Kátia Gerab Baggio: Não é um momento propício à divisão da esquerda

Tempo de leitura: 3 min

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Sobre as esquerdas, o PSOL e um artigo de Luciana Genro

por Kátia Gerab Baggio*

Não acho que este seja um momento propício à divisão das esquerdas. Ao contrário, avalio que a conjuntura é de união das esquerdas contra o retrocesso, o golpismo e as tentativas de desestabilização do governo federal, sem deixar de criticá-lo, mas fazendo-o a partir de uma avaliação consistente da conjuntura nacional e internacional.

E não pretendo fazer aqui uma crítica aprofundada ao texto de Luciana Genro publicado ontem (03/abril/2015) no portal Carta Maior.

No entanto, resolvi, provocada pelo artigo, fazer algumas considerações.

Luciana Genro e o PSOL têm não só o direito como a obrigação de fazer críticas ao governo Dilma e ao PT, como partido de oposição à esquerda. Suas críticas ao ajuste fiscal, da maneira como tem sido implementado pelo governo federal, são coerentes com o programa do PSOL.

Lembro, entretanto, que críticas ao “ajuste do Levy” não são exclusivas do PSOL e de outras organizações da oposição de esquerda, mas têm sido feitas, também, por muitos integrantes e simpatizantes do PT, que, apesar de reconhecerem a necessidade de ajustar as contas públicas, discordam da maneira como esse ajuste tem sido proposto e implementado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, com o aval da presidenta Dilma.

Mas o que me chamou, de fato, a atenção, no artigo de Luciana Genro, foi aquilo que não foi dito.

A Petrobras não foi citada uma única vez. Nada foi dito sobre os interesses das gigantescas companhias transnacionais de petróleo (como a Chevron, Exxon Mobil, Shell e BP) e de construção (Halliburton etc.) contra o regime de partilha do pré-sal e a política de conteúdo nacional da Petrobras.

Não há nenhuma palavra sobre o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que propõe a revogação da participação obrigatória da Petrobras no modelo de exploração de partilha da produção de petróleo do pré-sal e o fim da condicionante de participação mínima da empresa em, pelo menos, 30% da exploração e produção em cada licitação.

Nada foi dito sobre as políticas de desestabilização dos regimes que fazem (ou faziam) oposição aos Estados Unidos no Oriente Médio e norte da África (regimes ditatoriais, é fato). Luciana se referiu à “Primavera Árabe” (que eu prefiro usar com aspas), mas nada disse sobre os interesses norte-americanos na região.

Luciana nada disse, também, sobre os interesses das potências ocidentais e da OTAN na desestabilização da Ucrânia (aliás, na época da revolta em Kiev, ela chegou a elogiar a “Revolução da Praça Maidan”, sem que parecesse enxergar todos os interesses geopolíticos e econômicos envolvidos no conflito).

Nada foi dito, também, por Luciana, sobre as estratégias que estão sendo colocadas em prática para desestabilizar governos eleitos, de esquerda e centro-esquerda, em outros países da América Latina, como na Venezuela e na Argentina.

Nenhuma palavra sobre os BRICS.

Ou seja, considero que Luciana Genro não demonstra uma capacidade de avaliação clara e profunda sobre os interesses geopolíticos e econômicos que atuam hoje no mundo. Arrisco dizer que Luciana analisa a realidade atual com uma perspectiva similar e os mesmos parâmetros com que certos trotskistas analisavam o mundo em oposição ao totalitarismo stalinista. E, como consequência, comete equívocos.

Além disso, penso que ela subestima o poder das direitas, a liberal e a fascista, e pensa que é possível vencê-las apenas com a força do que ela denomina de “esquerda autêntica”.

Luciana, a meu ver, incorre em outros equívocos neste texto: uma visão desqualificadora sobre o significado dos atos de 13 de março de 2015, em defesa da Petrobras e dos direitos trabalhistas, além de uma avaliação insatisfatória sobre as manifestações de junho de 2013.

Reconheço, entretanto, que o PSOL não pode ser confundido com o pensamento de Luciana Genro. Sei que há, no partido, lideranças que compreendem os impasses, desafios e contradições atuais com muito mais propriedade e consistência do que a candidata escolhida pelo partido à presidência em 2014. Entre as quais, mas não só, me refiro a Gilberto Maringoni, Marcelo Freixo, Jean Wyllys e Chico Alencar.

P.S.: Este artigo de Luciana Genro foi publicado, também, hoje (04/abril/2015) em Viomundo, após o qual há alguns comentários interessantes, que convergem com as minhas críticas ao texto.

*Kátia Gerab Baggio, professora de História das Américas na UFMG

Leia também:

Luciana Genro: Nenhum setor da burguesia quer de fato o impeachment ou golpe


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Comentários

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Adilson

Deviam logo dar uma coluna pra Luciana, basta ela dizer qualquer coisa que vira notícia. Está ficando chato já alguns Blogs progressistas.

    Museusp Batista

    Até nisso os nossos queridos “blogueiros sujos” demonstram que são ruins de jogo no campo comercial e do MARQUETINGUE, porquê escolheram um produto danado de ruim e difícil de vender!! Absolutamente inconsistente ao primeiro olhar mais atento! Mais qualificada para liderança do MPL ou dos neo Black Blocks (Ai vai ter que concorrer com a Elisa Quadros!! Também admirada pelos Blogueiros incautos! Cuidado!!) do que para qualquer outra coisa mais séria. Vamo lá gente!! Bora encontrar alguma alternativa viável àquele terrível “sapo barbudo”!!!! kkkkkkkkkk
    Como dizia o mais sábio dos sábios! Não basta a inspiração, sem MUITA TRANSPIRAÇÃO!!!!

    Chegou agora no buzão e já quer andar na janelinha, cumadi, apreciando as ofertas dos camelôs nas calçadas???

JC

A PIRATARIA EM AÇÃO
Dentre as transnacionais mencionadas pela professora Kátia e que se situam contra os interesses brasileiros quanto ao regime de partilha do pré-sal e à política nacional que cabe à Petrobrás, mais uma delas tenta penetrar no contestado do Esequibo (Venezuela e Guyana) e nele explorar o petróleo, desrespeitando todas as disposições legais. A notícia é de hoje, 7 de abril e pode ser lida em http://actualidad.rt.com/actualidad/171353-venezuela-carta-canciller-exxon-guyana
O Esequibo corresponde a uma área da ordem de 160.000 km2 a leste da Venezuela riquíssima em recursos naturais (rios de água pura como o Esequibo, o mais longo entre o Amazonas e o Orenoco, imensa floresta tropical de enorme biodiversidade, reserva de minerais estratégicos. É considerada pelos técnicos como detentora da maior reserva de petróleo inexplorada em todo o mundo. A área que pertencia por legado da Espanha à Venezuela, foi transferida por um tribunal francês em 1866 para a Inglaterra por decisão pontilhada de irregularidades. Este país, por sua vez, transferiu os seus direitos à Guyana, quando da independência da sua antiga colônia. Por sugestão da Venezuela e aceita pela Guyana, qualquer atuação das duas partes no Esequibo somente caberia se aprovada pela Secretaria Geral das Nações Unidas. Mas a ExxonMobil desconheceu este tratado e os direitos da Venezuela, e iniciou a exploração do petróleo justo quando da recente e inusitada decisão de Obama que considerou a Venezuela como uma ameaça aos Estados Unidos… Pelo visto os riscos se avolumam também contra a soberania brasileira, como menciona a professora, e que aumentam com o comportamento da oposição, o apoio da mídia vende-pátria – ou do exterior – e o que aparenta ser o mais absoluto desprezo dos mais altos e desfibrados representantes dos três poderes quanto aos grandes interesses nacionais.
Cordial abraço,
JC

Matheus

Não vejo sentido em cobrar “unidade” da esquerda. Não que seja impossível construir consensos pontuais. Acredito que qualquer pessoa de esquerda repudia o golpismo, mas a decepção com o governismo é cada vez maior. Ninguém quer a volta dos tucanos, mesmo que isso seja feito por meio de medidas “tucanas” implementadas por governos “petistas” (e classificar governos monopartidariamente é um erro fatal no Brasil).

FrancoAtirador

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A EXCEÇÃO E A REGRA
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Estranhem o que não for Estranho.
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Tomem por Inexplicável o Habitual.
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Sintam-se Perplexos ante o Cotidiano.
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Tratem de achar um Remédio para o Abuso.
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Mas não se esqueçam de que o Abuso
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é sempre a Regra.
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Eugen Berthold Friedrich Brecht
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E por falar em Abuso no Capitalismo Desregulado
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dos (Des)Governos da Ex-querda Ka-Ka-Kim…
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Quando é que os Bancos abandonarão a Prática da Usura
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e quando é que as Teles deixarão de praticar Estelionato?
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JC

Caro Azenha,
Desculpe-me por estar absolutamente fora do tema. Mas é que fiz uma assinatura no Viomundo e pedi por duas vezes à “Pauta” pra me confirmar a mesma, uma vez que não pude preencher corretamente o número do meu telephone. Pois, ele para ser acessado, demanda um número de algarismos maior do que o admitido no formulário. Agradeceria se alguém do Viomundo pudesse resolver o assunto e me enviasse um email confirmando ou não a assinatura. Um cordial abraço extensivo a todos da equipe e parabens pelo grandioso trabalho que estão fazendo pelo BraSil!

JC

JC

    Conceição Lemes

    JC, vamos verificar isso. Obrigada.

Ana Maria

Vi muitas vezes o PSOL e PSTU apoiando de braços dados Tucanalhas e Demos contra o PT cheguei a me perguntar, será que realmente são de esquerda? mas ai eu percebi que era só a posição do lado esquerdo, que decepção. Reflitam e vejam as consequências de seus atos nos resultados das últimas eleições.

Andrea

Diz Kátia Baggio: “Lembro, entretanto, que críticas ao “ajuste do Levy” não são exclusivas do PSOL e de outras organizações da oposição de esquerda, mas têm sido feitas, também, por muitos integrantes e simpatizantes do PT, que, apesar de reconhecerem a necessidade de ajustar as contas públicas, discordam da maneira como esse ajuste tem sido proposto e implementado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, com o aval da presidenta Dilma.”
Ué, se o próprio PT está dividido, faz oposição ao governo do próprio partido, como reclamar de uma ‘divisão das esquerdas’? Não seria melhor arrumar a própria casa primeiro, decidir se é governo ou oposição para depois reclamar dos partidos alheios???

    Museusp Batista

    Se vc não entendeu, pode tentar ler novamente. Fazer criticas contra o que está errado é um direito e um dever do militante trabalhista, doa a quem doer! Não significa ABSOLUTAMENTE que se está contra o Governo por criticá-lo. A critica ao modelo de “austeridade” que o Governo adota jogando a carga nas costas do trabalhador é procedente e legitima. Assim como é de uma profunda hipocrisia e cinismo de certas supostas pretensas lideranças que se dizem “de esquerda” não fomentarem o debate pela taxação das grandes fortunas e movimentações financeiras. Não fazem porra nenhuma e vem criticar quem fez e faz muito pelo país. Luciana não passa de pretensa esquerdista burguesa de shopping, pizzaria e chopperia!! Tipo, “papo reto” do Laércio!! Quem não conhece e não entende, que a ouça!!! Vai pelo mesmo caminho de HH, a finada Marina Silva (falta encontrar a sua NECA), Marta et caterva, rumo ao limbo da irrelevância politica, ao lado de Roberto Freire e o finado Paulinho da Força (?), e tantos outros que se deixaram levar pelo canto da sereia do Capital. Como dizia o Brizola. A política adora a TRAIÇÃO, mas DETESTA os traidores.

    Andrea

    Caro Museup, eu realmente não consigo entender como criticar uma politica de um governo de um partido não é ser contar ele. É muita ‘dialética’ para minha pobre cabeça….

Marcos Silva

A Luciana Genro deve se conscientizar que ela foi derrotada nas eleições. Se ela prefere, agora, não se juntar à esquerda que apoia o governo, pelo menos não atrapalhe com suas opiniões radicias, que, aliás, ela não praticaria se estivesse no comando do governo. Mas, infelizmente, ela tem o DCM que lhe dá guarita todo dia e a gente tem que ler ou ficar sabendo

Luciene

Toda essa histeria da direita que estamos vivenciando iniciou-se com uma cooperação de parte da esquerda, com aquele movimento “Não vai ter Copa”. A direita se aproveitou de uma esquerda que perdeu o tempo correto de se manifestar e virou “massa de manobra”, protagonizando uma ação completamente sem sentido como aquela. Deu no que deu. E o PIG se aproveitou do momento.

JC

JC

05/04/2015 – 21:42

A Poesia explicaria?
Brilhante e necessário o texto da Profa. e historiadora Kátia Gera Baggio no qual gentilmente alinha multivários ‘equívocos’ do artigo da advogada Luciana Genro. Mas por que esta incorreu em tantos e todos alinhados no mesmo sentido? Candidez, sem dúvida, alguns tentarão assim explicar. Sentimento de imaculada ingenuidade , pura inocência, e que Fagundes Varela, o grande poeta (também) gaúcho destacou no delicioso verso:
“O lírio é menos cândido, a neve é menos pura/Que uma criança loira no leito adormecida.” (Poesias Completas, (I. p.238)
Mas, por constituir o fato e de qualquer forma um desses mistérios cheios de quiproquós, deixo a tarefa da leitura e interpretação de texto tão original a outros que o puderem ler, inclusive os sociólogos. Eles talvez até que encontrem em Hegel ou em outros luminares da ciencia do porquê das coisas a resposta iluminadora para tão curiosa peça literária… Cordial abraço,
JC

Mário SF Alves

No Brasil, dadas suas condições de formação econômica e política, e que, consequentemente, se materializaram no sádico e injustificável apartheid socioeconômico, já por demais conhecido, entendo que qualquer que seja a ação política, ainda que estritametente centrada na Constituição Federal, ainda assim será considerada ação política de esquerda.
De igual modo, e por isso mesmo, dada a gênese e natureza do Estado que temos, qualquer ação reacionária (contra) anti-superação do tal apartheid (ao qual tomo a liberdade de chamar de capitalismo subdesenvolvimentista) deverá ser entendida não como reação de direita, mas, sobretudo, como reação de extrema-direita.
E viva Celso Furtado!

    Mário SF Alves

    “…entendo que qualquer que seja a ação política, ainda que estritametente centrada na Constituição Federal, ainda assim será considerada ação política de esquerda.”
    Corrigindo:
    … qualquer que seja a ação política de superação deste estado de coisas, ainda que estritamente centrada na Constituição Federal, ainda assim será considerada pelo establishment como sendo ação política de esquerda.”

Mário SF Alves

“Nada foi dito sobre as políticas de desestabilização dos regimes que fazem (ou faziam) oposição aos Estados Unidos no Oriente Médio e norte da África (regimes ditatoriais, é fato). Luciana se referiu à “Primavera Árabe” (que eu prefiro usar com aspas), mas nada disse sobre os interesses norte-americanos na região.”
_________________________________
“Regimes ditatoriais, é fato”

Sim, decerto tão ditatorias quanto as ditaduras de extrema-direita implantadas no Chile, na Argentina, no Brasil, no Paraguai, no Uruguai…

Ora, se todos sabemos que foram ditaduras reais, concretas, violentas, não tradicionais e criminosas por que tais ditaduras não foram objeto da repulsa e condenação pública norte-americana? Por que, a exemplo da postura assumida contra o regime político vigente na Venezuela e que realmente [ainda] não é uma ditadura, tais ditaduras, não foram, nenhuma delas – igualmente – entendidas como afronta aos direitos humanos e como ameaça a segurança dos EUA?

Resposta: sede, estratégia e fome injustificável de dominação. Outros chamam de geopolítica. Dá quase no mesmo.

Ah, sim, resumindo ou dito de outra forma, porque existem ditaduras e ditaduras. Umas são amigas, e mesmo desejáveis, outras não.

Jorge Isaias Llagostera Beltran

Muito bom artigo da Profa. Kátia Gerab Baggio. Concordo integralmente.

JorgeSP

ótimo artigo.
não se pode deixar de lado os interesses profundos que movem essa gente. s
destruir a Petrobrás e se apropriar do Pré-Sal é a meta dos imperialistas e de seus agentes no Brasil.

Zilda

O que Luciana faz é apologia do partido dela. Não está pensando no Brasil e no povo brasileiro. Está só se cacifando.
Concordo plenamente com a professora Kátia.

Mário SF Alves

Já deu. Chega de purismo ideológico. Na realidade o buraco é mais embaixo e esse país se chama Brasil, a pátria do subdesenvolvimentismo capitalista.
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Temos de fazer a prova dos nove com o PT. E o único jeito de fazer isso na conjuntura atual é através do empoderamento CONSTITUCIONAL do partido a partir das ruas.

Aí, sim, vai se saber quem é quem.
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Tirou daí, ou é romance, oportunismo, lero-lero ou é golpismo udenista mal disfarçado.

Leo V

A autora nada disse sobre os perseguidos políticos, militantes de esquerda, alvos do governo do PT.

A autora nada disse sobre a criminalização de movimentos de esquerda operado principalmente a partir de 2013 pelo governo do PT.

Pois é, em casa de ferreiro espeto é de pau.

Leo V

Não há com querer defender um governo e querer que alguma luta que se faça contra suas políticas saia vitoriosa.

Só se avança com autonomia.

Chega de governismo! Essa fala de autonomia imobiliza, apassiva, por 12 anos! E leva a esquerda pro fundo do poço com o governo.

Engraçado pedir unidade da esquerda. Por que a autora não pede unidade da esquerda quando os governistas e o PT no governo criminaliza militantes de esquerda e movimentos de esquerda? Quando os difama etc? Hipocrisia da autora.

Temos Sininho e Moa foragidas, perseguidas políticas do governo. Temos Igor Mendes preso político no Rio. Rafael Braga. Cadê a unidade? A unidade é só pra defender o governo? Não, não cairemos nessa. Muita hipocrisia e demagogia.

carlos saraiva e saraiva

Concordo, plenamente com a prof. Kátia. Reforço a necessidade de uma frente ampla de esquerda. O momento é entendermos qual o adversário à ser enfrentado e sem dúvida é a ofensiva da direita nacional , articulada com os interesses internacionais em jôgo. As manifestações não podem ser analisadas como movimentos espontâneos de insatisfação democrática, embora possam existir, mas sim movimentos coordenados, estimulados e financiados, por setores fascistas, entreguistas, da grande mídia e do capital nacional e internacional. A esquerda precisa entender o momento e seu papel histórico.

Marco Antônio Fonseca

Cara professora Kátia, o seu texto está muito bem escrito. De fato não tenho nada a acrescentar, concordo que o momento é externamente complicado para qualquer postura separatista e que o foco primordial das críticas devem prioritariamente ser nas direitas neo-liberais e na grande imprensa golpista que insiste em blindar políticos da oposição. Não obstante creio que é salutar para o próprio PT e para a democracia a crítica que já vem sendo feita ao próprio PT como o fez o Professor Renato Janine antes mesmo da sua indicação, o que mostra por parte da Presidenta a aceitação das críticas…
Abraços
Marco.

Morvan

Boa noite.

Carissimi:

Concordo totalmente com a articulista, Kátia Gerab Baggio. Na verdade, parabenizá-la por conseguir fazer um arguto contraponto e ter a felicidade de o fazer sem resvalar para o “Ad Hominem“, c’est à dire, muito pelo contrário; mostrou as lacunas da articulista anterior com muita propriedade e segurança. Pugno sempre por esta postura, o que engrandece deveras o verdadeiro debate. Agregador.

Saudações “{★}¹³ Dilma, Vamos De Coração Valente; Enfrentar Os Golpistas E Defender A PetroBrás“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.

Apolônio

O texto é muito bom. Bem alinhavado. Haja visto , escrito por uma professora de história. Temos que ter uma visão mais global de nossa história, o período, Vargas, e o período João Goulart. No período João Goulart a esquerda ao PTB, fazia a mesma coisa. Cobrava muito de Goulart, em uma velocidade que Ele não poderia atender. Azucrinou demais a vida Dele. Ai deu no que deu. Ainda bem, que tem pessoas no PSOL, captando o que de fato está acontecendo, para que erros não sejam repetidos. Não estou dizendo que os partidos mais à esquerda da época fosse responsável pelo que aconteceu com o Jango, mas, acabou sendo mais um aperitivo no complicado jogo político da época. O bom senso recomenda neste momento, é união de todos os progressistas e de todos os partidos de esquerda, não importa uma, ou outra diferença. Nós também internautas, que mourejamos nesses blogs temos que fazer nossa parte, isto é, conversar com amigos e amigas o que está acontecendo. Isto pode ser feito também, caso algum assunto de política seja abordado em algum recinto onde estivermos. Nós podemos fazê-lo, pois temos conhecimento e dados para convencer qualquer pessoa, aquele que nós não pudermos convencer, vamos então provocar a dúvida. A dúvida por certo o fará pensar.

    luiz brevi

    Esta certo Apolônio,faço minhas as suas palavras.No mais é unir para sermos fortes e continuar a desenvolver esse projeto do socialismo.Dure qto tempo durar, mas se formos persistentes e sem divisionismos,chegaremos la mais cedo

Vagner

Há um movimento na Direita, liderado pela Rede Globo, de exterminio do PT, e obviamente Luciana Genro não se importa com isto. Mas aguarde calmamente Luciana Genro, que depois da exterminação do PT, o proximo partido a ser exterminado sera o PSOL.

    Bonobo, Severino de Oliveira

    Não se importa e embarca no jogo em evidente demonstração de oportunismo caolho característico da velha UDN. Vejo isso tanto nela como na argumentação gordurosa do Safatle. Estão seguindo o caminho nebuloso da “fadinha da floresta”! Só falta encontrarem a sua Neca Setúbal inspiradora e fazer aliança com o Malafaia.

katiusca

Concordo, a Luciana como esquerda mais radical é necessária mas peca gravemente …. subestima o empenho da direita em estabelecer o impedimento da presidente para viabilizar os interesses corporativos transnacionais representados aqui pelo psdb. O momento é grave muito mais pelas forças que financiam e apoiam , do que a realidade em si, que também merece críticas . É urgente que se estabeleça um mutirão de forças em defesa do nosso país que passa, quer concordemos ou não, em apoiar este governo . A direita aposta no seu poder midiático enquanto a esquerda fica no purismo ideológico sem enxergar o inimigo cafungando no nosso cangote.

Adolfo Silva Rego

Subscrevi um comentário ao texto da Luciana, mas comentando o que foi dito. Achei interessante o texto acima por focar no não dito. Refletindo: a análise da Luciana é equivocada, tanto pelo dito quanto pelo não dito. Sobre esse último aspecto, acrescento que não há nenhuma palavrinha sobre “imperialismo” ou mesmo uma menção indireta a esse tema. Será por quê?

Esquerda que se preza, principalmente nos países terceiro-mundistas, é anti-imperialista. Sobre a crise brasileira, não dá para fazer uma análise sem tecer comentários sobre a interferência externa. Sem se considerar, por exemplo, que a grande mídia brasileira sempre se comportou e se comporta como porta-voz do imperialismo. A esse respeito, questiono: por que a mídia critica tanto o PT e mostra-se omissa em relação à corrupção cometida por outros partidos? Não seria por que o PT ainda pratica uma política anti-imperialista, ainda que tênue? São perguntas que o texto da Luciana não responde, mas que deveria!

Ainda acredito que o PSoL possa ser uma alternativa para nossa política, mas precisa amadurecer muito.

Abaixo, replico link de interessante vídeo (postado por alguém em comentário ao texto da Luciana), sobre a organização de “revoluções” mundo afora (e talvez mundo a dentro):

O negócio da revolução:
“https://www.youtube.com/watch?v=tJE91Cm1oYc”

Igor Tkaczenko

A capa da revista Isto é nos mostra que eles já notaram como a pauta caminha naturalmente para a reforma política e o fim do financiamento empresarial. Eles lutam contra, mas não discutindo, e sim tentando impor a opinião/visão.

Essa postura é cada vez mais difícil de se manter no processo de amadurecimento democrátrico que vivemos. Opinião imposta, sem diálogo de uma opinião publicada.

Basta uma leve reflexão, de bom senso, que toda a argumentação da revista se revela fraca ou de base frágil, e, pior, nega desde já a necessidade da reforma. Um tiro no pé.

Impossível negar a boa reflexão que faz a população, o quanto é percebido como positivo o esclarecimento vindo da discussão sobre a reforma polítca e o fim do financiamento empresarial de partidos e campanhas, uma discussão honesta, onde todas as informações são trabalhadas. A revista menospreza a capacidade crítica de seu leitor, como sempre fazem quando esses veículos opinativos publicam sem abertura ao diálogo.
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A esquerda pode se unir sim nesse sentido, abandonar o sectarismo de forma racional, republicana, tal qual a sociedade caminha. Partido que não tirar proveito disso comete um engano absurdo, pois é apenas dar voz ao moivimento político e saudável vindo da cristalização de um entendimento do corpo social e que se mostra na necessidade da reforma política.

Como a esquerda pode ignorar isso? É uma ideia positiva que nasce do próprio entendimento de política que a sociedade faz. Claro, ainda vista com base no senso comum da velha mídia por muitos enquanto política = roubalheira.

Porém, a vivência democrática tem rompido esta virtualidade e se consolida cada vez mais na realidade do brasileiro, politizando-o.

Aproveitar o amadurecimento político da sociedade é a proveitar esse momento do senso comum, um momento de qualidade. Política é bom, pode verdadeiramente transformar realidades, conquistar para todos, e isso fundamenta a essência esquerdista: a conscientização ampla do significado de política, a autonomia no pensamento e a politização natural.

Se a esquerda souber trabalhar isso, e acho que vai – essa é minha opinião -, poderemos vencer cânceres há muito enraizados em nosso sistema político.

    Mário SF Alves

    “Se a esquerda souber trabalhar isso, e acho que vai – essa é minha opinião -, poderemos vencer cânceres há muito enraizados em nosso sistema político.”

    Se a esquerda e se os democratas… souberem trabalhar isso, e acho que vão, o Brasil poderá vencer quatro séculos de latifúndio político; quatro séculos de sádico e injustificável apartheid social e econômico. Para entender, fundamentar e definir rumos a respeito disso não se faz necessário ir muito longe. Basta entender os pressupostos do cientista e ex-combatente da FEB, Celso Furtado.

João Claudio

E quando os petistas gestores de estatais perseguem os militantes do PSOL e PSTU? Será que eles não querem dividir a esquerda?

    dinarte

    Quanto a questão de dos gestores de estatais não vou entrar no mérito, pois, não conheço nenhum gestor,eu vou falar do que eu tenho conhecimento,para cerca de 90% do PSOL e praticamente 100% do PSTU , o único inimigo é o PT,eles não se preocupam nem um pouco em andar de braços dados com a direita,se isso for prejudicar o PT.
    Um caso típico e o que acontece na APEOESP, principalmente quando eles vão nas escolas debaterem com os professores e professoras,as pessoas ligadas a esses partido só sabem criticar o governo federal,não fazem nenhuma critica ao governo estadual (PSDB) que são os verdadeiros responsáveis pelo descalabro na educação de SP.

    Mário SF Alves

    Cara, francamente, e sinto muito por isso, mas, às vezes, chego a dar razão ao astrólogo quando se refere essa tal esquerda brasileira estigmatizando-a de esquerdopata.
    Salvo engano, Lenin alertou sobre uma certa práxis política ao declarar o esquerdismo como sendo uma doença infantil do comunismo.

MANREL

A Luciana mostra quase sempre um radicalismo que beira a estreiteza.

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