Protesto contra as UPPs durante enterro de Douglas Pereira no Rio

Tempo de leitura: 4 min

Canto, choro e pedido de justiça marcam protesto  e enterro de jovem morto no Rio de Janeiro

Reportagem de Tatiana Merlino e Caio Castor (texto e fotos), do Rio de Janeiro (RJ)

Quinta-feira, 24 de abril. Cemitério São João Batista, bairro do Botafogo, Rio de Janeiro. Coroas de flores, fogos de artifício, aplausos, reza de “Pai Nosso”, lágrimas, palavras de ordem e música marcaram o enterro do dançarino Douglas Rafael Pereira, morto na madrugada de terça-feira, 22, na favela Pavãozinho, localizada no bairro de Copacabana.

“Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem o seu lugar” cantam cerca de 500 pessoas, entre parentes, amigos e moradores, amontoadas no corredor do cemitério, em cima dos muros, emocionadas, em torno do caixão do jovem.

“Saudade, mano DG”, diz um cartaz segurado por um jovem próximo ao ataúde, carregado por amigos do rapaz.

“Chega de chacina, polícia assassina!” e “Fora UPP!”, gritam. No momento em que o caixão é colocado na urna do cemitério, alguns puxam o canto: “Ah, não! O DG, não! Já tá fazendo falta lá no morro do Pavão!”.

Douglas, dançarino do programa “Esquenta”, da TV Globo, foi morto após policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) localizada na comunidade terem realizado uma operação na noite do dia 21 para, segundo a PM, checar uma denúncia relativa ao tráfico de drogas no local.

Na manhã do dia 22, seu corpo foi encontrado no pátio de uma creche, com ferimentos e uma marca de tiro. Sua mãe, Maria de Fátima da Silva, acusa os policiais da UPP de terem torturado e matado o jovem.

De acordo com laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML), a bala atingiu suas costas e saiu pelo ombro direito.

Os manifestantes das comunidades Pavão, Pavãozinho e Cantagalo chegaram ao cemitério caminhando, vindos da creche Escola Lar de Pietrina, onde Douglas Rafael Pereira foi encontrado morto na manhã de terça-feira.

Uma manifestação foi marcada para o local, onde havia, além dos moradores que se concentravam segurando cartazes pedindo “Fim da PM”, “Chega de extermínio”, “5 anos de UPP basta” e “A revolta é da favela, não do tráfico”, muitos homens da Polícia Militar.

O protesto era em repúdio ao assassinato de Douglas e Edilson da Silva Santos, de 27 anos, morto com um tiro no rosto durante protesto de moradores que se seguiu à morte de Douglas. Edilson tinha deficiência mental.

A Polícia Militar acompanhou a manifestação, que seguiu pela avenida Nossa Senhora de Copacabana debaixo de uma chuva fina.

Jovens, crianças, adultos e motoqueiros cantavam, gritavam, choravam pedindo o fim das UPPs e clamando por justiça pelo assassinato dos jovens. “Sem hipocrisia, a polícia mata pobre todo dia”, “Ai, não! O DG, não!”, “Justiça, Justiça”, gritavam.

Quando passaram em frente ao 19º Batalhão da PM, os manifestantes gritaram “Fora UPP” e “Assassinos!”.

O cantor Mc Leonardo, presente ao ato, puxou a música “Eu só quero é ser feliz”, que foi repetida várias vezes durante o protesto.

Pessoas que estavam em restaurantes e bares das redondezas filmavam, aplaudiam e cantavam junto. Uma manifestante que não quis se identificar mostrou uma foto do corpo de Douglas, na qual ele está com os braços levantados, cruzados, em posição de defesa.

Na frente do cemitério, a mãe de Douglas, Maria de Fátima, disse: “A morte dele não vai ficar impune. Peço justiça, que se respeite nossa comunidade”.

Ela protestou contra a presença dos policiais da PM e  do Batalhão de Choque, que empunhavam armas e metralhadoras na entrada do local.

“Quem chamou esses assassinos para virem aqui?”, questionou. “Mataram meu filho. Não convidei a polícia para estar aqui. Por que tantos estão aqui? Eu só quero os amigos. A comunidade está cansada”.

Primeiro, eles atiram

Leandro Augusto, amigo de Douglas, disse que as comunidades estão cansadas das UPPs e dos abusos policiais cometidos contra a população.

“Há muito apavoramento. Para eles [os policiais], todos que moram lá são bandidos. Primeiro eles atiram, depois vão ver quem é a pessoa. Temos nossos direitos violados todos os dias.”

Na frente do cemitério, motoqueiros fizeram um buzinaço. Já um morador aproximou-se e disse: “Tenho um vídeo muito forte, querem ver? Fui eu que gravei.”

Nas imagens, aparece Edilson morto, caído no chão, ensanguentado, arrastado por moradores, que gritavam para levá-lo ao hospital. A alguns metros de distância, pode-se ver um grupo de policiais. E tiros são ouvidos.

John Cleiton, de 18 anos, morador do Pavão, também participava da manifestação: “A UPP é uma farsa, está destruindo famílias na comunidade, tirando vidas”.

Segundo ele, os policiais abordam os moradores com truculência e usam o poder que têm de forma desproporcional.

[A produção de conteúdo exclusivo do Viomundo depende do financiamento de nossos assinantes. Torne-se um deles!]

PS do Viomundo: Não há segurança pública possível num país que destina metade do orçamento ao pagamento de juros aos banqueiros; o mais triste é ver que o candidato número um dos banqueiros vem aí com o discurso da “ordem”, quando as políticas que ele prega são justamente as que promovem a “desordem” neoliberal.

Leia também:

Dario de Negreiros: A fadiga do projeto das UPPs no Rio

Marcelo Freixo: Globo é sócia de um projeto autoritário de cidade

Carlos Vainer: Rio será cidade mais desigual em 2016


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

simas

O texto coloca, mais uma vez, em foco, manifestações contrárias às UPP’s.
Ora, cansei de ver manifestações contra o controle imposto pelo tráfico ou pelas milícias, às comunidades.
Houve tempos em q a matéria preferida pela mídia, maldita, era a distância mantida pelo Estado, da bandidagem nas favelas. A população, o eleitor, naqueles tempos, foi instado, então, a entender q a segurança seria seu maior problema… Agora, passados aqueles tempos, amargos; a população e esse mesmo eleitor pensa ser a violência, sua dor-de-barriga, mór.
Interessante, heim? Bastou o Estado impor sua presença nas favelas, marginalizadas, pra essa mesma mídia, mafiosa, se dar ao prazer de parabenizar e elogiar o Estado com sua nova postura, em princípio, enqto seus interesses, doentios, atravessados e escusos não começaram a ser abalados. No momento em q o negócio do tráfico de drogas diminuiu ou a marginália q tocava a “empresa”, trancafiada ou morta… nos acuda, a Nova Polícia foi promovida, de inerte, pra assassina. E a propaganda, massiva, nesse sentido – qual seja o de a polícia ser violenta, assassina e despreparada, passou a ser o foco.
Eu acho q seria por isso, q “eu” penso q, aquele sentimento de insegurança foi trocado ou evoluiu pra o de violência… E tem o “detalhe” q a situação passou a ganhar os louros, da boa política. Engraçado, as pessoas acham q o policial sai, pela manhã, de casa, feliz da vida, pra mais um dia de labor, profícuo. Nada! O policial, mtas vezes, acorda e descobre q tem de ir à luta; e nem sabe se irá voltar… Tudo bem; ele é policial por vontade própria. Até se sujeita a trocar por tão pouco salário, a quase nenhuma formação profissional, o dissabor de se ver enquadrado como corrupto e… matador. Igual ao miliciano q ousa prender, sistematicamente, junto com os “meninos” do tráfico, em suas ações de enfrentamento.
Eu, realmente, não sei o q pensam as pessoas, no geral, sobre um soldado PM, ou um policial civil, entrando em uma comunidade, dominada… Olha, me desculpem: é preciso se ter mta coragem, disposição pra fazer o seu trabalho. Não é pra qq um, não. Nem em nossas Força Armadas se cultivam tanta coragem, real. E estes, têm seus salários valorizados, com o maior respeito e dignidade; enqto, aqueles, coitados, são uns corruptos q devem “se virar”, mesmo, pra levar a vida… Eu não entendo essa capacidade de se ser tão sórdida, à ponto de não se enxergar essa discrepância. Deve ser por essa razão, inclusive, q estamos a ver, atualmente, as FA’s ajudando na pacificação da comunidade da Maré… Quero ver se a mídia, maldita, vai ter a coragem de malhar o Exército, mais a Marinha. Pago pra ver…
Pq, manifestações são realmente demonstrações da liberdades, democráticas. Agora, qq um morto na “guerra do tráfico” ser qualificado como um injustiçado; convenhamos, heim?… No caso em pauta, o rapaz, q não conheço, de jeito maneira, seria um bailarino das organizações mafiosas, globo. Seria. Só por isso, seria, igualmente, dono de um diploma de bons costumes e honradez; cá pra nós, ultimamente, dezenas foram mortos por balas perdidas e ninguém tomou conhecimento, como neste caso, específico. Outros tantos foram assassinados pela bandidagem q se esconde nas favelas; ou nas favelas não existem bandidos, marginais?… Tenho ouvido, aos montes, q a favela é habitada por trabalhadores; todos seriam trabalhadores?… Ora, qual é? Essa racionalização faz parte do trabalhinho da mídia, maldita; isso, sim.
Qto a dívida pública, bruta, líquida, ou o q mais… ela tem sido enfrentada e circunscrita, à duras penas, pelos dois últimos períodos de governos federais… Inclusive, a dívida líquida está à níveis, confortáveis; ao q sei. Isso, graças à economia q se faz pra esse determinado fim… E não se fazer tal economia, ou optar pelo calote, seria medida unilateral, dificílima; tendo em vista a reação pesada dos credores.
O negócio é q, no meu entender, nunca tivemos níveis de investimentos necessários, pra atender as demandas do Estado. Desde os tempos de Vargas, mtos dos investimentos fora arcados pelo próprio Estado; dai as grdes obras de governo e o aparecimento das primeiras empresas estatais. No q pese as circunstâncias, todas, vividas até os tempos Colloridos, foi ai, q se iniciou o tal do enxugamento do Estado. Então, no meu entender, foi qdo começaram a aparecer, acentuadamente, as comunidades carentes, nos entornos das grde cidades. Lembro, qdo criança, eu ia da Tijuca, no Rio, até Sta Cruz, ou Nova Iguaçu… só via mato e descampados. Agora, tudo é uma grde favela, resultado da fuga dos campos ou de outras cidades, menores, mesmo. Acho q a questão, maior, seria essa política do estado enxuto… programada pelo poder econômico, transnacional, pra nós outros. Nesse sentido, estamos assistindo de tudo: essas manifestações, sem pé nem cabeça; os projetos vazios da Marina; as conversas moles, cheias de nexo, do Campos, ao dizer q “podemos mais”; a perseguição aos corruptos, pelos corruptores, nas intenções daquele Aébrio… Sem falar da imprensa, estrangeira, agora interessadíssima em nossas vidas.
Gente! Estou com mta peninha da Pres Dilma: se correr o bicho pega; se ficar o bicho come. Ela vai ter de reagir, feio; primeiro, agora, nas eleições, com a proposta de uma Constituinte, pra Reforma Política; depois, pra consolidar um Estado nas mãos do povo, com as demais reformas requeridas, desde os tempos do Pres Jango. Ai, sim, teremos um Chefe de Estado, com o poder às mãos…
Abraço, fraterno

    Guanabara

    Concordo contigo, Simas. Eu não acredito que o problema seja o projeto das UPP’s, mas ainda jaz na formação policial que não é precária somente na Academia de Polícia, mas desde o ensino de base. Há, sim, uma inversão de valores. RJ virou uma grande favela, o que mostra o quão abandonada a cidade ficou nos últimos 25 anos. Constroem-se estádios, vilas olímpicas, derrubam-se elevados, dão armas ao BOPE, mas ninguém, por exemplo, em 3 mandatos de César Maia, 1 do sucessor dele, Luiz Paulo Conde e, agora, mais 2 de Eduardo Paes, nenhum deles mexeu uma palha no que foi batizado de programa “Bairro-Favela”. Acho que só quem viveu na cidade nesse período tem noção disso. São pessoas vivendo ao léu, em situação precária como falta de saneamento básico, sem acesso a saúde e educação formal, dominadas por traficantes ou milicianos, e os agentes do Estado os mantém nesta situação pois viraram um grande curral eleitoral. Na hora da eleição, todo mundo quer subir a favela. Conseguiram o que queriam, ou seja, ser eleitos, voltam às obras dos financiadores de campanha e o povo que se exploda. Há trabalhadores nas favelas? Sem dúvida. Mas como você bem disse, também há muita bandidagem e gente má intencionada, armados com armas de guerra até os dentes. Voltando aos policiais, sim, há policias honestos e o trabalho não é fácil. Mas qual é o perfil do soldado PM do RJ? Onde ele mora? Quais as suas influências? Como eles acham que devem conduzir o seu trabalho? Como eles veem a sua função como policial? O que eles devem fazer? Devem prender e entregar à justiça ou devem torturar e matar pois acreditam na justiça deles e não mais no sistema judiciário? Agora, a cidade, se já não atingiu, está próxima ao colapso. Uma enorme massa de pessoas totalmente excluídas conforme citado acima, e essa massa cresce exponencialmente sem qualquer controle. Se em 25 anos ficou assim, como será daqui a outros 25?

wendelo

Sabemos que a policia não é perfeita, e que há ainda muito que melhorar!
Mas daí sair com cartaz dizendo que antes da UPP era melhor, Fora UPP, é demais.
Há menos que, e não há como pensar o contrário, estes manifestantes estejam a soldo da Corporação Tráfico!
Mas há que se dizer, não é só os gerentes da boca no morro. São os financiadores que moram em Copa, Ipanema, Leblon, Barra, Recreio, e talvez até em Florida e Miami!
Enquanto o combate não for uma atitude politica, será sempre assim, e até pior.
Os sonhadores que continuem acreditando. Eu tô fora!!!!!!

Davi Basso

Muitos comentaram sobre o PS Viomundo e não posso deixar passar tbm…

Sobre o calote da dívida coisa e tal. Pois bem. Alguém sabe o que é que estamos pagando?
Pois se devo, devo por um serviço ou bem que foi disposto através deste financiamento ao povo brasileiro.
As auditorias da dívida na América Latina mostraram a enormidade de recursos dispensados de forma ilegal através do tabu da dívida.
Alguém me manda aí o que é que o Brasil paga, para quem e por quê paga. Quero saber quais serviços foram financiados.
Rafael Corrêa (Equador) fez a auditoria da dívida e ampliou em muito as condições do povo Equatoriano. Tudo dentro da norma.
Se devemos, pagamos sem problema…
Mas é preciso saber o que devemos para saber por que pagamos… alguém aí aceita pagar uma dívida que não deve? Se não devemos não vamos pagar…
Na Argentina, uma grande dívida foi contraída pelas multinacionais que espoliaram as empresas argentinas com o auxílio do governo de Menen (FHC Argentino). Após o empréstimo, diversas empresas foram sucateadas e a dívida sobrou para o povo pagar. Este episódio culminou da queda de três presidentes, no não pagamento da dívida (“calote” para quem assiste a globo), no panelaço e na estabilização política com o governo de Nestor Kishner.
Creio que a melhor forma de resolver isso é auditar a dívida pública brasileira.
Está prevista na constituição e foi realizada a última vez por Getúlio Vargas.
Vejam que não é um assunto que interessa a elite do nosso país.
A Le Monde Diplomatique publicou a uns anos atrás uma matéria que informava 5 mil famílias serem a destinatária de quase metade do Orçamento, através da Dívida.
Não sei como eles chegaram a este número. Mas dada a desigualdade tamanha do nosso País, não duvido.
A todos lembrem-se: O pobre trabalha para viver, o rico para viver não precisa trabalhar.
É indispensável a auditoria da dívida para que o país tenha os recursos que precisa.
Vejam como o ataque à previdência é muito maior pelos meios de comunicação e não há uma palavra sobre o estúpido montante que pagamos, sem saber o por quê. Eles muito bem podem planejar o fim da previdência para mais gastos com juros. Ao mesmo tempo que incentivam o Brasil a mais empréstimos. Eles obedecem a quem os paga.

    renato

    Muito bem, devemos a quem?

abolicionista

É triste ver a lógica binária utilizada para ignorar o sofrimento dos que protestam.
Essa mesma lógica poderia ser utilizada nas situações mais atrozes, por exemplo: os japoneses acharam ruim a bomba atômica? Preferiam o jugo do imperador Hirohito?

É o preço da democracia, dizem os imbecis. Como se democracia fosse uma mercadoria…

    renato

    Não sei se é democracia…mas o troço que queremos não tem preço.
    E brasileiro sabe muito bem o que é..

    abolicionista

    Acho que essa entidade metafísica, “o brasileiro”, está sujeita a infinitas variações semânticas. É uma espécie de espantalho conceitual, sempre preenchido com a vontade que for mais conveniente ao freguês. Acho que chegou a hora de deixar a hipocrisia de lado, não?

Urbano

Para um casamento interesseiro sempre vai chegar alguém e dizer: case-se com fulano e não com sicrano, pois este não tem o que dar, não.

Evaldo

O bom mesmo é:

É traficante rondando à área mostrando seus fuzis, aliciando suas filhas em troca de moral na comunidade;

O bom mesmo, é o traficante destruir sua família fomentando e vendendo droga;

O bom mesmo, é não deixar os serviços públicos acessar a comunidade. Só assim, a TV a cabo, a energia e a água (quando tem)é de graça;

O bom mesmo é traficante patrocinar baile funk no 0800;

O bom mesmo é acusar a polícia de ter atirado. Assim, pode sair uma indenização do estado;

Esse movimento não representa a maioria. Tenho certeza disso.

    abolicionista

    Se entendi a lógica do seu argumento, então tudo bem sacrificar alguns inocentes, é isso? Afinal, não se faz um omelete sem quebrar os ovos…

    Sonia

    Não vem com esta lógica matreira entre escolher o ruim ou o mal. Vocês estão sistematicamente combatendo as UPPs, falando de sua falência e etc. O que as pessoas não desonestas estão tentando mostrar é, vamos combater os desmandos e aperfeiçoar as UPPs e não lutar contra elas, só para ganhar alguns votos nas eleições.Deixem de atuar exatamente como a grande imprensa, o PSDB e o DEM.

FrancoAtirador

.
.
BARRA PESADA NA BAIXADA FLUMINENSE: ARQUIVO DA DITADURA É QUEIMADO VIVO

Ex-agente do Centro de Informações do Exército (CIE) na Ditadura (1964-1985)

Coronel Paulo Malhães foi assassinado na própria casa em Nova Iguaçu.

Há cerca de um mês, o militar, torturador e assassino confesso,

havia informado à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro

vários nomes de outros igualmente bandidos que atuaram na Repressão.

O coronel Malhães também confessou ser o responsável pelo sumiço

do corpo de Rubens Paiva, jornalista assassinado no ano de 1971,

além de detalhar como funcionava a Casa da Morte de Petrópolis,

um centro clandestino utilizado pelos agentes torturadores sádicos.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_da_Morte)
(http://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%AAs_Etienne_Romeu)
(http://migre.me/iVK63)
.
.
25/04/2014 18:52:50 – Atualizada às 25/04/2014 19:16:44
O DIA

Presidente da Comissão diz que coronel passou nomes de envolvidos nos crimes

‘Os assassinos passaram horas na sua casa,
o que levanta a hipótese dele ter sido interrogado.
Estamos muito preocupados por conta dessas circunstâncias’,
disse Wadih Damous (http://migre.me/iVJEA)

Rio – Wadih Damous, presidente da Comissão Estadual da Verdade (CEV) do Rio, iria telefonar nesta sexta-feira para o coronel Paulo Malhães, a fim de marcar um encontro.

O objetivo, segundo ele, era pedir esclarecimentos sobre a Casa da Morte, prisão clandestina para presos políticos mantida em Petrópolis, nos anos 1970.

“Ele nos passou alguns nomes de envolvidos nos crimes, outros ele negou.
Estamos sistematizando essas informações”, declarou,
sem revelar mais detalhes sobre o que o coronel revelou em mais de vinte horas de depoimentos prestados.

Damous acredita na possibilidade do assassinato do coronel ter sido uma queima de arquivo.

“Ele era um dos mais importantes agentes da repressão.
Os assassinos passaram horas na sua casa, o que levanta a hipótese dele ter sido interrogado.
Estamos muito preocupados por conta dessas circunstâncias”.

Ainda de acordo com o presidente da CEV, os trabalhos posteriores das Comissões da Verdade pelo Brasil podem ser impactados por essa morte.

“Talvez a morte de Malhães tenha o objetivo de intimidar outros agentes que eventualmente queiram falar”, resumiu.

Coronel ficou refém por nove horas

O coronel foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira em sua casa, em um sítio do bairro Marapicu, no interior de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
De acordo com a Delegacia de Homicídios da região, três homens invadiram a residência de Malhães na tarde dessa quinta-feira.

Ele ficou em poder dos bandidos por nove horas.
As investigações apontam que o coronel foi abordado às 13h e ficou refém até as 22h.

Cristina Batista Malhães, viúva do coronel, também foi rendida e trancada em um quarto.
O caseiro também ficou trancado em outro cômodo.
A mulher e o caseiro do militar da reserva já prestaram depoimentos.

De acordo com a DH, a vítima não tinha marcas de tiros no corpo.
Segundo agentes que realizaram a perícia no local, Malhães morreu por asfixia.

Um rifle e uma garrucha antiga foram apreendidas pelos policiais e impressões digitais foram colhidas para análise.

Ex-preso político afirma que estão tentando calar futuros depoimentos

Para Ivan Seixas, ex-preso político e coordenador da Comissão da Verdade de São Paulo, houve queima de arquivo.

“É um aviso de que eles não estão quietos e não vão querer a verdade”, disse Seixas.
“Eles são o que sobrou do aparato de repressão, e estão tentando calar futuros depoimentos”, indicou.

Ele considera que Malhães era peça fundamental para esclarecer os destinos daqueles que desapareceram pelas mãos da ditadura militar.

“O que ele disse incomodou muita gente.
Foi um ato de terrorismo, de intimidação”, resumiu.

Cid Benjamin, ex-preso político e autor de “Gracias a la vida – Memórias de um militante”, o assassinato foi uma “queima de arquivo” e enfatizou que a democracia está ameaçada pelas “viúvas da ditadura”.

Ele disse ainda que nunca viu Malhães enquanto esteve preso, pois passava a maior parte do tempo com um capuz cobrindo o rosto.

“Lamento sua morte, pois ele estava falando.
Não tenho ressentimentos e seria melhor que ele estivesse vivo e eventualmente pagasse pelo que fez.
Era réu confesso”, disse Benjamin.

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, solicitou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nesta sexta-feira, que a Polícia Federal acompanhe as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o assassinato do ex-agente do Centro de Informações do Exército, Paulo Malhães, ocorrido nessa quinta-feira à noite na zona rural de Nova Iguaçu.

(http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-04-25/wadih-damous-acredita-que-morte-de-coronel-malhaes-foi-queima-de-arquivo.html)

Mais detalhes na Carta Maior:

Assassinato do coronel reformado Paulo Malhães,
30 dias após ter confessado que torturou, matou e ocultou cadáveres
na ditadura preocupa autoridades.

Por Najla Passos

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Crime-comum-queima-de-arquivo-acerto-de-contas-/4/30797)
.
.
Leia também:

Comissão da Verdade pede que PF acompanhe investigação da morte de Malhães

Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil
Edição: Carolina Pimentel

(http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-04/comissao-da-verdade-pede-que-pf-acompanhe-investigacao-da-morte-de-malhaes)
.
.

Emile Sandy

Bom era mesmo antigamente. Tinha queima de fogos todas as sextas e durante a semana era tiro para todos os lados, Antes de sair de casa eu espiava pela janela para ver se havia tiroteio. Saudades dos bons tempos. Agora só dá estes pulicias matando gente inocente. Tenho saudades do Caju!

Paulo Roberto

Melhor acabar com as UPPs então, já que o povo prefere os traficantes. Assim o Rio talvez realize seu destino de se tornar a capital mundial do tráfico, com seus morros controlados por exércitos de bandidos. Nenhuma empresa virá para cá, mas os bandidos empregarão a todos, com cargos variados na indústria do pó. O povo viverá feliz, sem mortes, numa paz absoluta.

Marcia Noemia

O cartaz diz “acabou a paz”. Antes havia paz? Ou seja, a polícia era boazinha e não matava; os traficantes idem e a milícia, nossa! era e ainda é tão boazinha… As favelas do Rio e da periferia eram verdadeiros Édens antes das UPPs. A me ver, população precisa politizar mais estes protestos, exigir do poder público mais participação e, este, precisa dar mais voz a população e não somente ficar com discursos que as UPPs são boas, blá, blá, blá… Se o poder público não democratiza a participação destes moradores, os cartazes e os discursos continuarão na superfície com frases e palavras de pouco efeito. E, população despolitizada, é tudo que o maior cartel de comunicação deste país quer, principalmente quando a vítima for empregado de programinhas da Globo, aí que a o cartel fatura.

Fernando

Não se faz Copa dando calote na dívida pública.

Urbano

O mais interessante é que a polícia não assassina nem mesmo bandido da elite, nem por engano ou outras coisas mais que ela costuma inventar, quando se trata do povo integrante dos quatro pês. E olhem que o que tem de bandido rico não é brincadeira…

mello

Há os que preferem os “pitbulls” no lugar das UPP”s….

Idelfonso Carneiro de Sousa

Enquanto o Estado não investir maciçamente em Saúde, Segurança Pública e principalmente em “Educação”, continuaremos no limbo….

Mineira

Faixa dessa senhora da foto:
“Não queremos uma polícia que mata”

Poderia ser assim também:
[Preferimos ser mortos pelos traficantes]

(Não resisti…)

    abolicionista

    O problema é a estupidez da lógica binária subjacente a sua argumentação. Lógica usada para justificar, de resto, todo o tipo de atrocidades. Lógica fascista, simples assim.

    Acharam ruim a bomba atômica? Preferiam o jugo do imperador Hirohito?

    É o preço da democracia, dizem os imbecis. Como se democracia fosse uma mercadoria…

Mineira

Quer dizer então que devemos acabar com as UPPs e deixar o pessoal da favela ser escravo de assassino traficante ad eternum? Tenha paciência. A política está muito longe da perfeição, mas sem ela é mil vezes pior. Viram o que aconteceu na Bahia com a greve da polícia? Quantas pessoas foram assassinadas por ladrões e traficantes?

O que precisa ser feito é a valorização da polícia. Treinar, pagar dignamente e dar material de trabalho. Tem bandido na polícia? TEM. Então que sejam punidos, expulso, sei lá. Tem que “civilizar” a polícia. Mas, quando estão frente à frente com traficantes assassinos tem que atirar mesmo, porque o bandido não tem dó de ninguém.

Estas pessoas que estão aí com a faixa não têm noção do que estão fazendo. E eles não representam todos, é uma minoria que devia se beneficiar de alguma forma do tráfico de drogas. É aquela história, quem tá acostumado a sofrer não sabe ligar com a felicidade.

angelo

Faz mais ‘guerra às drogas’. Governos brasileiros são maravilhosos: fazem exatamente o quê povo pede há 40 anos. Resultou em quê? Aumento de uso e abuso de drogas, gasto de grana, corrupção e, pra entornar caldo de vez (talvez não tenha mais jeito) povo ainda contratou milicianos. Vontade do povo feita: pediu/pede guerra e milícias.

Mas isso é papo de maconheiro, né verdade? Assim como comunismo…parece que agora até a NASA anda fumando maconha: declarou com atual organização social não vai dar, humanidade vai se extinguir.

Lukas

Pelo entendimento do PS de Viomundo, tanto os tucanos quanto os petistas pagam juros da dívida por querem, uma decisão pessoal para privilegiar os banqueiros.

O que aconteceria com a economia do país se, de uma hora para outra, decidisse-se dar uma cacetada na dívida pública, não pagar?

Quando o PT era oposição o discurso era exatamente este do PS de Viomundo. Chegando ao poder, viu que o buraco era mais embaixo.

Qualquer grupo ou partido que chegue ao poder (democraticamente, é claro) pagará os juros religiosamente, pois a alternativa é pior.

Este papo de colocar de um lado o dinheiro pago com o juros da dívida com o que é gasto com saúde, educação e segurança pública é muito bom para ser debatido na mesa do bar ou aqui na internet, onde as decisões ou opiniões não tem consequências sobre a vida de ninguém. Quando suas decisões pesam sobre a vida do país e de toda uma população, é melhor deixar o voluntarismo de lado, em cima da mesa do bar ou em posts no feice.

    leandro

    Concordo. E digo mais, aumentam a dívida todos os dias. Sempre de pires na mão.

    Fabricio Alves

    Penso igual.

    ZePovinho

    Uma decisão pessoal???Os tucanos tiveram a oportunidade de evitar o endividamento público;afinal a dídida pública do Brasil era de 60 bilhões de reais em 1993.Quando os tucanos saíram ela estava em quase 700 bilhões de reais,mesmo com a privataria que era para pagar a dívida.Esse foi o grande negócio que enriqueceu gente como André Lara Resende(PUC-Rio),o economista tungano que ganhou 500 milhões de reais com informação priviilegiada.Ou seja:endividar o Estado para enriquecer com juros sobre títulos da dídia pública garantidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal que obriga União,estado e municípios a pagarem eternamente juros de uma dívida que só aumenta.
    O que ocorreu também foi que os tunganos criaram o sistema tributário regressivo,onde os mais ricos pagam muito menos impostos do que os mais pobres.
    Sem o dinheiro da tributação das grandes fortunas o governo tem de pedir dinheiro emprestado no mercado(o que virou um grande negócio) para poder investir.
    Não dá para deixar de pagar os juros sem antes mudar esse sistema de tributação regressivo dos anos noventa,com a Lei de Responsabilidade Fiscal que transformou o Estado em vaca leiteira para empresários rentistas.
    Para fazer a reforma tributária dependemos do Congresso Nacional,mas a concentração de poder econômico gerada pelo sistema de tributação tungano tem poder para travar o processo.
    Muito pelo contrário,os petistas querem sim deixar de pagar juros da dívida pública(tanto que a dívida líquida do setor público caiu vertiginosamente).O problema é que o modo de financiamento do Estado foi tão comprometido pelos tunganos nos anos noventa que é quase impossível se financiar sem dinheiro privado,a menos que se tire mais tributos da elite pseudo-capitalista do Brasil.

    abolicionista

    Finalmente um argumento, hein Lukas? Viu como não dói argumentar?

    Acho que o governo sofreria sérias represálias se boicotasse o pagamento, e o governo petista não tem força nem coragem para tanto. Quando estava na oposição, o PT prometia muita coisa que não cumpriu. Contudo, o governo tucano fez ainda pior, levando a dívida a patamares extratosféricos, não é?

    Aliás, eu nem pediria tanto quanto você, acho que uma auditoria da dívida já bastaria para reduzi-la a menos da metade do montante atual. Pois algo que muita gente não sabe é que há muitas irregularidades no cálculo da dívida. Contudo, a máquina pública brasileira não tem esse grau de autonomia, ela permanecesse presa aos interesses do capital rentista.

    Como mudar isso, atualmente, é um dilema no mundo todo. Por isso os EUA, por exemplo, assisitiram aos protestos dos 99%.

Claudio-SJ

E pensar o quanto o Paulo Henrique Amorim se gabaaaaaaaaaaaaava das UPPs como se fosse a solução pra todos os problemas do mundo.

    simas

    Se vc quiser, arrumo um jeito de vc tentar passear em uma favela dominada… Mas, leva um pacote de fraldão. É rabo, cara. Se vc não mora no pedaço; se vc não for reconhecido… vai dançar, nas mãos do tráfico. Agora, se for uma favela onde impera a milícia… dá pra levar. Só q nessas áreas o morador tem de ficar calado, surdo e cegueta… Tbm tem de pagar uns dízimos, por lá; certo?…
    Vc sabia q o Bope invade uma comunidade e prende os traficantes e o pessoal da mineira. Dai a dois ou três dias, mtos estão soltos e voltam à ação. De forma q o grde problema para os moradores de uma comunidade onde não tem UPP, seria q o Bope permanecesse no local e não ir embora; pq logo em seguida as coisas voltam ao q eram…
    As UPP’s são, sim, uma lógica essencial. A presença policial inibe tanto o tráfico, escancarado; qto a ação das milícias, violentas. É mentira, essa história de q o PM é o q dizem, de mal. De um modo geral, é uma grde mentira. Ok?…
    A única verdade é q o Estado ainda não está presente, socialmente. Falta educação, saúde, água, luz e, às vezes, TV. O saneamento é uma grde pedida do povo, favelado; ‘tá?
    O resto é balela de gente contrariada em seus negócios, obscuros.
    Abraço, fraterno

Barbalho

Azenha, parece que o Estadão indicou que teve protestos contra a mídia nas manifestações de ontem. As pessoas estavam gritando palavras de ordem contra a Globo e contra a mídia de um modo geral. A ficha parece que está começando a cair. Imagino que as pessoas estão reconhecendo o papel da mídia como fomentadores dessa cultura de violência contra os mais pobres.

juarez campos

Parece que as famílias estão preferindo a companhia do tráfico. Com os traficantes ninguém manifestava, só morria e com a boca fechada.
Devemos estar alerta sobre o consumo e tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Parece que há uma campanha orquestrada contra a polícia.
Quando a polícia é morta, não há manifestação. Será qual a razão?

    renato

    Concordo!
    Não falam dos traficantes, nem dos usuários.
    Como se isto fosse o normal.
    Chorei, com a homenagem que a Casé fez ao DG.
    Mas em nenhum momento falo-se sobre o trafico de Drogas..
    e principalmente aos USUARIOS..

    abolicionista

    Esse pessoal só reclama, né, Juarez? A gente dá a mão e querem o braço? Poxa, o que tem demais tomar uns tirinhos de vez em quando? Afinal, os traficantes atiravam mais. O pessoal que tudo perfeito? E daí que de vez em quando sobra um tapa na cara do cidadão desavisado? O traficante também não dava tapa? E se o policial dá uma estupradinha? Pô, ninguém é de ferro. Na antiguidade, os cidadão de Creta também sacrificavam umas virgenzinhas ao Minotauro em nome do bem comum. A vida é dura, né? O pessoal não entende, quer tudo de mão beijada. E agora reclamam da especulação imobiliária? Pô, tão achando que propriedade tem função social? Ficaram loucos? Esse pessoal só sabe reclamar. Pô, não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. Só não vai jogar as cascas aqui na calçada da minha casa, né?

Lucas Morais

esse PS do Viomundo tira um pouco o foco da questão. Não dá para esperar o fim da dívida pública nacional para acabar com esta forma militarizada de repressão às populações pobres do Brasil!

    Fabricio Alves

    Dar calote na divida publica é suicidio economico.

Deixe seu comentário

Leia também