Jeferson Miola: Barroso confirma os fundamentos para afastar Gilmar

Tempo de leitura: 2 min

Barroso confirma fundamentos para impeachment do Gilmar

por Jeferson Miola

– “Vossa Excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de Direito, é Estado de Compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, disse Luis Roberto Barroso ao colega tucano Gilmar Mendes na sessão do STF de 26/10/2017.

– “Não transfira para mim esta parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”, respondeu Barroso ao tucano que usa a toga para proteger Aécio Neves, Michel Temer, Jacob Barata Filho, Eike Batista, Daniel Dantas, Demóstenes Torres, Roger Abdelmassih e muitos outros criminosos comuns ou de colarinho branco.

O embate entre os juízes do STF Luis Roberto Barroso e Gilmar Mendes é nova evidência da degradação irreversível da Suprema Corte do país.

Antes disso, em 11 de outubro passado, por ocasião do julgamento sobre medidas de restrição de liberdade impostas a parlamentares, ficou exposta a cisão profunda e o impasse irreparável no âmbito do Supremo.

O STF não é uma instituição única, mas sim um arquipélago formado por 11 ilhas de seres midiáticos, narcísicos, obsoletos e, em alguns casos, partidarizados.

Esta realidade sinaliza a necessidade duma Assembléia Constituinte que realize a reforma do judiciário para eliminar as justiças eleitoral e militar, a vitaliciedade dos mandatos de juízes, assim como para definir mecanismos democráticos de escolha de integrantes das cortes de justiça e critérios para a revogação de mandatos.

A escaramuça entre Barroso e Gilmar mostra, também, o labirinto em que se encontra o sistema jurídico-político brasileiro nestes tempos de golpe e de excepcionalidade do ordenamento jurídico-legal.

Os argumentos do juiz Barroso contra o colega Gilmar Mendes são sólidos, e encontram abrigo nos impedimentos previstos no artigo 95 da Constituição, no Código de Ética da Magistratura, na Lei Orgânica da Magistratura e no Código de Processo Civil.

As declarações de Barroso são comprometedoras não somente para o juiz tucano, mas principalmente para o próprio Supremo.

Elas chegam em péssimo momento para Gilmar. Nesta semana, descobriu-se que ele manteve 46 contatos telefônicos com o criminoso [e seu correligionário] Aécio Neves logo após o presidente do seu PSDB ser flagrado combinando propina com o empresário corruptor Joesley Batista.

O Senado tem a competência privativa para processar e julgar os membros do STF por crimes de responsabilidade, diz o artigo 52 da Constituição.

Gilmar coleciona uma montanha de motivos para sofrer o impeachment; vários pedidos dormitam nas gavetas do Senado, o mais recente deles formulado por notáveis juristas em junho passado.

Não haverá surpresa se o Senado não destituir Gilmar Mendes. Afinal, o que esperar de um Congresso que em 2016 perpetrou o golpe contra uma presidente inocente e que hoje protege criminosos notórios como Aécio, Temer, Padilha, Moreira Franco ..?

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Comentários

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Jardel

O João Plenário da Corte é uma vergonha nacional.
Um juiz que recebe telefonema do réu pedindo-lhe ajuda, ao que, se prontifica imediatamente.
Não há outro adjetivo para isso senão, vergonha.

carlos

Estou cansado de assistir nossa justiça mundana, analisando o direito, e julgando a nossa causa como se fosse perfeito, fazendo a constituição uma coisa insana,que eu estou prá descobrir do que é que eles são feitos.

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