Altamiro Borges: Incêndio em favelas de SP, acidente ou crime?

Tempo de leitura: 2 min

Blog de Altamiro Borges

Na tarde dessa segunda-feira, a favela Morro do Piolho, na zona sul de São Paulo, foi tomada pelas chamas. Balanço parcial aponta três feridos – um jovem de 15 anos sofreu queimaduras de 1º e 2º graus, um homem fraturou uma das pernas e uma gestante caiu em depressão – e centenas de moradores ficaram sem teto, sem roupa, sem comida, sem nada. Pelo menos 285 dos 700 barracos foram destruídos pelo fogo.

A Polícia Militar e a Defesa Civil ainda não sabem os motivos da tragédia, mas uma pergunta paira no ar: acidente ou crime?

Foi o quinto incêndio em favelas da capital paulista em menos de três semanas. Desde o início deste ano, já foram registrados 32 casos semelhantes. No ano passado, foram 79 incêndios em favelas. O Corpo de Bombeiros ainda computa 130 incêndios em 2008; 122 em 2009; e 91 em 2010. Na história recente de São Paulo nunca foram registradas tantas ocorrências assim, o que reforça a suspeita de que há algo de errado nestas tragédias em áreas carentes da cidade – mas, a maioria delas, valorizadas do ponto de vista imobiliário.

A insensibilidade de Serra e Kassab

Reportagem da Rede Brasil Atual já comprovou que o tucano José Serra, quando assumiu a prefeitura em 2005, extinguiu um programa simples de combate a incêndios em favelas. Implantando pela gestão de Marta Suplicy (PT), ele consistia em equipar alguns barracos com extintores e treinar moradores para o combate às chamas. Apesar do custo reduzido, o programa teve efeitos reconhecidos, diminuindo as tragédias humanas. Serra e sua cria, o prefeito Gilberto Kassab (PSD), simplesmente desativaram a ação preventiva.

Mas a dúvida sobre as causas dos incêndios não deriva apenas da insensibilidade do tucano e do ex-demo. A desativação do programa não explica o elevado e crescente número de ocorrências. Tanto é que a Câmara Municipal de São Paulo chegou a abrir uma comissão parlamentar de inquérito para apurar a hipótese de ação criminosa. Dominada pela base de apoio do prefeito, porém, a CPI até hoje não investigou absolutamente nada. Somente na semana passada foi aprovado um calendário de reuniões da comissão.

Especulação imobiliária e ação criminosa

A capital paulista, a exemplo de muitas cidades brasileiras, vive atualmente um boom da construção civil – em decorrência do aumento da geração de emprego e renda no país. Há poderosos interesses imobiliários em jogo.

Recentemente também surgiram denúncias graves sobre corrupção na legalização de terrenos em São Paulo, envolvendo alguns figurões da prefeitura paulistana. Será que existe relação entre a crescente especulação imobiliária e o aumento dos incêndios em favelas? A CPI deveria responder a esta pergunta!

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Comentários

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[…] Altamiro Borges: Incêndio em favelas de SP, acidente ou crime? […]

Azuir Ferreira Tavares Filho

Azuir Disse:

Muitos incêndios com Sofrimento sem fim.
O povo pobre em São Paulo só vê a dor e o sofrimento aumentarem infinitamente. Só esta lhes restando a Eleição de Outubro.

INCÊNDIOS EM FAVELAS, ANTES NÃO TINHAM E AGORA TEM.

O sofrimento é desumano, é forma de crucificação.
É dar pra vida o abandono, é uma infinita negação.
Não são coisas belas, são do sofrimento mais além.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Gente cheia de esperança, ante a vida dura a passar.
Sem terem nenhuma bonança, esperam a hora chegar.
Nas feridas aquarelas, gente a sofrer como ninguém.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Alguém esta interessado, de da pobreza se livrar.
Um Crime perpetrado, que ninguém vai reclamar.
Reduzidas e singelas, esperando um dia que vem.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Vai ser uma Higienização, ninguém pode reclamar.
Os que ordenavam cada ação, tem de agora explicar.
Não é passar em pinguelas, é conviver tudo que tem.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Prefeito e Governador, com a palavra pra explicar.
Não tem de esperar a lei impor, tem logo é de falar.
Como fechando cancelas, não importando ninguém.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Tem de fundo apurar, pois afinal esta ali se dando.
Isso é pra envergonhar, no mínimo estão descuidando.
Vivendo terror de novelas, humano sem valer vintém.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Não é só uma crueldade, e não esperar o que vai dar.
É Crime contra a Humanidade, é criminoso a pegar.
Coisa dos cães e Cadelas, cruéis que valores não tem.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Toda sorte esta lançada, é urgentíssimo solucionar.
Sendo Turma Criminosa danada, prisão é seu lugar.
Com Criminosas tutelas, e seus crimes mais de cem.
Incêndios em favelas, antes não tinham e agora tem.

Azuir Filho e Turmas de Amigos: do Social da Unicamp, Campinas, SP,de Rocha Miranda, Rio de Janeiro, RJ e de Mosqueiro, Belém do Pará.

SILOÉ-RJ

É a maneira da direita de preservar a massa cheirosa.

Regina Braga

Tbém pode ser um caso de reencarnação…Nero voltou!E as pessoas estão pagando com a vida,a absoluta insanidade do César.

Fabio Passos

É muito suspeito.
E serra-kassab eliminando o programa de prevenção a incendios nas favelas é simplesmente injustificável.

É preciso investigar.
serra-kassab precisam dar explicações.

Na melhor hipótese serra-kassab são irresponsáveis e podem ser co-partícepes de crimes horrendos que destruiram a vida de milhares de paulistanos pobres.

Francisco

Cinco incendios em três semanas e o prefeito dos especuladores desativa projeto de prevenção a incendio.

Se fosse do PT, o MP processava, a Assembléia “CPIzava” e o STF condenava.

Sendo tucano, foi só um “azar”.

Também, quem mandou “escolher” morar alí, né?

Apavorado por Vírus e Bactérias

Será que esses incêndios viram arranhas céu? Se sim, a história é macabra. E vai ter prefeito queimando no fogo do medonho.

Urbano

Como isso é recorrente e desde muito, principalmente em época de eleições, seria bom pesquisar se não foi alguma promessa de campanha para atender as zelites. Quem sabe lá? Como se não fossem capazes…

paulo roberto

Crime, claro. Parece que é só em São Paulo que ocorrem incêndios em favela. Se acontece no restante do país a imprensa não tem divulgado…

Leonidas de Souza

Acho incrível como a Mídia aceita certas explicações sem questionar.
Ouvi uma entrevista em que foi dito que os hidrantes não funcionaram e fiquei pensando com meus botões, como pode um hidrante “não funcionar”.
O sistema é uma rede subterrânea de água pressurizada, tendo os hidrantes como saídas onde os bombeiros conectam suas mangueiras.
O sistema só não funcionaria se estivesse sem água por algum motivo.
Para minha surpresa, pelo menos que eu saiba, nenhum jornalista perguntou a Prefeitura qual foi o problema, O sistema estava em manutenção ou houve algum problema com as bombas que mantém a pressão da rede automaticamente?
32 incêndios em 8 meses não deve ser normal, basta comparar com o Rio de Janeiro.
Algo esta cheirando mal nessa história e não é só a fumaça.

João Vargas

Curioso, os números apresentados contrariam a lógica do artigo. Os incêndios vêm caindo sistematicamente desde 2008. Não entendi.

    Leo V

    Claro que estão caindo. As favelas estão sumindo com os incêncios.

George

Tenho as mesmas suspeitas que as apresentadas aqui. Gostei do texto e até indiquei para um aluno ler.
No entanto, só gostaria que me esclarecesse um ponto.
“A desativação do programa não explica o elevado e crescente número de ocorrências.” Mas segundo os próprios números apresentados, os incêndios estão caindo: “130 incêndios em 2008; 122 em 2009; e 91 em 2010” e os 79 ditos no ano passado.

É só um detalhe, não desmerece a função questionadora do artigo e crítica ao governo paulista.

Luís Carlos

A pergunta realmente é pertinente: estariam incendiando favelas e matando pessoas por inescrupulosa e criminosa especulação imobiliária? Autoridades da prefeitura de São Paulo saberiam disso e nada teriam feito? Ainda pior, estariam envolvidas nesse ato cruel e criminoso?
Duro acreditar que todos esses incêndios sejam apenas fruto de acidentes.
Ficam no ar as perguntas e suas respostas.

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