A “guerra contra as drogas” derruba o general Manuel Noriega

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

Se você vibra com homem de preto disparando fuzil…

Se você vibra com homem de preto fincando bandeira…

Se você vibra com homem de preto subindo o morro…

Você está no lugar certo. Talvez eu não te ajude tanto a vibrar, mas eu prometo ao menos alguma ilustração sobre a “guerra contra as drogas” e as consequências da militarização da interdição ao tráfico.

Nos anos 80 eu era correspondente da TV Manchete nos Estados Unidos.

Foi nessa condição que segui para o Panamá, para cobrir a crise que envolvia o governo do general Manuel Noriega.

Se você conhece um pouquinho da História sabe que o Panamá é uma invenção dos Estados Unidos.

Sim, meu caro, o Panamá era parte da Colômbia.

Reconhecendo a importância de uma futura ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico — ligação, afinal, entre as duas costas dos Estados Unidos — o presidente americano Theodore Roosevelt incentivou a independência do Panamá. Que tratou de garantir através da chamada “gunboat diplomacy”. Tchau, Colômbia.

Fast forward para os anos 70. Neles, o presidente americano Jimmy Carter fez um acordo com o líder panamenho Omar Torrijos para por fim a uma antiga reivindicação nacionalista — com repercussão em toda a América Latina — dos panamenhos: a soberania sobre o canal do Panamá. O acordo, fechado em 1977, previa que a autonomia sobre o canal seria entregue aos panamenhos no primeiro minuto do ano 2000.

Estamos em 1989. O presidente é George W. Bush. Bush é acusado de ser um “wimp”, um fracote, o que pode vir a comprometer as chances dele de se reeleger. Bush é sucessor de Ronald Reagan, o presidente durão que enfrentou a União Soviética e deu gás à corrida armamentista.

Manuel Noriega é o presidente do Panamá. Ele foi um “asset” da Central de Inteligência Americana (CIA), um informante. Ironicamente, ele foi informante da CIA quando Bush era diretor da agência, nos anos 70.

Noriega, nos anos 90, se sustenta no poder apelando para o nacionalismo de Torrijos.

Ele é acusado de levar dinheiro dos cartéis de Medellin, na Colômbia, para facilitar o trânsito de carregamentos de drogas que passam em direção aos Estados Unidos.

A “guerra contra as drogas” está bombando.

Em breve teremos o Plano Colômbia, através do qual os Estados Unidos injetarão centenas de milhões de dólares na Colômbia para militarizar a interdição do tráfico de cocaína rumo ao Norte. Detalhe: o dinheiro é gringo; os “professores” são gringos; o equipamento é gringo.

Deixa eu ver se eu entendi: os Estados Unidos usam dinheiro do contribuinte para um país-cliente comprar equipamento e expertise de empresas privadas dos Estados Unidos para combater o tráfico de drogas.

As vítimas da guerra? Estas são colombianas.

Mas, na verdade, eu e o cinegrafista Hélio Alvarez, da TV Manchete, desembarcamos na cidade do Panamá.

Noriega manobra para se manter no poder. Faz concessões à oposição civil.

Mas Washington não tem mais paciência com clientes militares. Washington descobriu, nos anos 80, que as ditaduras militares da América Latina eram boas aliadas contra a União Soviética mas pouco flexíveis. Washington preferia, a esta altura, governos civis mais flexíveis, especialmente em um país como o Panamá, ao qual entregaria em breve entregaria a soberania do canal.

Estamos no hotel, na cidade do Panamá, quando somos convocados para uma entrevista no comando do canal. O comando do canal do Panamá é exercido por militares dos Estados Unidos. Vamos. Lá, o porta-voz do comando acusa Noriega de ter recebido algumas centenas de milhares de armas de Fidel Castro, para se defender em caso de invasão dos Estados Unidos. O militar estadunidense não apresenta uma prova sequer. Fico em dúvida sobre a acusação, mas me surpreendo no dia seguinte ao ver a capa do Washington Post: a acusação está lá, sem qualquer prova. Sinal de que o destino de Noriega está selado?

Meses depois, quando já estávamos de volta a Nova York, os Estados Unidos invadem o Panamá e derrubam Noriega. Acusação formal: envolvimento com o tráfico internacional de drogas.

Lição deste segundo capítulo: a “guerra contra as drogas” é um álibi. Nem sempre é o que parece. Por trás dela se escondem outros interesses.

Lição apreendida.

No próximo capítulo, a “guerra contra as drogas” na Colômbia e o cartel de Medellin.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

LAP

Vc trocou os nomes de Chavez para Manuel Noriega e Panamá para Venezuela?
Os ciclos se repetem quando o povão não tem educação. É um problema mundial.

Violencia

Realmente "por trás do álibi há outros interesses", os que aplaudem hoje podem estar avalisando "os outros interesses". http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/jo
O senador John Mac Cain quando visitou o Complexo do Alemão após as ações militares afirmou que: "Estamos impressionado com o progresso que foi feito,É claro que há um grande caminho para percorrer, mas vimos que houve um progresso significante e estmos muito impressionados.Sabemos, porém, que o probelma das drogas continua ainda um desfaio tanto para o Brasil, como para os Estados Unidos" .http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4881187-EI8139,00-RJ+John+McCain+se+diz+impressionado+com+progresso+em+Santa+Marta.html

Luci

O envolvimento de pessoas pobres com as drogas deveria ser encarado como um problema social, o envolvimento dos que (enriqueceram enriquecem) formam/formaram grandes fortunas com o tráfico de drgogas deveria se enfrentado como problema de justiça.
Voce já entrevistou algum coronel da Nicarágua da época dos fatos mencionados?

silviakochen

Uma pequena correção, Azenha. Na época da invasão do Panamá, o presidente era George Bush, o pai, e não George W. Bush, o bushinho, o filho.
De resto, precisamos ficar atentos para o que mais virá por aí com relação ao que está acontecendo no Rio.

Edmilson

Ouvi algumas pessoas atacando o projeto das UPPs por causa da onda de incêndios a veículos. Se fôssemos resumir, seria algo do tipo: "Tiraram os bandidos do morro e eles desceram pro asfalto". Como se o pessoal "do morro" pudesse viver à mercê de bandidos, mas o "do asfalto" não pudesse correr o risco de ver seu "patrimônio" pegar fogo (embora tenha seguro…).
Cabral já se referiu uma vez a favelas como "fãbricas de criminosos" (e foi criticado por isso). Mas o Complexo do Alemão, nas condições em que se encontrava, era de fato uma grande fábrica de criminosos. Quem servia de ídolo para os jovens e adolescentes por lá? O pedreiro da obra do PAC? Quem é que tinha poder, dinheiro, roupas de marca e mulheres bonitas? A ocupação militar foi o primeiro e grande passo para desmontar essa fábrica. Temos, todos, que cobrar que as outras ações, sociais, sejam implementadas. As críticas generalistas à ação, sem apresentar alternativa viável, não levam a nada.

Marcia Costa

Eu desisto! Dessa vez o PIG fez um excelente trabalho….

gringo

Que barato!!! Antes tínhamos 100 milhões de técnicos de futebol.

Agora temos 100 milhões de especialistas em táticas de guerra.

100 milhões de especialistas em "retomada de territórios ocupados"

Que maravilha. Brasileiro é bicho sabido mesmo!!!

Helena Simões

Na guerra contra a droga só se mostra a população afro-brasileira das favelas, o lado negro. E o lado branco? Do branco que compra "a branca", a tão popular cocaína, amada e adorada pelos cariocas mauricinhos da zona sul…
Essa guerra não adiantará nada se não houver um trabalho efetivo de integração social, com educação e cultura dentro da favela. Nada valerá o sufoco que a população do Rio tem passado, se não houver uma campanha educativa esclarecedora do problema do consumo. Não me refiro ao problema de saúde daquele que compra (ele que se dane), mas as causas desse comércio na saúde social. Uma campanha que mostrasse como o mesmo carinha que compra droga, depois, na hora de ser assaltado, ou ser vítima de um arrastão, tem medo da criminalidade na cidade onde mora. A polícia, quando ataca o traficante, mete bala. Quando aborda o consumidor mete a mão no bolso dele para deixá-lo impunemente.
Sou a favor da ocupação das comunidades do Rio. Porém, se só ficar nisso, será um repeteco das ocupações de 2002. Tudo voltará como era antes.
Sinto falta do "lado branco" desse conflito nas coberturas jornalísticas.

Vinicius Abreu

Essa doeu em ! ! ! ! !

Meu caro Luiz Azenha, você está destonando, comparar EUA com favela do Rio de Janeiro. Não conheço os EUA profundamente, mas deve está bem longe de uma realidade onde 400.000 pessoas (Complexo do Alemã e Vila Cruzeiro) são diariamente subjugadas por 500 criminosos. E comparar isso com uma rincha de um traficante que teve o filho atropelado pelo o vizinho. Quem dera que os problemas de segurança do Rio de Janeiro fossem iguais a esse.

Aff, acho que nessa ficastes bem longe !

Léo Costandrade

Eu não consegui enteder o raciocínio do autor, será que ele quis dizer que o Obama vai acusar o Cabral de estar recebendo armas de Cuba e tomar o Rio de Janeiro do Brasil, não seria mais fácil dizer que as operações de retomadas de territórios brasileiros são na verdade um treinamento de forças brasileiras para a invasão dos Estados Unidos?.
Falando sério: a insistência (ou implicância) do nobre jornalista com os "homens de prêto" é justificável (Freud explica), mas todos nós sabemos (ou deveríamos saber) que não se trata de uma guerra contra as drogas e sim a retomada de territórios ocupados por criminosos para devolver ao estado, mais ainda eu diria, devolver o estado aos cidadãos daqueles territórios e a partir dai começar a levar a estes cidadãos um mínimo de dignidade e justiça social que não chegará a eles enquanto não tiverem pelo menos o direito básico de ir e vir.
Quanto à "guerra contra o tráfico" é outra história e muito mais complexa.

Flavio Z

Gostei do texto e estou curioso pela continuidade. Faz todo o sentido. Só não concordo com a comparação do que ocorreu no Alemão pois os contextos são totalmente diferentes: o território do Complexo havia sido tomado do povo e da UNIÃO (seus fiéis detentores), ali se concentrava uma clara ação criminosa (provas in-con-tes-tá-veis) e, ainda, por mais que haja interesses escuzos por trás (certamente existem), um bem maior certamente foi feito. Ali estava incontestavelmente estampado quem eram os maus e, de forma lógica, é justo que qualquer um que os combata seja visto como "O BOM", o HEROI, mesmo estando vestido de preto, de verde, de cinza ou camuflado. Como toda história de mocinho e bandido, é natural e bom que a maioria da população vibre com o lado do "Heroi" . Isto mostra que não somos insensíveis a este tipo de contexto, o que nos dá esperança no futuro.

Léo Costandrade

Interessante será que um comentário meu no qual eu respondia ao Azenha com a mesma ironia que ele empregou em "quem vibra com homem de prêto segurando fuzil?", foi sensurado?, outro comentário que fiz bem depois em resposta a um dos comentaristas já foi liberado e aquele não.

Siron

O que vc fez aqui no blog durante todo este período foi dar espaço e voz para quem vê algo diferente da grande maioria consensual que foi construída em torno desta ação, muito impulsionada pela Globo, que se aproveitou dos sentimentos mais primitivos das pessoas.

Pois bem, não acho que esta ação de tomada do Complexo do Almeão não tenha nenhum valor. E é exatamente o que muita gente já disse aqui: retomada de território. Isto é muito importante, porém inócuo se não ver acompanhado de um serviço de inteligência e não ficar limitado somente nos territórios de uma facção, o Comando Vermelho. O complexo da Maré é da milícia que aluga o território para o Terceiro Comando, por exemplo. Tá na lista de prioridades?

Nós temos de ter serenidade e olhar crítico para entender a situação. É preciso observar o objeto de todos os ângulos possíveis para não cairmo num jogo maniqueísta que só interessa àqueles que desejam manter o status quo de violência no Rio de Janeiro.

Siron

Azenha, parabéns pelo texto! Esta mega-operação federativa e intervencionista no Alemão tem deixado as pessoas deveras animada. O que é compreensível. O Rio de janeiro viveu dias de medo e terror: "traficantes" estavam queimando carros e ônibus, todoas (pobres e ricos) estavam desesperados e o governo do estado mais ainda com medo de sofrer uma intervenção federal. Acredito que estes fatores deixaram as pessoas empolgadas demais com a solução militarista e belicosa e com muito ÓDIO dos baderneiros. Muita gente de bem teve o fascistinha liberado de dentro de si, como disse um amigo meu.

Eduardo Souto Jorge

Azenha meu querido, sem delirios, por favor! E' incrivel como voces burgueses intelectuais sempre querem parecer mais "espertos" que nos os comuns. Essa sua analise sobre o problema do "poder paralelo" que se tornou o trafico de drogas no Rio, fazendo comparacoes com Panama, N.Y, etc, e' , como eu digo sempre, pura "masturbacao nos banheiros da fantasia burguesa". Eu gostaria muito que voce escrevesse um artigo colocando sua estrategia para combater esses marginais que aterrorizam, nao a classe media /alta, das ruas , mas os pobres trabalhadores das favelas. Escreve Azenha. Mostre que voce tem a solucao "politicamente correta" para esta situacao. Outra coisa, se emocionar com as forcas de seguranca(pagas com nossos impostos para trabalharem) , de fuzil na mao, pondo para correr esses canalhas, nao e' nada menor ou questionavel, como voce quiz sugerir, mas uma atitude normal e linda por parte das pessoas que vivem a "vida real" e nao essa fantasia de elocubracoes tipicas da burguesia . A perfeicao e' inimiga mortal do possivel. E ai meu caro, qual a sua teoria para enfrentar o "Poder paralelo" dos marginais do Rio de Janeiro? Mas nao me venha de blablabla, tem que ser medidas reais, de acordo com a situacao real, do Brasil, do Rio, ano de 2010.

    Vinicius Abreu

    Ola Eduardo;

    É incrível que tem gente que ver politicagem em tudo.
    Apontar erros é muito fácil. Dizer o que tem por traz dessa "guerra contra as drogas do RJ" ?

    Eu sei onde vai para o assunto: Sérgio Cabral se lançando nome forte do PMDB para presidente (foi mal estraguei o assunto futuro).

    Mas antes de pensar em política pergunto ao Azenha o que ele faria para combater os diversos focos de incêndio espalhados pela cidade do Rio de Janeiro?

    Concordo com você Eduardo, tem gente que delira, mas acho que vamos ficar sem resposta . . .

    Ⓐnti

    Sabe como ia ser a sociedade sem "burgueses intelectuais críticos"?
    Um enorme campo de concentração…
    :*

    Marcia Costa

    Posso incluir uma teoria da conspiração pra vc, Eduardo?
    O cabral atacou pois ficou com medo de perder o controle com está acontecendo na fronteira do México, onde não há qq instituição estatal – nem mesmo poderosso carros de combate que resolvam.
    A invasão poderia ter sido efetuada de maneira mais inteligente, calcada mais em informaçãoes e menos em pirotecnia pra impressionar os fãs de Tropa de Elite.

Léo Costandrade

Não entendi muito bem onde quer chegar este "nobre escrevedor", será que ele acha que o Obama vai acusar o Sérgio Cabral de receber armas do Fidel Castro e tomar o Rio de Janeiro do Brasil?, me parece mais fácil o embaixador americano dizer que o Jobim o confidenciou que na verdade a operação das forças de segurança é um treinamento integrado do governo federal e estadual para invadir os Estados Unidos.
Falando sério ( se é que seja possível em cima de um texto tão fantazioso) ser a favor da retomada de territórios dominados por bandidos não é tão simplesmente "vibrar com homens de preto…" que aliás me parece ser uma ínfima minoria nas tropas de ocupação (acho que quem anda sonhando com eles é o jornalista), se for pra usar frases de efeito eu prefiro o grito do favelado "eu só quero é ser feliz / andar tranquilamente na favela onde eu nasci".

j. guilherme biserra

Sem pesamento unico,iremos montando os argumentos,para de forma serena e aprofundada,chegarmos a conclusòes mais coerentes e realistas.O historico descrito pelo azenha,nos ajuda a compor esta formulaçào,que nos leva-ra a desnudar ,o que realmente esta ocorrendo no RJ.Nào podemos ,desconsiderar a politica de retomada dos territorios, ocupados polo trafico de forma violenta e efetiva ,dai defendermos a implantaçào das UPPs como forma de aplicar esta politica,porem nào podemos perder a visào critica ,fazendo coro com a apresentaçào ufanista de parte da midia,de um quadro que esta longe de ter um desfecho aceitavel.nào podemos ,pelo acriticismo emocionalizado,esquecermo-nos de que temos ,uma das mais violentas e corruptas policias do mundo,que participa ativamente da distribuiçào de armas no varejo para os proprios traficantes,que organiza milicias em um numero enorme de comunidades onde o modo de operaqçào e igual ou pior que o do trafico,que nào existe uma politica clara para mudar esse quadro e finalmente ,que nào temos ainda uma politica clara de ocupaçào social das comunidades com UPPs.

A tropa de elite e os cucarachas « CartaCapital

[…] Clique aqui para ler a segunda parte da epopeia. […]

André LB

2) Que se esperasse a melhora da renda per capita e de programas sociais esportivos para que, felizes e contentes, os criminosos espontaneamente deixassem as comunidades em paz?
3) Que enchessem as comunidades de professores e agentes de saúde, o que comoveria os criminosos a ponto deles não molestarem esses servidores públicos nem se utilizassem das instalações?
4) Que se espere uma futura e hipotética descriminalização do uso de drogas – o que traria uma devastação provavelmente maior em termos de custos financeiros e principalmente humanos?

Sério, qual sua posição a respeito?

André LB

6) Que já se disse, aqui e em outros lugares, que o tráfico nunca acabará, sendo uma solução (desejável e necessária, mas) parcial de atacar apenas o contrabando;
7) Que não é possível fazer tudo ao mesmo tempo agora, sendo qualquer início uma escolha;

Enfim, considerando tudo isso, o que você sugere?

1) Que não se fizesse nada?

André LB

Azenha, respeito suas opiniões neste e em outros assuntos, mas ainda acho que você foi além da curva. Não fico vibrando com blindados subindo o morro nem homens de preto armados para uma sessão realista de Counter Strike. Digo isso com sinceridade, e com sinceridade te pergunto:

1) Uma vez que lamentavelmente a situação chegou ao ponto em que chegou;
2) Que traficantes dominaram sim diversas comunidades;
3) Que moradores sofriam sim com os desmandos dos traficantes;
4) Que é impossível oferecer serviços públicos à população carente nesses lugares sem expulsar os bandidos territorializados;
5) Que, até onde EU sei (talvez esteja enganado), DESTA vez a ideia é acabar com o controle dessas regiões pelo crime garantindo uma verdadeira ocupação do Estado, através de UPPs, etc.;

Fernando

E a estudante de 14 anos morta nos confrontos pelos heróis?

O mais importante são os carros da classe média queimados, né?

Gerson Carneiro

Azenha,

Poderia ter deixado a parte do texto suprimida posteriormente. Provocação é essencial para despertar, para chacoalhar os cérebros. Não se intimide. E quem não aguentar, que beba leite desnatado.

Gerson Carneiro

Dois olhares sobre uma mesma notícia datada de 29/11/2010.

“Provável recaída pode afastar Fábio Assunção da novela ‘Insensato Coração’ “

Olhar nº 1
Tenho dúvidas: recaída ou crise de abstenção? seria um dos efeitos colaterais da operação militar?

Olhar nº 2
Como seria essa notícia se fosse um pobre, e muito provavelmente negro?

"Vagabundo volta para as drogas e perde emprego".
"Fabão o Assustadão volta para as drogas e leva pé na bunda"

De fato, há problemas envolvendos as drogas que não estão na favela.

Gerson Carneiro

Azenha – A Pilha do Vibrador.

edv

Meu importante Azenha, acho que vc está atolado na "guerra às drogas"…
É guerra ao CONTROLE TERRITORIAL por traficantes, Azenha!
Território onde moram centenas de milhares de pobres cidadãos de bem, Azenha!
Pessoas de bem que estão reféns de traficantes, Azenha!
Ninguém aqui em sã consciência ousaria dizer que o "uso de drogas acabou"! Que o tráfico idem!
O tráfico e o uso de drogas existe no mundo inteiro, de Washington a Moscou!
Ninguém acaba. Vide fronteira mexicano-americana. Ou o consumo em NY, LA, SF, CH. Ou a exportação para a Europa. Nem o tráfico de armas. Ou os crimes comuns .Mas isso NÃO implica em NÃO combatê-los!
O controle por traficantes, de boa parte de uma metrópole, onde vivem alguns milhões de pessoas pobres e de bem é OUTRA COISA! Com ou sem Olimpíadas ou qualquer outra desculpa!
Comparar o que está acontecendo NESTE MOMENTO no Rio com Iraque, Panamá é desfocado.
Concordo com vc que "guerra às drogas", assim como "guerra ao terrorismo" e outras "guerras" sempre trazem desculpas e hipocrisias malandras e nefastas.
Mas, por favor, NÃO é ESTE CASO!

Wanderson Brum

Um amigo logo acima falou que parte de nossa população não pode viver em regime diferenciado, também concordo que não, digo isso plenamente nem o regime implantado pelo tráfico, que é um braço das mesmas forças que estão alojadas no estado, nem a nossa policia, contaminada pela corrupção estrutural e pelo abuso da violência, devem implantar qualquer regime diferenciado.

Frugalista

Bom, ai voce so esta justificando a acao contra os traficantes como fundamental pra garantir a soberania nacional. Acredito que voce sabe que tudo comecou com grupos incendiando onibus no asfalto. A policia reagiu. O que voce sugere? Deixa-los queimar onibus e pessoas? Ha trafico de drogas, acho que voce concorda com isso. Os Estados Unidos nao precisam inventar isso no Rio. Nesse caso, se torna mais necessario ainda o Estado recuperar territorio, para evitar interferencia internacional.

Gerson

P.S.

ALEIJÃO

Gerson

Eu tô mesmo é surpreendido com a "Mansão Luxuosa" do Pezão no morro do Alejão. É… Alejão !!

Vc viu Azenha ?

Aquela piscina de fibra gigantesca ( 2 x 2 ) naquela cobertura com vista privilegiada para a "praia" ?

Que Luxo !!! E ainda mais…com lajotas imitando a calçada de Copacabana !!!

Que disparate desses caras né ?

    eu mesmo

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk euri

Flavio Marcio

Outra ponta importante da guerra contra as drogas é aquela que mostra que os EUA são contra elas ma non troppo.
Exemplico com os acordos de membros do Secret Team ianque com Pablo Escobar para abastecer os yuppies da Bolsa de Valores de NY nos anos 80.
O que o Azenha está dizendo é que por trás e acima deste inferno telúrico de drogas & armas, há jogos de poder de cidadãos acima de qualquer suspeita que utilizam temas tão sofridos para fins inconfessáveis, que passa inclusive pelo tráfico internacional de drogas.
Claro que precisamos de soluções práticas que livrem o povo pobre do Rio, do Brasil e do Mundo, assim como os dependentes ou abusadores de drogas do jugo desta complexa rede que deseja perpetuar aqueles jogos sórdidos a que me referi.

Paulo Monarco

Dígno Azenha!
Mais uma aula para quem define sob a égide do maniqueismo, com o perdão da palavra forte, hipócrita, os confrontos ocorridos no Alemão e na Vila Cruzeiro. Como escreve o jornalista Lúcio de Castro, "são cerca de 1.020 favelas no Rio de Janeiro. Hoje as UPPs estão em 14 delas. Faltam apenas 1.006. Mais números: quase quatro mil policiais estão hoje no contingente das UPPs. Mais ou menos 10% do efetivo total. Se 1% das favelas tem UPP, a conclusão é óbvia: falta escala para que o trabalho se amplie, ainda que pelas projeções, até a Copa de 2014, cerca de 40 favelas estejam na mira das pacificações. Ainda assim, ficariam faltando "apenas" 980 favelas."
Que as UPPs são positivas é ponto pacífico, literalmente. Agora dizer que são a solução, vai uma gigantesca distância, mesmo porque, sob o martelo cego da segurança, esquecem do pilar central que sustenta qualquer efetiva mudança de paradigma; políticas sociais sérias, hoje inexistente nas atuais UPPs. Portanto a mudança é lenta, gradual e depende obrigatoriamente de você, de mim e de todos os hipócritas que rezam e na saída da Igreja chutam cachorro morto. Será que precisamos de mais uma Canudos?
Espero que não!
Parabéns Azenha pelas lúcidas e pontuais opiniões.

    Maurilio Gadelha

    A soluçao é fazer acordo com com os narcotrafico, deixarem operar, escravizar os inferiores, e eleger politicos tipo o Itagiba e o Indio da Costa. Viva as milicias!!!!!!

    Léo Costandrade

    Paulo me desculpe, mas acho que você cometeu um erro clássico: maximizar um número e minimizar outro e já que estamos falando de maniqueísmo…, se tem 1.020 favelas não sei (pra mim é um dado nôvo, pensava que tinha mais) mas não foram só 14 as beneficiadas com UPPs e/ou retomadas pelas tropas oficiais, segundo notícias veiculadas pela mídia só no "Complexo do Alemão" tem 12 ou 14 favelas (cada hora falam um número), é claro que mesmo assim seria um número bem pequeno em relação ao número que você apresentou de favelas existentes, mas você já viu alguma coisa começar de cima pra baixo (exceto pintura de parede)?.
    Será que todas as 1.020 têm seus territórios dominados?.

    Paulo Monarco

    Prezado Léo Costandrade, se lê-se com atenção perceberia que os dados estão em aspas. São dados passados de quem por natureza do trabalho sabe bem mais que eu, mesmo porque não teria como obter informações tão próximas da realidade. São apenas dados que servem para ampliar a lente obtusa e fascistóide que nos consome em dias de fúria e perceber o quão distantes estamos do mero razoável na questão que mais importa, educação.

    Marcia Costa

    Corrigindo segundo prefeitura são 1200 http://www.rio.rj.gov.br/web/ipp/exibeconteudo?ar

Leonardo

Azenha, não se trata de gostar disso ou daquilo. Obviamente que seu posicionamento na questão é válido e deve ser respeitado (ninguém pode dizer o contrário), mas você deve entender que, dado o caráter participativo do sítio, os leitores se sentiram no direito de contrapor suas idéias, veja pelos diversos comentários enviados (que tanto contribuem para seu sítio). Você optou apenas por lançar sua conclusão sem demonstrar para os leitores como formulou tal visão. É importante debater, não? De idéias sem contraponto bastam os toscos jornais brasileiros. Desculpe, mas você tornou público em seu site, marcado pelo debate, uma idéia, e como tal ela foi contestada por outras. Se a idéia era reproduzir algo de si para si, com um final em exclamação "retumbante", acho que escapou à maioria. Talvez, como fazem os jornais, a opinião do blog se torne uma espécie de editorial do site, se já não é assim (desculpe, não sei se já é a intenção). Se for assim, então lhe compreendi mal, e acho que a maioria também.

Polengo

Tudo no mundo sempre terá gente a favor e contra.

Bom que aqui no blog é uma discussão.
Mas às vezes vira o Rio, às vezes o Iraque, a Coréia…

Ed Döer

Tá, mas hoje eles usam é o discurso das armas de destruição em massa ou atômicas com o mesmo fim. Ou o terrorismo.

Ⓐnti

Isso sem contar a participação da CIA em vários esquemas de tráfico.Tem muito pano pra manga nessas histórias.
Pra quem se interessar, na wiki em inglês – http://en.wikipedia.org/wiki/CIA_drug_trafficking

Marcelo

Sou um karateca e gosto do bom combate, sempre tento antecipar a movimentação do oponente em vários movimentos.
Assim, já pensei sobre muitas hipóteses e ainda não consegui ver onde está o furo da operação, mas constinuarei lendo os textos.

Edson Augusto

Isso é História. Precisamos ter uma visão mais ampla dela para melhor entendermos o cotidiano,
Parabéns e obrigado Azenha. Que venham mais capítulos.

tiago

Concordo que os EUA precisam criar inimigos. Nas décadas de 50, 60 e 70, era o comunismo diabólico que iria destruir o ocidente, comer criancinhas. Na década de 80, o tráfico de drogas e hoje, o terrorismo islâmico. É necessário criar um "inimigo", tocar o terror através da propaganda ideológica para assim, se conseguir coesão , controle social e conquistar corações e mentes para que apóiem a luta contra o "inimigo". Seria o inimigo, no caso brasileiro, a pobreza, o preto? Estaria em curso um projeto de higienização social?

jgnunes

Azenha, acho que você está partindo de um exemplo errado. A questão das drogas no Rio é simples, essas pessoas moram no Rio de Janeiro. E tem que ser atendidas pelo Estado do Rio de Janeiro. Não podemos permitir ou aceitar que parte da população viva sob um regime diferenciado.

E que este regime diferenciado os impeça de ter acesso a bens e serviços. Em outras palavras o capitalismo chegou e não é só para o homem branco.

Acho engraçado quando vejo pessoas que moram no Alemão aliviadas com o fim poder do tráfico. E aparece um bando de gente dizendo que os traficantes tinha que permanecer onde estavam, imponde um outro Estado para os brasileiros.

Onde um pai de família teme um adolescente que anda com um fuzil na rua.

Os interesses secundários são os de sempre do capitalismo: Os moradores da comunidade vão pagar conta de luz como todo mundo, assinar outros serviços como todo mundo e seus imóveis valerão alguma coisa no banco como os de todo mundo.

Latini

Uma observação singela… peço desculpas, por não me aprofundar. O tempo, às vezes, é nosso pior inimigo!

O interesse verdadeiro é um negócio único e historicamente rentável. Este negócio é a guerra. Nada é mais rentável do que guerras. Logicamente que, com o passar do tempo e do contexto histórico, ocorram pequenas variações no formato das mesmas. Afinal, necessita-se de uma pequena, isso mesmo, uma pequena razão – distorcida, obscura, distante – que a comprove. Tarefa difícil? Sabemos que não.

Gerson Carneiro

Poxa Azenhão, no finalzinho você tirou o doce da minha boca. Já estava pronto para perguntar aonde você queria chegar descendo com esse cerco todo. Eu ia te perguntar se você queria chegar ao Pablo Escobar.

    Luci

    Gerson gostei de tuas manifestações aqui no espaço, o Azenha tem mais peixe na rede.
    Eu também quero saber se o Azenha queria chegar ao Pablo Escobar.

luisa

Azenha,

Aquele filme o Senhor das Armas, com o Nicholas Cage, é muito esclaredor sobre este mundo e quem está por trás. Estes, aliás, jamais foram/serão pegos.

A tropa de elite e os cucarachas | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Clique aqui para ler a segunda parte da epopeia.   […]

Deixe seu comentário

Leia também