Pública: O “inquérito do Black Bloc” e a volta da polícia política

Tempo de leitura: 13 min

O “INQUÉRITO DO BLACK BLOC”

28.02.14 Por Bruno Fonseca, Ciro Barros, Giulia Afiune e Jessica Mota

#InquéritoBlackBloc, na Pública, sugerido pela Branca Frida

Conheça a história do inquérito 01/2013, do Deic, em São Paulo, que já intimou 300 pessoas para depor e busca enquadrar o Black Bloc como associação criminosa.

Na quinta-feira, dia 20 de fevereiro, o telefone tocou na casa de Pedro*. O jovem não estava e quem atendeu à chamada foi a sua mãe, que recebeu, surpresa, a informação: Pedro estava intimado a comparecer ao Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo (Deic), no sábado seguinte, às 16h, para prestar esclarecimentos.

Já na residência de Lucas*, a Polícia Civil convocou não só o rapaz, mas também sua mãe, dona de casa, através de uma intimação em papel entregue por policiais.

Em outro ponto da cidade, João* recebeu à sua porta uma viatura com três policiais que lhe entregaram uma intimação para prestar esclarecimento nos autos de um inquérito identificado como 01/2013. (Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados, por segurança).

Ao todo, 40 pessoas foram convocadas a prestarem depoimento no Deic no sábado, dia 22, mesma data em que ocorria o segundo grande ato contra a Copa do Mundo, marcado para as 17h na Praça da República. Sobre a proximidade dos horários dos depoimentos e da manifestação, o diretor do Deic, Wagner Giudice, em coletiva de imprensa, se limitou a dizer que marcar os depoimentos no sábado, naquele horário, foi uma “estratégia” do departamento. 32 pessoas compareceram.

As oitivas fazem parte do inquérito 01/2013 conhecido dentro da polícia civil como “O Inquérito do Black Bloc”, uma investigação-mãe montada pelo Deic no dia 9 de outubro de 2013.

Dois dias antes, uma viatura fora depredada por manifestantes no centro de São Paulo, e Humberto Caporalli e Luana Bernardo Lopes, acusados de participarem da ação, foram presos e indiciados pela Lei de Segurança Nacional da Ditadura Militar.

A novidade do “inquérito Black Bloc” é a tentativa de enquadrar grupos de pessoas pelo crime de associação criminosa em vez de investigar individualmente cada delito de vandalismo. Na justificativa da polícia, o fato de indivíduos aparecerem várias vezes em situações de depredação indica que há uma coordenação do movimento, que não se trata de algo espontâneo.

A investigação reuniu informações de manifestantes e boletins de ocorrência de detidos que antes circulavam separadamente nas delegacias regionais de São Paulo. Já foram ouvidas quase 300 pessoas, entre detidos em diversos protestos a partir de outubro e até a mãe de um manifestante.

Advogados ouvidos pela Pública criticam o procedimento e o teor político dos questionamentos realizados no Deic.

“VOU PORQUE É MEU DIREITO”

“Perguntaram se eu era filiada a algum partido, se participava de movimentos sociais, se era Black Bloc”, contou à Pública uma intimada, na porta do Deic no sábado, 22 de fevereiro, após prestar depoimento. A jovem se queixava de ter sido questionada sobre sua ideologia, se era a favor ou contra a depredação, e sobre o porquê de ir às manifestações. “Por que eu quero, é meu direito”, indignou-se.

Naquele sábado, diversos interrogados relataram terem ouvido perguntas sobre sua filiação a partidos, participação em movimentos sociais e até mesmo em quem haviam votado nas últimas eleições. Muitos tiveram que explicar o motivo de terem ido a manifestações, e a quantas haviam comparecido. A polícia também perguntou se conheciam outros manifestantes, “vândalos” e integrantes do Black Block.

Pedro, que havia sido intimado por telefone, foi questionado se era financiado por algum partido ou movimento social, se utiliza drogas ou pratica artes marciais. “Sempre vou a manifestações, mas sempre de cara limpa. Acredito que as intimações arbitrárias são para intimidar, e cada vez mais o Estado prevalece em seu momento de surdez”, critica.

“Eu sou de maior e nunca fui detido, nunca fiz nada de errado. Eu só curto a página Black Bloc [no Facebook] e comento algumas vezes”, explica Lucas, que foi intimado, no dia do seu aniversário, junto à sua mãe, que também prestou depoimento.

”Fui na manifestação do dia 25, mas estava normal. Quando começou a palhaçada toda de quebrarem tudo, eu logo fui embora. Tinha que estar em casa por volta das 19h30. Minha mãe nem sabe o que significa Black Bloc”, conta Lucas. Já sua mãe, que chegou nervosa ao local, questionou a validade de se ouvirem pessoas que nem sequer participaram das manifestações. Incomodada por não ter nenhum detalhe do porquê estar sendo interrogada, reclamou: “Em uma dessas, quem sabe, a pessoa pode até infartar de susto”.

COMEÇAM AS APREENSÕES: “NÃO VÃO SER SÓ TRÊS, VÃO SER 60″

No mesmo dia 22, munidos de mandados de busca e apreensão, policiais civis entraram em três residências na Grande São Paulo para confiscar pertences de pessoas acusadas de serem black blocs: uma em Jardim d’Abril, em Osasco; outra no bairro de Laranjeiras, na zona leste; e uma terceira na Cohab 2, em Itaquera, também na zona leste.

Os acusados são um menor de idade que veio junto à mãe ao Deic e foi liberado; uma mulher identificada como “Laura Molotov” que aparentemente está em Brasília e é investigada por produzir e ensinar a produção de coqueteis molotov; e um homem, supostamente foragido no Paraguai, acusado de render um segurança na segunda invasão ao laboratório do Instituto Royal, em São Roque, no episódio do resgate de animais que serviam de cobaia para pesquisas farmacêuticas, no fim do ano passado.

O diretor do Deic, Wagner Giudice, exibiu em coletiva de imprensa tudo o que foi apreendido, como máscaras do soldado britânico Guy Fawkes – usada como símbolo do grupo hacker Anonymous – máscaras de proteção a gás lacrimogêneo, faixas de protesto, sprays de tinta, um par de botas e cinco computadores.

“Foi a primeira vez que conseguimos cumprir os mandados de busca e apreensão, tendo em vista as manifestações de hoje. Nós sabíamos que alguns desses tinham cometido crimes anteriormente, então fomos às casas deles”, disse aos jornalistas. A reportagem da Pública perguntou quais eram os crimes que eles haviam cometido. “Depredação”, afirmou o diretor. “Se tiver que acontecer de novo vai acontecer, e com mais veemência. Não vão ser só três, vão ser 60″, completou.

Segundo Giudice, os computadores serão enviados à perícia para verificar o conteúdo dos discos rígidos. A busca é por “convocações para atos, manuais de guerrilha, de como se faz um coquetel molotov”, nas palavras da polícia, e também de ligações entre as pessoas investigadas.

AS ORIGENS DO INQUÉRITO

O inquérito, que está sob sigilo, é assistido por promotores, delegados e policiais militares de uma força-tarefa criada em 8 de outubro de 2013 pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) e o Ministério Público de São Paulo com objetivo de “combater atos de vandalismos durante manifestações no Estado e garantir que protestos legítimos não sejam ameaçados por ações violentas”, conforme texto publicado na página da SSP.

“Para dar um basta à violência, unimos as polícias Civil e Militar ao MP para, numa operação rápida, identificar os suspeitos de atos criminosos que atrapalham o direito de manifestação”, afirmou o secretário Fernando Grella Vieira. “As manifestações populares permeadas por atos de vandalismo podem prejudicar o direito coletivo da livre manifestação”, argumentou o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Márcio Elias Rosa.

A força-tarefa composta por Ministério Público, Polícia Civil e Militar foi criada um dia antes da abertura do inquérito-mãe pelo Deic. Segundo nota da SSP, na época a Polícia Civil já monitorava as redes sociais dos suspeitos de envolvimento com a tática Black Bloc.

Posteriormente, no dia 31 de outubro de 2013, os secretários de Segurança Pública de São Paulo e do Rio de Janeiro se reuniram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e anunciaram que os serviços de inteligência da Polícia Civil paulista e carioca atuariam em conjunto com a Polícia Federal para combater os black blocs.

A portaria de abertura do inquérito do Deic lista, em seis parágrafos, algumas considerações genéricas sobre o “famigerado bando”, segundo o documento.

O texto faz referência ao ocorrido dois dias antes, no dia 7 de outubro de 2013, quando uma viatura de polícia do 3º DP de São Paulo (Campos Elíseos) foi tombada por manifestantes, e ao fato de Humberto Caporalli e Luana Bernardo Lopes, terem sido presos em flagrante, acusados de participar da depredação. Naquela noite de protestos, sete pessoas ficaram feridas, incluindo quatro policiais militares.

“Tais indivíduos atuam de forma organizada com o objetivo de questionar o sistema vigente”, diz o texto da portaria, referindo-se também às roupas pretas e máscaras, que impossibilitam a identificação dos investigados. A portaria descreve a tese de que a reunião de adeptos da tática de Black Bloc nas manifestações constitui uma associação criminosa, crime previsto no artigo 288 do Código Penal e cuja pena é 1 a 3 anos de reclusão.

Inicialmente, um inquérito policial dura 30 dias, mas podem haver prorrogações sucessivas de 30 dias cada uma, sem prazo limite para o término da investigação. O inquérito do Deic já foi prorrogado ao menos três vezes e corre em sigilo a pedido do delegado que o preside, para que a investigação não seja prejudicada.

QUEM É UM BLACK BLOCK PARA O DEIC?

De acordo com a assessoria de imprensa do Deic, o perfil identificado como Black Bloc é de um jovem, de 16 a 20 e poucos anos, que mora com os pais, de orientação política de extrema esquerda, de classe média a média baixa. “Temos um inquérito instaurado para apuração de formação de quadrilha. Nem todos são black blocs. Uma parte é de manifestantes que tiveram de correr para se proteger, em virtude do confronto de polícia com black blocs. A nossa função foi pegar todo o material que tínhamos, o material de internet e que a própria PM apresentou para nós de pessoas que foram abordadas na rua mas sequer foram levadas para o distritos policiais. Estamos formando um quebra-cabeça para saber quem promove a depredação, quem patrocina, e quando digo patrocina não estou dizendo pagando – quem é que organiza isso para fazer as coisas acontecerem”, detalha o diretor-geral do Deic, Walter Giudice.

No dia 3 de outubro de 2013, poucos dias antes da instauração do inquérito no Deic, alunos Universidade de São Paulo decidiram, em assembleia, entrar em greve reivindicando eleições diretas para reitor.

Um ato foi convocado para o dia 15, dia dos professores, em solidariedade à luta dos docentes no Rio de Janeiro, a favor da democratização das universidades e de melhorias na educação. Os manifestantes argumentam que foram encurralados pela polícia na Marginal Pinheiros e que a única forma de fugir das bombas de gás lacrimogênio era correr para dentro da loja Tok&Stok, que fica na Marginal.

Eles afirmam que foram ajudados pelos funcionários da loja e que não houve depredações. Segundo a polícia, o protesto terminou com 56 detenções e confrontos entre manifestantes e a Tropa de Choque da Polícia Militar.

Durante o mês seguinte, os ativistas detidos no protesto receberam intimações para depor no Deic.

Um dos intimados foi o estudante de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da USP, Fernando Magarian de Freitas. Fernando faz parte do bloco de maracatu Coro de Carcarás, que costuma se somar aos protestos, e fora detido junto com outros estudantes.

“A gente estava em greve ainda e, em uma das assembleias do departamento, uma colega minha do Diretório Central dos Estudantes (DCE) avisou que três estudantes que foram presos comigo tinham recebido intimação para depor no Deic. No dia seguinte, apareceu um oficial de justiça na minha casa me chamando para depor. Tinha muita gente lá para depor no dia, cerca de 100 pessoas”, conta. Fernando foi prestar depoimento no dia 14 de novembro. “Cheguei lá, o escrivão confirmou meus dados pessoais e depois perguntou: ‘Você sabe porque você tá aqui?’ Eu falei que não sabia e ele me mostrou a revista Época daquela semana”.

A publicação de 8 de novembro trouxe a manchete “Os Black Blocs sem Máscara” para a reportagem de capa que relatava que um repórter da revista passara “o fim de semana de Finados num campo de treinamento dos Black Blocs, em São Paulo”.

O texto descrevia o Black Bloc como um grupo que tinha “método, objetivos, um programa de atuação e acesso a financiamento de entidades estrangeiras” e refutava a ideia de que seria uma tática de atuação horizontal, sem lideranças, que ataca símbolos do Estado e de grandes corporações. A revista mencionava três líderes: Leonardo Morelli, da ONG Defensoria Social; Daniela Ferraz, a “Pantera”, e um ex-integrante do MST chamado Paulo Matos.

“O escrivão me perguntou se eu tinha lido a matéria, eu disse que não. Aí ele falou: ‘Essa é uma matéria em que o jornalista foi recebido num acampamento de treinamento de milícia do Black Bloc’. Falei que eu não sabia disso, ele começou a me perguntar se eu conhecia os líderes do grupo apontados na reportagem e eu disse que não conhecia ninguém”, diz Fernando.

“JÁ PARTICIPOU DE TREINAMENTOS DE GUERRILHA?”

A estudante de audiovisual da ECA-USP Amanda Carvalho, de 18 anos, também foi detida e intimada para depor nos mesmos dias que o colega Fernando. Ela reafirma que muitas perguntas foram baseadas na reportagem.

“Fizeram desde as perguntas mais triviais – como ‘você é Black Bloc?’, ‘conhece o Black Bloc?’, ‘já viu a página do Facebook do Black Bloc?’ – até as mais bizarras, como ‘você já participou de treinamentos de guerrilha urbana no campo?’”. Outros depoentes ouvidos pela Pública também foram questionados se haviam ligação com os supostos líderes do Black Bloc citados na reportagem.

Segundo os depoentes, as perguntas também diziam respeito à dinâmica das manifestações. “Perguntaram ‘você vai em manifestações?’, ‘por que?’, ‘já bateu em policial?’, ‘já cometeu alguma violência?’, ‘você tinha paus e pedras?’. Não, não, não e não.

Perguntaram se eram os black blocs quem lideravam a manifestação, e se era um black bloc que tinha me convocado para a manifestação que eu tinha ido, quem tinha me convocado. E eu sempre falava que dentro da USP as entidades dos estudantes divulgaram o ato, por isso que a gente sabia e estava lá. Nisso eles foram mais insistentes. Queriam ouvir que os black blocs aliciam jovens para participar de manifestações”, considera Amanda.

Detido no mesmo dia 15 de outubro do ano passado, o publicitário Alexandre Morgado, de 30 anos, é membro do GAPP (Grupo de Apoio ao Protesto Popular), que presta primeiros socorros aos feridos nas manifestações. Alexandre conta que ajudou a montar o GAPP a partir dos próprios conhecimentos em primeiros socorros. “Fui brigadista de incêndio muitos anos e fiz um curso ministrado pelos bombeiros de atendimento em primeiros socorros”, explica.

Sobre o interrogatório, ele conta: “Me perguntaram o que eu estava fazendo na manifestação, quem era o meu grupo. Quiseram saber quantos voluntários são, por que a gente faz isso. Ficamos mais ou menos uns 40 minutos nisso. Depois começaram a me questionar basicamente sobre o Black Bloc. Me perguntaram primeiro se o meu grupo era adepto da tática e eu falei que o meu grupo é 100% pacífico. Até porque a gente não é ativo, não tem pauta própria, não marcamos manifestação, só apoiamos. Nosso papel é passivo na rua até o momento em que alguém se fere, não tem nada a ver com Black Bloc. Chegaram a perguntar se a gente era um grupo que prestava primeiros socorros aos black blocs para eles não irem ao hospital e se identificar, o que eu neguei. Se existem primeiros socorros é porque haverá outros socorros, inclusive no hospital se for o caso”, lembra.

“Depois perguntaram se eu conhecia a ‘Pantera do Black Bloc’, eu dei até risada nessa hora, tive que me segurar”, ironiza o publicitário, referindo-se às perguntas sobre a reportagem da Época.

Práticas e posicionamentos políticos individuais também foram questionados. “O escrivão me perguntou que roupa eu estava vestindo no dia da manifestação, e por uma infelicidade eu estava com uma camiseta preta, o que pra eles deve ser um super indício de que a pessoa é Black Bloc”, diz Fernando, aluno da ECA-USP.

“Ele me perguntou se eu trabalhava, se eu era associado a partido, e qual era a minha posição política a respeito dos black blocs. Ele quis fazer um mapeamento político e ideológico, como depois eu descobri que ele também fez com os meus colegas aqui da ECA”.

PROTESTOS VARIADOS E MPL É ALVO

Boa parte das pessoas intimadas para depor no inquérito do Deic haviam sido detidas e identificadas em protestos diferentes que ocorreram a partir de outubro de 2013. Mas este não foi o único critério usado para as intimações.

O Movimento Passe Livre (MPL), responsável por organizar as manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas em junho de 2013 contra o aumento das tarifas de ônibus, informou que dez integrantes já foram intimados para depor.

“Até o fim do ano passado, foram chamados para depor os membros do MPL que foram detidos no ato de 25 de outubro, um dos quatro da Semana de Lutas pelo Passe Livre. Na leva de intimações para o Deic feitas para esse sábado, 22 de fevereiro de 2014, foram chamadas pessoas que não tinham sido detidas em nenhuma manifestação, incluindo militantes, um dos advogados do movimento e até mãe de um dos integrantes, que nunca foi num protesto”, conta Mariana Toledo, 28 anos, membro do MPL desde 2005.

Ainda no ano passado, os integrantes do grupo decidiram não comparecer ao Deic para dar seus depoimentos. Eles argumentam que o inquérito parte de práticas consideradas arbitrárias e ilegais pelos militantes, como a detenção de pessoas “para averiguação” em meio ao protesto.

“A gente tomou a decisão de não comparecer, em exercício a um direito constitucional de ficar em silêncio. Entendemos que aquilo seria uma duplicação da ilegalidade que já havia acontecido na delegacia ano passado, quando as meninas passaram por revista vexatória, as pessoas apanharam, a Tropa de Choque ocupou a delegacia e não havia acusação nenhuma contra ninguém”, explica Rodolfo Valente, 31 anos, advogado do MPL.

”Então, pelo lado jurídico, em exercício ao direito ao silêncio, e sobretudo pelo lado político, de não passar novamente por uma ilegalidade flagrante, as pessoas não compareceram. Nós manifestamos essa posição em petições entregues no Deic e publicamente também” (veja a nota publicada no blog do MPL)

Valente também foi intimado a depor no Deic no último sábado, 22 de fevereiro. “Para nós não existe um sinal de intimidação maior do que intimar o advogado que estava cuidando do caso de alguns detidos que tinham sido intimados. A pessoa que acompanhou isso, fez as petições, que é o advogado do movimento, é intimado nessa segunda leva. Isso mostra um esforço de dizer: ‘olha, a gente não vai deixar vocês em paz’”, avalia Mariana.

“São estratégias feitas para criar o clima do pânico. Se até o advogado é intimado, se a mãe de alguém é intimada, é melhor ficar em casa.” Ainda assim, ela diz que o MPL não pretende parar de organizar atos, debates e outras atividades.

AS CRÍTICAS DA DEFESA

Para Alexandre Pacheco Martins, advogado da Comissão de Direitos Humanos do Sindicato de Advogados de São Paulo, que atua no caso, o inquérito em curso no Deic para investigar a associação criminosa de adeptos da prática Black Bloc é ilegítimo. “Um inquérito não serve para investigar pessoas e sim crimes. É essa a divergência principal que a gente tem em relação ao objeto do inquérito policial”, diz.

Ele aponta o teor dos interrogatórios – “de conteúdo político, e não de conteúdo criminal” – como uma das evidências desse fato.

“Todas as pessoas que foram presas para averiguação desde junho de 2013 até hoje estão sendo aos poucos somadas [ao inquérito]. E conforme vão tendo novos atos, novas manifestações, invariavelmente também tem novas levas de intimação para que as pessoas compareçam”, relata Martins.

O advogado encara a investigação policial como uma forma de prevenir a radicalização das manifestações, através do mapeamento de pessoas frequentadoras dos atos. “Quando em dia de grandes eventos, pode-se emitir uma medida cautelar em que a pessoa não possa frequentar espaços públicos, sob a pena de ser presa. Evidentemente que essas pessoas tenderão a se manter em casa por receio”, acredita.

André Zanardo, que atua no caso por meio do coletivo Advogados Ativistas, também vê uma estratégia política por trás da instauração do inquérito. Segundo ele “o objeto desse inquérito é muito amplo, é peculiar”. “Esse inquérito está abarcando tudo ultimamente, situações de todo tipo. E o apelido dele é o ‘inquérito dos black blocs’. Só que no inquérito dos black blocs tem de tudo: tem professor, tem trabalhador de toda a sorte”, critica.

“Você está expondo, por exemplo, uma senhora de 50 e tantos anos de idade a passar na frente da delegacia com toda a repercussão da imprensa para ir depor num inquérito apelidado de ‘Black Bloc’. É um absurdo”, acredita, se referindo ao caso da mãe de Lucas.

Para Martins, não há elementos que configurem a associação criminosa no caso. “São crimes autônomos, de dano ao patrimônio. Não é isso que faz ser uma associação criminosa. Se eu não te conheço e vejo você quebrando uma janela e eu vou lá e quebro uma janela também, isso não faz de nós pessoas associadas para cometer um crime. Faz que você responda pelo dano ao patrimônio e eu também”, explica.

Para Ariel de Castro Alves, advogado membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do Grupo Tortura Nunca Mais, o Deic estaria tendo uma “atuação de polícia social e política”. “Mas esta atuação só ocorre porque tem respaldo do governo estadual e também do Ministério Público e do Poder Judiciário”, analisa.

“Nessa investigação, eles precisam identificar: quem, em qual dia, quebrou o quê, em tal dia agrediu quem, quem tal dia jogou coquetel molotov contra quem. Precisa ter essa especificidade. Não se pode tentar indiciar ou criminalizar pessoas com base no ‘ouvi dizer’ ou na posição ideológica dessas pessoas”

Questionada pela Pública, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública não quis revelar os nomes dos delegados atualmente responsáveis pelo inquérito. “Por enquanto é prudente parar de dar visibilidade demais para esse assunto enquanto a polícia trabalha. Isso foi falado à exaustão durante um tempo e agora a determinação é não se falar mais”, declarou a assessoria.

A Secretaria se negou a confirmar ou refutar se a polícia está realizando escutas ou pedidos de quebra de sigilo de dados telefônicos e digitais dos investigados.

De acordo com o diretor do Deic, Wagner Giudice, a polícia aguarda informações requeridas ao Facebook sobre os investigados. “Você pega esse cara, pega com quem ele conversa, quem é próximo… Assim que a gente trabalha. Hoje é muito fácil para a gente, é tudo integrado”, explicou o diretor sobre o mapeamento feito através das redes sociais. Segundo ele, não há previsão de término para as investigações em curso no inquérito 01/2013.

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Comentários

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J.Carlos

Estes criminosos, apellidados pomposamente de “black blocs” nada mais säo do que uma reediçäo da SA de Hitler, posteriormente extinta e substituída pela sinistra SS, Gestapo e outras organizaçöes criminosas semelhantes a esses tais “black blocs”.

marcosomag

O Black Bloc é sim, uma associação criminosa.

São claramente treinados e dirigidos de fora do Brasil. Querem transformar a Esplanada, Candelária ou Praça da Sé em “nossas” Maidans ou Tahires.

Não passarão!

Caso tivéssemos uma ABIN digna do nome, as lideranças (movimento “horizontal” é o caralho) já teriam suas viagens internacionais, movimentações bancárias e pertences vasculhados dentro da Lei! Acho que a PF descobriria coisinhas interessantes dentre as quinquilharias dos “estudantes”, como telefones via satélite sobre os quais a ANATEL não tem nenhum controle ou mesmo conhecimento de que existem e estão operacionais.

Os Black Bloc não são vítimas, mas parceiros da direita para a redução dos direitos individuais e coletivos dos brasileiros. Black Bloc é a corda, direita é a caçamba.

Urbano

O ruim é voltar, quando nem se chegou a ir…

José Ricardo Romero

Se a polícia está usando a informática, investigando as conecções, intimando a depor aqueles que foram identificados como insufladores e violentos, que destruíram patrimônio público e privado e que têm, já está comprovado, ligações com organizações estrangeiras, ela está agindo corretamente. Melhor assim do que descer o cacete com violência no momento das exacerbações nos protestos. É isto o que se espera da polícia, inteligência e ação rigorosa sem violência. Estes violentos dos backblocs têm que ser indiciados e julgados para o bem da democracia e liberdade de manifestação. Para isso cabe à polícia comprovar a culpa e apresentar as provas ao ministério público. O resto é conversa de advogado de defesa.

Paulão

O costume da polícia paulista é o seguinte: se for de esquerda é suspeito e vai ser investigado. Se for filhinho de papai, treinado pelo Otpor e financiado pelo por direitista do mundo todo, está liberado. Acho que estamos protegendo gente que não gosta de democracia nem se interessa pelos problemas de locomoção, só querem mudar pela força o que eles não conseguem pelo voto, O governo do país.

ricardo silveira

A polícia deve existir para assegurar o exercício da democracia. Não me parece que o quebra-quebra, seja contra a propriedade privada ou contra o patrimônio público, seja manifestação política, ao contrário, é a interdição da política. Tem-se que ficar atento aos excessos da polícia, mas não contra sua ação. A extrema esquerda e os fascistas precisam aprender a fazer política.

Apavorado por Vírus e Bactérias

Mas a Polícia do Alckmin está a serviço de quem nesse trabalho ilegítimo de intimar e prender manifestante? A serviço do Governo Federal não deve ser. A serviço da FIFA e da Globo é a resposta mais plausível.

Também demoraram muito para colocar em pauta a Polícia do Alckmin ser exterminadora social e política. Há muito tempo que é. Bate em trabalhadores em greve. Bate em usuários do Sistema (?) de transporte publico quando reclamam do lixo que é o metro e o transporte rodoviário, bate em estudantes da USP, em professores em greve, não pega ladrões de carro, nem assaltantes, nem assassinos, nem traficantes, muito menos faz ronda para não gastar combustível e ter a possibilidade da viatura quebrar, mata pretos e pobres da periferia, além de matar por engano cidadãos em movimento na cidade, além de matar pelas costas meninos que não param em suas blits pelo Estado de SP. Essa polícia do Alckmin é o terror e o Governador Alckmin é o seu comandante.

Leo V

Relato de um Defensor Público que acompanhou os depoimentos desse inquérito, dia 22, na delegacia:

http://advogadosativistas.com/relato-do-defensor-publico-no-ii-ato-contra-copa-sp/

Robson

AZENHA, VEJA ISSO E RIA dos coxinhas!!!

http://www.youtube.com/watch?v=-GVn-9XRHqU&list=LLJpo3NNt8EfYVszzizBk23Q&feature=c4-overview

Abraços

Leo V

Parece que para 2014 o governo federal em conjunto com os governos estaduais vão lançar o Programa “Mais Medici”.

abolicionista

Os relatos são impressionantes. Mostram a completa incongruência entre a PM e a democracia. Os trechos quase caricaturais, como o das perguntas sobre “treinamento de guerrilha urbana” e sobre a “pantera do black block” trazem de volta toda a estupidez da polícia política dos anos mais sombrios de nossa história. O governo certamente comete um erro histórico irreparável ao deixar intocado esse entulho ditatorial que é a PM.
Quanto à perseguição aos manifestantes via lei anti-terror, era algo previsível da parte de quem faz qualquer coisa para manter-se no poder. Nenhuma ação do governo, boa ou má, implica qualquer tipo de prejuízo eleitoral. A única maneira de ter suas reivindicações ouvidas pelo cinismo que impera em nossa vida política é agir contra leis espúrias e a favor da ética. Não há outro caminho.

    Leo V

    abolicianista,

    mas o inquérito é da Polícia Civil.

    Eu tenho pé atrás em se colocar tantas fichas na desmilitarização da PM. Acho que pode ter suas vantagens, mas muito mais para questões internas, de possibilidade de organização dos próprios policiais…

    Eu me pergunto, a polícia civil é assim melhor que a militar?

    FrancoAtirador

    .
    .
    Quem deteve os manifestantes,
    conduzindo-os até a Delegacia,
    e quem registrou a ocorrência,
    que deu início ao inquérito,
    foi a Polícia Militar Tucana
    que é, literal e figurativamente,
    quem faz o policiamento ‘ostensivo’.

    Um passo de cada vez, Leo V.
    .
    .

    abolicionista

    Caro Leo V, acho que as duas questões são verdadeiras e complementares. A PM, como parte das forças armadas, carrega uma cultura corporativa que a civil não tem. Eles têm o brasão, o orgulho bandeirante, a estrela em homenagem à Revolução de 64. São todos unânimes no elogio ao golpe militar e em colocar a corporação como valor máximo. Isso é muito perigoso. É uma instituição fascista dentro do Estado. Em SP isso fica muito evidente, no Rio, nem tanto. Além disso, o maior problema da PM são os coronéis, não os praças. Aliás, entre os praças, há maioria é favorável a mudanças. O Brizola tinha uma proposta interessante de acabar com as PM e criar uma guarda nacional, para situações de emergência envolvendo ameaças nacionais. Recomendo vivamente a leitura da reportagem abaixo:

    http://abamf.com.br/abamf/2014/01/soldados-cabos-e-sargentos-querem-o-fim-da-policia-militar/

    abolicionista

    Essa entrevista tem que ser assistida na íntegra, mas essa resposta do Brizola ao jornalista de O Globo é um espetáculo à parte:

    http://www.youtube.com/watch?v=1jaWRMCDQ1A

J Souza

Para alguns, “black block” no Brasil pode, mas na Venezuela não pode. Se for “black block” a favor da “esquerda”, pode. Se for a favor da “direita”, não pode. Essa é a mídia…

Marat

Muitos dos Black Blocs (nomezinho mais ridículo – por que não em português?), bem como muito dos do MPL são massa de manobra da direita raivosa de SP!

    LeoV

    É? Por que?

    Não é muito sensato afirmar isso, principalmente do MPL, que tem uma história de quase 10 anos.

    Marat

    Nunca vi manifestações do MPL contra o governo do Estado… Nunca vi (ou nunca foi divulgado) manifestações contra os anteriores prefeitos conservadores (Serra, Kassab etc.). Seria o MPL tucano?

    Leo V

    Marat,

    O MPL não faz manifestações contra governos. Faz pela sua pauta, que é o transporte público e gratuito.

    As manifestações puxadas em junho foram igualmente contra o aumento do metrô e dos ônibus. Tanto que governador e prefeito recuaram nos aumentos.

    Como eu disse, são quase dez anos, e em várias cidades do Brasil. Se em São Paulo elas ganharam essa proporção midiática apenas em 2013, certamente nao foi por falta de vontade de que não tivessem gano em anos anteriores.
    Em outras cidades ganharam a mesma proporção em outros anos, e em prefeituras do PSDB, PP, entre outros partidos, obrigando à revogação do aumento, igualmente.

    francisco.latorre

    ‘massa de manobra da direita’.

    e não?..

    ..

    Leo V

    É? Por que vc acha isso?

    Difícil conseguir defender ma tese heterodoxa dessa conhecendo os quase 10 anos de MPL, não só em São Paulo mas em outras cidades do Brasil.

    Eu acho que a direita na verdade está tentando calar os movimentos sociais. E quando eu falo a direita eu falo aqueles com práticas de direita e não o partido que veste vermelho ou azul:

    http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,ministerio-pede-que-sp-exporte-tropa-ninja-antiprotesto,1135944,0.htm

    Não dá mais pros eleitores da Dilma xingarem mesmo a “polícia do Alckmim”. Ela é o modelo para a Dilma.

    PT e PSDB cada vez mais unidos contra a multidão, contra a classe trabalhadora, quando a Democracia Cristã e o PCI estavam no final dos anos 70 na Itália.

    Marat

    Leo, PT é de centro-direita e PSDB está caminhando rapidamente para a extrema direita… Voto no PT por ser menos pior, e por ter um ou outro esquerdista em seus quadros.
    Cordiais saudações.

LeoV

A outra moeda de mesma face:

Adolescente apreendido na favela do Moinho teria sido vítima de flagrante forjado pela polícia

http://spressosp.com.br/2014/02/adolescente-apreendido-na-favela-moinho-teria-sido-vitima-de-flagrante-forjado-pela-policia/

LeoV

A reportagem é muito boa. Aliás, a Agência Pública tem se destacado na qualidade das reportagens, muitas (não sei se todas) com crowdfunding.

E o Viomundo acertou em cheio em ilustrar a matéria com essa charge genial.

    lucia

    FORD FOUNDATION é crownfunding, Leo?

    Acho que é não… :(

FrancoAtirador

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publicada sexta-feira, 28/02/2014 às 11:25 e atualizada sexta-feira, 28/02/2014 às 11:47
ESCREVINHADOR

Juventude do PT condena lei anti-terror.
E o Zé Eduardo Cardozo?

NOTA DE REPÚDIO À LEI “ANTI-TERROR” DA JUVENTUDE DO PT

Os trágicos acontecimentos ocorridos durante o protesto contra a alta das tarifas do ônibus no Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro, vitimou o cinegrafista Santiago Andrade e também dois jovens brasileiros, ao criminaliza-los sem uma ampla e profunda investigação, personificando o problema da violência durante as manifestações nesses sujeitos, fato é que esse incidente fez ressurgir as análises negativas sobre as manifestações que vem ocorrendo em todo o país desde o segundo semestre de 2013 e uma ofensiva dos setores conservadores.

Apoiados pela manipulação construída pela grande mídia – que criminaliza os manifestantes e os movimentos sociais ao longo da história, além de marginalizar o povo, filhos da classe trabalhadora, negros e negras reforçando a lógica racista e machista da sociedade brasileira, nos transformando em vândalos perante a opinião pública – oportunistas, inimigos da democracia, os setores mais reacionários minimizam as pautas e bandeiras de luta das juventudes brasileiras e movimentam-se para o endurecimento do sistema penal com a criação de novos tipos penais para conter os protestos e criminalizar os protestantes.

Utilizando o subterfugio de dar “respostas à sociedade”, em novembro de 2013 foi apresentada no Senado o PL 499/2013, denominada “Lei anti- terror”, que após a tragédia ocorrida, ganhou nova redação, visando punir criminalmente quem “provocar ou difundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de pessoa”, com previsão de pena maior quando há emprego de “explosivo, fogo, arma química, biológica ou radioativa, ou outro meio capaz de causar danos ou promover destruição em massa”.

Uma vez que a aplicação da legislação pode variar de acordo com a interpretação, o PL 499/13 pode se tornar uma reedição do AI-5, além de abrir brechas para criação de novos dispositivos legais baseados nos que já vigoram em alguns estados, como a Lei 2405/2013 – Lei “anti -Máscaras” (RJ) e a Lei 12694/12 – Lei “contra organizações criminosas” (MS), interferindo diretamente na democracia estabelecida no Brasil.

Nós da Juventude Do Partido Dos Trabalhadores REPUDIAMOS VEEMENTE legislações como estas, incompatíveis com o Estado Democrático de Direito e que ameaçam o direito a livre manifestação e mobilização.

Exigimos o ARQUIVAMENTO IMEDIATO da PL 499/13 – de autoria do Senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Deputado Federal Miro Teixeira (PDT-RJ), atualmente tramitando no Senado-, por compreendermos que a legislação penal em vigor já possui tipificação para TODOS OS CRIMES apresentados neste projeto de lei, e que legislações como essa abriria precedentes para a perseguição política e criminalização dos movimentos sociais, além de justificar as prisões arbitrárias de manifestantes.

Solidarizamo-nos com os amigos e familiares de Santiago Andrade, atingido por um rojão enquanto exercia seu trabalho, defendemos que os culpados por ações violentas durante as manifestações sejam investigados, responsabilizados e punidos na forma da lei e somamos nossas vozes as vozes da população que luta por um Estado mais justo e igualitário.

JUVENTUDE DO PT

(http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/juventude-do-pt-condena-lei-anti-terror-e-o-ze-eduardo-cardozo.html)
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FrancoAtirador

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Que tristeza atroz ter de reviver isso…

Depois de décadas de luta pela Democracia.

Chega a dar uma angústia incontrolável.
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Os hackers anonymous atacando todo mundo.

E os Fascistas livres, leves e soltos…

‘Cegos condutores de cegos’ ao precipício.
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    FrancoAtirador

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    A que ponto chegamos:

    27/02/2014 às 10:32
    RBA, via ESCREVINHADOR

    Democracia

    Manifesto pelo direito de protestar

    Leia e assine a petição pública:
    (http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR69856)

    Por Tadeu Breda

    Setores da sociedade civil paulistana intensificaram articulações para defender o direito de manifestação em São Paulo, que, avaliam, tem sido ameaçado pelas ações excessivas da Polícia Militar e a complacência das autoridades com as violações perpetradas pela tropa, na noite de ontem (25).

    Mais de 200 pessoas compareceram ao encontro, realizado na praça Roosevelt, centro da capital.
    Ao final, foi lançada uma petição pública.
    A ideia, agora, é organizar, nas próximas semanas, um protesto com movimentos sociais, coletivos, organizações populares, cidadãos e artistas pelo respeito à liberdade de expressão nas ruas.

    Na petição, o grupo avalia que as manifestações cada vez mais intensas indicam a necessidade de “radicalizar” a participação política dos brasileiros – o que, afirma, fortalece a democracia.
    No entanto, continua o texto, “muitas foram as cenas de truculência policial: uso de armas, prisões arbitrárias, falta de identificação etc.”

    Os episódios de violência contra manifestantes, jornalistas e advogados, documentados em dezenas de relatos e vídeos, teriam contribuído “para que as cortinas pesadas que encobrem o comportamento cotidiano das polícias militares nas favelas e periferias fossem abertas: repressão, violência, despreparo para o convívio democrático”.

    Por isso, o manifesto pede o abandono “imediato” do uso de armas letais em manifestações populares;
    fim da interferência policial no trabalho da imprensa, de advogados e socorristas durante os protestos;
    fim da prisão por averiguação, “inexistente no ordenamento jurídico brasileiro”;
    uso obrigatório de identificação por parte dos policiais;
    e punição aos agentes envolvidos em violência física e psicológica.

    O texto se opõe ainda ao emprego das Forças Armadas contra manifestantes antes, durante ou depois da Copa do Mundo, e se posiciona de maneira contrária à lei antiterrorismo e outras propostas que pretendam proibir máscaras e endurecer penas para quem participa de protestos.

    O debate realizado na praça Roosevelt ocorre apenas três dias depois de a PM paulista ter inaugurado uma “nova tática” para reprimir manifestações na capital. Conhecida como kettling (chaleira, em inglês) ou Caldeira de Hamburgo, em referência à cidade alemã, a manobra consiste em mobilizar um grande contingente de policiais para cercar e inviabilizar a passeata.

    Em São Paulo, o comando da PM destacou 2,3 mil policiais para uma marcha contra a Copa do Mundo que reunira 1,5 mil pessoas.

    Antes de qualquer indicativo de violência ou vandalismo, a tropa rodeou os manifestantes e prendeu 262.
    Todos foram levados a delegacias do centro da capital, registrados e liberados em seguida, sem acusação.

    De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ao menos 14 jornalistas que cobriam o protesto foram agredidos, presos ou impossibilitados de registrar livremente a ação.

    O cerco preventivo foi criticado pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo e pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, por haver cerceado o direito de manifestação.

    No entanto, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a cúpula da segurança pública estadual comemoraram o operativo por ter reduzido as ocorrências de depredação.

    O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que a nova técnica deve ser avaliada para possível aplicação em outras capitais.

    (http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/manifesto-pelo-direito-de-protestar.html)
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lukas

#VaiTerBlackBloc

    wagner paulista de souza

    Vai ter black bloc: Na cadeia, se preto, puta ou pobre; ou nas barras da saia da mamãe, se podricinho.

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