ou adulterado, mas sim contextualizado quando de seu uso, pelo professor. Senão acaba-se caindo do problema de fingir que a os preconceitos nunca existiram ou a escravidão não aconteceu. Mas no Brasil prefere-se, normalmente, o caminho mais fácil, logo censura-se o livro ou proibi-se.

    Mauro Silva

    Concordo Fabian.
    O 1º livro que me foi indicado na escola foi "Saudade" de … Thales de Andrade?
    Meu pai comprou-o na livraria, e ele mesmo o lera de menino.

Miriam

Essa questão não me parece restrita a uma postura idiotizante "politicamente correta", o problema de passar por cima da estereotipia é ignorar os estragos. Eu acho responsável recomendar o livro com ressalvas, uma vez que não há como garantir que o debate em sala de aula será conduzido condignamente. O livro, isoladamente, pode ser até que não passasse disso, de um livro. Somado a diversas formas de discriminação, fica sendo mais uma delas.
É uma oportunidade de rever Chimamanda, sobre o perigo da história única. http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_a

    RBM

    Obrigado pela dica. Palestra magistral. Tudo a ver com a questão em foco.

joão bravo

Eu morava á alguns quarteirões de onde tenho casa hoje.
Naquele tempo se morria de velhice aos trinta anos.
Criei-me brincando com um amigo, órfão de pai, ele vivia com a mãe e mais 15 irmãos.
Tamanho o número de filhos obrigava-a a numerá-los .
Este meu querido amigo, era o décimo terceiro, assim sendo, era conhecido por todos por Treze.
De família muito pobre, as refeições matinais em sua casa nunca variavam, sempre o desjejum de todos eram dois ou três pratos de angú com leite, já no almoço e janta, arroz,feijão,ovo frito, aipim,menos pedra, porque era ruim de mastigar.
Ele já naquela época destacava-se dos demais garotos, um negro, bonito,forte,alto, e com uma educação aguda.
Quando passávamos pela frente de sua casa, acaso sua mãe estivesse pregando alguns sarrafos em sua velha cerca, era uma evidência de que os irmãos acabaram de resolver mais um dos tantos conflitos familiares.
Crescemos, mas nossa amizade continuou, eu trabalhava como despachante de trânsito, fazendo todo o tipo de trabalho junto a policia civil …ele trabalhando como segurança em uma casa noturna, famosa na cidade.
A imagem do treze à porta da boate era assustadora, quem não o conhecesse impressionava-se, o cara era grande e forte, suas mãos eram verdadeiras raquetes.
Numa destas ocasiões, dois policiais militares à paisana, confiando-se na sorte,tentaram adentrar o recinto sem pagar. Ele então, seguindo ordens que tinha os barrou.
Os PMs, não gostaram muito,e avisaram:
-Amanhã, estaremos de serviço viremos fardados e aí conversaremos, aguarde.
Ele, em sua calma característica, nada respondeu.
Na noite seguinte, chegam os PMs fardados, e sem aviso algum, começaram a lhe bater com cacetetes, provocando-o para que reagisse, no entanto, ele apenas sussurrava:

-Não bato em homem fardado! não bato em homem fardado!

Naquela época você podia tudo, menos encostar em uma farda, fazê-lo era como assinar uma sentença de morte. Mas se estivessem sem farda…

Certo dia, o Treze, em uma de suas folgas, lançava sua tarrafa a beira da lagoa, feliz com o resultado de sua pesca,que por certo tiraria da rotina o seu cardápio, viu que ao longe vinham remando dois homens em sua direção.
Para sua surpresa e satisfação, eram os dois PMs, que fora de serviço, tiveram a infeliz idéia de pescar.
Mal a canoa deu de proa na areia, os PMs sentiram faltar chão a seus pés.
Não conseguiram ao menos tentar uma fuga a nado.
A coisa decorreu tranqüila, mais ou menos previsível:
o Treze batia,e eles apanhavam, simples assim!.
Na delegacia, já devidamente medicados os PMs,(que não puderam acompanhar a condução do Treze,por motivos óbvios), o inspetor de plantão preparava-se para fazer o Boletim de Ocorrência,quando adentra o Delegado e toma ciência dos fatos, presentes e passados.
O delegado encara o Treze, e calmamente lhe diz:

-Você não tem vergonha covarde?…quer dizer então,que o Estado monta uma verdadeira operação de guerra para selecionar estes homens, dá-lhes alojamento,comida, treinamento de defesa pessoal,tiro, gasta uma banana para tornar estes agentes públicos aptos a zelar pela segurança do cidadão e seu patrimônio, e vem você e enche os coitadinhos de porradas,e os larga em trapos num hospital?…você não se envergonha?

O delegado volta-se para os dois PMs e pergunta:

-Vocês vão fazer a ocorrência não é?…não vão engolir uma covardia destas, ou vão deixar barato?

Os PMs a esta altura, já sem saber onde colocar suas caras:

-Não delegado, não precisa ocorrência, acho que o susto que o senhor deu nele foi o suficiente.

    Pedro

    O que isso tem a ver com o assunto??

dori carvalho

uma obra de arte não é um tratado de sociologia. isso tudo mata a criação. a arte traduz os movimentos da vida e da natureza.
daqui um tempo vão querer tirar o cigarro do humphrei bogart…
penso que esta coisa chamada "politicamente correta" é uma grande máscara, pra gente cheia de preconceitos se disfarçar.

    Azarias

    Dori, já apareceu umas educadoras que tiraram o charuto do Tom Jobim.

    Janice Coelho

    Então tá Dori, vamos brincar de politicamente incorreto porque é o éticamente aceitável para gente de tua laia. E do Aldo Rebelo que se acha o único portador do dom da verdade. Me poupe caras! Realmente a vereadora Olívia Santana deu um banho de sensatez e de finesss

    Gabi

    Um pouco de calma. Todo mundo tem o direito de manifestar sua opinião.

    Concordo com Dori, e com Rebelo. Mesmo supondo que os trechos assinalados são de fato racistas, o que jà é discutivel, a arte não tem que se submeter a nada que não seja a ela propria. Além disso, hà uma diferença enorme entre uma obra de cunho doutrinante, que visa a inculcar no leitor uma ideologia, por exemplo racista, como numa espécie de lavagem cerebral, e uma obra em que o racismo ou qualquer outro discurso condenavel està eventualmente presente porque ele està presente também no universo que rodeia o autor. Neste ultimo caso, os discursos condenaveis não são transmitidos como doutrina, mas são retratados sempre com distância e ambiguidade e dentro de um sistema de confrontação de pontos de vista do qual fazem parte os personagens e o proprio narrador da obra, o que sempre alimenta um debate. As possibilidades de interpretação são ilimitadas. Esta é aliàs uma das principais caracteristicas do discurso romanesco (trata-se do principio do dialogismo postulado por Bakhtine). Em literatura, o politicamente correto não produziu nada além de obras mediocres, como o realismo socialista, os romances "à thèse" ou mesmo os roteiros maniqueistas da maioria das novelas da TV e dos filmes de hollywood, que, subordinados a sistemas ideologicos univocos e não admitindo por isso senão uma pequenissima margem de interpretação da realidade, se mostram estas sim, obras extremamente alienantes e transmissoras de preconceitos.

    Não é censurando nem sequer restringindo o acesso a certos livros que se evitam os conflitos sociais, mas ao contrario incentivado os cidadãos a ler, ler, ler, de tudo e de todos, e a aprender deste modo a refletirem por si conta propria. Os racistas do mundo não são pessoas que leram obras em que hà eventualmente algo de poiticamente incorreto, ao contrario, os racistas são aqueles que nunca leram, e que ainda hoje não lêem, nada, ou quase nada. Os que lêem sempre e sempre, de tudo, inclusive Lobato, que aliàs, graças a Lobato passaram a ler mais e mais autores diferentes e de outras épocas, paises, meios sociais, etc., estes aprendendo a ler, aprendem também a pensar, e então mesmo que lhes caia um "Mein Kampf" nas mãos, sabem separar o joio do trigo.

    Mas enfim, serà realmente util todo esse debate? Afinal, quem lê literatura no Brasil?

    Cícero

    "arte não tem que se submeter a nada que não seja a ela propria" – com nessa frase, você falou pouco, mas disse tudo. É por aí, assino embaixo. Parabéns.

Daniel

Curto e grosso: a Bíblia Sagrada contém passagens que contemplam machismo. Vão censurá-la também? Creio que nas demais obras de nossa literatura brasileira, como Machado de Assis, Jose de Alencar e outros grandes autores, deve haver também passagens de texto carregadas de preconceito (seja do autor, seja de seus personagens) e racismo. Vão vetá-los todos, também? A paritr daí, só teremos obras politicamente corretas? Tudo o que se produziu antes deverá ser banido e incinerado?

Muito mais inteligente que censurar os indiscutíveis clássicos, deve-se é colocar notas explicativas ou texto que informe o período a que trata a obra e o por que estar escrito algo da forma como aparece no livro. Se for pela veia radical, que literatura nos sobrará?

    Glauco Lima

    Censurar a bíblia?
    Seria a coisa mais correta feita neste país em toda a sua existência!

    Depaula

    Daniel, o parecer do CNE não censura a obra, apenas ponrua os "pontos racistas" e pede notas explicativas. Por que não lê o parecer? É mais inteligente ler antes para opinar.

    Daniel Francelino

    Eu só opinei por que li.

    Daniel

    Apenas adicionando: sou contra o racismo. Estou expondo minha opinião sobre como bem, disse a introdução da matéria: Monteiro Lobato no banco dos réus e provoquei que, se for partir do pressuposto, terá que se rever nossa literatura e até obras que estão aí para leitura desde os primórdios da imprensa e difusão cultural.

    RBM

    O parecer do CNE não censura obra alguma. Leia-o.

    Daniel

    Eu repito: eu o li, antes de opinar. Tanto que cito sobre pontuar e sobre notas explicativas com o contexto da obra, período histórico e mesmo o pensamento corrente da época.

Wandeson Brum

"Se for de direita me ignorou, se foi de esquerda não me contemplou…

Já dizia assim o Mv Bill na letra da música Declaração de guerra do albúm do mesmo nome de ano 2002.

Não sei se é o caso de se vetar a obra de Monteiro Lobato assim integralmente, no entanto o que é mais fragrante para mim é ver em coro setores da esquerda tradicional, que se mostram conservadores em seu status quo racial, os mesmos que foram, são e continuarão a ser insensíveis as questões raciais decorrentes da exploração da civilização européia – ariana como diria o grande Cheik Anta Diop – impôs sobres os outros povos, índios, negros, judeus ou seja qualquer nenhum não branco, incapazes de ver o mundo a não ser pelos próprios olhos, com os senhores de engenho da direita.

Dá vergonha de se dizer de esquerda assim, quando se trata do status racial branco e do seu legado nefasto não tem esquerda ou direita, só tem o interesse racial branco mal disfarçado é sua gana por impor a sua visão de mundo a todo custo. Esta se minimizando o impacto do racismo de Monteiro Lobato, o que, aliás, não inviabiliza a sua obra como um todo, porém deve se fazer um leitura critica e não esse pudor conservador demonstrado até agora.

Isso, aliás, me lembra que quando Abdias do Nascimento criticou o governo Lula por não ter enfrentado a questão racial efetivamente durante os seus 8 anos de governo, as medidas existentes são insuficientes frente o tamanho da disparidade etnico/racial do nosso apartheid disfarçado com pó de pilim-pim-pim, ele foi duramente criticado, a critica em si não era e nunca foi um problema mas os argumentos utilizados, tudo muito "protelatório" sem se ater ao conteúdo da fala dele que aliás era uma critica de esquerda, mas quando se trata da questão racial nem isso é admissível, surgem mil esquerdistas, progressista, falando o mesmo o que disse que diz a direita somos " pais mestiço racismo não existe", "isso é copia dos americanos aqui é o Brasil", "vocês querem dividir a nação em preto e branco", "estão a acirrar o racialismo" e por ai vai…

Lembra-me ainda também o caso de grande Carlos Moroe dissidente cubano devido a falta de representatividade negra na revolução que até hoje é afetada pelo racismo e a disparidade entre negros e brancos que por sua critica ao racismo de Marx e Engels apontou a limitações de suas teses, de importância elementar para sociedade contemporânea, mais nunca apontou a invalidade total dessas e mesmo assim foi massacrado pela critica marxista da época por advento da guerra fria.

O que eu quero dizer é que quando se trata da questão racial, quando o negro quer dividir o poder sobre a narrativa da historia, assim como qualquer forma de poder, assim foi e ainda é com a questão das cotas raciais, só que de uma forma mais dissimulada por parte de alguns companheiros que foram forçados pela razão a aceitar esta pauta politica dentro dos seus partidos para não perderem representatividade e base, com aqueles que sempre exerceram esse poder uma reação desproporcional advém a advogar de forma que não ataca o mérito da questão de modo a desgastar qualquer reivindicação.

O povo negro só quer ter o direito de ser ele mesmo e de que isso não seja um impeditivo para a sua vida, para uma existência digna e prospera, quer ter o direito a poder ser retratado na literatura, na TV, enfim nos espaços de poder e de visibilidade social de forma condizente com sua dignidade, com seu papel histórico. Não mais apenas pelas palavras daqueles que seguram o chicote, que chamam a policia pra “conversar com a gente”, que travam as portas, não só as dos bancos, mas também a do acesso a felicidade verdadeira

Ps. Me desculpem pelo tamanho do texto e espero que a moderação não o vete!

Luan Crespo

Estou realmente cansado dessa grita costumeira contra o "politicamente correto", ora, é algum tipo de crime repensar os atos, crenças, idéias difundidas socialmente?

Aos que gritam contra a importância disso, digo: Sim, vamos ter que rever todos os textos, todos os livros escritos, os pensamentos emitidos à luz do desenvolvimento humano que alcançamos hoje. E se for preciso contextualizá-los historicamente, o faremos (ou alguém lê Platão, Camões, Freud e todo e qualquer clássico sem notas explicativas?).

Politicamente correto é um termo talvez vago, mas que expressa a vontade das pessoas de conviver com as diferenças de maneira harmônica, ou correta. Vamos ter que acabar com essa preguiça do "deixa como está, nunca fez mal a ninguém…". A verdade é que todo o dinheiro arrecadado com a venda de toda a obra de Monteiro Lobato não é o bastante para arcar o sofrimento de uma criança negra que se sentir ofendida pelo que foi escrito.

Idéias não devem ser dogmatizadas, mas discutidas, reconstruídas e aprimoradas.

    Gabi

    Contexutualizar, ok, de acordo, pois isso dà elementos que enriquecem a leitura e estimulam a reflexão.

    Mas o problema é de que tipo de contextualização se està falando. De saida, hà uma grande diferença entre textos intelectuais e obras de arte. Em obras litérarias a intepretação é muito mais livre e ampla do que numa obra filosofica ou cientifica (e olha que nestas o problema jà é enorme). Se é possivel rever Freud e Platão à luz de descobertas cientificas e pontos de vista filosoficos recentes, como rever Camões? Fernando Pessoa destitui o valor de Camões? E Saramago destitui o valor de Pessoa? Deste modo, à luz de quais dos valores e ideais historicos e ideologicos do mundo de hoje vamos rever todos os textos, todos livros escritos e os pensamentos emitidos nas obras literarias? Vamos impor um dogma de interpretação a toda a produção literaria da humanidade? E daqui a 50 anos, com os novos avanços do desenvolvimento humano e o surgimento de novos autores, vamos refazer todo o trabalho de novo com base em novos valores?

    Não seria melhor que as pessoas aprendessem a ler e a ter por si so senso critico suficiente para julgar o que lêem sem o auxilio das muletas intelectuais do que alguém diz ser o "politicamente correto"? O politicamente correto pra você não o é forçosamente para mim. Como medir? Enfim, formar verdadeiros leitores autônomos pouparia trabalho de uns e abriria o espirito de outros. Todos so têm a ganhar. E o pais e a democracia também. Pois é assim que realmente se faz com que idéias sejam discutidas e não dogmatizadas.

    A ilusão do absoluto é uma das mais tenazes da mente humana.

Depaula

A vereadora Olívia Santana ganhou aminha admiração não apenas pela contrargumentação com que desmonta o pívio e raivoso texto do deputado Aldo Rebelo que, a pretexto de defender o indefensável, esculhambou com os renomados mestre/profesores/doutores do CNE, tudo gente do maior gabarito e responsabilidade.
Não pode um deputado federal que além de se dizer republicano é democrata e comunista, se achar tanto e crer que esculhambar gente de bem deve ficar impune. Os conselheiros deveriam exigir na Justiça danos morais. Doendo no bolso dele ele terá mais limites daqui pra frente. E deixe de aprontar barracos. Esse senhor é um barraqueiro que quer ganhar a posição no grito.
Mas a vereadora Olívia Santana foi classuda. Que classe e competência, meus cumprimentos. Virei seu fã. E ainda dizem que todo negro/a é barraqueiro. Aqui vimos que não.

Baccko

Vocês sabiam q os orangotangos são ruivos? Pois é. Q graça né. Ninguém está "proibindo" as crianças de ler coisa alguma. A restrição a ser adotada nas escolas, ou a recomendação da leitura crítica por causa do teor racista, é algo bem diferente de proibição. Outra coisa. Parem com essa bobagem de falar q o Brasil é um "país racista". Não existem países racistas. O racismo existe em toda parte, TODA PARTE. Por q no Brasil não haveria de ter racistas? Existem racistas no mundo todo. Essa afirmação tola ("país racista") é uma reação à afirmação não menos tola de q no Brasil não tem racismo.

Wellington_Vibe

O que me surpreende e preocupa é se a onda do politicamente correto começar assim aos poucos, não parar e tomar conta. Quantas obras literárias, músicas, brincadeiras, e demais manifestações culturais serão revisionadas? E se isso ocorrer, o papel dos educadores e da família ficam em que plano?
Li toda a publicação infantil de Monteiro Lobato na infância, mas não lembro de ter assimilado qualquer conteúdo preconceituoso ou racista nestas histórias. O que eu presenciei e vi de racismo veio na na convivência social de um país racista e preconceituoso sim, inclusive na convivência familiar com tios, avós, etc. e ainda mais na rua e na escola. Mas aprendi valores corretos com quem tinha que me passá-los: meus pais e meus professores que sempre ensinaram valores de igualdade, fraternidade e respeito.
Concordo que deva haver espaço para o questionamento do uso de livros (e até músicas e brincadeiras) cujo conteúdo possa ser qualificado como discriminatório, preconceituoso, racista, etc. Porém, a convivência social é quem vai impor às crianças o contato com a realidade desses aspectos e o papel de fazer a "nota explicativa" deve caber a pais e educadores. Não há como criar uma redoma para proteger as crianças da realidade e sim como investir na formação de cidadãos que inclusive tenham capacidade crítica de discernir o certo e o errado no que leêm, ouvem, veêm e falam.

Vinicius Garcia

Monterio Lobato é tão racista como o FHC é progressista, a obra do autor apenas reflete o pensamento que vigorava na época em sítios e fazendas do interior de São Paulo, só e apenas isso, não há a intenção do autor em denegrir a pessoa pela sua cor. Ao contrário, lí muitas de suas obras e afirmo que há citações contra o escravismo no Brasil. O debate deve ser em torno do pensamento que vigorava na época, em que o negro ainda buscava sua afirmação na condição de cidadão perante a sociedade.
Monterio Lobato deveria ser leitura obrigatória nas escolas, e discussões em cima de sua obra, fariam de nossas crianças mais orgulhosas com sua nacionalidade.

    Orlando

    Vinicuis Garcia

    [[[[a obra do autor apenas reflete o pensamento que vigorava na época em sítios e fazendas do interior de São Paulo, só e apenas isso, não há a intenção do autor em denegrir a pessoa pela sua cor.]]]]]

    Vinicius Garcia

    [[[[[…a obra do autor apenas reflete o pensamento que vigorava na época em sítios e fazendas do interior de São Paulo, só e apenas isso, não há a intenção do autor em denegrir a pessoa pela sua cor.]]]]]

    O racismo de Lobato não está circunspecto à primeira metade do século XX. Isso seria verdadeiro se, no Brasil, não houvesse mais racismo. Isto é, se o Brasil, não fosse, hoje em dia [século XXI] – ainda – extremamente racista. Ou seja, Lobato era racista e eugenista e seu racismo é parte da sociedade brasileira nos dias atuais. Infelizmente, diferentemente da época de Lobato, o racismo, em 2010, no Brasil, é mais hipócrita e safado. Todavia, não menos virulento e covarde.

    Os livros de Lobato são, sim, nocivos à saúde/autoestima de crianças negras e, em função disso, deveriam vir com uma tarjeta vermelha de advertência: "conteúdo racista". Nunca proibidos.

André Oliveira

Estou com Aldo Rebelo.. A babaquice da esquerda em patrulhar o certo e o errado das artes (?!?!) tem que ter limites para não cair no ridículo…. Daqui a pouco vão censurar a Bíblia por dizer que Sem era mais escurinho porque desbedeceu ao seu pai, Noé…Votei no netinho de Paula e voterei nele de novo, mas palhaçada tem limites….

assalariado.

Nada deve ser proibido na aprendizagem dos jovens/ crianças.A literatura tem que ser exercida ao seu pé,digo,ao pé da letra,desde de que seja analisada de forma critica.Infelizmente,depois do golpe militar de 1964 a "educação" no Brasil que antes tinha uma visão socialmente critica,foi toda direcionada para o pensamento unico/ acritico,bem ao gosto das elites das mentes colonizadas isto,se fez e se faz necessário para manter a nação sobre as rédeas do Estado burguês. Os seres humanos desde sempre,enquanto sociedade organizada,se baseiam na luta de classes –(é o dominador e o dominado)- dai sim,parte a teoria pisicológica da classe dominante -(dividir para reinar)-,e tome preconceitos de todos tipos. A literatura não foge a regra usada pelas elites,de como "educar" -(a massa/ nação-) sobre sua ótica "social" enquanto classe exploradora da sociedade.Mas diria eu,que estes dois textos comunistas,serão um bom começo para reeducar o nosso povo e,lançar o olhar novamente critico sobre a literatura,sociologia,filosofia,história,enfim… de onde venho,pra onde vou….

Aracy_

Fico me perguntando qual seria o alcance da inclusão de uma "nota explicativa" no livro de Lobato. Infelizmente, boa parte dos estudantes só lê os resumos comentados (resumos!) de livros obrigatórios para provas e concursos vestibulares ou então se dedica à série de Harry Potter. Enquanto isso, muitos recebem dos próprios pais lições diárias de preconceito e assistem livremente às bobagens ditas na TV pelos Marcelos Madureiras da vida.

    rafael

    Na mosca Aracy.

Marcus

O comentarista de esquerda que pixa a própria esquerda é sempre bem vindo pelos veículos de comunicação de direita.

Sinto muito Aldo Rebelo, triste não só o seu posicionamento, quanto o seu linguajar. Sem falar o tom raivoso de seus comentários.

Olívia Santana demonstra claramente o que se pretende com o parecer de forma ponderada, clara e equilibrada.

Em geral essa é uma diferença que costumamos perceber entre os emails divulgados nas eleições deste ano. Generalizando de forma precária:
– emails de direita: contém palavrões, muita raiva e apela para o emocional
– emails de esquerda: apresenta fontes, apresenta dados, constroe-se uma argumentação racional.

Não dá para construirmos uma sociedade baseada em sentimentos como o medo e a raiva. Isso não é caminho para civilização, mas para a barbárie.

José Carlos

É tudo isso uma grande bobajada, e peço desculpas a todos os lados da discussão pela minha sinceridade.
Vamos colocar nossas crianças em contato com TODA a literatura.
Todas as crianças com acesso a TODO o conteúdo de BIBLIOTECAS, HEMEROTECAS, DISCOTECAS.
Vamos exigir que nossos filhos SAIBAM LER.
Vamos lutar para que tenham contato com o Mal (o que quer que seja isso): do contrário, correm o risco de não o reconhecerem, quando estiverem cara a cara com ele.
Os bons professores, o Ensino de qualidade, darão aos alunos condições de entenderem as coisas por si próprios. Ou queremos que entendam somente o "correto"?
E, "last but not least", vamos ficar bem atentos a todas as críticas a adoção deste ou daquele título pelos programas de leitura governamentais. Há um lobby imenso de editroras por detrás disso.

Luis

obras que defendam a exploração do homem pelo homem, que defendam o latifúndio, que defendam a especulação financeira etc devem ser exaltadas como "grandes obras", que estariam acima de questões ideológicas. Rui Barbosa pode criticar. Até porque é inacessível ao grande público. O CNE não! Sinceramente, fui contemporâneo de Rebelo no movimento estudantil. Eu era "base" e já ouvia falar de seu personalismo discreto e de sua sede de poder pessoal. Eleito deputado e chegando a "ministro" o poder lhe subiu à cabeça. A cadeira da presidência da Câmara também lhe caiu no lugar errado: na cabeça. Sonhava ser ministro da defesa. Queria voltar à presidência da Câmara. FEz beicinho quando não conseguiu.
Defendeu os interesses do latifúndio, no debate ambiental. Agora quer fazer coro com a direita "defensora da liberdade de expressão"!

    broz

    Literatura meu amigo, literatura, não vamos confundir as bolas. Tem gente que vê pêlo em ovo mesmo. Dentro do movimento estudantil, ao qual eu tb fui base e pude conviver com estes de perto, seja de qual força for sempre tem. São do tipo que não se vc olha pra uma garota tu é machista, se tu é branco tu é racista, mais ou menos assim. Falou qualquer coisa lá vem eles como te policiar, são sectários. E sectario não consegue compreender a cultura, a beleza, a literatura e arte, sempre olham com visões limitadas. Estão sempre lá prontos a achar defeitos, achar preconceitos, muitas vezes onde não tem ou onde até tem mas há uma explicação, deve ser trabalhado.
    Em resumo, no popular mesmo, é aquele cara (cara não mulher ou homem, para sermos mais corretos, ou melhor pessoa do sexo feminino, ou masculino, ou sei-lá) chato que não entendeu a piada, não sacou a dinâmica da coisa.

Luis

Não concordo com a proibição, nem com a nota explicativa. Não porque seja um absurdo. Mas porque estaria no lugar errado. O correto é recomendar "Caçadas de Pedrinho" e debater, inclusive, o racismo alí impresso. Não como desejo e valor cultivado por Monteiro Lobato, mas como manifestação da realidade brasileira. Mas, o debate sobre o conteúdo racista, homofóbico etc de "qualquer grande obra" é válido. Pelo raciocínio do Aldo Rebelo,

Nine

Acredito que a escola não tem a capacidade do m edelo de educação onde brancos e negros são tratados de maneira igual. Não tem porque infelizmente os professores não aprenderam a educar dessa maneira e os que tentam são obrigados a pararem por pais e diretores. Se um professor de Universidade Federal que deveria abrir ainda mais a mente dos alunos, pelo menos na minha ideia de universiade,diz em sala de aula que nordestino vem para sul roubar vaga do pessoal daqui como esperar dos futuros professores e pais?

Tratar do politicamente correto em expressões dos livros ou de racismos não é com notas de rodapé. É mostrar às crianças que independende dos traços fenotípicos ou de quanto dinheiro se tem todos somos iguais e merecemos respeito.

Gustavo Pamplona

E quanto aquela bobagem da Globo chamada "As Cariocas"

Explico: Além de ter apenas uma atriz negra no elenco, Cintia Rosa, como uma das cariocas como sempre a negra é favelada ou alguém de classe baixa. Vide o próximo episódio que irá ao ar na semana que vem chamado "A Internauta da Mangueira"

Detalhe: Não a assisto, mas é que leio sobre TV constantemente. Sei o que se passa na TV sem assistir a própria.

MirabeauBLeal

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Se levarmos ao pé da letra esta questão,

vamos ter de rever toda a Literatura Universal,

inclusive a contemporânea.
.
Preparar os professores, pelo método Paulo Freire, me parece mais razoável.
.

Luiz Claudio

Ainda não li o parecer. Como professor de literatura, e de teoria da literatura, defendo a utilização irrestrita de qualquer obra literária. Não há problema algum. Mas, é preciso que o professor situe Lobato, sua época, a literatura que então se produzia, os preconceitos então existentes. O livro é um excelente pretexto sobre a condição do negro no Brasil, sobre o racismo, que ainda impera, sobre as leis inócuas que temos por aí. Deve-se lembrar que Lobato, por outro lado, foi o único a pensar um presidente negro nos Estados Unidos e a fazer uma denúncia do racismo, num conto chamado "Negrinha". Além disso, sua defesa do petróleo brasileiro lhe rendeu cadeia e a pecha de comunista. No meu tempo de grupo escolar, Lobato não era lido por isso. Como Jorge Amado não o foi, mais tarde, pelo mesmo motivo. Obras literárias são uma oportunidade para refletirmos sobre a realidade.

    Caio

    Sem ler o parecer qual é o valor de sua opinião? Me diga! Temos um artigo de quem não conhece o parecer e outro de quem o leu e o defende. Como professor de literatura a sua contribuição é importante depois de ler o tal parecer. Eu li. E o deputado Aldo faz de conta que nele está o que ele escreveu. Não é verdade. Isto é inaceitável para um deputado de esquerda.Reitero que é preciso pub licar o parecer para que as pessoas opinem a partir dele.

    Luiz Claudio

    Não dá para entender a raiva do Caio. A questão não é o parecer, é a literatura, estúpido! Li o parecer e ele é inócuo. Nada mais em cima do muro. Até parece do Partido Verde. Literatura, qualquer uma, não deve ser probida ou censurada. Nem deve ser objeto de notas explicativas ou defesas com citações de Ibamas e Leis Afonso Arinos. Se formos explicar todos os livros publicados, se são politicamente corretos ou não, não haverá papel suficiente. É necessário que saibamos ler – e criticar – as obras, sejam antigas ou modernas. O que se está fazendo pode ser definido como "procurar chifre em cabeça de cavalo". E caia fora!

    mark

    Vc está esquecendo o contexto da discussão, os livros estao sendo distribuídos em projeto do ministério da educação, este do Lobato inclusive, então, pq naum fazer a nota explicativa para a juventude ficar desde logo vacinada contra o preconceito? e ele era preconceituoso sim, leia o texto:

orlando mg

Policialescos , facistoides guardiães de "valores polituicamente corretos', praga importada do Império. Os autores dessa idiotice devem passar a sua vidinha insignificante e vazia à procura de fatos inócuos que os levem aos holofotes, inventam moinhos para combater e nem tem a graça de Don Quixote. Se não fosse a "brilhante descoberta" passariamos mais um século sem questionar nada a respeito da literatura de Lobato senão a sua genialidade. Não somos os únicos a fazer este tipo de coisa – só um exemplo o filme Je vous saleu Marie (um filminho mortalmente chato) que se transformou em "sucesso" mundial porque a igreja católica, com sua milenar estupidez, resolveu proibir. É MUITA VONTADE DE APARECER!!!

Fábio

O pensamento do homem é fruto de sua época, de sua sociedade, de seu grupo socio-cultural, e (ainda que os discordantes de Marx não possam aceitar), do pensamento imposto pela classe dominante.

Isso permeia qualquer tipo de literatura, que deve sempre ter o crivo do olhar crítico do leitor.

O problema dessa nova onda do políticamente correto, e dessa grotesca idéia dos rodapés, é que alguns sujeitos se arvoram da autoridade necessária para tutelar o pensamento do leitor.

É um método descabido, arrogante e acima de tudo, um precedente muito perigoso.

Rita

D. Olívia, leia "Negrinha". Deixem Monteiro Lobato em paz.
As pessoas falam assim. Não tirem a verossimilhança da arte, isto nos faz refletir sobre a realidade. Era melhor abolir as fichas que os alunos têm que preencher para suas matrículas: têm que dizer qual sua "raça".

Karlla

Deviam proibir a impressão da Bíblia e o Alcorão também.
São machistas.
Montesquieu, então, nem se fala; L'esprit des lois é um ode ao racismo…fogo nos livros!!!

    Jair de Souza

    Proibir, não! Mas que deveriam dizer que são livros que foram escritos por seres humanos (não por deuses), que viviam em determinadas épocas e, portanto, transmitiam em seus escritos as crenças e ideologias predominantes em suas épocas. Talvez com isso a gente ajudasse a pôr fim nos fundamentalismos.

Celso

Sou negro. Alguns atenuam dizendo que sou "moreninho". A inculcação de inferioridade existe. Já li nos livros sobre racismo, passei por várias situações, umas mais grotescas, outras sutís. No mercado de trabalho então, nem se fala. Ainda mais para um moreninho que sempre visou postos "naturalmente" de brancos. E tive um amigo de USP moreninho que também alçava voos para os cargos brancos. Para isso, estudava, estudava, um caxias. E mais. Não tomava sol para não realçar a pele escura. Não podemos em pleno século XXI conviver com isso sob a pena de não sairmos das cavernas.

Manoel Messias

Azenha, sem que as pessoas leiam o inteiro teor do parecer do CNE fica difícil saber quem está falando a verdade, se o deputado Aldo Rebelo ou a vereadora Olívia Santana. Logo a minha sugestão é que ele seja publicado aqui
Como conheço o assunto a fundo, parabenizo a vereadora Olívia Santana pela posição séria e coerente.

@TeresaSilvaLivr

Ironia das ironias é que um padre considerou Monteiro Lobato comunista: A Literatura Infantil de Monteiro Lobato ou Comunismo Para Crianças http://migre.me/27vW0

Leonardo Câmara

A estimada Olivia parece ter razão. Este trecho diz tudo:

"Fato curioso é que os escritores Márcia Camargo e Vladimir Saccheta, na abertura da 3ª edição, 1ª impressão, publicada em 2009 de Caçadas de Pedrinho, devidamente atualizada no que diz respeito às novas normas da língua portuguesa, situam historicamente a obra de Lobato, explicando que na época não havia legislação protetora dos animais silvestres. Mas não há nenhuma referência à linguagem racialmente discriminatória que há no livro, em contraste com os avanços que houve no Brasil em relação ao enfrentamento do racismo, desde a Constituição de 1988."

É preciso tecer comentários da mesma natureza aonde quer que o trabalho seja apresentado. Isto não pode ser facultativo. A última eleição mostrou como costumes e culturas de povos do passado podem nos assombrar até hoje. Usam a bíblia como forma de estigmatizar a orientação sexual dos outros.

O assunto é complicado e pede um debate mais amplo para acúmulo de discussão.

Maxwell B. Medeiros

Proibir Monteiro Lobato? Eu nunca tive a oportunidade de ler os livros dele. Não acho justo proibir as crianças de lerem. Se o problema é o racismo? que se explique as crianças, ou que se ponha algum comentário dentro do livro, que elas vão entender. Ainda tratam as crianças como se fossem seres desprovidos de senso crítico e escolha.

Ps: é uma boa oportunidade para discutir o racismo dentro da sala de aula.

    PedroCosta

    […] os escritores Márcia Camargo e Vladimir Saccheta, na abertura da 3ª edição, 1ª impressão, publicada em 2009 de Caçadas de Pedrinho, devidamente atualizada no que diz respeito às novas normas da língua portuguesa, situam historicamente a obra de Lobato, explicando que na época não havia legislação protetora dos animais silvestres. Mas não há nenhuma referência à linguagem racialmente discriminatória que há no livro, em contraste com os avanços que houve no Brasil em relação ao enfrentamento do racismo, desde a Constituição de 1988.

    Maxwell B. Medeiros

    Gostei do adendo.

mucio

A história diz que Zumbi foi traído por negros. A história diz que quem destruiu o quilombo de palmares foram os mamelucos ou caboclos, mistura de branco com índio. Não respondi às perguntas do censo este ano por que na pergunta que mistura raça e cor, não tenho opção pra minha raça já que SOU MESTIÇO, mameluco. A escravidão é fruto do egoismo e da hipocrisia, e o politicamente correto só faz uma coisa, gerar hipócritas. Filho de branco com branco é branco, branco com índio é moreno claro do CABELO LISO, preto com preto é preto, preto com branco mulato escuro ou claro do CABELO PIXAIM. Será que os idiotas do politicamente correto não percebem que estão tentando nos dividir em uma sociedade biracial como nos EUA? Somos uma raça mestiça. Tenho nojo de movimentos que se dizem racias seja de negros, brancos ou amarelos pois que não passam de um bando de racistas, e como todo racista um nojento.
Será que esta opinião politicamente incorreta, será publicada meu caro AZENHA?

denilson

É… E eu que li todos os livros do Sítio do Pica Pau maraleo lá pelos 7, 8 anos não virei nazista ou racista… pelo contrario… Até em ajudaram a ser de esquerda… Os detalhes estão tomando mais atenção do que a verdadeira mensagem do Lobato…

Wagner

Politicamente correto é a imbecilidade de se discutir um trecho de um livro escrito há 70 anos. Lobato usa termos que hoje não seriam corretos, e daí? Todo o carinho que ele trata a "macaca de carvão" em sua obra mostra que, ao contrário ele não era nem um pouco racista. Sempre foi um autor à frente do seu tempo e com certeza não tinha o preconceito que se procura impingir a ele agora, só porque alguém que se achou ofendido por ele. Todos os meus amigos negros que leram os livros de Lobato na nossa infância e juventude jamais se sentiram ofendidos. Com certeza, Lobato é muitos níveis acima deste professor que não tem a grandeza de reconhecer que a linguagem de Lobato é atemporal.

vera oliveira

porque não aproveitar pra discutir o assunto em sala de aula??Se a discussão for proveitosa os brancos brasileiros passam à ter vergonha e não orgulho de como eram tratados os negros.

Marcus

Ridículo. Pela mesma lógica outra nota explicativa pois Pedrinho está cometendo crime ambiental caçando um animal protegido pelo codigo ambiental brasileiro.

    Manoel Messias

    Marcus, nas novas republicações de Monteiro Lobato já constam notas sobre crimes ambientais. Você não leu o parecer, não é? Pois deveria. Deixe para opinar depois de ler o dito cujo. O CNE sugeriu que fosse feita a mesma coisa par os crimes raciais! Vale pra animal e ninguém chia, mas não vale para humanos!

Hans Bintje

Eu aprendi a ler em português com os livros de Monteiro Lobato.

Se escrevo certo, se escrevo errado, também é culpa dele. E ao mesmo tempo, me permitiu lançar um olhar de profundo respeito pela "macaca" Tia Nastácia, a vontade de conhecer e conviver com o povo do Vale do Rio Paraíba, alguns dos melhores momentos da minha vida.

Eu me transformei em mais um "macaco".

Acho que o Ricardo Kotscho deveria ampliar sua "velha definição do ofício, segundo a qual 'lugar de repórter é na rua'": é o nosso lugar também.

E as ruas teimam em não confirmar as nossas certezas absolutas. Ainda bem!

O "macaco" Hans Bintje anda por elas, ama, odeia, xinga, agradece e finalmente percebe que está vivo, que pensa e que pode fazer algo que realmente vale a pena, como estar aqui com vocês escrevendo (certo? errado?) num idioma estrangeiro que aprendeu com a ajuda de Monteiro Lobato, da Emília, do Visconde de Sabugosa, da Dona Benta, do Pedrinho, da querida Tia Nástacia…

    Gustavo Pamplona

    Hans… todos nós somos "macacos"… hahahahahahhaha

    Mais de 98% do código genético é idêntico, bom… eu até hoje nunca brinquei com um macaco, nem mesmo peguei na mão de um deles, mas é claro aqui no Zoológico de BH já os vi quando criança.

    Seria até legal brincar com um macaco um dia… Faríamos muita "macaquice"!!! hahahahhahahha

    Thais Terceiro

    Hans, não me cabe discutir sua experiência pessoal, afetiva e intelectual, com a referida obra. Isso é pleno direito seu, a ser respeitado.
    A questão é outra.
    O racismo característico do Brasil não prescinde, ou melhor, implica em um bocado de romantismo, do tipo "querida Tia Nástacia…"
    O negro é meu amigo, até o trato como se fosse da família – desde que não saia de "seu lugar".
    Que minha família não se misture com a dele, bem entendido: "amigo", sim, cônjuge/descendente, não.
    Hoje, ainda temos aqueles apartamentos construídos com o "cantinho" da "empregada", ou seja, uma residência do século XXI com senzala, que gracinha!
    A relação aparentemente afetiva entre brancos e negros (desde que em seus respectivos "lugares") é um dos principais engodos do racismo brasileiro. Tal afeição – quando se fundamenta nessa desigualdade tácita – se esvai completamente quando o negro se relaciona em situação de igualdade com o branco.

    Gerson Carneiro

    Meu mundo de fantasias se completaria se a "macaca" Tia Nastácia tivesse aprendido a fazer cerveja escura com o "macaco" branco Hans Bintje.

Alan Tern

A questão é delicada, pois envolve um dos ícones da literatura nacional. Concordo com Aldo Rebelo, o livro deveria ser mantido no programa. Não queremos nos tornar um EUA da vida, onde clássicos como "O Apanhador no Campo de Centeio" ou "Tom Sawyer" são banidos em nome do "Politicamente Correto"…

Não é um trecho de um livro que gera racismo, mas sim a educação da criança – e não me refiro à escola, e sim ao convívio com os pais e familiares. Se a criança ouve afirmações racistas de alguém que ela ama e em quem ela confia, existe grande possibilidade dessa criança internalizar essas afirmações como verdade, e um livro não vai influenciar.

Luís Alberto Furtado

A equação é simples: a vereadora Olívia Santana leu e entendeu o parecer do Conselho Nacional de Educação; e o deputado Aldo Rebelo, se leu não entendeu.
Se não é uma questão de analfabetismo funcional do deputado Aldo Rebelo, e tenho certeza que não é, a atitude dele tem nome. Meus parabéns à vereadora Olívia Santana e que sua atitude sirva para enfim, desmascarar comunistas que defendem práticas racistas.
Olívia fala a verdade sobre o parecer; o deputado Aldo Rebelo o distorceu. Tem seus motivos para tanto, de certeza.
Aproveito para solicitar ao Azenha que se não publicar o parecer do CNE na íntegra, informe um link para que as pessoas possam ler e saber que o que tem rolado na grande imprensa é só mentira sobre o assunto. O CNE sugeriu apenas medidas para que os professores trabalhassem em sala de aula as questões raciais que aparecem em Lobato, que todo mundo sabe que era partidário do racismo científico. Se era assim o que esperar dos seus livros?

    Ninguém

    Concordo, Luís Alberto. Cansei de discutir esse caso com gente que não leu o parecer. E, se leu, não entendeu. O parecer está aqui: http://ead.sitescola.com.br/arquivo/documento/Par

    Em tempo: Lobato foi um dos mais renomados defensores da eugenia no Brasil. O Presidente Negro, que alguém citou acima, é um dos exemplos mais gritantes, com o tônico capilar que tinha por objetivo esterelizar os negros.

    Agora, não se está questionando o valor literário da obra de Lobato nem se está proibindo o livro. O que o CNE faz é recomendar que seja colocada uma nota de explicação no início do livro (tal como a nota sobre a questão ecológica), contextualizando a obra. Nada mais que isso.

    Deixem de ser paranóicos!

    José Carlos

    Tudo bem, Ninguém. Adicionemos um prefácio interessantíssimo no livro do Lobato. E em todos os livros. É o livro com bula.
    O que eu acho é que colocar "notas explicativas", "contextualizações", etc, é admitir que, e conformar-se com o fato de que:
    a) as crianças não tem pai nem mãe
    b) os professores são incompetentes
    c) as crianças são pequenos imbecis em formação.

Marco Túlio

Tinha que ser um homem branco e alienado para escrever um artigo tão … hegemônico. Meu querido, o Brasil É um país racista! Coloque isso na sua cabecinha, please! E outra, antes de escrever novamente sobre racismo, leia
sobre isso. É sempre bom ler antes de dar palpite. Ah, mas não me venha com leituras de homens
brancos, pelo amor de Deus! Numa era que se diz pós-colonial, é necessário ler a história
a partir das margens. Tente.

    Lucinha

    O Brasil?
    ou o Mundo?

    Jurandir

    Realmente no Brasil existe racismo. Mas o racismo às avessas vem crescendo no Brasil. Os negros estão se tornando muito mais racistas do que os brancos. Um problema que, com a ascenção social dos menos favorecidos que esta ocorrendo, teria e tem tudo pra ser resolvido de maneira natural pela sociedade, sem intervenção do Direta do Estado. Mas, infelizmente não é isso que esta ocorrendo. Em nome da defesa das minorias, estão criando divisão racial explicita no Brasil. Um verdadeiro absurdo. Só sei de uma coisa: isso vai dar zica. De um racismo velado que lamentavelmente ainda está presente no seio popular, e que com as mudanças sociais e econômicas pela qual o país esta passando tem tudo para ser resolvido naturalmente, estaremos passando para um racismo aberto provocado por uma desnecessária intervenção em questões sem qualquer importância.

    Orlando

    Jurandir

    [[[[[Em nome da defesa das minorias, estão criando divisão racial explicita no Brasil.]]]]

    Acho que estás a analisar o país errado. Não falas do Brasil.
    O apartheid social e econômico no Brasil é mais evidente do que em vários países assumidadmente racistas: EUA ou mesmo, em muitos aspectos, a África do Sul. Lá [EUA e África] eles já têm presidentes negros. No Brasil, no entanto, alardeado como miscigenado, o negro está – ainda – na base da pirâmide social e econômica. E fisicamente/geograficamente separado das classes abastadas brancas. Em São Paulo, por exemplo, nem com lupa você vai encontrar negros nos Jardins, Morumbi ou alto de Pinheiros. Ademais, no Brasil, a mídia, em relação ao negro, é mais segregacionista do que na Alemanha ou Itália. Países onde quase não existem negros. Recemtemente, na Alemanha, um negro foi eleito como prefeito.
    Jurandir, infelizmente, na questão étnica/racismo, o Brasil é um país safado e injusto.
    E, cara, Lobato era racista e eugenista. Por mais brilhante que seja sua [Lobato] literatura, ela não se sobrepõe á felicidade/construção da autoestima de uma criança negra.

    Orlando

    Jurandir

    [[[[[Mas o racismo às avessas vem crescendo no Brasil. Os negros estão se tornando muito mais racistas do que os brancos.]]]]

    Com devido respeito. Todavia, acho que você se acostumou a não ver negro opinar ou colocar-se como individuo face ao nosso universo brasileiro. Talvez você esteja mais acostumado com o negro na cozinha…

    O que o negro vem fazendo no Brasil, de uns tempos para cá, é denunciar o racismo e cobrar ações afirmativas e compensatórios. Afinal foram mais de 350 anos de trabalhos forçados e sem pagamento. E, ao final da escravidão, não tivemos [negros] nem indenização. Não houve indenização para os negros, mas o governo brasileiro indenizou os fazendeiros que eram donos de escravos.
    Se tentar sair da invisibilidade econômica e social é considerado racismo, cara, então somos racistas.
    No entanto, o racismo implica poder. Ou seja, o racista detém o poder econômico e politico, coisa que no Brasil – ainda – é previlégio dos brancos e não dos negros. Nesse sentido, não podemos, nós negros, subjar os brancos, posto que, nós negros, somos subjugados. Em virtude disso, [poder econômico e politico] o racismo, no Brasil, é branco.

    Um abraço

    Clóvis

    Orlando, eu não estou acostumado com o negro opinando, estou acostumado com PESSOAS opinando. O negro não tem 1 opinião, tem milhões (dezenas de milhões só no Brasil).
    Desculpe, posso concordar com sua premissa, mas dizer que racismo depende de poder? Vá ver a parcela mais racista nos EUA, por exemplo, como são pessoas ricas….

    Orlando

    Clóvis

    A parcela mais racista dos EUA tem um partido, via de regra, os republicanos. Esse partido tem poder. Não é a toa que venceram as mais recentes eleições legislativas americanas. Ademais, a parte mais racista americana, grosso modo, sul e meio oeste, até a guerra da secessão [1865], era a mais rica, poderosa culta e arrogantes da América. Com sua fina educação européia/francesa desdenhava do norte barbaro.
    Clóvis, o povo subjugado não tem meios para subjugar ou mesmo atingir [fisicamente ou não] quem os martiriza. Hitler na Alemanha detinha o poder. Logo, ele criava conceitos e ditava regras. E, sobretudo, determinava quem deveria ser aceito ou exterminado.

    Orlando

    Clóvis

    Com o devido respeito, eu acho que você não está, na verdade, acostumado com o negro opinando…

    Rafael Braga

    "Tinha que ser um homem branco e alienado para escrever um artigo tão … hegemônico."

    Com essas palavras você também está sendo racista.

mário

sempre gostei do Monteiro Lobato… mas a Olívia tem realmente razão… acho deveriam retirar algumas partes, p/ não atrapalhar nem retardar a evolução e educação do povo brasileiro… conheço varias Mayaras que quando questionadas sobre seu pensamento, não possuem nenhuma fundamentação ou argumentos

    José Carlos

    Sua idéia é interessante, poderíamos começar pelos trechos "ruins" do Lobato, para impulsionar a evolução e a educação do nosso povo. Quem seria o próximo escritor da lista?
    Por mim, eu prefiro as crianças lendo clássicos do que a literatura infantil. Pra que acostumar alguém a subir colinas, se precisará subir uma montanha?
    Não seria mais produtivo simplesmente deixar que as crianças leiam o que quiserem? Se o objetivo é formar cidadãos, que raio de cidadão será esse, o que foi tutelado desde pequeno?

    Clóvis

    RETIRAR? E o direito autoral, não o de ganhar $, o de paternidade da obra?

    Maxwell B. Medeiros

    Não precisa retirar, basta explicar o contexto. A Bíblia tem incesto, assassinato, conspiração, e nem por isso sofreu qualquer restrição.

Adilson

Concordo plenamente com Olivia Santana e com o colega Marco Nascimento. Na minha opinião uma nota explicativa e contextualizadora se faz necessário. Essa nota, além de dar um sinal claro para as crianças de que o racismo é algo deplorável, pode servir para estimular uma reflexão sobre o assunto e ´fazer professores e alunos pesquisarem e debaterem mais sobre aquela época, a situação deo negro ontem e hoje no Brasil.

um abraço

Adilson

    José Carlos

    Olá, Adilson. Veja se entende pelo que estou me batendo. Você diz que é preciso que haja uma nota explicativa (por que não provocativa?) afirmando que o racismo é algo deplorável. Entendo então que, sem essa advertência, as crianças nunca poderiam pensar isso pelas próprias cabecinhas!
    Monteiro Lobato é leitura para alunos da 5a. série em diante, não para criancinhas de 8 anos.
    Vamos voltar à realidade. Grande parte dos alunos da 8a. série da Escola Pública Brasileira não conseguem encarar nem o Monteiro Lobato! Estão saindo do Ensino Médio mal sabendo escrever!
    O Ensino da língua foi bombardeado pela interpretação de texto, que na verdade resume-se a parafrasear o que estava escrito!
    Pensemos: uma bilbioteca não é algo muito importante para ser deixada nas mãos dos bibliotecários?

    Adilson

    Caro José Carlos, respondendo a sua colocação: Não podemos afirmar que sem essa advertência as crianças “nunca poderiam pensar isso por suas cabecinhas”, assim como tb não podemos afirmar que todas, pensariam livremente sobre isso, concorda?

    O que eu digo é que se uma única criança correr o risco de ser afetada de alguma forma por uma brincadeira ingênua que seja, por outro coleguinha que leu aquelas linhas e se aproveitou pra zombar dela, eu sou favorável a nota. Só o fato de eu pensar que uma criança pode sofrer, chorar e se sentir mal por que um colega brincando a chamou de “macaca de carvão”, por exemplo, me faz ser favorável a nota. Sou favorável a nota não porque acredito no seu poder infalível de evitar problemas como esse, mas se puder ser um instrumento que talvez possa evitar, então terá valido a pena minha posição.

    abraços

paulo sergio

Muito bom esse post , nos coloca diante de dois pontos de vista , uma maneira dialéetica de contribuir com a informaçnao de todos . E o leitor Marco Nascimento está coberto de razão .
Paulo Sergio

nadiê rodrigues

A meu juízo, nada de descartar parte da obra de M.L. O que tem que ser feito é o aproveitamento dos textos para que se questione as posições dos personagens, bem como as condições a que foram submetidos os negros naquela história, como em muitas outras, incluindo as novelas televisivas, que por décadas só contratava negros pra servirem de domésticos ou escravos de gente branca e bonita.

    José Carlos

    Concordo contigo, mas não há como evitar a possibilidade do professor ser racista. Sempre há um professor.
    Qual é a solução?
    Que as crianças negras aprendam a se defender. E uma boa maneira de ajudá-las é franquear-lhes TODA a biblioteca! Sem bula!

Marco Nascimento

William Blake foi parte do movimento intelectual abolicionista inglês. Autor de "Tyger, tyger, burning bright, in the forests of the night" ajudou a difundir o ideal de igualdade entre os homens que culminaria na libertação dos escravos ingleses e na defesa desse princípio pela Inglaterra. E no entanto, vejam vocês como se parecia um poema abolicionista em 1789:
é só o primeiro parágrafo

The little black boy

My mother bore me in the southern wild,
And I am black, but oh! my soul is white.
White as an angel is the English child,
But I am black as if bereaved of light.

Uma tradução googlesca com algumas correções:

O garotinho negro

Minha mãe me deu à luz na selva do sul,
E eu sou negro, mas, oh! minha alma é branca.
Branca como um anjo é a criança inglesa
Mas eu sou negro, como se desprovido de luz.

Pensando nesse poema pergunto-me se não é possível que Monteiro Lobato, apesar de ter todas as melhores intenções, exatamente como Blake, tenha sido vítima do zeitgeist, também, exatamente como ele, e plasmar em seu texto algumas coisas que seriam tão-somente naturais em sua época.

Li o parecer do CNE a respeito do livro e a cruzada contra a recomendação de não utilizar o livro teve algumas defesas exageradas. Não é porque o livro é um clássico que sua utilização é ponto-pacífico entre crianças. E questionar isso não é nenhuma ofensa ao autor.

Mais que isso, algo me diz que, Monteiro Lobato, estivesse entre nós, concordaria em rever os escritos, porque "macaca de carvão" é uma expressãozinha infeliz.

    José Carlos

    Marco, eu penso que, espalhando bulas em livros, notas explicativas para dizer isso ou aquilo, em suma, tutelando as cabecinhas das crianças, elas nunca chegarão a ler o Blake.
    Como aliás não estão chegando;

    Carlos

    Que coisa interessante, os clássicos NÃO devem ser lidos com notas explicativas?!

    Gostaria de saber como é que se lê , hoje, a "Ilíada" sem notas explicativas sobre a mitologia grega, as origens mitológicas da Guerra de Troia, etc.

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