A Frente Parlamentar, o governo Dilma, o FUST e a mídia

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

Fui ao evento de sexta-feira à noite que marcou o pré-lançamento da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular.

O lançamento mesmo acontece no próximo dia 19 de abril, em Brasília, às 14 horas, no auditório Nereu Ramos do Congresso.

O objetivo inicial é lotar o auditório naquela data, o que nos leva desde já a estender o convite a todos os brasilienses que se interessam pelo assunto, especialmente aos blogueiros progressistas da Capital federal e seus leitores.

Os últimos dados, de ontem à noite, indicavam que havia 171 assinaturas de adesão à frente, mas por motivos óbvios a gente prefere falar em 170.

Do debate, na sede do Sindicato dos Bancários, participaram os deputados federais (atenção, anotem os nomes deles para as próximas eleições) Brizola Neto (PDT-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Emiliano José (PT-BA). A deputada Luisa Erundina (PSB-SP) não pôde comparecer por motivos pessoais.

De qualquer forma, ficou claro que pelo menos na esquerda existe um consenso de que é preciso fazer avançar o debate sobre a questão da comunicação no Brasil.

O evento serviu também para lançar “Jornalismo de Campanha e a Constituição de 1988”, de Emiliano José, autor também de “Imprensa e Poder, Ligações Perigosas”,  ambos editados pela Editora da Universidade Federal da Bahia.

Houve durante o debate apelos urgentes para que se impeça a aprovação do projeto que modifica a lei do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST), conforme denúncia feita pelo coletivo Intervozes publicada, entre outros, pelo Viomundo (aqui).

Houve apelos para que o governo Dilma, que financia com milhões e milhões de reais o que se convencionou chamar de PIG, aprofunde a pulverização das verbas publicitárias oficiais e que faça isso não apenas por critérios de mercado, mas que visem a incentivar o pluralismo na produção de conteúdo.

Houve apelos — corretos, em minha modesta opinião — para que a Frente Parlamentar receba o reforço dos movimentos sociais. Ou seja, que a questão da comunicação esteja presente em todas as demais conferências nacionais setoriais promovidas no país.

O próprio deputado Emiliano José disse que, se a esquerda parece unida no Congresso em relação ao tema, é preciso agregar outras forças políticas, especialmente do centro, ao debate.

Movimentos sociais + centro político + Frente Parlamentar + blogueiros progressistas me parece uma combinação mínima para fazer avançar o debate, além da escolha de uma agenda mínima que seja consensual (Plano Nacional de Banda Larga, regulamentação da mídia eletrônica, propriedade cruzada e por aí vai).

Levantou-se a dúvida sobre o destino que seria dado ao projeto deixado pelo ministro Franklin Martins: será descartado por personagens que estão “costeando o alambrado”, como dizia Leonel Brizola?

O deputado Emiliano José voltou a dizer, conforme já havia escrito em artigo publicado pela CartaCapital e reproduzido aqui, que o namoro do PIG com o governo Dilma tem data para terminar: depois que forem concluídas as tentativas de desconstruir a imagem de Lula.

No particular, houve discordâncias em relação ao atual governo.

Por exemplo, no lamento “em off” de um dos participantes a respeito do poder de primeiro-ministro que Antonio Palocci tem no governo Dilma (que se estende até mesmo à Biblioteca Nacional).

Porém, se está claro que há divergências na avaliação que se faz do governo Dilma até aqui, não há dúvida de que a dura tarefa de modificar o panorama do setor midiático no Brasil exigirá uma ampla coalizão de forças em torno de uma agenda mínima.

Não nos resta outra alternativa, a não ser começar lotando o Nereu Ramos.


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Comentários

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Frente Parlamentar da Cultura será lançada quarta-feira | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Leia mais aqui sobre a Frente Parlamentar.   […]

Escrevinhador

[…] por Luiz Carlos Azenha, no VioMundo […]

beattrice

Enquanto somente os ministros costearem o alambrado tá bom, tá muito bom.

Pedro Cruz

A democratização das informações e dos meios de comunicação são fundamentais, TODOS EM BRASILIA NO DIA 19 DE ABRIL. Porem, não estou vendo a preocupação dos blogueiros progressistas com outras BANDEIRAS fundamentais para o avanço da democracia, como a das REFORMAS POLÍTICAS, já em discussão nA Câmara e no Senado. SEM DÚVIDA NENHUMA AS DUAS SÃO IMPORTANTES!!!!!!!MOBILIZAÇÃO JÁ (ESTAMOS MUITO ATRASADOS). Ou ficaremos eternamente reclamando dos presidentes que não nos deram o que tem de ser CONQUISTADO. NÃO CONSIGO ENXERGAR A DEMOCRATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, SEM AVANÇARMOS NAS DEMAIS CONQUISTAS DEMOCRÁTICAS!!!!!

Bernardino

Essa imprensa corrupta e manipuladora so sera enquadrada,quando colhermos assinaturas nas ruas aos milhoes para regulamentar os artigos da Constituiçao que tratam da democratizaçao e conselho de comunicaçao social da MIDIA.Querer o contrario é jogar confete em AVIAO.Urge que os parlamentares e as asssociaçoes de classe saiam às ruas com campanha publicitaria e pessoalmente para peitar o PIG
O PIG é um CANCER,só Agua Sanitaria para higieniza-lo

FrancoAtirador

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ENTREVISTA

Uma conversa muito afiada com Paulo Henrique Amorim

Se não houver marco regulatório, o PIG vai tentar derrubar a Dilma com muita eficiência. O PIG e o Jornal Nacional vão operar a sucessão da presidenta Dilma Rousseff com uma fúria indescritível. Nós ainda não vimos nada. Essa campanha sórdida e calhorda, como disse o grande cearense Ciro Gomes, ao se referir à “campanha contra o aborto” desfechada pelo José Serra durante as eleições, será ultrapassada em “calhordice”. A Dilma vai sofrer se não houver o marco regulatório. O que também poderá ser uma consequência lamentável é que se não houver um sistema mais aberto, transparente, livre e democrático de comunicação será muito fácil manipular a classe C na sua rápida ascendência, levando-a a uma plataforma moralista e paranoica. A nossa sorte é que “quem nasceu para José Serra nunca será Carlos Lacerda (renomado jornalista e político brasileiro)”, frase boa e que não é minha, é do Brizola Neto (blogueiro). O Serra nunca será o Lacerda. Mas sempre será possível tentar explorar o lado paranoico moralista de toda a classe média. E o Lula oportunizou a criação de uma gigantesca classe média. Se o PIG continuar tendo a importância que tem através, inclusive, da manipulação que a Globo protagoniza, é possível que essa classe média do Lula se torne “Berlusconiana” (referência a Sílvio Berlusconi – empresário e primeiro-ministro da Itália), ou seja, ela caia no conto do vigário da “calhordice”.

Íntegra em:
http://www.vermelho.org.br/ce/noticia.php?id_seca

Celeste

E o meu combatente Deputado Emiliano José láaaaaaaaaa!! É por isso que não desisto de votar nele nunca!!!

jõao

todos sindicatos ligados a democracia tem participar para que possamos unir força

helena catin

Povo crackeado, um exército de zumbis aí é difícil.

alexandre silva

Que bom saber q no congresso a esquerda ainda vive, porque se depender do governo dilma não teremos avanças nesse sentido, paulo bernardo ja deu mostra de que não tem forças e vontade de ir além do bla bla que vive falando. Concordo tem setores como o palloci muito proximos ao PIG e não irão querer nada, ao contrário capaz de dizer passo a passo o movimento da frente popular ao PIG. Concordo com tb com o apoio da sociedade e movimentos sociais só assim teremos mais forças

Roberto Ribeiro

Sem a democratização da mídia, não haverá Democracia no Brasil.
Quanto ao Palocci, com a palavra a Presidenta Dilma, Lula e o PT.

ricardo silveira

Se não houver povo nas ruas, nas praças, as mudanças não virão. Sem manifestação popular pesada, com o envolvimento dos partidos do campo da esquerda e sindicatos, não haverá nenhum "marco regulatório" que paute a comunicação de forma democrática.

N. Konthyegki

De acordo com todas as falas aqui, assim como o texto Azenha, no momento precisamos aglutinar força política no interior do poder, no entanto, a grande necessidade que se faz nesse país é mostrar que é somente com a participação consciente da população que podemos nos mover no sentido da transformação. Exemplos recentes nos mostram que a movimentação popular é possível, o que precisamos é abandonarmos essa ideia vanguardista e buscarmos de fato as bases para construirmos uma luta realmente coletiva e popular, como já dizia o grande Darcy Ribeiro.

P.S.: Está passando no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (em São Paulo e no Rio de Janeiro) um filme que aborda o movimento negro no período de 1967 a 1975, por meio de material de arquivos de feitos pelas redes de TV suecas, na época, recomendo a todas e todos, para percebermos o quanto ainda precisamos caminhar no sentido da organização.

Abraços Fraternais

Carmem Leporace

Tô nessa!!!!

    Panambi

    Hã????

    L. C. Maesttro

    Se ela vai, eu tou fora!!

    edv

    Vai usar crachá com este nome?

Ronaldo

Se não houver uma participação massiva e ostensiva da sociedade não vai passar. E se passar podemos não levar. Vejam a Ficha, que foi limpa.

Acho fundamental a inclusão dos movimentos estudantis, que darão o sabor do novo, e do MST, organizado, combativo e merecedor de um espaço neste assunto.

Proponho a Gleisi para presidente da Frente. Se ela não convencer o lento quem convencerá?

assalariado.

Nós da esquerda somos uma merda.Quando vamos aprender que não se consegue fazer movimento na história e,por tabela,mudar os rumos da exploração burguesa sobre a sociedade, sem que se envolvam as massas.Vamos raciocinar,quando foi que a dita esquerda esteve(de fato),de braços dados com as massas exploradas deste país.Chega de movimento elitista,movimentos estes que,só circulam,em geral, da classe média para cima,nunca vasa para o povão,sempre a reboque das midias tradicionais de manipulação,pró burguesia.

Porque não levar este assunto tão estrategico para a sociedade -(de dominação ideológica da burguesia, sobre as massas e a nação)- para os sindicados de trabalhadores,associação amigos de bairros, sedes dos partidos ditos populares enfim,com a palavra os capas preta dos partidos e movimentos sociais em geral… Esta conversa de querer mudar os rumos e,a história do nosso povo pela cúpula, ja demonstrou que,isto não vai dar certo! Trabalho de base já! Pessoal,dinheiro,tempo e maquina,os partidos tem,aí entra aquela velha história,é necessário ter vontade politica,sair dos gabinetes,… aguardemos!

    Gabinete!

    Boa. Assalariado perfeita sua análise, existem 3 eventos que são populares futebol, carnaval e novela da "pé, corpo e alma no golpe civil militar". É hora de planejar e caminhar com o pobre povo esquecido brasleiro, dar aulas de cidadania, conversar com a maioria do povo, senão a mídia representante do período bolsonaro e Cia vai dominar com suas desqualificações para distorcer realidades. Veja o estrago que foi este programa o qual recuso-me a dizer o nome com entrevista de fossa e o Brasil está comentando. Vamos para a rua conversar com povo. Se a elite não se juntar as massa exploradas, seus dirigentes cooptados continuarão no trono.Sair dos gabinetes. Aliás o Brasil é o campeão, parece que todo mundo tem o gabinete acoplado.

Sturt

Qem se refere :Por exemplo, no lamento “em off” de um dos participantes a respeito do poder de primeiro-ministro que Antonio Palocci tem no governo Dilma (que se estende até mesmo à Biblioteca Nacional).

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