A trilogia do Chalmers Johnson e o Echelon

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Já nem me lembro mais se foi um internauta brasileiro que sugeriu a leitura da trilogia do professor Chalmers Johnson sobre os Estados Unidos: Blowback, The Sorrows of Empire e Nemesis.

Comprei, li e gostei.

O professor é presidente do Insituto de Pesquisa Política do Japão e dá aulas no campus de San Diego da Universidade da Califórnia.

Achei os livros muito informativos, especialmente o primeiro, que é dedicado à área de especialidade do professor, a Ásia. Bacana ler a comparação que ele fez, segundo a qual o Japão e a Coreia do Sul fizeram para os Estados Unidos o papel que os satélites do leste europeu fizeram para a União Soviética no pós-guerra.

Muito boas as informações sobre as bases dos Estados Unidos em todo o mundo (mil?); sobre os Status of Force Agreements (SOFA), acordos pelos quais os cidadãos americanos praticamente conseguem imunidade; sobre a corrida armamentista no espaço e sobre o Echelon.

[Para ter uma ideia dos privilégios que os Estados Unidos buscam em seus acordos bilaterais, basta consultar o acordo para uso da base de Alcântara fechado pelo governo de FHC]

Sobre o Echelon, no capítulo The Empire of Bases, do The Sorrows of Empire, página 165:

“Desde pelo menos 1981, o que um dia foi um acordo informal de compartilhamento de inteligência entre países de língua inglesa foi formalizado sob o nome Echelon. Até então o consórcio trocava apenas relatórios de inteligência “finalizados”. Com o advento do Echelon eles passaram a trocar inteligência bruta. O Echelon é, de fato, um programa específico para satélites e computadores desenhado para interceptar comunicação não militar de governos, organizações privadas, empresas e indivíduos em nome do que é conhecido como “Reino Unidos-Estados Unidos signals intelligence alliance”.

Cada membro da aliança opera seus próprios satélites e cria “dicionários” em supercomputadores que listam palavras-chave, nomes, telefones e qualquer dado que possa ser lido por uma máquina. Eles então fazem buscas nas informações maciças que os satélites transmitem todo dia. Cada país troca as informações e análises com os outros. Um membro pode requerer o acréscimo  de uma palavra ou nome que tem como alvo no “dicionário” [de buscas] do outro. O Echelon monitora ou opera aproximadamente 120 satélites no mundo.

O sistema, que tem como alvo canais civis de comunicação internacional, é tão secreto que a NSA [National Security Administration, dos Estados Unidos] se nega a admitir que exista e a discutí-lo com delegações do Parlamento europeu que vieram aos Estados Unidos protestar contra esse tipo de vigilância. França, Alemanha e outros nações europeias acusaram os Estados Unidos e o Reino Unido, os dois paises que originalmente montaram o Echelon, de espionagem comercial — o que chamaram de “pirataria da informação patrocinada por estados”.

Existem alguns indícios de que os Estados Unidos usaram informação obtida ilegalmente pelo Echelon para instruir seus negociadores comerciais em negociações com o Japão e para ajudar a Boeing a vender seus aviões para a Arábia Saudita numa competição com a Airbus europeia. Em janeiro de 1995, a CIA usou o Echelon para monitorar medidas tomadas pelos britânicos para ganhar um contrato para a construção de um hidrelétrica de 700 megawatts perto de Mumbai, Índia. Como resultado, o contrato foi entregue à Enron, General Eletric e Bechtel. Durante o mês de outubro de 1999, ativistas europeus e autoridades governamentais promoveram o “Dia de Congestionar o Echelon”, durante o qual gastaram 24 horas enviando mensagens com palavras como terrorismo e bomba numa tentativa de congestionar o sistema”.


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Comentários

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Sergio Ruiz

Li sobre isso há uns 10 anos atrás, achei que era mais uma teôria conspiratória, mas com o tempo vi que realmente esse programa existe.

Celso_51

O sistema Echelon desenvolvido durante a guerra fria, pasou a ser usado posteriormente no combate ao narcotrafico, contrabando de armas e terrorismo. Tem sido usado também para alimentar com informações, as corporações americanas em negócios pelo mundo afora. Sendo um grande grampo, que se cuide a Dilma e seu ministros quando tratarem de aviões, tanques, navios e bombas atômicas. O grande irmão vai saber no ato o que foi tratado.
Veja no link o alcance deste sistema :
http://www.cyber-rights.org/interception/stoa/ic2

Klaus

E apesar disto tudo, foram pegos de surpresa pelas rebeliões nos países árabes. Este Echelon me lembra os guarda-costas da família Kennedy: inúteis.

Luis Armidoro

Azenha, tudo bem?

Deixa eu ver se entendi: o ECHELON é um sistema operacional, um acordo entre os arapongas da Grã-Bretanha e os EUA, certo? E os capetas dos americanos usaram o ECHELON para sacanear os britânicos numa disputa para construir uma hidrelétrica? Bem feito, quem manda fazer acordos com o Maligno?

Pedro Luiz Paredes

Será que não chantagem nisso? rsrs
Será que eles sabem alguma coisa sobre aviões de guerra?

Nilva

EUA = eixo do mal

Marcos C. Campos

Conclusão: deve-se sempre ter em mente que está sendo escutado e gravado qualquer texto qualquer conversa. O importante é ser firme no propósito em qualquer situação, e saber unir forças.

socram pb

Que dizer que George Orwell errou por 3 anos ?

dukrai

o Fiori na Carta Maior fala a mesma coisa:
" … Esta nova estratégia é ousada e de alto risco, mas não é original. No auge do seu poder, logo depois da II Guerra Mundial, os EUA perderam o controle da Europa Central para a URSS, em seguida perderam o controle da China, para a revolução comunista de Mao Tse Tung, e foram obrigados à um armistício inglório, na Guerra da Coréia. Como conseqüência, os EUA tiveram que mudar sua estratégia do imediato pós-guerra, e transformaram a Alemanha e o Japão, nas peças econômicas centrais da aliança em que se sustentou a sua posição durante a Guerra Fria. Duas décadas depois, em plena época de ouro do “capitalismo keynesiano”, os EUA voltaram a ser derrotados no Vietnã, Laos e Cambodja, e perderam o controle militar do sudeste asiático. E de novo mudaram sua política internacional, construindo uma aliança estratégica com a China, que dividiu o mundo socialista, fragilizou a URSS, e redesenhou a geopolítica e o capitalismo do final do século XX. …" http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos
Sobre o Echelon fica uma pergunta, será que neguinho tá mandando informações sigilosas sobre contratos de bilhões de dólares sem criptografar? Caças da FAB, pré-sal, Petrobrás, Vale, …
é, véi, então enquanto a gente tá indo com o milho, os gringos já estão voltando com o angu pronto.

    ZePovinho

    Tomara que não,mas na época do SIVAM devem ter usado porque o Palácio do Planalto foi grampeado e a concorrẽncia foi ganha pela RAYTHEON.

    Nascimento

    Acho que era o governo do "Farol de Alexandria"…. para obter está informação, éra só perguntar.

ZePovinho

http://operamundi.uol.com.br/noticias_ver.php?idC

05/02/2011 – 15:33 | Agência Brasil | Brasília
Patrimônio de Mubarak pode chegar a US$ 70 bilhões, estimam especialistas

O patrimônio da família do presidente do Egito, Hosni Mubarak, deve variar de US$ 40 bilhões a US$ 70 bilhões, segundo estudos feitos pela IHS Global Insight – empresa que faz análises econômicas e financeiras. A família de Mubarak tem propriedades em Londres (Reino Unido), Paris (França), Madri (Espanha), Frankfurt (Alemanha), Dubai (Emirados Árabes), além de Washington e Nova York (Estados Unidos).

De acordo com especialistas, a origem do patrimônio vem desde que Mubarak estava na Força Aérea do Egito e firmou contratos militares até quando ele assumiu o governo, em 1981 e diversificou os seus investimentos. Segundo eles, a grande parte do dinheiro da família Mubarak está em bancos localizados fora do Egito. ………..

    Pedro

    70 BILHÕES? Duvido. Para comparar é mais do que Bill Gates ou o Slim. É simplesmente dinheiro de mais.

ZePovinho

Eita,Azenha!!!Quando nós falamos do ECHELON,aqui,teve troll chamando de "teoria da conspiração" e muita gente da esquerda foi nessa.Faz muuuuuiiiito tempo.
Aqui está o relatório(em português) do Parlamento Europeu sobre o mega-sistema de arapongagem dos EUA-o ECHELON: http://www.scribd.com/doc/7393412/Echelon-Sob-a-M

Eles têm colaboração,também,das empresas privadas que são unha-e-carne do sistema de proteção governamental da iniciativa que governa os EUA:complexo industrial-militar:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos

Quando as empresas preferem os ditadores à democracia

"………………..Narus, uma subsidiária da Boeing Corporation, vendeu equipamentos ao Egito para permitir uma “inspeção profunda de pacote” (DPI, em sua sigla em inglês), segundo Tim Karr, do grupo de política de mídia Free Press. Karr disse que a tecnologia da Narus “permite às empresas egípcias de telecomunicações ver as mensagens de texto dos telefones celulares e identificar o tipo de vozes dissidentes que existem. Também fornece ferramentas tecnológicas para localizar essas mensagens geograficamente e rastreá-las”.

Enfim…..prestemos mais atenção nos "malucos" que são acusados de "conspiracionistas"….

[youtube Bk7bhlsciPk http://www.youtube.com/watch?v=Bk7bhlsciPk youtube]

Edson

A historia do echelon já está na internet a mais de 10 anos, com certeza. Eu coloquei as palavras ¨white house¨ e ¨bomb¨ em varias mensagens.
Mas tem outros sistemas, o echelon não é o único modo de coletar dados. Se vc for a uma biblioteca publica nos EUA e retirar livros ¨suspeitos¨ – ¨O Capital¨ com certeza esta na lista – seu nome será automaticamente enviado aos arapongas de plantao.
O FBI criou um software, originalmente chamado ¨carnivore¨ que é instalado nos provedores e pode monitorar todos os e-mails que passam pelo sistema.
A marinha dos EUA utiliza mini-submarinos para¨grampear¨ os cabos submarinos de telefonia e internet.
O echelon é a parte do sistema que monitora as transmissões via satelite.

Existe a suspeita que ele foi usado para monitorar as conversas entre o governo FHC e os franceses, durante a licitação do SIVAM. Os gringos dos EUA acabaram ganahndo….

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