Hudson Vilas Boas: A derrota histórica da esquerda em 2014

Tempo de leitura: 6 min

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Ocê sabia que os playboys perderam, né?

Reflexão, inflexão e ação

Por Hudson Luiz Vilas Boas, no Dissolvendo no Ar

Iniciando o ano de 2015 e olhando pelo retrovisor, fica mais fácil analisar o turbilhão de fatos acontecidos antes, durante e após as eleições de 2014. E uma coisa salta aos olhos mesmo ao observador menos atento: a esquerda brasileira saiu, em termos eleitorais, muito menor do que entrou.

As forças do campo democrático-popular sofreram um revés histórico. Os dados mostram isso. Porém mais importante que os dados é a análise do porquê de a esquerda ter sofrido golpes tão fortes. De nada adianta enxergar o efeito e negar a causa. Também não adianta tapar o sol com a peneira. No caso celebrar a reeleição de Dilma Rousseff – que obteve importante apoio da esquerda em ambos os turnos, sobretudo no segundo – como se a reeleição em si representasse um quadro pronto e acabado.

O Brasil que foi às urnas em outubro último elegeu um congresso mais conservador que o anterior, sendo que esse anterior já era o mais conservador em décadas. Se é no Congresso que a luta pelos avanços sociais e o debate sobre a construção de uma nova sociedade mais democrática se dá de forma privilegiada, não é difícil imaginar o quanto as lutas sociais sofrerão e o quanto o debate será interditado por esse “novo” Congresso cheio de “velhas” ideias.

Há um sentimento, ainda não generalizado, mas já muito presente, o de letargia da esquerda brasileira frente aos desafios de se impor como alternativa ao status-quo ao mesmo tempo em que pertence ao status-quo. Um sentimento de angústia, igualmente muito presente, ao ver que parte da esquerda – ao menos parte da institucionalizada dentro das regras vigentes – abraça antigos desafetos e adversários histórico, se alia a estes e juntos se conspurcam na partilha do poder.

Creio ser desnecessário afirmar que essa parte da esquerda comete os mesmos desvios que antes combatia e ao chegar ao poder logo se deixou levar pelos mesmos vícios, provocando ainda mais mal-estar entre a militância, gerando crise existencial para a própria esquerda.

Quando Marcelo Freixo surgiu no programa eleitoral de Dilma Rousseff no segundo turno, escrevi nas redes sociais que aquilo se tratava de um marco para a esquerda brasileira. De fato se tratou de um marco, afinal, no segundo turno a esquerda se uniu em prol da reeleição de Dilma. No entanto, a própria união da esquerda – coisa que não ocorria desde 1989 – já denotava a sua fraqueza e a crise existencial pela qual passa.

Ter que se unir a fim de derrotar um candidato tão vazio quanto Aécio Neves foi sintoma da correlação de forças na qual a direita vem ganhando espaço.

A sintese da crise existencial em que a esquerda brasileira mergulhou pode ser resumida por duas contatações: A de que Eduardo Jorge – egresso do PT – tornou-se presidenciável pelo PV, partido reconhecidamente fisiológico, não obstante apresentou propostas muito mais progressistas que a presidenta candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores.

E o sebastianismo pós-moderno presente no insistente “volta Lula”, deixando a esquerda brasileira refém de um nome ao invés apresentar uma plataforma programática para a construção de uma nova sociedade.

Se negar essa crise é difícil, mais difícl ainda é negar o retrocesso eleitoral que a esquerda presenciou. No estado de São Paulo, berço do Partido dos Trabalhadores e de vários movimentos sindicais, tanto PT quanto demais partidos de esquerda foram massacrados pelo eterno governador e membro da Opus Dei Geraldo Alckmin.

O candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro Alexandre Padilha, amargou um trágico – para as pretensões petistas – terceiro lugar com míseros 18% dos votos, ficando atrás inclusive de Paulo Skaff, convicto demagogo e difícil de ser levado a sério.

O deputado mais votado do PT ficou em 20º lugar entre os mais votados. Na realidade o PT paulista regrediu a eleição de 1990 quando elegeu apenas 11 deputados federais. Já o PSOL por pouco não viu o bravo Ivan Valente perder sua cadeira na Câmara dos Deputados.

Talvez pior, por todo o significado embutido, tenha sido a derrota de Eduardo Suplicy. Após 24 anos a esquerda brasileira será privada de ter no Senado Federal um dos seus melhores quadros e uma verdadeira bandeira da luta pela justiça social e pelos direitos humanos.

Culpar o conservadorismo da elite branca paulista pela “tragédia” ocorrida em São Paulo é enxergar o efeito sem determinar a causa. Entretanto é opção mais fácil do que fazer autocrítica.

Já aqui em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, o Partido dos Trabalhadores pela primeira vez elegeu o governador e de quebra tirou do poder o grupo de Aéco Neves depois de doze longos anos. Mesmo assim se faz imperioso uma análise mais profunda. Fernando Pimentel nunca foi o petista mineiro mais próximo dos movimentos populares ao passo que seu vice, Antônio Andrade (PMDB) sempre foi ligado ao agronegócio.

Os deputados federais petistas mais votados em Minas – Reginaldo Lopes, campeão nacional de votos pelo PT, Odair Cunha e Gabriel Guimarães – receberam fortunas para o financiamento de suas campanhas. Por outro lado candidatos ligados ao campo democrático-popular que se recusaram a receber doações de empresas tiveram dificuldades em se eleger mesmo sendo quadros históricos.

Patrus Ananaias, ex-prefeito de Belo Horizonte e o preferido dos movimentos sociais de Minas, obteve menos da metade dos votos de Reginaldo Lopes.

No Rio Grande do Sul Tarso Genro e Olívio Dutra, dois dos maiores nomes da política nacional da sua geração, foram derrotados respectivamente para o governo e o Senado e ambos por figuras cujo discurso de campanha era o nada sobre o nada com pitadas de coisa nenhuma. Aliás, uma característica marcante dessas eleições foi o excesso de candidatos cujos discursos falavam nada sobre tema nenhum.

O Rio de Janeiro talvez tenha sido o palco onde a esquerda (inclusive eu) quebrou a cara de forma mais patente. A ida de Lindberg Farias para o segundo turno era dada como favas contadas. Contudo, o segundo turno foi disputado pelo pemedebista Pezão e pelo representante da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella. Não fosse o desempenho dos representantes do PSOL – Marcelo Freixo, Chico Alencar e Jean Willys – a esquerda fluminense teria sido solapada nessas eleições.

No Distrito Federal a esquerda colecionou duas derrotas. A primeira eleitoral e vergonhosa. O então atual governador Agnelo Queiroz amargou um modesto terceiro lugar. A segunda ainda mais vergonhosa foi a derrota moral. Agnelo deixou o governo sem pagar o salário do funcionalismo público referente ao mês de novembro.

Na Bahia mesmo com a vitória do PT a eleição não foi um mar de rosas para a esquerda. Jacques Wagner depois de oito anos no poder garantiu mais quatro para o PT bahiano ao eleger seu sucessor. No entanto, o vice-governador eleito é do PP e o senador apoiado pelo PT e eleito é do PSD. A prova que a esquerda só consegue se manter no poder se estiver aliada às facções da oligarquia regional.

Como mostrava Florestan Fernandes, a elite brasileira é heterogênea e por vezes tem suas dissidências momentâneas, essas dissidências buscam meios de se manter no poder e garantir seus privilégios se aliando ao que for necessário e já pensando na futura recomposição com as outras facções da elite.

Outro caso emblemático nas eleições passadas é o do Maranhão. A vitória do comunista Flávio Dino expôs as dificuldades da esquerda brasileira. Lutando contra uma das maiores e mais retrógradas oligarquias do Brasil, Dino logrou êxito, contudo aceitou uma aliança com facções da elite local e viu o PT apoiar os Sarney.

Ao esmiuçar os resultados de 2014, resta claro que é hora de a esquerda brasileira parar para reflexão e inflexão. A esquerda brasileira precisa disso. Precisa ser mais crítica e fazer uma autocrítica.

Tem que reconhecer os avanços dos últimos doze anos, mas isso não quer dizer que deva ser leniente com a corrupção ou com o modus operandi de hoje em dia que é o do governo de consenso.

Caso a esquerda se omita de fazer isso, à direita, e podem ter certeza a mais golpista possível e que não tem medo do fascismo, continuará a crescer e a ganhar espaço. O tempo urge e chegou a hora de a esquerda brasileira fazer uma pausa para dialeticamente realizar sua reflexão, inflexão e por fim mudar sua forma de ação.

Pra encerrar, se a Venezuela, embora eu particularmente tenha críticas contumazes ao chavismo, conseguiu implantar um modelo mais participaitvo e democrático, além de ter enfrentando de frente suas oligarquias, cabe à pergunta: por que nós não? Não que devêssemos importar o modelo chavista, longe disso. As sociedades de Brasil e Venezuela têm as complexidades próprias de cada uma.

Entretanto, se a Venezuela superou em parte sua complexidade sem o governismo de consenso e enfrentando desafios de toda sorte, o Brasil poderia buscar superar seus desafios de maneira minimamente parecida.

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Valter Pomar: Marta Suplicy, uma questão de classe


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Comentários

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maurivio martins

CARTA ABERTA AOS MILITARES NACIONALISTAS/:
CAROS MILITARES NACIONALISTAS :
NÃO DEIXEM ENTERRAR NEM VARGAS NEM GEISEL
VOCES TEM SEU SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO
SABEM QUE POLITICOS E JUIZES CORRUPTOS JÁ ENTREGARAM O BRASIL AOS
BANDIDOS INTERNACIONAIS SEPAREM O JOIO DO TRIGO PAU NOS ENTREGUISTAS
PONHAM OS TANQUES NAS RUAS CONTRUAM A BA ZELEM PELO
FUTURO DE SEUS FILHOS E NETOS AO NOSSOS TAMBÉM
CADEIA PARA OS INTEGRISTAS
LEIAM COM ATENÇÃO ESTE ARTIGO E VIVA AO BRASIL
Lava Jato é para destruir
Petrobras e empreiteiras
Agora é a judicialização do entreguismo. Esses tucanos … – PHA
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O Conversa Afiada reproduz a partir do Viomundo:

BENAYON: LAVA JATO MANIPULADA PARA DESTRUIR PETROBRAS E EMPREITEIRAS NACIONAIS

por Adriano Benayon, via Desenvolvimentistas

1. Não é hipérbole dizer que o Brasil – consciente disto, ou não – vive momento decisivo de sua História. Se não quiser sucumbir, em definitivo, à condição de subdesenvolvido e (mal) colonizado, o povo brasileiro terá de desarmar a trama, o golpe em que está sendo envolvido.

2. Essa trama – que visa a aplicar o golpe de misericórdia em qualquer veleidade de autonomia nacional, no campo industrial, no tecnológico e no militar – é perpetrada, como foram as anteriores intervenções, armadas ou não, pelas oligarquias financeiras transnacionais e instrumentalizada por seus representantes locais e pelo oligopólio mediático, como sempre utilizando hipocritamente o pretexto de combater a corrupção.

3. Que isso significa? Pôr o País à mercê das imposições imperiais sem que os brasileiros tenham qualquer capacidade de sequer atenuá-las.

4. Implica subordinação e impotência ainda maiores que as que levaram o País, de 1955 ao final dos anos 70, a endividar-se, importando projetos de infra-estrutura, em pacotes fechados, e permitindo o crescimento da dívida externa, através dos déficits de comércio exterior decorrentes da desnacionalização da economia, e em função das taxas de juros arbitrariamente elevadas e das não menos extorsivas taxas e comissões bancárias para reestruturar essa dívida.

5. Ora, a cada patamar inferior a que o Brasil é arrastado, o império o constrange a afundar para degraus ainda mais baixos, tal como aconteceu nas décadas perdidas do final do Século XX.

6. Na dos anos 80 ocorreu a crise da dívida externa, após a qual o sistema financeiro mundial fez o Brasil ajoelhar-se diante de condições ainda mais draconianas dos bancos “credores”.

7. Na dos anos 90, mediante eleições diretas fraudadas em favor de ganhadores a serviço da oligarquia estrangeira, perpetraram-se as privatizações, nas quais se entregaram e desnacionalizaram, em troca de títulos podres de desprezível valor, estatais dotadas de patrimônios materiais de trilhões dólares e de patrimônios tecnológicos de valor incalculável.

8. A Operação Lava-jato está sendo manipulada com o objetivo de destruir simultaneamente a Petrobrás – último reduto de estatal produtiva com formidável acervo tecnológico – bem como as grandes empreiteiras, último reduto do setor privado, de capital nacional, capaz de competir mundialmente.

9. Quando do tsunami desnacionalizante dos 90, a Petrobrás foi das raras estatais não formalmente privatizadas. Mas não escapou ilesa: foi atingida pela famigerada Lei 9.478, de 1997, que a submeteu à ANP, infiltrada por “executivos” e “técnicos” ligados à oligarquia financeira e às petroleiras angloamericanas.

10. Essa Lei abriu a porta para a entrada de empresas estrangeiras na exploração de petróleo no Brasil, com direito a apropriar-se do óleo e exportá-lo, e propiciou a alienação da maior parte das ações preferenciais da Petrobrás, a preço ínfimo, na Bolsa de Nova York, para especuladores daquela oligarquia, como o notório George Soros.

11. Outros exemplos do trabalho dos tucanos de FHC agindo como cupins devoradores – no caso, a Petrobrás servindo de madeira – foram: extinguir unidades estratégicas, como o Departamento de Exploração (DEPEX); desestruturar a administração; e liquidar subsidiárias, como a INTERBRÁS e numerosas empresas da área petroquímica.

12. Como assinalam os engenheiros Araújo Bento e Paulo Moreno, com longa experiência na Petrobrás, a extinção do DEPEX fez que a empresa deixasse de investir na construção de sondas e passasse a alugá-las de empresas norte-americanas, como a Halliburton, a preços de 300 mil a 500 mil dólares diários por unidade.

13. Os próprios dados “secretos” da Petrobrás, inclusive os referentes às fabulosas descobertas de seus técnicos na plataforma continental e no pré-sal são administrados pela Halliburton. Em suma, a Petrobrás é uma empresa ocupada por interesses imperiais estrangeiros, do mesmo modo que o Brasil como um todo.

14. Além disso, a Petrobrás teve de endividar-se pesadamente para poder participar do excessivo número de leilões para explorar petróleo, determinados pela ANP, abertos a empresas estrangeiras.

15. Para obter apoio no Congresso, os governos têm usado, entre outras, as nomeações para diretorias da Petrobrás. Essa política corrupta e privilegiadora de incompetentes, já antiga, é bem-vinda para o império, e é adotada para “justificar” as privatizações: vai-se minando deliberadamente a empresa, e depois se atribui suas falhas à administração estatal.

16. Tal como agora, assim foi nos anos 80 e 90, com a grande mídia, incessantemente batendo nessa tecla, e fazendo grande parte da opinião pública acreditar nessa mentira.

17. Mas as notáveis realizações da Petrobrás são obras de técnicos de carreira, admitidos por concurso – funcionários públicos, como foram os da Alemanha, das épocas em que esse e outros países se desenvolveram. Entretanto, a mídia servil ao império demoniza tudo que é estatal e oculta a corrupção oriunda de empresas estrangeira, as quais, de resto, podem pagar as propinas diretamente no exterior.

18. Para tirar do mercado as empreiteiras brasileiras, as forças ocultas – presentes nos poderes públicos do Brasil – resolveram aplicar, contra essas empresas, a recente Lei nº 12.846, de 01.08.2013, que estabelece “a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira (sic).”

19. Seu art. 2o reza: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.”

20. Como as coisas fluem rapidamente, quando se trata de favorecer as empresas transnacionais, a Petrobrás já cuidou de convidar empresas estrangeiras para as novas licitações, em vez das empreiteiras nacionais.

21. A grande mídia, tradicionalmente antibrasileira, noticia, animada, a possibilidade de se facilitar, em futuro próximo, a abertura a grupos estrangeiros do mercado de engenharia e construção civil, mais uma consequência da decisão, contrária aos interesses do País, de considerar inidôneas as empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato.

22. Recentemente, nos EUA, foi infligida multa recorde, por corrupção, a um grupo francês, a qual supera de longe os US$ 400 milhões impostos à alemã Siemens. Já das norte-americanas, por maiores que sejam seus delitos, são cobradas multas lenientes, e não está em questão alijá-las das compras de Estado.

23. Já no Brasil – país ocupado e dominado, mesmo sem tropas nem bases estrangeiras – somente são punidas empresas de capital nacional. Fica patente o contraste entre um dos centros do império e um país relegado à condição de colônia.

24. Abalar a Petrobrás e inviabilizar as empreiteiras nacionais implica acelerar o desemprego de engenheiros e técnicos brasileiros em atividades tecnológicas. As empreiteiras são importantes não só na engenharia civil, onde se têm mostrado competitivas em obras importantes no exterior, mas também por formar quadros e gerar de empregos de qualidade nos serviços e na indústria, inclusive a eletrônica e suas aplicações na defesa nacional.

25. Elas estão presentes em: agroindústria; serviços de telefonia e comunicações; geração e distribuição de energia; petróleo; indústria química e petroquímica; construção naval. E – muito importante – estão formando a nascente Base Industrial da Defesa.

26. A desnacionalização da indústria já era muito grande no início dos anos 70 e, além disso, foi acelerada desde os anos 90, acarretando a desindustrialização. Paralelamente, avança, de forma avassaladora, a desnacionalização das empresas de serviços.

27. Este é o processo que culmina com o ataque mortal à Petrobrás e às empreiteiras nacionais, e está recebendo mais um impulso através da política fiscal – que vai cortar em 30% os investimentos públicos – e da política monetária que está elevando ainda mais os juros.

28. Isso implica favorecer ainda mais as transnacionais e eliminar maior número de empresas nacionais, sobre tudo pequenas e médias, provedoras mais de 80% dos empregos no País. De fato, só as transnacionais têm acesso aos recursos financeiros baratos do exterior e só elas têm dimensão para suportar os cortes nas compras governamentais.

29. Como lembra o Prof. David Kupfer, a Petrobrás e seus fornecedores respondem por 20% do total dos investimentos produtivos realizados no Brasil. Só a Odebrecht e Camargo Corrêa foram responsáveis por mais de 230 mil empregos, em 2013.

30. A área econômica do Executivo parece não ver problema em reduzir o assustador déficit de transações correntes (mais de US$ 90 bilhões de dólares em 2013), causando uma depressão econômica, cujo efeito, além de inviabilizar definitivamente o desenvolvimento do País, implica deteriorar a qualidade de vida da “classe média” e tornar ainda mais insuportáveis as condições de vida de mais da metade da população, criando condições para a convulsão social.

31. Por tudo isso, há necessidade de grande campanha para virar o jogo, com a participação de indivíduos, capazes de mobilizar expressivo número de compatriotas, e de entidades dispostas a agir coletivamente.

Adriano Benayon é doutor em economia, pela Universidade de Hamburgo, e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

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AlvaroTadeu

Esse Leandro é um malandro. Finge que não vê o que acontece. Como sempre vai a Miami (to shop), nunca passou por Cuba. Em Havana há um enorme cartaz que diz mais ou menos assim: “Todas as noites, milhões de crianças vão dormir com fome. Nenhuma delas é cubana”. Democracia para mim é isso. Em certas democracias, alguns podem comprar Ferrari, outros, nem têm dinheiro para cobrir as despesas de supermercado.

    Lukas

    Ser de esquerda é basicamente isto: trocar a liberdade pelo pão. Recebendo uma ração que lhe permita sobreviver, para que ser livre?

    Bonobo, Severino de Oliveira

    Falou a voz da ignorância!! Quem falou que riqueza, igualdade e humanismo são excludentes. Leia Thomas Piketty, Paul Krugman e Joseph Stiglitz e verá que, ao contrário, com a concentração não existe segurança nem para os ricos porque quando o navio afunda a primeira classe vai junto, como já está acontecendo e alguns (milhões) não conseguem perceber.

FrancoAtirador

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E se os Bandidos da Mídia-Empresa continuarem impunes,

em 2016 a derrota vai ser maior, e em 2018 acachapante.
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    Bonobo, Severino de Oliveira

    Você está certíssimo. Só que é preciso entender que se o crescente sucesso do aparato capitalista na campanha midiática de destruição do PT lograr pleno êxito, quem vai ser mais prejudicado, além dos mais pobres que pela primeira vez na “história desse país” mereceram alguma atenção do Estado, são esses integrantes de uma certa “esquerda” que ajuda a direita nessa campanha de destruição. Ou seja, não é justo culpar o PT por estar sendo destruído pelas suas qualidades, mais que pelos seus erros. Quem erra é quem não entende que é hora de unir-se contra a direita que está cada vez mais unida e organizada, com amplo apoio escancarado do capital internacional.

Bacellar

Mas se o avião não cai o cenário era outro…Mesmo com as casas mais conservadoras uma vitória em primeiro turno daria muito mais força ao governo.

lulipe

O povo brasileiro está acordando e descobrindo o que é realmente o PT!!

    Bonobo, Severino de Oliveira

    Se você, ao dizer que o povo “está acordando”, refere-se ao povo do Tucanistão, está redondamente enganado, ou tentando enganar sabe-se lá quem! Esse povo está cada vez mais adormecido vitimado pelo “vírus midiático” que não lhes permite enxergar que os sistemas públicos do estado em que vivem está sendo sistematicamente destruído há mais de vinte anos. Transporte público, metroviário e ônibus, em franco processo de obsolescência, segurança pública em falência, saúde, e rodovias, tudo entregue à sanha avarenta da tal “iniciativa privada” em nome da devoção ao “Deus Mercado”! Votaram maciçamente no sistema político que destrói os seus direitos de cidadãos e parecem acreditar que “bovinos” são os eleitores dos outros estados. Parece que cegueira é um sintoma clássico da doença que acomete os inoculados pelo “vírus midiaticus”!!

Caracol

“Ter que se unir a fim de derrotar um candidato tão vazio quanto Aécio Neves foi sintoma da correlação de forças na qual a direita vem ganhando espaço.”

Bingo! Está precisamente aí o sintoma da doença.
A cura vai ter que passar pela festa e ressaca do consumismo desenfreado, muito bem lembrado pelo Fabio Passos.

José Mário

Penso que uma reflexão e até mesmo uma inflexão da esquerda é salutar, mas, da forma que o texto coloca me chama atenção a crítica pela crítica,e não citar a força da imprensa golpista que alavancou o Opus Dei em São Paulo e por consequência o cambaleante candidato à presidência. Entendo que a esquerda e principalmente o PT tem se comunicado muito mal com as forças progressivas e com os movimentos sociais e também não tem levado de forma clara as conquistas dos últimos 12 anos.
Só que temos um problema a enfrentar, enquanto não houver uma regulamentação dos meios de comunicação a esquerda sempre apanhará e não terá como responder. COM A PALAVRA O MINISTRO BERZOINI…

Fabio Passos

É a crise de representatividade nas “democracias” ocidentais.
Como combater os interesses que financiam as campanhas?

Quando a esquerda abdica de sua tarefa histórica – construir uma sociedade sem classes – a direita avança.

Esta faltando politização e sobrando consumismo.
Não temos propostas concretas que encantem a população.

De qualquer forma devemos comemorar muito a vitória de Dilma.
A casa-grande e o PiG tinham certeza da vitória do aécio… estão devastados pela quarta derrota seguida. Inconformados e mergulhados em ódio e rancor.

    Hudson Luiz Vilas Boas

    Fábio… você foi cirúrgico no comentário. Na verdade até penso que a crise não é propriamente da esquerda, mas sim da democracia representativa. Só que a direita consegue se acomodar a essa crise e até a falta de democracia, coisa impossível pra esquerda.

    leandro

    Para a esquerda é impossivel se acomodar na falta de democracia??? Tá….Cuba que o diga com suas eleições livres e plurarismo de opinões e liberdade.

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