Congresso interveio para garantir equilíbrio entre clubes. Nos EUA

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O campeão atual é de uma cidade de apenas 600 mil habitantes. Como explicar?

Foi graças a uma lei aprovada no Congresso dos Estados Unidos que a liga de futebol americano passou a ter o direito de negociar com as redes de televisão pacotes fechados de transmissão dos jogos.

Até 1961, o país tinha duas ligas e os times disputavam, cada um por si, as verbas das tevês. Mas decidiram se unir para conseguir melhores contratos. Para a justiça, eles estavam ferindo a lei antitruste. Acabavam com a competição. O Congresso discordou e passou uma exceção específica para as ligas esportivas. Entendeu que os times eram co-dependentes, quase como uma empresa só. “Prejudicou” as emissoras de TV, fortaleceu os clubes.

Foi um passo decisivo para organizar e consolidar o que viria a se tornar a liga esportiva mais rica e poderosa do país, e do mundo.

O economista John Vrooman, da Universidade Vanderbilt, especializado nos negócios esportivos, explica que a partir daí o futebol americano passou a dividir a verba dos contratos de transmissão igualmente entre os clubes.

Não importa quem comanda a maior audiência ou tem os jogadores mais consagrados.

É o que ele chama de distribuição solidária da verba da mídia. Os times não podem nem fazer negócios paralelos, com seus mercados particulares. Quando um time de São Francisco, por exemplo, fecha algum contrato com a tevê da cidade, a verba tem que entrar na caixinha dos 32 times que fazem parte da liga e do campeonato nacional.

O outro modelo adotado por algumas ligas esportivas privilegia o que o economista chama de mérito. Exemplo: os times da Espanha. Barcelona e Real Madrid têm os dois melhores times do país, os melhores jogadores, e juntos ficam com 50% de toda a verba das transmissões de jogos do país, o que facilita ainda mais a concentração de bons atletas nestes dois clubes.

Na Alemanha, a campeã mundial de 2014, a Bundesliga adota um sistema híbrido. Meio a meio: solidariedade e mérito.

Ou seja, metade da principal fonte de renda dos times, que é verba dos contratos de transmissão, é dividida igualmente entre todos os times. Não importa que lugar eles ocupem no ranking nacional ou o tamanho das torcidas que atraem para os jogos. A outra metade é distribuída de acordo com o desempenho de cada um.

Segundo o economista, a mistura é a melhor saída porque ajuda a manter algum equilíbrio entre os times, dá a todos chance de investir em novos talentos e na compra do passe de jogadores consagrados ou que prometem se tornar grandes craques. Mas mantém o estímulo. Sabendo que parte da verba é distribuída de acordo com o desempenho, os jogadores se esforçam mais.

A liga britânica segue o mesmo modelo. Da renda anual de cerca de US$ 4 bilhões, 67% são distribuídos igualmente pelos clubes. Entre 1996 e 2004, a parcela da renda da liga que vai para o pagamento de salários subiu de 50% para 70%.

Na França, o sistema mudou recentemente. Até 2005, A liga principal francesa distribuía 80% da verba de acordo com o sistema da solidariedade. Mas começou a perder atletas para outros paises. A seleção do país ía muito bem, mas os clubes tinham péssima colocação no ranking europeu. A França mudou para a fórmula meio a meio e os times do país começaram a se sair melhor nas competições da UEFA.

Nos Estados Unidos, a liga de futebol americano é a única que adota exclusivamente o sistema da solidariedade. Tem um campeonato bastante imprevisível. Os dois últimos campeões foram de cidades médias.

Já o basquete, que misturou os dois sistemas, tem, há anos, um pequeno grupo de campeões. Apenas 8 dos 30 times da liga venceram o campeonato nacional nos últimos 50 anos.

No que diz respeito à preparação e criação de talentos, fica difícil comparar os modelos econômicos em tornos dos esportes nos Estados Unidos e na Europa, já que o basquete e o futebol americanos não investem nada na formação de craques.

Nos Estados Unidos, quem cuida do desenvolvimento de futuros atletas são o basquete e o futebol universitários.

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PS do Viomundo: No Brasil, Ricardo Teixeira sempre disse que a CBF é uma entidade de direito privado e, portanto, não pode sofrer qualquer tipo de cerceamento estatal. Fechou contratos eternos com a Globo, prejudicando toda a concorrência, inclusive a Band, que é obrigada a comer na mão do monopólio. No entanto, a CBF fatura R$ 400 milhões anuais explorando um bem público, que é a seleção brasileira. Teixeira-Marin-Del Nero privatizaram a camisa amarela e o Hino Nacional! O Congresso Nacional tem todo o direito de fixar as regras gerais que regem o esporte brasileiro.

Leia também:

Paulo André: CBF fatura R$ 400 milhões por ano com a seleção


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Comentários

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Francisco

Esporte é um bem privado? Como é que o Congresso não pode legislar sobre um bem genérico?

FrancoAtirador

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Deutsche Welle, via Rogério Maestri, no Portal Luis Nassif

A situação se inverteu: não é mais o Brasil, mas a Fifa que precisa ouvir sérias acusações, opina a jornalista Astrid Prange, da redação brasileira da DW. E a lista é longa (http://www.dw.de/opini%C3%A3o-a-roupa-nova-do-rei-fifa/a-17766622).

A Roupa Nova do Rei FIFA

Por Astrid Prange

O rei está nu. A polícia brasileira tornou possível o impossível: ela desnudou a entidade máxima do futebol mundial. Pouco antes do ponto alto da Copa do Mundo no Brasil, a final no Maracanã, a Fifa não está mais no alto do pódio, mas sentada no banco dos réus.

Até pouco tempo atrás, o banco dos réus estava reservado ao país anfitrião, o Brasil. A Fifa não se cansou de criticar a lentidão nos preparativos do espetáculo esportivo. Muitos estádios não corresponderiam aos critérios por ela exigidos. Muitos só ficaram prontos no último minuto. A Fifa argumentava com o conforto e a segurança dos torcedores de todo o mundo.

Mas agora a situação se inverteu. Não é mais o Brasil, mas a Fifa que precisa ouvir sérias acusações. E a lista de transgressões é longa. A empresa Match Services, parceira da Fifa, estaria envolvida na venda ilegal de ingressos da Copa. Árbitros da Fifa são acusados de ignorar entradas duras em campo. E as equipes de segurança da Fifa não foram capazes de garantir a segurança dos espectadores no estádio.

A derrocada da Fifa mostra quão mal informados sobre o maior país da América Latina estão a entidade máxima do futebol e a opinião pública mundiais. A crítica da Fifa aos atrasos nas obras dos estádios e à infraestrutura precária se encaixava muito bem nos clichês vigentes sobre o Brasil. Sol, samba, carnaval e futebol, e, naturalmente, corrupção – essa era a perfeita descrição de um país simpático, mas longínquo.

Mas definitivamente já se foram os tempos em que o planeta estava claramente dividido, com as nações industrializadas no chamado Primeiro Mundo e os países em desenvolvimento no Terceiro Mundo. Não só a economia se globalizou, como também o conhecimento, o anseio pela democracia e naturalmente o futebol.

Há um ano, milhões de pessoas foram às ruas no Brasil para protestar contra a corrupção. A raiva era dirigida não só contra o próprio governo, mas também contra a Fifa.

Mas a Fifa parece não ter entendido isso. O Brasil não é um país que se entrega de joelhos para a Fifa, mas uma democracia e um Estado de Direito. Isso ficou mais uma vez comprovado pelo excelente trabalho dos investigadores brasileiros. Se eles tivessem contado com a prometida colaboração da Fifa, pouco teriam avançado.

O Brasil acabou com a onipotência da Fifa. Suas novas roupas são mais transparentes do que ela gostaria que fossem. O rei que tanto abriu a boca agora precisa ouvir. E descobriu que, assim como seus “súditos”, não está acima da lei. É significativo que a Fifa tenha que aprender essa lição justamente no Brasil.

(http://blogln.ning.com/forum/topics/uma-bela-surpresa-vinda-da-imprensa-alem?xg_source=facebookshare)
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Rui Azevedo

Comparar o modelo adotado pela liga de futebol americano em detrimento ao adotado pelos clubes brasileiros é fácil. Quero ver é comparar o congresso americano com brasileiro. Será que no congresso americano há figuras como Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá, André Vargas, Fernando Collor,Paulo Maluf, entre outros, dando as cartas por lá!

    Carlos Fuentes

    Sim, tem.

Mardones

A situação do futebol brasileiro e de tantas outras é sofrível. E tem a ‘ilustre’ colaboração da Globo. Quem vai enfrentar a Globo para defender os interesses do povo do Brasil?

Tucanos protegidíssimos pela Vênus, jamais! Petistas, unidos desde a primeiro tento de Lula, ao PMDB idem, idem. E o Hibernando é a maior expressão disso.

Então ficamos combinados: enquanto a Globo tiver tanto poder, poderemos apenas ficar com as comparações com os modelos Americano, Alemão, Inglês e Francês.

Fernando

CBF deu golpe na Globo e anunciou o Dunga.

Ótima medida pra iniciar a reestruturação.

Luís Carlos

Estas são informações que a Globo jamais dará e teme que possam ser divulgadas, usando sua máquina para escondê-las, assim como esconde informações sua sonegação bilionária dela mesma, ou omite informações do genocídio de Israel contra palestinos e de Moscou no caso do avião da Malaysia Airlines.

Luís Carlos

Esse é um tema polêmico só até o Governo tomar iniciativa. Quando fizer, os contrários, como CBF e Globo, por exemplo, terão que se recolher, como no caso do Mais Médicos. No início entidades médicas, mídia corporativa e oposição gritaram tentando todos argumentos sem fundamento e contra interesse da população. Após, enfiaram “rabo entre as pernas”. Aécio, covardemente, tenta enganar eleitores dizendo que não vai acabar com Mias Médicos, porém o fará se tiver oportunidade, pois já está acertado com entidades médicas para isso.

Rafael

Azenha, essa conversa da CBF ser uma organização privada, é conversa para incautos.

Desde que o Estado Burguês foi criado que sua lei impera sobre a vontade dos cidadãos. Não por acaso existe uma legislação anti cartel. O que é isto se não uma imposição da lei, do Estado, sobre a “livre iniciativa” – base do próprio sistema capitalista.

A CBF só faz o que faz porque a sociedade brasileira, através de seus aparatos estatais, permite. Simples assim.

Rafael

Parabéns Viomundo e Heloisa pela reportagem.
Os internautas agradecem.

Fabio Passos

O nosso futebol e a Seleção Brasileira não podem continuar sob controle da organização criminosa formada por globo-cbf.

Estes bandidos já fizeram muito mal ao nosso futebol… para fazer fortunas pessoais.

Tem de regular e dar transparência.

José Ivan Mayer de Aquino

Prezado Azenha, dialogando com o Dep. Valmir Assunção, depois de ler a matéria sobre a CONFERÊNCIA NACIONAL DE FUTEBOL divulgada no VIOMUNDO, resultou encaminhada uma proposta para o Ministério do Esporte com a solicitação para convocação da conferência. Desenvolvemos uma minuta de DOCUMENTO-REFERÊNCIA que será levada ao conhecimento público até o dia 1/8, quando começam as discussões pela internet. A partir de 7/9 o DOCUMENTO-REFERÊNCIA gerado com as contribuições virtuais será remetido a todas as entidades interessadas em debatê-lo. No dia 16/10 as sugestões oriundas das entidades serão consolidadas no DOCUMENTO-BASE, que será debatido virtualmente, novamente, para votação do público.No dia 19/11 teremos o DOCUMENTO – FINAL votado por 300 delegados/as indicados pelas entidades convidadas. Serão discussões estabelcidas em 6 EIXOS. O DOCUMENTO-FINAL vai ser enviado para o PODER EXECUTIVO para a composição do Projeto de Lei do PLANO NACIONAL DO ESPORTE e do PROGRAMA NACIONAL DE REVITALIZAÇÃO DO ESPORTE. Pergunto: interessa ao VIOMUNDO divulgar, em primeira mão, o DOCUMENTO-REFERÊNCIA e o REGIMENTO-INTERNO da CONFERÊNCIA NACIONAL DE FUTEBOL?

Rafael

O fato é que no nosso país nada é feito direito, nada é feito de modo correto. Tudo aqui se subordina ao interesse de uma minoria. Vejam nos EUA, países do liberalismo, país que prega a não influencia do Estado, lá o Estado organiza o esporte. Aqui ficamos na lorota de sempre, na mão da globo que se utiliza da seleção, dos clubes de futebol tanto quanto a CBF para seu benefício próprio. E é em tudo aqui é mal feito. Não é questão de viralatismo, coisa do tipo. É fato. É uma dificuldade extrema de algo funcionar direito no Brasil. Tudo aqui é dado um jeito. PT 12 anos no poder e convive com monopólio da globo que surra o partido dia e noite. Não que isso seja o motivo de regular a imprensa, mas por uma questão de valorizar a Democracia. Assim como na Inglaterra, nos EUA a imprensa tem leis rígidas para coibir o monopólio. Aqui vivemos na mentira da globo que isso é censura. Mesmo sendo a família marinho a mais rica do país. Que absurdo. E quando os imbecis vão para rua manifestar nem sabe como fazer. Acabam dando mais poder ainda ao seu algoz e acham que estão fazendo alguma coisa que preste.
No Brasil não se tem a cultura de valorizar o que é coletivo. Aqui é o extremo do individualismo, o pré-capitalismo.

Adilson

Azenha,
Por gentileza, averigue a informação abaixo, depois de checada merece um post.
Com as vênias de estilo vou transcrever parte do artigo escrito pelo jornalista Lucas Ferraz do UOL, pois no meu sentir o assunto merece uma melhor reflexão de todos: “O Governo de Minas Gerais gastou quase 14 milhões de reais para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um parente do senador tucano Aécio Neves, no fim do seu segundo mandato como Governador de Estado.
Construído no Município de Cláudio, a 150 km de BH, o aeroporto ficou pronto em outubro/2010, e é administrado por familiares de Aécio, candidato do PSDB à Presidência.
A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88, tio-avô do senador e ex-prefeito de Cláudio, guarda as chaves do portão do aeroporto. Para pousar ali, é preciso pedir autorização aos filhos de Múcio. (…)”.
Ora bolas, quer dizer que o Arrocho é donatário de uma capitania hereditária? Cadê os arautos, os defensores, os lutadores e os propugnadores dos bons modos, da ética e dos bons costumes? Os oficiais da ética, dos bons costumes e dos bons modos só faltaram pedir que o Presidente Lula fosse exilado por conta do tal do passaporte diplomático do seu filho. Um não pode ter passaporte, já o outro pode ter um aeroporto construído com o dinheiro do Estado.
PS: Não há um conflito de interesses entre o público e privado nesta questão? Ademais, a ANAC e a Aeronáutica quais suas posições?

    Regina Braga

    Os demotucanos vivem de clãs…e construir um aeroporto é o mesmo que construir uma carreira…seja na política ou na CBF.A CPI proposta pelo Romário esbarrou no que? Na operação abafa…como foi com todas as outras CPIs.Se o PT ,não fica preocupado, porque o cidadão comum ficaria?

FrancoAtirador

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PRELIMINAR

Proposta de Plebiscito para que o Povo Brasileiro

responda ‘sim’ ou ‘não’ à seguinte pergunta:

“Você é a favor que a CBF seja desvinculada da FIFA?”
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    lukas

    Se der sim, o que aconteceria com a seleção brasileira, que campeonatos ela disputaria, já que, desvinculada da FIFA, não poderia participar dos campeonatos da entidade?

    E os clubes brasileiros, não participariam de campeonatos internacionais?

    FrancoAtirador

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    Tucanóides escravos, de servidão voluntária.

    O Brasil não é o único País que sofre ingerência da FIFA.

    Poderíamos ter Confederações de Futebol Independentes,
    no MERCOSUL, na ALBA, na UNASUL, na CELAC, nos BRICS,
    na Liga Árabe, na África…

    O mundo não é mais só Europa e U.S.A.

    Aprendam isso.
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