Fabrício de Oliveira: O que é preciso para renovar as esperanças da população

Tempo de leitura: 4 min

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Crescimento econômico, ortodoxia e políticas de inclusão 

Sem um efetivo projeto de desenvolvimento, o País não estabelecerá uma ponte entre o curto e o longo prazo e poderá continuar apenas patinando na tentativa de agradar o mercado, sem conseguir renovar as esperanças da população

por Fabrício Augusto de Oliveira, no Brasil Debate

Não está nada fácil para os economistas que apoiaram a reeleição de Dilma Rousseff, nem para a população que nela votou, saber para onde pretende conduzir o País em seu segundo mandato.

De um lado, tendo nomeado representantes da banca para comandar a economia, os ajustes em curso, traduzidos no aumento dos juros e dos impostos e na correção dos preços monitorados, anunciam que o País deverá permanecer na letargia econômica em que se encontra por pelo menos mais dois anos, com inevitáveis impactos deletérios sobre a renda e o emprego.

De outro, os cortes realizados em direitos trabalhistas, somados às inevitáveis reduções dos gastos em outras políticas sociais, dado o tamanho do ajuste fiscal previsto, prenunciam maiores dificuldades para os trabalhadores e para as camadas menos favorecidas da sociedade, com potencial efeito de ampliação dos conflitos sociais. Nada a ver com as promessas de campanha.

Esse desenho do conteúdo do novo governo aparece como uma confissão, não assumida, de que parece ter se errado em tudo no primeiro mandato: na economia, ao desprezar a importância do crescimento para sustentar a expansão dos gastos sociais e, com isso, dar legitimidade à política econômica para o projeto de maior inclusão social.

No social, ao acreditar que a redistribuição de renda, garantindo maior força à demanda, por meio do aumento do emprego, da renda, do crédito e de transferências diretas de renda, seria suficiente, ao melhorar as condições de vida da população, para animar os empresários, alavancar os investimentos e garantir a expansão da capacidade de oferta, numa inversão da Lei da Oferta de Say. Especialmente em um país em que acentuados gargalos estruturais operam como fatores que obstam a competitividade da produção nacional e minam a confiança do capital em seu futuro.

Contrariamente ao esperado, como nenhuma reforma estrutural importante foi realizada, os estrangulamentos permaneceram, os investimentos encolheram ainda mais, minando a capacidade de oferta, pressionada por uma demanda revigorada.

E quanto à ausência dessa sincronia entre o econômico e o social, acabou colocando variáveis relevantes da economia “fora do lugar”, caso da inflação, dos juros, do câmbio, das contas públicas e também das contas externas, dificultando ainda mais os caminhos do próprio crescimento, já prejudicado por grave e prolongada crise externa.

Um erro, portanto, teórico, que dissociou o econômico do social, de um lado, e, de outro, de falta de criatividade por não se ter conseguido conciliar uma política econômica e social mais progressista com os pilares centrais da economia.

Com isso, tornou-se inevitável que, em decorrência deste desarranjo, a possibilidade de o País perder o grau de investimento arduamente conquistado na última década retornou à cena de forma ameaçadora.

Quando, em termos de política econômica, não se atenta para essa questão numa ciência econômica, já nem mais “natural”, mas “matematizada”, em que a política figura como corpo estranho à sua dinâmica, e que são os cálculos dos agentes “racionais” que atuam como paradigmas para estabelecer os limites de atuação do Estado, a política de redução das desigualdades sociais não pode, para ser realizada nos limites deste sistema, desprezar o crescimento, do qual ele se alimenta para sua implementação e continuidade. Caso contrário, o conflito torna-se inevitável, bem como as tensões entre estes dois polos.

Não há como negar diante das estatísticas existentes que foi principalmente pelo crescimento econômico que se conseguiu obter ganhos importantes na redução das desigualdades do País na última década, com o qual se aqueceu o mercado de trabalho, elevando os salários reais e propiciou, ao Estado, implementar e fortalecer a política de valorização do salário mínimo e dos benefícios previdenciários, além de ampliar os gastos com transferências diretas de renda.

Sem ele, a população que acreditava estar na soleira do paraíso econômico, como a tal da “nova classe média”, ou que começara a escapar do “inferno” da fome, como a do grupo dos mais pobres, deve dar alguns bons passos em direção contrária.

Não se deve esperar, contudo, que a rendição ao mercado traga automaticamente de volta ao País o sol do crescimento, mesmo que as variáveis econômicas se acomodem e se ajustem aos níveis desejados.

Este só garante que numa economia e com um Estado bem comportado, nem o capital, nem a riqueza financeira estarão correndo grandes riscos, mas isso não significa a abertura de um crescimento mais sustentável e inclusivo.

Se a essa situação não se adicionar um efetivo projeto de desenvolvimento do qual o País continua carente, não se estabelecerá uma ponte entre o curto e o longo prazo, e poder-se-á continuar apenas patinando na tentativa de agradar o mercado, sem conseguir reabrir janelas por onde reentrem novas esperanças para a população.

Se a atabalhoada política econômica do primeiro mandato do governo Dilma terminou reconduzindo-a aos braços do mercado, ainda lhe resta a possibilidade de se redimir do ônus que está e deverá continuar sendo imposto à população.

Este feito continua sendo um desafio para o País libertar-se das cadeias em que novamente está sendo aprisionado pelo pensamento econômico dominante.

Recomenda-se como lição, para isso, uma releitura dos economistas clássicos e de Thomas Piketty. Os primeiros, para se inteirar da força e do poder do crescimento na criação da riqueza.

O segundo, para lembrar que essa riqueza tem se concentrado no tempo, e que nela reside uma fonte abundante de recursos que pode contribuir tanto para dotar o Estado de capacidade de financiar este crescimento, com políticas de inclusão, assim como para melhorar a equidade da tributação. E, também importante: sem provocar grandes rachaduras no edifício econômico “teórico” da ortodoxia.

Fabrício Augusto de Oliveira é doutor em economia pela Unicamp, membro da Plataforma de Política Social e autor, entre outros, do livro “Dívida pública do Estado de Minas Gerais: a renegociação necessária”, de 2012

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Vergonha


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Comentários

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MAAR

Corretíssima a tese de que a falta de um projeto de desenvolvimento econômico é o principal calcanhar de Aquiles do governo federal.

O grande desafio, desde há muito, é demonstrar que a promoção de um forte crescimento econômico sustentável pode ser compatível com a crescente satisfação das demandas sociais.

Para tanto, é necessário fazer com que seja posto de lado o imediatismo predatório dos rentistas.

É preciso ter a coragem e a força política suficiente para reduzir de modo continuado as taxas de juros, e ter a capacidade de criar mecanismos que elevem a atração dos investimentos na economia real, com a manutenção do equilíbrio interno e externo.

E tudo depende da demonstração da lucratividade de médio e longo prazo, que, por sua vez depende da eficiência econômica, que é impulsionada pelas inovações, tanto produtivas quanto gerenciais.

Por todas estas razões, da máxima relevância, clamemos por um projeto de desenvolvimento verdadeiro e estruturado.

Mauro Jose Moreira

Se a política de inclusão social,com transferência de renda,criando uma nova classe media,não foi capaz de alavancar o pib brasileiro,com certeza a nega~çao a essa política tbm esta provado que não alavanca o pib brasileiro,essas políticas tem efeito interno para levantar o pib faz necessário gerar ciência e tecnologia,produzindo abertura do mercado bem como sua consolidação internacional.

FrancoAtirador

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Um Líder Político que tenha Coragem de enfrentar as Corporações.
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    FrancoAtirador

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    Essa Calmaria Atormenta.
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    FrancoAtirador

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    Todos os olhos voltados para Atenas:

    A cinco dias da eleição na Grécia,
    o Syriza amplia para 4,5 pontos a vantagem
    sobre a direita no pleito de domingo
    que pode romper a blindagem
    do arrocho neoliberal na Europa.

    Vitória da esquerda grega
    pode impulsionar o Podemos
    nas eleições espanholas
    parlamentares, em maio,
    e gerais, no fim do ano.

    Hora a Hora – Carta Maior
    (http://www.cartamaior.com.br)
    .
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    FrancoAtirador

    .
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    “Água da Merda para os Pobres
    e Perrier para as Gargantas Seletas”

    E se a Gigante Panela de Pressão explodir?
    .
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    Quantas bombas nucleares seriam necessárias para elevar em meio grau
    a temperatura dos oceanos que recobrem uma área equivalente
    a 71% da superfície da Terra?

    Estamos falando de uma panela de água salgada com 357 milhões de km2,
    profundidade média de 3.870 metros.

    Guardadas as particularidades locais e individuais,
    tudo se passa como se a solução fosse extrair ‘água limpa da merda’
    — sem alterar as bases da imensa Cloaca Sistêmica que devasta
    e empesteia os recursos que formam as bases da Vida na Terra.

    Exemplo dessa contradição é o ambientalismo cevado agora na alfafa chique
    das propostas do decrescimento econeoliberal.

    O que temos aqui?

    Uma confortável simbiose entre arrocho fiscal e vapores sustentáveis.

    Ou seja, água da merda para os pobres; Perrier para as gargantas seletas.

    A classe média semi-culta e semi-informada se inebria nas tertúlias na Casa do Saber, enquanto a operosa eficiência dos livres mercados acrescenta bombas de calor nos cinco oceanos.

    Não vamos além da sorte do sapo por aí.

    A referência ao sapo cozido em sua própria tolerância
    é bem conhecida, mas ainda válida:
    jogado em água fervente, ele reage e salta, em busca da Vida;
    cozido em fogo baixo o distraído não reage ao martírio incremental,
    até que a água borbulhe a 100º.

    As linhas da Urgência Ambiental e a da Prostração Política
    indicam que a Batalha da Mitigação foi perdida.

    Resta saber se a Esquerda será capaz de recuperar o Tempo Perdido
    para dar à Humanidade uma Segunda Chance,
    para além da sua Metamorfose em um Sapo Cozido
    na Desconcertante Conivência com o Caos.
    .
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    Fritos, Sujos e Mal Pagos

    Por Saul Leblon, na Carta Maior

    Quantas bombas nucleares seriam necessárias para elevar em meio grau
    a temperatura dos oceanos que recobrem uma área equivalente
    a 71% da superfície da Terra?

    Estamos falando de uma panela de água salgada com 357 milhões de km2,
    profundidade média de 3.870 metros (podendo chegar a 11 quilômetros
    nos abismos, as fossas oceânicas).

    Seja qual for a resposta, essa guerra já aconteceu.

    No ano passado, a temperatura no Planeta atingiu níveis sem precedentes
    nos registros históricos desde 1880, coligidos pela agencia espacial norte-americana, a NASA.

    Na superfície do mar ela ficou justamente 0,57% grau acima da média do século passado.

    Insista-se: vivemos sob um bombardeio de calor capaz de aquecer
    em mais de meio grau um caldeirão com cerca de 1,3 quatrilhão de litros de água salgada.

    Na terra, o aquecimento deu um salto ainda maior:
    um grau acima, na mesma base de comparação.

    Um comunicado da direção do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, vinculado à NASA, não deixa muitas dúvidas quanto a dimensão estrutural desse bombardeio sem estrondo, por isso mesmo ainda mais ardiloso e fatal:
    ‘Este é o mais recente de uma série de anos quentes, de uma série de décadas quentes.
    Se um ano isoladamente pode ser afetado por padrões climáticos caóticos, as tendências de longo prazo podem ser atribuídas à mudança climática, dominada, agora, pelas emissões humanas de gases do efeito estufa”.

    A referência comparativa a 1880 ilude.

    Na verdade, a água da panela sofreu seu principal processo de aquecimento em um intervalo de tempo mais curto e mais recente, evidenciando uma aceleração cumulativa do bombardeio metafórico.

    Se hoje a Terra está 0,8% mais quente do que em 1880, o fato é que o termômetro climático se mexeu com mais celeridade sobretudo nas últimas três décadas.

    Com exceção de 1998, os 10 anos mais quentes de que se tem registro ocorreram depois de 2000.

    A espiral progressiva dá ao recorde de 2014 a dimensão de um alarme estridente que lideranças à direta e à esquerda fingem não ouvir.

    As bombas da insanidade sistêmica estão explodindo em velocidade cada vez maior na ‘panela’, ainda que a percepção de quem está dentro seja vaga e episódica.

    A referência ao sapo cozido em sua própria tolerância é conhecida mas válida:
    jogado em água fervente ele reage e salta em busca da vida;
    cozido em fogo baixo o distraído não reage ao martírio incremental,
    até que a água borbulhe a 100º.

    Aí será tarde demais para saltar em busca da Vida.

    Os dados da equação climática sugerem que a Humanidade aproxima-se dessa segunda hipótese
    no timmimg para refrear as causas do aquecimento global.

    Não é força de expressão.

    Os números da contagem progressiva oferecidos há poucos dias pela NASA
    sequer provocaram bocejos nos sapos dirigentes responsáveis
    pelo caldeirão em banho-maria avançado.

    Tudo se passa como se o tempo fosse um aliado, quando a novidade
    é que deixou de sê-lo há centenas de folhas do calendário.

    A sorte da humanidade equilibra-se em uma estreita pinguela de uma década e meia, se tanto, é o que já se disse mais de uma vez neste mesmo espaço.

    Não é um exercício de alarmismo por tentativa e erro.

    É o consenso, ou pelo menos a quase unanimidade do que enxerga a Ciência.

    Uma década e meia seria o tempo disponível para limar divergências, pactuar metas,
    dividir cotas e iniciar, por volta de 2020, um corte de 40% a 70% no volume de emissões de gases de efeito estufa, a ser concluído até 2050.

    A base de referência seriam as emissões de 2010.

    Detalhe: aquilo que se preconiza como imperativo para as próximas três décadas destoa brutalmente da tendência registrada nas três anteriores.

    As emissões no período recente, como reiterou a NASA no comunicado sobre o recorde de 2014, só fizeram crescer, em degraus robustos.

    A redução heroica projetada agora marcaria a derradeira chance de se evitar que a temperatura média no planeta aumente mais de 2 graus Celsius até o final deste século.

    Os pesquisadores — exceto a turma financiada pelo partido republicano dos EUA — advertem que qualquer escorregão além disso adicionaria um roteador endiabrado à dinâmica dos eventos extremos, anulando o esforço de readaptação da atividade humana no planeta.

    O sapo, então, mesmo consciente do fim, não teria mais alternativas, emparedado entre o caldeirão e a brasa.

    No final de 2015, um novo protocolo do clima — em substituição ao falido ‘Kioto — será definido na reunião do IPCC, em Paris.

    É justo nutrir esperanças de que alguma decisão relevante saia de um fórum dominado pelos mesmos interesses, a mesma lógica, responsáveis por terem jogado a humanidade no atual precipício entre a deflação recessiva e a estagnação secular?

    Dito de outra forma: em um mundo submetido a forças que consideram irrelevante coordenar ações e expectativas para afrontar a natureza intrinsecamente desequilibrada dos mercados, que espaço existe para o planejamento global da equação climática?

    Mais que a indiferença diante da fatalidade, a prostração revela que a resposta à encruzilhada ambiental transcende o ambientalismo.

    Ressalvadas honrosas exceções, ao menos no Brasil, o ambientalismo sempre resistiu em associar a sua luta à superação da ordem econômica que está na raiz de seus desafios.

    Guardadas as particularidades locais e individuais, tudo se passa
    como se a solução fosse extrair ‘água limpa da merda’ — sem alterar as bases da imensa cloaca sistêmica que devasta e empesteia os recursos
    que formam as bases da vida na Terra
    [leia ‘Extrair Água da Merda. Uma Forma de Erradicar a Pobreza?’: (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Movimentos-Sociais/Extrair-agua-da-merda-Uma-forma-de-erradicar-a-pobreza-/2/32671)]

    Exemplo dessa contradição é o ambientalismo cevado agora na alfafa chique
    das propostas do decrescimento econeoliberal.

    O que temos aqui?
    Uma confortável simbiose entre arrocho fiscal e vapores sustentáveis.

    Ou seja, água da merda para os pobres;
    Perrier para as gargantas seletas.

    A classe média semi-culta e semi-informada se inebria nas tertúlias na Casa do Saber, enquanto a operosa eficiência dos livres mercados acrescenta bombas de calor nos cinco oceanos.

    Não vamos além da sorte do sapo por aí.

    Neomalthusianos tingidos de verde deveriam admitir, a bem da verdade, que a bandeira do ‘decrescimento’ já se encontra em vigor em sociedades díspares, da África subsaariana às economias europeias às voltas com fome, deflação e desemprego, sob o torniquete de Merkel & FMI e interesses neocoloniais.

    Os desdobramentos em marcha podem ser evocados como os albores de uma aurora sustentável?

    A ascensão fulminante do Syriza numa Grécia espremida em um torniquete mais devastador que o da Depressão dos anos 30 nos EUA (conforme Joseph Stiglitz, no El Pais);
    assim como a liderança do Podemos, na Espanha – campeã europeia no quesito desigualdade (1% detém riqueza superior a dos 70% mais pobres) sugerem que não.

    Quase 1/3 da humanidade ainda depende da queima de lenha ou carvão
    (leia-se, derrubada de florestas) para preparar uma simples refeição.

    Cerca de 850 milhões de seres humanos vivem no calabouço da fome crônica.

    Outro tanto moureja a terra nua dispondo tão somente da força muscular para extrair seu sustento.

    Mais decrescimento que isso?

    Para escapar à lógica do fim do mundo — se é que ainda há tempo — é preciso incorporar as circunstâncias da história realmente existente à equação sustentável.

    Nas últimas décadas, a desregulação imposta a todos os níveis da atividade humana agravou os contornos da crise social e ambiental.

    Se os fundos especulativos conseguem dobrar o rendimento dos detentores da riqueza financeira em prazos curtíssimos, todos os demais setores da economia capitalista terão que perseguir idêntica voragem. Do contrário, acionistas insaciáveis fritarão o fígado de gestores empedernidos numa grande fogueira de ações nas Bolsas de Valores.

    A dominância financeira impõe há mais de 40 anos uma aceleração predatória em todas as latitudes da terra e dos mares; do macro ao micro.

    Acelerar, no léxico dos mercados, significa desregular. O quê? Tudo: da proteção ao trabalho à exploração das riquezas naturais.

    A turma do decrescimento considera ambientalmente indesejável buscar o pleno emprego no século 21.

    Topa uma reforma tributária capaz de tornar o emprego parcial –ou até mesmo sazonal– apenas uma das âncoras da sociedade regida pela universalização da cidadania plena?

    Na verdade, Kalecki e Keynes, depois de Marx, já haviam farejado a implicância dos finos com uma situação de mercado de trabalho aquecido, capaz de ampliar o poder de barganha da classe assalariada.

    Ou não será o desmonte desses alicerces (fim do seguro desemprego, por exemplo) um dos motivos da satisfação dos endinheirados com a agenda Levy no Brasil?

    A alavanca que move o jogo do fim do mundo não é a dos direitos sociais –entre eles o direito ao emprego digno– mas, sim, os direitos de saque sobre a riqueza disponível, exercido pela papelaria rentista, cujo montante supera US$ 600 trilhões: 10 vezes a soma do PIB planetário.

    A impossibilidade física entre uma coisa e outra, entre os limites do planeta e a ganância rentista, esse o moinho satânico do nosso tempo.

    Nada disso isenta a negligência da esquerda diante do colapso que a reunião de dezembro em Paris prenuncia.

    As linhas da urgência ambiental e a da prostração política
    indicam que a batalha da mitigação, por ora, foi perdida.

    Resta saber se a esquerda será capaz de recuperar o tempo perdido
    para dar à humanidade uma segunda chance,
    para além da sua metamorfose em um sapo cozido
    na desconcertante conivência com o Caos.

    (http://cartamaior.com.br/?/Editorial/Fritos-sujos-e-mal-pagos-/32679)
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Toga

O que é preciso?
Nesse ritmo, sangue.
É incrível um governo que se pretenda “progressista” seja tão medroso e deixe privilégios intocados.

    Gabriel Braga

    O PT atucanou de vez caro Toga.

    Estou profudamente decepcionado com esse início de Dilma II.Não sou ingênuo de achar que agora o PT iria dar uma guinada à esquerda e voltar as origens,já que o partido faz parte de uma coalização com agremiações conservadoras,mas esse ajuste econômico as custas dos trabalhadores é demais e não dá pra engolir.´

    Alguns ajustes na economia realmente se faziam necessários,mas as medidas já anunciadas mais os prováveis aumentos da SELIC irão levar o País a uma recessão com perdas pra quem vive de salário,ou seja,a maioria,mas os privilegiados de sempre,os que enchem os bolsos de dinheiro aplicando em títulos remunerados pela SELIC,além de não perderem nada,vão ganhar ainda mais.

    O mínimo que se esperaria de um governo dito dos trabalhadores num momento em que se fala tanto na necessidade de apertar os cintos seria propro uma reforma tributária que aliviasse os tributos sobre o consumo e aumentasse os que incidem sobre o patrimônio e a renda,incluindo as grandes fortunas.

    Sou apenas 1 dos mais de 51 milhões que votaram em Dilma nas últimas eleições e sozinho não faço diferença,mas em 2018 não voto mais no PT,nem com Lula como candidato.

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