Ucrânia que não sai na mídia: Desde o início, Kiev optou pela violência

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O congressista Liashko (de boné) dá uma de robocop para mostrar serviço 

21 de julho de 2014

Manipulando os fatos

A Anistia Internacional e a Guerra na Ucrânia

VLADISLAV GULEVICH, no Counterpunch

A Anistia Internacional divulgou recentemente um relatório de “virar o estômago” sobre a violência na Ucrânia do Leste (“Sequestros e Torturas no Leste da Ucrânia” – veja, por exemplo, a cobertura que a BBC deu ao relatório). De acordo com o documento, os atos de violência foram perpetrados primordialmente por grupos separatistas pró-Rússia.

O relatório da Anistia Internacional e sua conclusão a respeito da responsabilidade dos rebeldes pela maior parte da violência não se sustenta e tem pouca relação com a realidade. A violência na Ucrânia, em geral, não é analisada com propriedade e o relatório é bastante tendencioso. Não são os rebeldes e sim o exército ucraniano e as forças pró-EuroMaidan [Nota do Viomundo: Movimento que derrubou o presidente constitucional da Ucrânia] os responsáveis pelos sequestros e abusos.

Primeiramente, os rebeldes da Ucrânia do Leste contam com o apoio de quase 100% da população local. Eles não têm necessidade de cometer qualquer tipo de violência contra os locais. O exército ucraniano, ao contrário, é visto como um inimigo cruel e os soldados ucranianos sentem a animosidade dos locais.

Uma lógica simples questionaria se é o exército que tem sentido a necessidade de reprimir seus adversários locais usando da violência.

Ainda por cima, basta falar com qualquer um dos milhares de refugiados da Ucrânia do Oeste para ouvir histórias de métodos bárbaros usados pelo exército para quebrar a resistência, para qualquer um se convencer de que o exército ucraniano é responsável pela maioria dos sequestros e torturas.

Em segundo lugar, é sabido que o EuroMaidan contava com o apoio de organizações neonazistas ucranianas.

Depois do sucesso do EuroMaidan, seus líderes foram empossados na recém formada polícia e nos batalhões da Guarda Nacional (“Azov”, “Donbas”, etc.).

De tempos em tempos a mídia internacional fala do passado neonazista destas unidades militares ucranianas, mas na maior parte das vezes, esse fato é ocultado. É difícil esperar deste soldados algum respeito por direitos humanos ou o respeito a qualquer outro tipo de lei.

Os fatos mostram que as autoridades do EuroMaidan iniciaram a campanha do terror imediatamente após derrubarem o governo, ou seja, bem antes do começo da guerra. A espiral de violência que se alastra agora na Ucrânia do Leste é a sequência do drama geopolítico chamado EuroMaidan.

Além disso, para observar toda a escala de violência na Ucrânia é preciso levantar informações sobre sequestros, torturas e outros abusos em todo o país e não somente na Ucrânia do Leste. E o período estudado deve ser mais extenso: é necessário levar em consideração toda a violência praticada desde a vitória do EuroMaidan e não somente o que aconteceu desde o começo das hostilidades.

Quando o novo governo pós-EuroMaidan foi formado ele desencadeou medidas repressivas sem precedentes que se tornaram mais e mais estritas e violentas. Policiais e suas famílias foram os primeiros alvos. Eles foram ameaçados anonimamente, seus apartamentos queimados e alguns policiais foram mortos.

Os policiais não foram os únicos perseguidos, mas qualquer pessoa conspicuamente leal ao governo anterior. Jornais inaceitáveis foram forçados a fechar, jornalistas independentes foram presos.

O movimento pró-europeu mais radical, “Right Sector”, promoveu a ideia de que “a revolução continua e vamos caçar os inimigos da revolução”.

Depois disso, ativistas civis foram submetidos a ataques brutais e os mais ativos deles foram presos.

Agora Kiev vai ainda mais longe. Seguindo o exemplo dos EUA no Iraque, as autoridades ucranianas estão produzindo um jogo de cartas com os rostos dos comandantes rebeldes e também com os rostos do jornalistas “errados”, para distribuir aos soldados na Ucrânia do Leste. O exército deve prendê-los ou matá-los.

Depois do EuroMaidan, a Ucrânia se tornou um país cheio de presos políticos. O número de jornalistas e escritores conhecidos que teve que escapar do país é grande: Alexander Chalenko, Rostislav Ishchenko, Vladimir Rogov, eu, e muitos outros.

Até mesmo grandes congressistas do parlamento ucraniano, como o político anti-EuroMaidan Oleg Tsarov, tiveram que deixar a Ucrânia ameaçados de prisão.

Antes de fugir, Tsarov foi atacado por um bando de ativistas do EuroMaidan e selvagemente espancado.

O vídeo do ataque e as imagens de Tsarov machucado, com as roupas rasgadas, foi exibido na TV. A casa dele em Dnepropetrovsk foi queimada por coquetéis molotov lançados por criminosos “desconhecidos” muito conhecidos.

Agora Tsarov dá assistência jurídica a oficiais de polícia e ativistas perseguidos pelas autoridades. De acordo com Tsarov, muitas pessoas estão sendo presas em toda a Ucrânia e as prisões estão se enchendo de presos políticos.

O último caso foi o da prisão de Alexander Samoylov, o vice-reitor da Universidade Internacional Eslavônia em Charkov. A foto de Samoylov espancado, com manchas escuras em torno dos olhos, está circulando na internet.

A violência contra rivais ideológicos se transformou em propaganda política para os políticos ucranianos que dão apoio ao EuroMaidan com o objetivo de dissuadir. Congressistas do conhecido partido xenofóbico e nacionalista Svoboda entraram à força no escritório do diretor do Canal Nacional de TV Ucraniano, o espancaram e o forçaram a pedir demissão. Eles não gostaram da maneira com que o canal de TV cobriu o conflito na Criméia entre Moscou e Kiev.

O congressista notório e conhecido do partido Radical, Oleg Liashko, é famoso por suas ações de relações públicas na zona de hostilidades. Ele quase sempre aparece por lá acompanhado de um grande número de guarda costas e demonstra sua atitude com relação à população da Ucrânia do Leste.

Existem vários vídeos que mostram Liashko humilhando seus adversários e ameaçando matá-los – como o vídeo em que Liashko e seus guarda costas forçaram rudemente um deputado local de Slawiansk a entregar o cargo e ameaçaram linchá-lo em praça pública – ou ameaçando jogá-lo na cadeia; como no vídeo em que Liashko interroga um homem de 68 anos com um saco na cabeça e ameaça mantê-lo na cadeia para o resto da vida.

Vale à pena mencionar que em março de 2014, um mês antes do começo das hostilidades entre Kiev e os rebeldes das províncias, quando ainda era possível dialogar, Liashko mandou prender um dos líderes da Ucrânia do Leste, Arsen Klinchaev.

Isso foi feito de forma rude e humilhante e Liashko participou pessoalmente da ação. Klinchaev foi preso em seu escritório e não com uma arma na mão, mas foi tratado como um terrorista perigoso.

No lugar do diálogo, Kiev escolheu a violência.

Vladislav Gulevich é jornalista ucraniano e analista politico. Ele fugiu para a Rússia recentemente e pode ser contatado no seguinte e-mail: [email protected].

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Comentários

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Andre

Interessante o fato de que ‘circula na internet’ que Dilma é culpada pelo que ‘acontece na Ucrânia’ (o que acontece segundo o relato da maquina de propaganda da mídia).
Então vamos lá: o golpe da Ucrânia foi forjado por grupos de extrema direita, com apoio da CIA (afinal a CIA sempre esteve repleta de nazis). OS tiros na praça maidan que acabaram levando ao golpe final foram feitos por milicianos de extrema direita e não pela policia. A queda do avião, obviamente só interessa aos grupos de extrema direita: agora a UE vai impor sanções econômicas`à Rússia que só vão piorar o estado decrépito da economia da zona do EUro – o que significa mais gás eleitoral para a extrema direita de lá.
Será que a UCrânia fica tão longe assim do Brasil? O roteiro que se tentou seguir no Brasil é semelhante ao da UCrânia – com muitas e variadas diferenças. Seria então um ato ‘espontâneo’, ‘ingÊnuo’, fruto da manipulação de massas, meramente eleitoreiro ou de uma ‘irracionalidade não planejada’ o de associar o governo atual – do qual diga-se de passagem sou um ‘critico de esquerda’não filiado a nenhum partido – ao caso da UCrânia? as forças politicas que atuam lá também não estariam atuando aqui??

marcosomag

É muito recomendável espalhar o artigo acima por todos os meios possíveis na internet (redes sociais, e-mails, blogs, indexadores) pois a barragem da mídia a barragem à verdade sobre a Ucrânia na mídia corporativa ocidental é total.

Se o JN informasse ao seu público que o governo golpista da Ucrânia tem 4 ministros do partido neonazista Svoboda (inclusive, o Ministro da Defesa), a percepção da população brasileira sobre o cenário ucraniano seria totalmente diferente.

Recomendo também os artigos do Professor Michel Chossudovsky escritos para o site “Global Research” (http://www.globalresearch.ca). Alguns foram traduzidos para o português e postados no site “Resistir” (http://www.resistir.info) .

Paulo

Bom ver que mais pessoas acreditam que o míssil russo que derrubou este avião é tão real como as armas de destruição em massa dos iraquianos.

FrancoAtirador

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18/07/2014
Tlaxcala

A Volta de George Orwell e a Guerra do Grande Irmão
contra a Palestina, a Ucrânia e a Verdade

Por John Pilger (http://johnpilger.com/biography)

Outra noite, assisti a 1984, de George Orwell, apresentada num teatro em Londres. O grito de alerta de Orwell, embora em montagem divulgada como ‘adaptação contemporânea’, apareceu-me como peça de época: remota, nada ameaçadora, quase tranquilizadora. Foi como se Edward Snowden nada tivesse revelado; como se o “Grande Irmão” [orig. Big Brother; é o personagem de 1984 que ‘vê tudo’] não fosse hoje um sistema gigante de vigilância digital; foi como se o próprio Orwell nunca tivesse dito que “Para ser corrompido pelo totalitarismo, não é preciso viver em país totalitário.”[1]

Aclamada pela crítica, a nova produção serve para avaliar nossos tempos culturais e políticos. Quando as luzes foram acesas, as pessoas já estavam de pé, andando para a saída. Não davam qualquer sinal de emoção, já pensando na noitada que continuaria. “Desentendi total”, disse uma moça, ligando o celular.

Com as sociedades avançadas sendo despolitizadas, as mudanças são ao mesmo tempo sutis e espetaculares. No discurso diário, a linguagem política está de pés para cima, como Orwell profetizou em 1984. “Democracia” já não passa de recurso retórico. “Paz” é “guerra perpétua”. “Global” é “imperial”. O conceito de “reforma”, do qual antes tanto se esperava, significa hoje regressão, até mesmo destruição. “Austeridade” significa impor aos pobres o capitalismo mais extremo, e doar o socialismo só aos ricos: sistema super engenhoso, segundo o qual a maioria paga as dívidas da elite.

Nas artes, hostilidade contra quem dia a verdade é artigo de fé para a burguesia. “A fase vermelha de Picasso” – diz uma manchete de Observer –, e “por que política não dá boa arte.” Imaginem! E, isso, num jornal que promoveu o banho de sangue no Iraque como se fosse cruzada liberal. A oposição de uma vida inteira, de Picasso, contra o fascismo, virou nota de rodapé; como o radicalismo de Orwell, completamente apagado do sucesso que se associou ao seu nome.

Há uns poucos anos, Terry Eagleton, então professor de Literatura Inglesa na Manchester University, observou que “pela primeira vez em duzentos anos, não há nenhum poeta, dramaturgo ou romancista britânico capacitado para fazer chacoalhar os pilares do modo de vida ocidental.” Nenhum Shelley que fale pelos pobres, nenhum Blake que dê voz aos sonhos utópicos, nenhum Byron a detonar a corrupção da classe governante, nenhum Thomas Carlyle e John Ruskin para expor o desastre moral do capitalismo. William Morris, Oscar Wilde, HG Wells, George Bernard Shaw não têm equivalentes contemporâneos. Harold Pinter foi o último a levantar a voz. No coro insistente de consumo-feminismo, nenhuma voz responde à voz de Virginia Woolf, que denunciou “as artes de dominar outras pessoas, de mandar, de matar, de acumular terra e capital.”

No National Theatre, uma nova peça, Great Britain, satiriza o escândalo da escuta clandestina de telefones que levou a julgamento e condenou jornalistas, inclusive um ex-editor do News of the World de Rupert Murdoch. Divulgada como “sátira com caninos afiados, [que] põe toda essa incestuosa cultura [midiática] no banco dos réus e a expõe sem piedade ao ridículo”, a peça toma como alvos os “oficialmente engraçados” [orig. “blessedly funny”(??)] personagens da imprensa britânica de tabloides. Tudo muito bom, tudo muito bem, e mais do mesmo, e só. Mas… e que fim levou a mídia não tabloide que se autoproclama respeitabilíssima e confiabilíssima, embora seja só braço auxiliar ou de governos ou de anunciantes, e que se dedica incansavelmente a promover guerra ilegal?

O inquérito Leveson sobre escutas telefônicas ilegais tocou apenas a superfície desses indizíveis. Mas Tony Blair depunha, reclamando ao juiz que presidia a investigação, que tabloides haviam perseguido a mulher dele, quando foi interrompido por uma voz vinda das galerias. David Lawley-Wakelin, cineasta, exigiu que Blair fosse preso ali mesmo e processado por crimes de guerra. Fez-se um longo silêncio na sala: o choque da simples verdade. Até que Lord Leveson ergueu-se de um salto, ordenou que a voz da verdade fosse expulsa do tribunal e pediu desculpas ao criminoso de guerra. Lawley-Wakelin foi processado. Blair continua em liberdade.

Os cúmplices de Blair que continuam no poder são ainda mais respeitáveis que os escutadores clandestinos de telefones. Quando a apresentadora da BBC Kirsty Wark entrevistou Blair, no 10º aniversário de sua invasão contra o Iraque, ela deu a Blair um momento com o qual nem Blair jamais sonhara; deu-lhe oportunidade para sofrer ao vivo, em cena, lastimando-se do quanto fora “difícil” a decisão sobre o Iraque. Poderia tê-lo acusado da prática daquele crime histórico, mas só o ajudou a ‘explicar-se’. Faz lembrar a procissão de jornalistas da BBC que, em 2003, declararam que Blair podia sentir-se “vingado”; e da série subsequente, dita “seminal”, The Blair Years [os anos Blair], da qual David Aaronovitch foi roteirista, apresentador e entrevistador. Quadro assalariado de Murdoch, que fez campanha a favor dos ataques contra Iraque, Líbia e Síria, Aaronovitch fez de Blair praticamente um herói da paz universal.

Desde a invasão do Iraque – caso exemplar de agressão internacional não provocada, crime que, para Robert Jackson, promotor de justiça no Tribunal de Nuremberg, define-se como o maior e mais grave de todos os crimes de guerra “porque contém em si o mal de todos os demais crimes de guerra” –, Blair e seu porta-voz e principal cúmplice, Alastair Campbell, ganharam vastos espaços nas páginas do Guardian para reabilitar as respectivas reputações. Descrito como “estrela” do Labour Party, Campbell procurou ganhar a simpatia dos leitores mostrando-se deprimido; falou das próprias preocupações pessoais, mas não falou de já ter sido contratado, com Blair, para trabalharem como conselheiros dos militares egípcios neoditadores.

Com o Iraque sendo devastado, consequência da invasão inventada por Blair/Bush, manchete do Guardian declara: “Derrubar Saddam foi ação acertada. Mas saímos de lá cedo demais”. Lá estava, publicado na página, da edição de 13/6, em que se lia coluna assinada por John McTernan, ex-funcionário do governo Blair, que também serviu ao ditador Iyad Allawi que a CIA instalou no Iraque. Clama por repetir a invasão a um país que seu patrão ajudou a destruir; e nem uma palavra sobre os pelo menos 700 mil mortos, além dos 4 milhões de refugiados e dos tumultos sectários, numa nação que, antes de Blair-Bush-McTernan et allii, orgulhava-se da tolerância que reinava em suas comunidades.

“Blair é corrupção e guerra encarnadas” – escreveu o colunista Seumas Milne em inspirada coluna no Guardian. É o que o comércio da notícia chama de “equilíbrio”. Dia seguinte, o jornal publicou anúncio de página inteira de um bombardeiro Stealth norte-americano. Sob a imagem ameaçadora do bombardeiro, as palavras “The F-35. GREAT For Britain” [O F-35. ÓTIMO para a Grã-Bretanha]. Essa outra encarnação [alada] “da corrupção e da guerra” custará aos contribuintes britânicos £1,3 bilhão, os modelos “F” anteriores massacraram gente em todo o mundo em desenvolvimento.

Numa vila no Afeganistão, habitada pelos mais pobres dos pobres, filmei Orifa, ajoelhada ao lado dos túmulos do marido, Gul Ahmed, tecelão de tapetes, de sete membros de sua família, inclusive seis filhos seus, e duas crianças mortas na casa ao lado. Uma bomba de ‘precisão’ de 500 pounds caiu diretamente sobre a pequena casa, de paredes de pedra, barro e palha, abrindo uma cratera de quase dois metros de largura. A empresa Lockheed Martin, que fabrica o avião, vangloria-se da precisão dos tiros, no anúncio que o Guardian publicou.

A ex-secretária de Estado e aspirante a presidente dos EUA, Hillary Clinton, estava recentemente no programa “Hora das Mulheres” [Women’s Hour] da BBC, quintessência da respeitabilidade ‘midiática’. A apresentadora, Jenni Murray, apresentou Clinton como farol máximo da mulher realizada. Não cuidou de lembrar às suas ouvintes a profanação, a monstruosidade, que a Clinton enunciou ao mundo: que o Afeganistão foi invadido para “libertar” mulheres como Orifa. A jornalista nada perguntou à Clinton sobre a campanha pró-terrorismo comandada pelo governo dela, que usa drones para matar à distância mulheres, homens e crianças, indiscriminadamente. Nem uma palavra sobre a ameaça de que Clinton, que está em campanha eleitoral para a presidência dos EUA, pode tentar ser também ‘a primeira mulher’ a tentar “eliminar” Iraque e Irã, e justamente ela, e mulher, que defende a vigilância ilegal em massa e prisão para os vazadores!

Mas a jornalista Murray, da BBC, perguntou, sim, a pergunta-farsa, a pergunta espetáculo: se a Clinton perdoara Monica Lewinsky… por ter tido um caso com o marido Clinton dela. “Perdão é escolha” – respondeu la Clinton. – “Para mim, foi absolutamente a escolha certa.” Fez lembrar os anos 1990s, e os anos consumidos no “escândalo Lewinsky” [que a imprensa-empresa JAMAIS chamou de “escândalo Clinton(s)” (NTs)].

Naquele momento, o presidente Bill Clinton estava invadindo o Haiti, bombardeando os Bálcãs, a África e o Iraque. Estava também matando e destruindo vidas de crianças no Iraque. A Unicef noticiou a morte de meio milhão de crianças iraquianas com menos de cinco anos de idade, como resultado do embargo imposto pelos EUA e Grã-Bretanha.

As crianças não contam, para essa imprensa-empresa, assim como tampouco contam as vítimas de Hillary Clinton nas invasões que ela apoiou e promoveu: Afeganistão, Iraque, Iêmen, Somália, só até aqui. Todos são subpovo, ou não povo, para esse jornalismo. Então, a jornalista Murray não falou delas e deles. Quem queira ver, encontra foto da jornalista e da entrevistada, luminosamente sorridentes, na webpage da BBC.

Na política, como no jornalismo e nas artes, parece que o ‘outro lado’, que antigamente ainda era tolerado pela imprensa-empresa dominante, passou agora a ser tratado como pequeno grupo de extremistas pirados sem importância: uma espécie de underground metafórico.

Quando comecei a trabalhar na Rua Fleet britânica, nos anos 1960s, ainda se aceitavam críticas ao poder ocidental, apresentado como agente de saque e roubo. Leiam as reportagens justamente celebradas de James Cameron, sobre a explosão da bomba de hidrogênio no atol de Bikini; sobre a guerra bárbara dos EUA contra a Coreia; contra o bombardeio dos EUA contra o Vietnã do Norte.

A grande ilusão contemporânea é que viveríamos numa ‘era da informação’, quando, na verdade, vivemos numa ‘era do jornalismo-empresa’, quando já não há fato nem notícia nem informação, mas, só, incessante, propaganda & marketing de empresas e negócios: e o ‘jornalismo’ é só, só, propaganda & marketing insidioso, contagioso, efetivo e liberal.

Em seu ensaio de 1859 “Sobre a Liberdade”,[2] de que tanto falam os liberais modernos, John Stuart Mill escreveu: “O despotismo é modo legítimo de governar se se tem de enfrentar bárbaros, desde que a meta seja fazê-los melhorar, e os meios resultam justificados se essa meta é alcançada.” “Bárbaros” eram vastas porções da humanidade dos quais se exigia “obediência implícita”.

“É mito simpático e conveniente, que os liberais seriam pacificadores e os conservadores seriam fazedores de guerras” – escreveu em 2001 o historiador Hywel Williams, “mas o imperialismo da via liberal pode ser ainda mais perigoso, porque sua natureza não conhece limites: os imperialistas liberais vivem convencidos de que o imperialismo liberal seria uma forma superior de vida.” Williams tinha em mente, então, um discurso de Blair, no qual o então primeiro-ministro prometeu “reorganizar o mundo à nossa volta” e segundo os seus [de Blair] “valores morais”.

Richard Falk, autoridade respeitada em lei internacional e Relator Especial da ONU para a Palestina, falou, certa vez de uma cena “de autoelogio eterno, de mão única, só com imagens positivas de valores ocidentais e de cenas de inocência ameaçada, para validar uma campanha a favor de violência política irrestrita.” E [cena] que é “tão amplamente aceita, que resulta virtualmente incriticável e inatacável”.

Patrocínio, empregos e anúncios recompensam os jornais, jornalistas e ‘jornalismos’. Na Rádio 4 da BBC, Razia Iqbal entrevistou Toni Morrison, a novelista afro-norte-americana e Prêmio Nobel. Morrison mostrou-se surpresa: por que as pessoas “zangam-se” com Barack Obama, presidente “tão ótimo”, e que queria construir uma “economia forte e assistência médica” [orig. “who was “cool” and wished to build a “strong economy and health care”]?. Morrison estava orgulhosíssima por ter falado ao telefone com seu herói, que lera um dos livros dela e convidou-a para a posse.

Nem a novelista premiada nem a jornalista mencionaram as sete guerras de Obama, incluída sua campanha terrorista dos drones, que assassinam famílias inteiras, os que venham socorrer as vítimas e também quem se ajoelhe para chorar os mortos. A única ‘notícia’ era que um negro letrado e excelente orador alcançara os píncaros do poder.

Em Os Condenados da Terra,[3] Frantz Fanon escreveu que a “missão histórica” do colonizado foi servir como “correia de transmissão” a serviço dos que governavam e oprimiam. Na era moderna, usar a diferença étnica nos sistemas de poder de propaganda ocidentais passou a ser visto como essencial. Obama leva isso às alturas, embora o gabinete de George W. Bush – uma vasta claque pró-guerra – tenha sido o mais multirracial de toda a história presidencial dos EUA.

Quando a cidade iraquiana de Mosul foi tomada pelos jihadistas do ISIL, Obama disse: “O povo norte-americano fez investimentos e sacrifícios gigantescos para dar aos iraquianos a oportunidade de abraçar melhor destino.” Que mentira “tão ótima”, não é mesmo?!

E o que haveria de “excelente orador” no Obama que discursou na Academia Militar de West Point naquele 28 de maio? No seu discurso sobre “o estado do mundo”, na cerimônia de formatura daqueles que “assumirão a liderança nos EUA” em todo o planeta… Obama disse: “Os EUA usarão força militar unilateralmente se necessário, quando nossos interesses centrais o exigirem. A opinião internacional conta, mas os EUA jamais pedirão permissão…”

Obama, aí, repudiou a lei internacional e os direitos das nações independentes. O presidente dos EUA declarou a própria divindade, baseado na força da “nação indispensável”. Essa é uma mensagem velha conhecida da impunidade imperial. Evocando o nascimento do fascismo nos anos 1930s, Obama disse que “Creio no excepcionalismo dos EUA com cada fibra do meu ser”. Como escreveu o historiador Norman Pollack: “Marchadores do passo-de-ganso, com substituição pela aparentemente mais inócua militarização total da cultura. E em lugar do líder bombástico, temos o reformador fracassado, despreocupadamente em ação, planejando e executando assassinatos, e sem parar de sorrir.”

Em fevereiro, os EUA montaram mais um dos seus golpes “coloridos” contra governo eleito na Ucrânia, explorando protestos genuínos contra corrupção em Kiev. A conselheira de Obama para assuntos de Segurança Nacional, Victoria Nuland, escolheu pessoalmente o líder de um “governo de transição”. Trata-o com intimidade, pelo apelido “Yats”. O vice-presidente Joe Biden foi a Kiev, e para lá foi também o diretor da CIA, John Brennan. A tropa de choque do golpe de que todos esses participaram eram fascistas ucranianos.

Pela primeira vez desde 1945, um partido neonazista, declaradamente antissemita, controla áreas chaves do poder do estado numa capital europeia. NENHUM líder político na Europa Ocidental condenou esse renascimento do fascismo, exatamente na fronteira pela qual as tropas nazistas de Hitler invadiram, para roubar milhões de vidas de russos. Os nazistas foram apoiados por um exército de insurgentes ucranianos [UPA] responsável pelo massacre de judeus e de russos (que chamam de “vermes”). Esse UPA é a fonte de inspiração do atual Partido Svoboda e de seu aliado, o Setor Direita. O líder do Svoboda, Oleh Tyahnybok, exige expurgo de toda a “máfia judaico-moscovita e o resto do lixo”, que inclui gays, feministas e a esquerda política.

Desde o colapso da União Soviética, os EUA cercaram a Rússia com um ‘colar’ de bases militares, aviões e misseis nucleares, como parte de seu Projeto Ampliação da OTAN [orig. Nato Enlargement Project]. Traindo o compromisso assumido com o presidente soviético Mikhail Gorbachev em 1990, de que a OTAN não seria expandida “nem uma polegada na direção leste”, a OTAN, de fato, ocupou militarmente toda a Europa Oriental. No ex-Cáucaso Soviético, a expansão da OTAN é o maior acúmulo de força bélica numa só região, desde a 2ª Guerra Mundial.

O prêmio que Washington dará ao governo golpista de Kiev é um plano de ação pró inclusão na OTAN. Em agosto, uma “Operação Tridente Rápido” [orig. Operation Rapid Trident] porá soldados dos EUA e Grã-Bretanha na fronteira entre Ucrânia e Rússia; e uma “Operação Brisa Marinha” [orig. Operation Sea Breeze] enviará navios de guerra dos EUA para pontos dos quais sejam acessíveis portos russos. Imaginem só a resposta, se tais atos de provocação e de intimidação acontecessem contra fronteiras dos EUA!

Ao aceitarem a reintegração da Crimeia à Federação Russa – que Nikita Kruschev destacou ilegalmente da Rússia em 1954 –, os russos defenderam-se, exatamente como fizeram sempre por quase um século. Mais de 90% da população da Crimeia votou a favor de o território ser reintegrado à Rússia. Na Crimeia está ancora da Frota da Rússia no Mar Negro, e manter a Crimeia era questão de vida ou morte para a Marinha Russa; ganhar a Crimeia seria como maná caído do céu para a OTAN. Para grande confusão dos partidos da guerra em Washington e Kiev, Vladimir Putin retirou tropas da fronteira da Ucrânia e conclamou russos étnicos no leste da Ucrânia a abandonar o separatismo.

Em tradução orwelliana, tudo isso foi invertido e transformado em “ameaça russa” no ocidente. Hillary Clinton disse que Putin seria igual a Hitler. Sem ironia: comentariastas de direita alemães disseram exatamente a mesma coisa. Na imprensa-empresa, os neonazistas ucranianos foram desinfetados e apresentados como “nacionalistas” ou “ultranacionalistas”. O que mais temem é que Putin está procurando, muito habilmente, construir solução diplomática, e pode ser bem sucedido.

Dia 27/6, respondendo à mais recente acomodação oferecida por Putin – encaminhou ao Parlamento a rescisão da lei que lhe dava poder para intervir a favor dos russos étnicos – o secretário de Estado dos EUA John Kerry… lançou mais um dos seus ‘ultimatos’! A Rússia teria de “agir imediatamente, dentro de poucas horas literalmente”… para por fim à revolta no leste da Ucrânia.

É fato que Kerry é mundialmente famoso como bufão. O objetivo importante dos tais ‘ultimatos’ é impor à Rússia o status de pária; com isso, a imprensa-empresa passa automaticamente a suprimir todas as notícias da violência da guerra que o regime de Kiev está fazendo contra o próprio povo.

Um terço da população da Ucrânia é falante de russo e bilíngue. Há muito tempo buscam uma federação democrática que reflita a diversidade étnica da Ucrânia e seja autônoma e independente da Rússia. A maioria não são nem ‘separatistas’ nem ‘rebeldes’, mas cidadãos que querem viver em sua própria terra e em segurança. O separatismo é reação aos ataques da Junta em Kiev contra eles, que já causaram onda de mais de 110 mil pessoas (estimativa feita pela ONU), que fogem para o outro lado da fronteira com a Rússia. Tipicamente, são mulheres e crianças traumatizadas.

Como as crianças iraquianas vítimas De sanções e do embargo, e as mulheres e meninas afegãs ‘libertadas’ ao mesmo tempo em que aterrorizadas pelos senhores-da-guerra da CIA, esses grupos étnicos ucranianos são ‘não povo’ para a imprensa-empresa ocidental; os seus padecimentos, as atrocidades que se cometem contra eles são minimizadas ou suprimidas do noticiário; é como se não acontecessem. A imprensa-empresa ocidental absolutamente não informa sobre a escala do ataque, pelo regime em Kiev, contra a população. Não que jamais antes tenha acontecido.

Relendo a obra-prima de Phillip Knightley, The First Casualty: the war correspondent as hero, propagandist and mythmaker [A primeira baixa: correspondente de guerra como herói, propagandista e inventador de mitos], renovei minha admiração por Morgan Philips Price, do [jornal] Manchester Guardian, único repórter ocidental a permanecer na Rússia durante a revolução de 1917 e a reportar a verdade de uma desastrosa invasão pelos aliados ocidentais. Valente e de ideias progressistas, Philips Price foi a única voz a perturbar o que Knightley chama de “escuro silêncio” anti-Rússia em todo o ocidente.

Dia 21 de maio, em Odessa, 41 russos étnicos foram queimados vivos na sede do sindicato; a polícia apenas assistiu ao crime. Há vídeos horrendos, que são prova. O líder do Setor Direita Dmytro Yarosh saudou o massacre como “mais um dia luminoso em nossa história nacional”. A imprensa-empresa norte-americana e britânica noticiou o crime como “trágico incidente” resultante de “confrontos” entre “nacionalistas” (são os neonazistas) e “separatistas” (gente que recolhia assinaturas para um abaixo assinado a favor de um referendo que decida sobre a federalização da Ucrânia).

O New York Times apagou do mundo todo o evento, depois de noticiar informes de propaganda a favor de políticas fascistas e antissemitas dos novos clientes-aliados de Washington. O Wall Street Journal condenou as vítimas, como únicos culpados – “Fogo mortal na Ucrânia provocado pelos rebeldes, informa Kiev”. Obama congratulou-se com a Junta neonazista pela “moderação”.

Dia 28 de junho, o Guardian devotou quase uma página inteira a declarações feitas pelo “presidente” do regime de Kiev, o oligarca Petro Poroshenko. Mais uma vez, prevaleceu a regra orwelliana da inversão da verdade. Não houve golpe; não houve [nem continua a haver] guerra contra minorias na Ucrânia; a culpa de tudo seria, toda, dos russos. “Queremos modernizar meu país” – disse Poroshenko. – “Queremos introduzir liberdade, democracia e valores europeus. Há quem não queira isso. Há quem não nos ame por isso.”

Pelo que se lê no jornal, o jornalista do Guardian, Luke Harding, não contestou esses ‘ditos’. Não falou dos massacres de Odessa. Nada disse sobre os ataques por terra e ar contra bairros residenciais. Nada perguntou sobre sequestro e matança de jornalistas. Não perguntou sobre o ataque a bomba contra um jornal da oposição. Nem uma pergunta, nem quando Poroshenko falou de “livrar a Ucrânia da sujeira e dos parasitas.” O inimigo são “rebeldes”, “militantes”, “insurgentes”, “terroristas” e fantoches do Kremlin.

É como ouvir, do fundo da história, a voz dos fantasmas do Vietnã, do Chile, do Timor Leste, do sul da África, do Iraque: são as mesmas tags.

A Palestina é como um ímã para esse movimento ‘midiático’ de enganação universal que nunca muda. Dia 11 de julho, na sequência do mais recente ataque israelense com armamento norte-americano contra os habitantes de Gaza – no qual morreram 80, incluindo seis crianças de uma mesma família –, o Guardian publicou declarações de um general israelense. A manchete dizia: “Indispensável manifestação de força”.

Nos anos 1970s, entrevistei Leni Riefenstahl e perguntei-lhe sobre os filmes que fez de glorificação dos nazistas. Com técnicas revolucionárias de câmera e iluminação, ela produziu uma forma de cinema, documental, que hipnotizou os alemães. Há quem diga que seu Triumph of the Will [Triunfo da Vontade] foi o que teria inventado o ‘fascínio’ que Hitler exerceu sobre as massas. Perguntei-lhe sobre propaganda em sociedades que se imaginem superiores. Ela respondeu que as “mensagens” em seus filmes nunca dependeram de “ordem superior”; que havia um “vácuo submissivo” na população alemã. “E esse vácuo submissivo incluía a burguesia liberal letrada?” – perguntei. “Incluía todos” – disse ela, – “também a inteligência, é claro.”

Notas

[1] “The Prevention of Literature”, 1946, em:
(http://www.resort.com/~prime8/Orwell/preventlit2.html), [NTs].

[2] (http://www.almedina.com.br/catalog/product_info.php?products_id=4069)

[3] Baixe em: (http://publicacoes.midiatatica.info/os_condenados_da_terra.pdf)

Artigo Original, em inglês:
The Return of George Orwell and Big Brother’s War
on Palestine, Ukraine and the Truth
(http://johnpilger.com/articles/the-return-of-george-orwell-and-big-brothers-war-on-palestine-ukraine-and-truth)
(http://migre.me/kGv5n)

Traduzido pelo Coletivo de Tradutores Vila Vudu:

(http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=12849)
(http://migre.me/kGvaT)
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    Nelson

    Eu tinha lido este artigo do John Pilger na semana passada, Atirador. Excelente.
    E uma grande sorte nossa o fato de John Pilger ser engajado nas lutas populares.

Cláudio

****:D:D . . . . ‘Tá chegando o Dia D: Dia De votar bem, para o Brasil continuar melhorando!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D . . . . Vote consciente e de forma unitária para o seu/nosso partido ter mais força política, com maioria segura. . . . . ****:L:L:D:D . . . . Lei de Mídias Já!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. ****:D:D … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …:L:L:D:D

Helenita

E ainda tem imbecil que acredita que o Presidente Putin é responsável pela derrubada do avião da Malásia… Essas pessoas tão convictas poderiam apontar para nós meros ignorantes, QUAL O INTERESSE DA RÚSSIA NESSA MATANÇA? LANÇAR A OPINIÃO INTERNACIONAL CONTRA OS RUSSOS?
Na minha inocência, suspeito que o crescimento da Rússia na diplomacia e nas alianças com países importantes, inclusive possuidores de armas atômicas, é o motivo da ira desses que se dizem “ocidentais”, que, fazendo de tudo para esfacelar a Ucrânia terão afinal desguarnecidas todas as fronteiras russas, podendo aí instalar bases militares à vontade; e aí, adeus independência para o povo russo e tome soberba e poder de ianques, ingleses, alemães… Todo o sangue vertido pelos russos na segunda guerra por seu território terá sido em vão…

Edna Lula

Companheiros, o que nos une é o ódio contra as injustiças praticadas pelo império ianque. Todo apoio ao companheiro Putin na sua luta para libertar a Ucrânia das garras do rentismo e do sionismo mundial. Fora ianques, tirem suas garras sujas de sangue de gente inocente da Ucrânia!
Presidenta Dilma, continue firme em seu apoio a Rússia, Irã, Coréia do Norte, Venezuela, Argentina e nossa querida Cuba de Fidel, modelo de sociedade ideal.
Socialismo o muerte!

    FrancoAtirador

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    Que Fake mais descarado.

    Vade Retro Troll Fascista.
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Urbano

Os fascistas do Norte e seus aliados do velho mundo, inclusive auxiliados pelos fascistas tupiniquins, estão irados com o Brasil, haja vista que desde 2003 que estamos lutando fervorosamente para escaparmos das garras deles de uma vez por todas, indo em busca de uma situação melhor para nossa soberania e, por conseguinte, para todo o povo brasileiro.

simas

A Pres Dilma não compartilha culpa, alguma, no “caso” da Ucrãnia. Tão pouco a proximidade entre os governos brasileiro e russo, q é de ordem econômica, poderia se interpor… Acho q a presidenta tem posição, firme, qto aos interesses maiores, nacionais.
Agora, sabemos mto bem, do q é capaz essa turma d’agora, de Kiev, fazer, contra a Rússia… Basta relembrar o q usavam praticar, contra o Exército Russo, botando pra correr o Exército Alemão, depois de praticarem todas as sortes de barbaridades, contra o povo russo.

FrancoAtirador

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UCRANISTÃO

United States e União Européia transformaram a Ucrânia num Afeganistão.

“Não há dinheiro para pagar à polícia, aos médicos, aos professores.
Não há dinheiro para comprar uma espingarda, para pôr combustível num blindado”

24 de Julho, 2014 – 18:04h
Carta Maior, via Esquerda.net

Cai o governo da Ucrânia

Depois de ver derrotadas duas propostas de lei no Parlamento,
primeiro-ministro da Ucrânia apresenta demissão,
após abandono dos partidos UDAR e Svoboda da coligação governamental

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, anunciou nesta quinta-feira aos deputados da Rada Suprema (Parlamento) a sua demissão, devido à rotura da coligação que sustentava o seu gabinete.

Tanto o UDAR, do ex-boxeur Vitali Klitschko quanto o Svoboda, de extrema-direita nacionalista, abandonaram o governo, aparentemente para provocar a realização de eleições antecipadas.

O governo ucraniano não conseguiu o apoio de uma maioria dos deputados para uma reforma fiscal que teria provocado o aumento dos impostos, e também viu chumbado um projeto de lei que teria permitido vender a investidores estrangeiros metade dos gasodutos ucranianos.

“Não há dinheiro”
“Não há dinheiro para pagar à polícia, aos médicos, aos professores. Não há dinheiro para comprar uma espingarda, para pôr combustível num blindado”, lamentou-se Yatseniuk, numa alusão às necessidades do exército ucraniano, envolvido numa campanha militar contra os separatistas pró-russos no leste do país.

O Presidente da República, Petro Poroshenko, afirmou em comunicado que “isto demonstra que uma parte dos deputados não se aferra aos seus lugares no Parlamento e são conscientes do sentimento dos eleitores”.

O presidente do Parlamento, Oleksandr Turchinov, anunciou que cabe aos dois partidos que abandonaram a coligação proporem um nome para preencher a vaga de primeiro-ministro.

Segundo a nova Constituição ucraniana, se não for proposto um novo nome num prazo de 30 dias, o Presidente deverá marcar eleições nos dois meses seguintes, o que poderá atirar a formação de um novo governo para Novembro.

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Cai-o-governo-da-Ucrania/6/31453)
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    FrancoAtirador

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    ANAMNESE DO GOLPE

    17 mai 2014
    Asia Times Online, via DCM

    Quebrando o silêncio na Ucrânia

    Por John Pilger*

    Por que toleramos a ameaça de mais uma guerra mundial em nosso nome?
    Por que permitimos todas as mentiras que justificam esse risco?
    A escala em que somos doutrinados, escreveu Harold Pinter, é:

    (…) “brilhante, inteligente, se se pode dizer, uma encenação muito bem sucedida de hipnose coletiva”, como se “os fatos jamais tivessem acontecido, mesmo que estivessem acontecendo à nossa vista”.

    Todos os anos, o historiador norte-americano William Blum publica seu “sumário atualizado dos feitos da política externa dos EUA”, que mostra que, desde 1945,
    os EUA já tentaram derrubar mais de 50 governos,
    muitos dos quais democraticamente eleitos;
    interferiram pesadamente em eleições em 30 países;
    bombardearam populações civis em 30 países;
    usaram armas químicas e biológicas;
    e tentaram assassinar líderes estrangeiros.

    Em muitos casos, a Grã-Bretanha trabalhou ao lado dos EUA
    como colaboradora.

    O grau de sofrimento humano, para nem falar da criminalidade,
    é apagado no Ocidente, apesar de aí estarem ativos
    os sistemas mais avançados de comunicações
    e, supostamente, o jornalismo mais “livre” do planeta.

    É absolutamente proibido noticiar que o maior número de vítimas
    de ‘ações terroristas’ não são “ocidentais”, mas, sim, muçulmanos.

    Esse jihadismo extremo, que levou ao 11/9, foi nutrido como arma de política anglo-norte-americana (“Operação Ciclone” no Afeganistão).

    Em abril, o Departamento de Estado observou que, depois da campanha da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, em 2011, “a Líbia foi convertida em paraíso seguro para terroristas”.

    O nome do “nosso” inimigo mudou ao longo dos anos:
    de comunismo, para islamismo, mas, em geral, qualquer sociedade independente da potência ocidental, que ocupe território considerado estrategicamente relevante ou rico em recursos a saquear, é “inimigo” dos EUA e da Grã-Bretanha.
    Os líderes dessas nações obstrutivas são em geral varridos do mundo em ação criminosa, como os democratas Muhammad Mossadeq, no Irã e Salvador Allende, no Chile; ou são assassinados como Patrice Lumumba no Congo.

    E todos somos submetidos a uma campanha, conduzida mediante as estruturas do jornalismo da imprensa-empresa que conhecemos, para caricaturar e vilificar o homem da hora, seja quem for:
    Fidel Castro, Hugo Chavez; agora, como se vê, Vladimir Putin.

    O papel de Washington na Ucrânia só é diferente nas implicações que tem para o resto do mundo.
    Pela primeira vez, desde os anos Reagan, os EUA estão ameaçando arrastar o mundo à guerra.

    Com o leste da Europa e os Bálcãs agora convertidos em entrepostos militares da OTAN, o último estado “tampão” junto às fronteiras russas está sendo detonado.

    Nós – o “ocidente”, tão orgulhoso de sua “civilização” e dos seus valores – estamos apoiando neonazistas, num país onde os nazistas ucranianos apoiaram Hitler.

    Tendo cerebrado o golpe de fevereiro contra o governo democraticamente eleito em Kiev, Washington planejou tomar para ela a base naval russa de águas temperadas, legítima e histórica, na Crimeia.
    Mas o plano fracassou.
    Os russos defenderam-se – como sempre se defenderam contra todas as ameaças e invasões do ocidente, sempre, há quase um século.

    Mas o cerco militar que a OTAN tenta foi acelerado, combinado a ataques orquestrados pela CIA e pelo FBI-EUA contra russos étnicos na Ucrânia.

    Se conseguirem arrastar Putin para uma guerra provocada, em defesa daqueles russos, essa função de “estado pária” será utilizada como pretexto para desencadear uma guerra de guerrilhas que a OTAN fará crescer enquanto puder, até que respingue no próprio território russo.

    Putin, contudo, pôs o partido da guerra a andar em círculos, feito peru bêbado, ao procurar acomodação e acordo com Washington e com a União Europeia;
    e retirou seus soldados da fronteira ucraniana, conclamando os russos étnicos no leste da Ucrânia a desistir do referendo planejado, interpretado como ação de provocação.

    Esses falantes de russo e bilíngues – um terço da população da Ucrânia – há muito tempo procuram organizar uma federação democrática que reflita a diversidade étnica do país e que seja, simultaneamente, autônoma e independente de Moscou.

    A maioria deles não são nem “separatistas” nem “rebeldes”,
    mas cidadãos que aspiram a viver em paz e segurança na própria terra.

    Como as ruínas hoje do Iraque e do Afeganistão, a Ucrânia também foi transformada em parque temático da CIA – comandado pelo diretor John Brennan em Kiev, com “unidades especiais” de CIA e FBI montando a “estrutura de segurança” que supervisiona os ataques mais selvagens contra os que se opõem, lá, ao golpe de fevereiro.

    Bandidos fascistas queimaram o prédio da sede do sindicato, matando 41 pessoas que foram presas lá dentro, enquanto o prédio era incendiado.
    Assistam ao que fez a Polícia, parada, assistindo ao “espetáculo”.
    Um médico contou que tentou desesperadamente
    tirar as pessoas presas no prédio,
    “mas fui impedido por radicais nazistas ucranianos.
    Um deles empurrou-me com violência,
    gritando que, em breve, outros judeus de Odessa
    teriam também o mesmo destino…
    Não entendo por que o mundo inteiro continua em silêncio!”

    Os ucranianos falantes de russo estão lutando pela vida.
    Quando Putin anunciou a retirada dos soldados russos da fronteira,
    o secretário de “defesa” da junta neonazista de Kiev –
    e membro fundador do partido fascista Svoboda –
    pôs-se a esbravejar que os “insurgentes” não arredariam pé.

    Em seu típico estilo orwelliano,
    a propaganda ocidental inverteu tudo e “noticiou”
    que “Moscou tenta orquestrar novos conflitos e provocações”
    – foram as palavras do secretário britânico de Relações Exteriores,
    o lastimável William Hague.
    Foi cinismo só comparável às grotescas “congratulações”
    que Obama enviou à junta neonazista,
    pela “notável contenção” que manifestou…
    depois do massacre de Odessa!

    É junta ilegal e dominada por fascistas.
    Para Obama, foi “devidamente eleita”.
    O que conta – como Henry Kissinger disse certa vez,
    não é a verdade, mas o que alguém supõe que seja a verdade.

    Nos veículos da Imprensa-Empresa norte-americana,
    a atrocidade de Odessa foi descrita como “triste” e “feia”
    e “uma tragédia” na qual “nacionalistas (de fato, são neonazistas)
    atacaram “separatistas” (de fato, eram pessoas que recolhiam assinaturas
    a favor de um referendo a favor da federalização da Ucrânia).

    Na Alemanha, a propaganda foi pura guerra fria,
    com o Frankfurter Allgemeine Zeitung alertando os leitores
    contra “a guerra russa não declarada”.
    Para os alemães, é apenas ironia histórica que Putin
    seja o único líder em todo o planeta
    a condenar o ressurgimento do fascismo na Europa do século XXI.

    Há quem repita que “o mundo mudou depois do 11/9”.
    Mas… o que mudou?
    Segundo o grande alertador-vazador Daniel Ellsberg,
    houve um golpe silencioso em Washington e, depois daquele dia,
    o país é governado por militarismo rampante.
    O Pentágono só faz comandar “operações especiais”
    – guerras secretas – em 124 países.

    Em casa (nos EUA), o que se vê é miséria crescente
    e a morte da liberdade por hemorragia
    – duas consequências históricas de um estado em guerra perpétua.

    Acrescente-se o risco real de guerra nuclear,
    e a questão se impõe:
    por que nós, cidadãos do mundo, toleramos os EUA?

    *John Pilger é repórter desde 1958, ganhador do prêmio Britain’s Journalist of the Year na área dos Direitos Humanos, correspondente de guerra no Vietnã, Camboja e Biafra.

    (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quebrando-o-silencio-na-ucrania-uma-guerra-mundial-esta-na-esquina)
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    This article first appeared in the Guardian, UK

    (http://johnpilger.com/articles/break-the-silence-a-world-war-is-beckoning)
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Marat

Mais uma vez ONGs, impren$a e demais lacaios do Tio Sam estão mentindo, manipulando, tergiversando e roubando. Nada de novo.
Espero que os russos e os separatistas destruam o exército daqueles nazistas!

Alexandre

Nossa opção – brasileira – de buscar a criação de um bloco comum com países que não se alinham à política Euro/Norte-americana hegemônica, ainda que tais países mantenham relações das mais variadas, e até estreitas em alguns casos, com os europeus e norte-americanos, não deveria nos forçar a tomar atitudes assemelhadas às destes últimos, como tomar partido indiscriminadamente do lado ao qual se está se alinhando. O caso Russo-Ucraniano infelizmente se configura uma afronta ao povo ucraniano, cuja etnia, cultura, religiosidade e língua se perpetuou através de séculos, mesmo que nunca antes de sua independência no início dos anos 90 tenha sido uma nação livre, com fronteiras próprias e governada por seu próprio povo. A Rússia, apesar de todas as pressões às quais está submetida pelo avanço ocidental, jamais poderia interferir belicamente nos interesses nacionais ucranianos, por mais que estes interesses ucranianos estejam claramente sendo influenciados também pelo ocidente. E o jornalismo brasileiro independente, contrário às pregações do PIG, não precisa marcar posição simplesmente contrapondo-se à nossa mídia corporativa nativa e, com isso, posicionando-se ao lado do único parceiro comercial cuja letra inicial está colada à inicial brasileira no acrônimo BRICS. Neste caso, é um grave erro não apoiar a luta ucraniana pela manutenção de suas fronteiras.

    Julio Silveira

    Quando o Brasil esteve sendo governado pelo presidente Getulio Vargas, no primeiro governo é sabido de sua simpatia inicial pelas nações do eixo. Naquela época fomos ameaçados com um desembarque de tropas americanas entrando pelo nordeste, se o país mantivesse essa simpatia e relações digamos muito próximas, o que obrigou Getulio a mudar sua posição ante uma iminente invasão e provável derrota militar com consequências imprevisíveis, inclusive territoriais, quem duvida. E, o que escrevo está documentado, apesar de pouco divulgado. Então meu caro, nesse negocio de geo política, temos que estar sempre apoiado nas nossas capacidades de defesa na hora da verdade, não existe esse negocio de romantismo na hora dos interesses. O importante é estarmos preparados para assumir os riscos de nossas posições que devem estar sempre embasadas no bom senso, e não no senso do bom.

    marcosomag

    O que os neonazistas que governam hoje a Ucrânia querem é o etnocídio de mais da metade de sua população, que tem fala russa. Como o povo resiste, partem para o genocídio puro e simples.

    As fronteiras da Ucrânia são artificiais. Todos sabemos disso. E os EUA estão plenamente conscientes da probabilíssima “balcanização” da Ucrânia.

    E vou além: a adesão incondicional e muito desconfortável da UE aos EUA na questão da Ucrânia vêm da ameaça de “balcanização” que paira sobre a Europa Ocidental.

    Existem muitos focos de tensões étnicas e religiosas na Europa. Só para lembrar os mais notórios: Irlanda do Norte, Espanha, Bélgica, França e Itália. Não tenha dúvida que os EUA, caso a situação “entorne” na Europa e esta assuma um posicionamento político de confronto com o “Império”, vão apoiar o separação do Norte em relação à Itália, Catalunha face à Espanha (o separatismo catalão de hoje não tem nada de progressista), valões na Bélgica e assim por diante, quando tiver aliados em potencial para tomar as áreas economicamente mais desenvolvidas e jogar todo o resto dos países no caos.

    A solução “dividir para governar” que os EUA têm aplicado no Oriente Médio e norte da África seria sim, uma opção contra uma Europa “rebelde” aos desígnios do Império.

Julio Silveira

Nunca duvidei de que o ideal para esses golpistas, com tendência nazi-facista, que chegaram ao poder, é expulsar do paîs todos com ascendência Russa, isso facilitaria seu ganho eleitoral no futuro com uma população mais comprometida com os interesses do que se pode qualificar como ocidente. A vitória eleitoral atual, suspeitissima, não se sustentaria a longo prazo após os cidadãos do pais perceberem que caíram na esparrela desse golpe de características altamente discriminatórias. Fica mais fácil convencer quando não há controvérsias de consciência.

Roberto Locatelli

Pois é, o PSOL apoiou o golpe “libertador”. Êita partidinho office-boy da direita…

    Nelson

    Anistia Internacional, Humans Rights Watch, ONU, etc.

    É claro que elas existem, mas é difícil encontrá-las. Falo de instituições e/ou ONGs que não estejam comprometidas até a medula ou pelo menos bastante contaminadas pelo sionismo e pela ideologia do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos, a Europa Ocidental e grande parte do planeta.

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