Ion de Andrade alerta: Hecatombe irreversível no mercado de trabalho médico

Tempo de leitura: 4 min

Ion Temer

Acordo em Natal e menos médicos em UPAs assinalam irreversível virada no mercado de trabalho médico

por Ion de Andrade, especial para o Viomundo

Os últimos acontecimentos relativos ao mercado de trabalho médico, que detalharei, materializam o que já anunciávamos desde o ano passado: a queda da oferta de postos de trabalho, dos honorários e o novo fenômeno do desemprego médico.

No entanto, as minhas previsões foram em muito antecipadas, pois acreditava que essa hecatombe viria de forma progressiva, mas eis que assumem perfil explosivo.

Quero iniciar esse artigo lembrando a tantos quantos achem que os déficits públicos se devem à “gastança” dos governos Lula/Dilma que a crise atual é arrecadatória devido à queda internacional dos preços das commodities e à recessão vivida pelo Brasil e provocada pelo receituário neo-liberal.

Essa crise de arrecadação tornou o Estado brasileiro deficitário, necessitado, para manter a sua agenda (decorrente do cumprimento da Constituição de 88), de novas fontes de financiamento, como poderia ser tributar os super-ricos.

A título de exemplo, tais super-ricos foram onerados em cerca de 50 bilhões de reais por ocasião da recente repatriação de recursos da evasão fiscal, que representam apenas a (pequena) parte do sonegado que foi expatriada.

Esses recursos permitiram em dezembro último o pagamento de parte da folha salarial e de contratos em diversos estados e municípios, mostrando que taxar os super-ricos é viável e não os leva à falência.

O governo Temer não pretende sanear as contas públicas, mas assegurar situação boa e estável para quem está no topo da pirâmide social em nome de quem o poder político foi usurpado. Esse 1% mais rico detém 50% do PIB e paga (ou sonega) 6% de impostos. Como já disse, eles não são predominantemente médicos, são empresários e banqueiros.

Coerente com o arrocho, a decisão federal de reduzir pela metade o número de médicos das UPAs, além de desumana para pacientes e profissionais veio para ficar e não foi mudada após as notas públicas de repúdio dessa ou daquela associação. Essa redução marca o momento, agora irreversível, em que, como disse o ministro, “o Brasil tem que cair na real”.

O segundo sinal dos duros tempos que vêm é a mensagem contida no acordo firmado entre o município de Natal e uma das Cooperativas Médicas que lhe prestam serviços, a COOPMED. Esta última teve que aceitar para poder receber as parcelas vencidas do seu contrato com a SMS Natal, uma redução de 10% no valor dos honorários médicos e de um terço nos postos de trabalho.

Os valores pendentes serão pagos pelo município em dez parcelas sem juros. Os dois lados, cooperativa e município, pareceram compreender que não havia alternativas e como o que não tem remédio, remediado está, a crise foi superada rapidamente com um acordo de cavalheiros.

Isso ocorre quando as medidas draconianas de economia de recursos públicos previstas pelo governo através da PEC 55 para durar vinte anos, ainda nem sequer foram executadas, sendo o que vemos hoje o resultado ainda da queda da arrecadação nos estados, municípios e na União decorrentes da recessão atual. É a crise aguda, antes da doença crônica. Vamos “descobrindo” que a saúde pública, para prosperar, precisa de crescentes investimentos e que o que vem por aí, movido por essa restrição, é o desemprego maciço, já desde esse ano.

A crise em Natal é emblemática porque a um só tempo reduziu honorários, postos de trabalho e potencial de luta da categoria, exatamente como prevíamos.

Ela descortina, entretanto, um cenário de longo prazo no qual o número de médicos que chegarão ao mercado de trabalho será maior do que a capacidade desse mercado de absorvê-los, o que gerará desempregados e barateamento da mão de obra que é o que já vemos hoje e previmos em outubro passado por ocasião da votação da PEC 55. Obviedades obscurecidas por uma adesão ideológica a um governo que, no entanto, reconheçamos com a PEC anunciou e claramente que reduziria os investimentos na saúde.

Dilma e Lula tem culpa do que está em andamento? Poderíamos dizer que sim apenas se isto significar que não propuseram uma Reforma Fiscal que tributasse os super-ricos para financiar as políticas sociais, como já acontece na Europa. Mas convenhamos, uma reforma com esse teor teria chance zero de ser aprovada no nosso glorioso e honrado Congresso Nacional. Então, se responsabilidade há ela está muito atenuada dada a inviabilidade a priori da aprovação de uma tão esdrúxula Reforma Fiscal contra os ricos no Brasil…

Acreditamos que o Estado mínimo era lambada apenas nas costas dos pobres e miseráveis e não enxergamos que o nosso destino profissional está atado ao destino assistencial deles. Prosperamos, apenas, na exata medida em que os servimos.

Ao mesmo tempo, após nove meses de arrocho do governo Temer fechamos 2016 com um déficit record de 150 bilhões de reais, o que endividará mais o Estado brasileiro, tornando-o ainda mais incapaz de investir na saúde e nas áreas sociais, “obrigando-o” a pagar ainda mais juros e serviços aos rentistas: o 1%.

Não é preciso ser engenheiro para saber que a casa está vindo abaixo e ela está.

O que o governo nos prepara é um Estado falido, uma sociedade desassistida e milhares de profissionais de saúde desempregados.

Ion de Andrade é médico epidemiologista e doutor em Ciências da Saúde pela UFRN

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Comentários

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Esquerda

Impressionante como esquerdista só pensa em estado gigante, imposto, etc. chega a ser uma doença o texto permeado de desculpas sobre os governos Dilma/lula

Vanda

Para quem vem de uma família com tantos médicos e demonstra tantas possibilidades no diagnóstico médico através de métodos que no Brasil não se disponibiliza para os pacientes do SUS,entendo que um atendimento básico em saúde pública já é suficiente.Viajar a outris países para descobrir meios de diagnóstico que com certeza jamais um ser proletariado vai ousar pensar que estará um dia a seu dispor, fica um discurso da elite tripudiando em cima de um país onde os dominados sempre serão os que virão a sofrer diante desse pensamento egocêntrico. Tu escreve,enquanto alguns estão desempregados outros os ajudam.E o pobre que se exploda. Espero que em minha humilde opinião eu possa ter sido compreendida.

Fauzi Achoa

Excelente artigo.Minha total solidariedade à população desassistida e aos médicos do SUS. Quero lembrar que os batedores de panela não eram os do SUS.

Rogério Bezerra

O ódio vence! E eu faço agora a minha parte nisso, agora.
Quero mais que ús dotô, em sua maioria formadú 0800 em públicas universidades, SE FERREM, e logo!
Eu não vou a mérdico nacional e minha mulher sabe disso. QSF TODOS ELES!!!!!
Vão prá maiâme FDP!!!!!

Edu Costa

Ion. Não acredito que aumentar impostos resolva. O Brasil tem deficência na cadeia produtiva. A França, por exemplo, fabrica aviões (a maior fábrica do mundo fica em Toulouse), carros, desenvolve tecnologia e envia para os chineses fabricarem, etc. A China é responsável por 2/3 da produção industrial do mundo. Os americanos desenvolvem grande parte dos sistemas de alta tecnologia. A Rússia tem uma tecnologia aeroespacial avançada. Os governos do PT e do PMDB não montaram um complexo tecnológico e industrial, para que o Brasil competisse com a China, a Coreia, o Japão e a Alemanha. Não precisamos taxar os ricos. Precisamos exportar aviões, lançar satélites de telecomunicações, salas limpas para VLSI e nanotecnologia, construir e exportar robots cirurgiões, navios, inteligência artificial, aparelhos óticos, carros, submarinos, celulares, etc. Fármacos, equipamentos médicos de Point of Care Testing automáticos, etc.

Mas agora o problema do desemprego entre médicos. De fato, a dificuldade de encontrar emprego causa um incômodo temporário. Mas vou insistir, é temporário. Acompanhe comigo. Um médico precisa de ajuda de especialista ao redor do mundo. Para resumir, se esse médico puder conversar com um colega na Johns Hopkins, isso vai ajudar muito no êxito de um diagnóstico. Então, suponhamos que o médico pegue um Point of Care Testing device e faça um exame. Por exemplo, uma biópsia usando um Tomographic Microscope Nanolive com digital staining. A ideia é enviar para a Johns Hopkins e pedir ajuda para fazer o diagnóstico. Se esse médico não falar inglês próximo de um nativo, você acha que vão perder tempo com ele? Sei que é triste, mas temo que médicos estrangeiros não ajudam colegas que desconheçam sua língua.

Então, estamos de acordo que um médico deve saber inglês bem. Mas acho que também deve saber Francês, Alemão e Chinês. Na minha família tenho vários médicos jovens (filhos, noras, sobrinhos) e desempregados. Esses jovens terminam a residência em Clínica Médica ou Cirurgia Geral e estão prontos para começar residência em oncologia ou urologia ou ortopedia. E não têm emprego. Exatamente como você disse. Mas você concorda que, por questão de ética, o jovem médico deve passar no USMLE, até para ter acesso a novas tecnologias. Uma vez que o médico passou no USMLE, ele vai ficar, digamos, quatro ou cinco anos nos Estados Unidos fazendo Internal Medicine e Residência. Você concorda que, se o médico realmente quer ajudar seus pacientes com o estado da arte, esse é o caminho, não é mesmo.

Na minha família há vários médicos. Pois bem, nesses últimos anos, vários desses médicos da ninhada, ao voltar dos Estados Unidos ou da China ou da França, simplesmente não encontraram emprego. Sabe o que fazem nesses casos? Ficam em casa estudando mais, para passar em um exame de board americano em um estado onde a tecnologia médica é mais avançada. Os que têm emprego ajudam os que não tem, para que eles possam estudar. Uma vez que o médico começa a trabalhar nos Estados Unidos, ele pode fazer um acordo de modo que passe 9 meses nos Estados Unidos e 3 meses no Brasil. Um médico recém formado, nos Estados Unidos, por exemplo, em oncologia, ganha aproximadamente 120 mil dólares por ano, trabalhando de 8 a 9 meses. Esse médico pode ficar no Brasil 3 meses, para visitar o papai e a mamãe. Aproveita e faz plantões no hospital do câncer local. Claro que vão pagar miséria e, muitas vezes, a prefeitura nem vai pagar. Mas o que tem isso? Da mesma forma que o engenheiro aeronáutico russo exporta aviões e ganha dinheiro, o médico brasileiro pode exportar conhecimento médico, ou seja, pode trabalhar nos Estados Unidos ou na Europa para compensar o dinheiro que não recebe no Brasil.

Você vai perguntar: Mas e os médicos que não conseguem passar no USMLE e no exame do board americano? O que faremos com o médico que não consegue ser escolhido no match day, na terceira sexta feira de março (estamos chegando na data fatal) e fazer uma boa residência em um grande hospital americano, italiano ou chinês? Minha pergunta é: Você teria coragem de fazer tratamento com um médico desses? Você vai concordar comigo que um médico que se mostrou capaz de competir nos grandes sistemas de saúde é melhor do que um que foi reprovado no USMLE, ou que só conseguiu match em um hospital do interior de North Caroline.

Mas é isso, Ion, acho que para o profissional competente, não deve faltar emprego. As provas de residência no Brasil são muito fáceis, muito mais fáceis do que as observationship americanas e, no caso de desemprego, o médico sempre pode ir temporariamente para os Estados Unidos, França ou até para o Chile. De fato, o Eunacom é muito mais fácil do que o USMLE.

    Ion de Andrade

    olá Edu, obrigado por seu comentário. A necessidade de mais impostos não é teórica, é real para fazer frente as despesas necessárias para não cairmos definitivamente na barbárie. O Espírito Santo ilustra essa necessidade real. Não se trata de assegurar emprego para quem supostamente tem competência, se trata de assegurar volume assistencial suficiente para a nossa população, nao pode ser uma lógica centrada no profissional, mas no trabalho, pelo qual a necessidade assistencial é que legitima o médico. Você vai ver que o desemprego vai se abater na média e alta complexidade obrigando os mais formados a irem trabalhar nas portas de urgência, quando existir vagas. Sobre tributação não esqueca que 50% dos impostos no Brasil vão para pagar juros, então a nossa carga tributária efetiva é metade do que dizem as estatisticas.

Edu Costa

Maurício. Conheço bem a medicina de Cuba. A medicina moderna, Maurício, começa por um diagnóstico feito com base em exames chamados Point of Care Testing. Quando você vai a um cardiologista, por exemplo, ele pega um equipamento como o cobas h 232 PoC, que permite fazer vários exames do tipo: Troponin T, NT-proBNP, D-dimer, CK-MB, Myoglobin. Os exames é feito no consultório, pelo próprio médico e dispensa um demorado e extenuante envio ao um laboratório de análises clínicas. Acredite, Cuba não tem essa tecnologia. Vou concordar com você em que 90% dos médicos brasileiros também não têm. Mas vários trabalham com Point of Care Testing. Resumindo, chamar os cubanos não resolve. Eu dei um exemplo de síndrome coronária aguda. Mas há outros exemplos. Por exemplo, um médico competente pode usar tais equipamentos. Se você falar em chamar médicos franceses ou italianos, vou concordar com você. Mas cubanos não resolvem o problema.

Alguns membros de minha família trabalhavam no norte da Bahia e no interior de Pernambuco. A região tem vários cubanos. Pois bem, meus familiares tinham que levar todo o equipamento para exames de laboratório particulares deles, refils, pilhas, e tudo mais. Por exemplo, para fazer uma biópsio de câncer, precisamos de um tomographic microscope nanolive, para fazer exames de Papanicolaou e prevenir câncer em mulheres. Até para uma simples gripe, precisamos de um Cobas Liat PCR portátil. O governo não fornece nada. O médico tem de comprar tudo. Além disso, se você está em uma vila indígena, acha que existe laboratório de análises clínicas? Só existem aqueles equipamentos que você carrega no porta malas do carro. Terminado o diagnóstico, temos os procedimentos. Novamente, o médico brasileiro precisa de fornecer tudo, do bolso dele.

Um de meus familiares, trabalhando em uma cidadezinha pequena, gastava quase o dobro do que ganhava comprando refils para os equipamentos de Point of Care Testings, anestésicos, contrastes, etc. Em uma fila de UPA ou USF, 90% dos pacientes não têm nada. Mas alguns estão no limite de sofrer um infarto, ou estão infectados por Zika, ou é uma pessoa idosa com gripe, etc. Os cubanos não conseguiam fazer o diagnóstico nem os procedimentos necessários. De fato, até um parto difícil é encaminhado ao médico brasileiro. Muitas vezes o cubano vai ver o Tomographic Microscope Nanolive fazendo uma biópsia, ou o cobas PCR. Parecem que nunca viram isso na vida. E dizem que nunca viram.

Um simples parto que exige cesariana, o médico cubano manda para o brasileiro. As escolas de Cuba são ruins. Sabemos, pelos resultados do CREMESP, que as escolas brasileiras são ruins também. Mas pelo menos há algumas escolas brasileiras que formam bons médicos. A própria prova do CREMESP mostra que 40% dos médicos brasileiros são bons. Não acredito que Cuba atinja essa porcentagem. Talvez, em Cuba, 10% dos médicos sejam realmente bons. Mesmo estes, devido ao bloqueio americano, não têm acesso a novas tecnologias.

Note o seguinte, a Presidente Dilma e o Presidente Lula não procuraram um médico cubano para tratar do câncer. Foram ao Sírio Libanês e ao A. C. Camargo. Uma parente minha, que trabalha no A. C. Camargo, teve a surpresa de encontrar Dilma no elevador.

Mas é isso.

    Mauricio

    Você fez um bom argumento, ao contrário da figura que identifica-se como “médico” abaixo (provavelmente um paneleiro) golpista). Qual a posição do CFM e dos CRMs sobre o golpe, sobre a perda de verba para a educação, sobre a falta de médicos nos rincões do Brasil? Até agora só vi, com as devidas exceções, manifestações corporativas e de ódio contra a perda de reserva de mercado, contra o ‘lulopetismo” e a favor do golpe. Se os médicos passarem a condenar o golpe, as perdas de direitos e verbas para as áreas de saúde, educação, etc, aí terão meu apoio.

    Sidnei Santos

    Que foco no artigo, hein? Um médico tratando de aspectos de ciência com tal grau de empirismo, “achando” ou “opinando” sem relação com o texto e ainda desmerecendo exatamente os governos que promoveram mais oportunidades aos profissionais da área.
    Se o comentário se ativesse às questões apontadas no texto, talvez pudesse até fazer alguma contribuição para um debate isento de ideologias, ademais da falta de substância cognitiva sobre o assunto.

    Edu Costa

    Maurício. Vejo que você é uma pessoa bem razoável e que está preocupado com o golpe que Temer teria dado em Dilma. Minha preocupação é outra. Talvez, por isso, tivemos um pouco de dificuldades em nos entender. Minha preocupação é o desemprego entre os médicos. Claro que, em uma família de médicos, a metade desempregados, a outra metade tendo de sustentar os desempregados, as pessoas esquecem-se de outros aspectos da vida social e política. Nem vou fazer comentários sobre os atrasos de pagamento. Na minha região, as prefeituras não pagam desde novembro.

    Vou contar-lhe a situação das pessoas que me cercam. Todos fizeram uma escola de medicina federal. Depois, para aprefeiçoar-se e fazer residência, entraram em escolas chinesas (sempre fiz questão que filhos e sobrinhos aprendessem chinês e francês, além do inglês) ou americanas. Todos fizeram o exame USMLE para ter permissão de exercer a medicina nos Estados Unidos. Alguns fizeram o Eunacom, que permite exercer a medicina no Chile. Voltam para o Brasil. Simplesmente não há emprego. O médico fica com o celular, em um grupo de discussão; de vez em quando, alguém liga dizendo que há um plantão de 12 horas na cidade tal. Você vai perguntar: “Por que não montam clínica particular?” Vamos encarar os fatos. Para montar uma clínica particular, o médico tem de ser empreendedor. Minha família é péssima em negócios. Além do mais, quem tem câncer procura um hospital, não vai a um oncologista particular.

    Já que uma das pessoas que postaram comentários aqui admira a medicina cubana, vou falar um poucos sobre os médicos cubanos. Não tenho nada contra médicos cubanos, bolivianos, paraguaios ou indianos. Meus familiares e amigos visitam Cuba de vez em quando, assim como visitam o Chile, a Colômbia, a China e a Argentina. Mas gostaria de sugerir a vocês que, quando visitarem Cuba, não fiquem no hotel comendo frutos do mar e ropa vieja. Nem visite apenas aquele hospital do filme Sicko de Michael Moore. Saia do hotel, converse com as pessoas e peçam paca comer junto da a família (pagando pelo privilégio, é claro). Vai descobrir que em Cuba, apesar de ser uma ilha, não se come frutos do mar. Nem ropa vieja ou arroz imperial. Qualquer médico vai dizer-lhe que restrições a carne, existente em Cuba, é ótimo para a saúde e talvez explique porque os cubanos têm uma espectativa de vida relativamente longa.

    Ao misturar-se com os cubanos, você não apenas saboreia a excelente comida com restrição de carne que o regime cubano impôs à população. Não sei as razões do governo da ilha, mas acho que comer carne é péssimo para a saúde e o povo cubano só tem a ganhar em consumir pouca carne (mas acho que poderiam melhorar o gosto da proteína de soja; na China, a proteína de soja é muito mais gostosa :-). Mas você vai ver a penúria dos hospitais e a falta de equipamento dos médicos cubanos. Eu diria que, por falta de equipamento, livros modernos e Internet, os médicos cubanos são mal formados. Como você sabe, no Eunacom do ano passado, apenas 23.5% dos cubanos foram aprovados. Se quiser, posso verificar a fonte.

Mauricio

Bravo! Mas quero mais que a maioria dos médicos, especialmente os batedores de panelas e racistas, fiquem sem emprego mesmo. Chamem os médicos cubanos!

    Médico

    Psicopata!

    edu costa

    Mauricio, gosto muito do artigo desse artigo de Ion de Andrade, pois ele chama a atenção para um problema que muitos médicos não querem ver: desemprego e falta de pagamento. Você escreveu: “Bravo! Mas quero mais que a maioria dos médicos fiquem sem emprego mesmo.” Por incrível que pareça, concordo com você. Desemprego é ótimo para eliminar médicos ruins, gente que não conhece tecnologias médicas modernas, que não passou nos exames de países de medicina avançada, gente que nem fez residência. Um médico realmente competente pode trabalhar parte do tempo em um país rico e, depois, atender os brasileiros como voluntário. O salário de um ortopedista ou cardiologista americano chega perto de meio milhão de dólares por ano. Quem ganha isso, pode reservar parte do tempo para atender comunidades carentes no Brasil. Além do mais, quem termina residência e fellowship nos Estados Unidos precisa de passar dois anos no Brasil por lei americana. Sugiro que os muitos brasileiros que fizeram residência nos Estados Unidos doem esses dois anos para as comunidades pobres, índios e outras populações desassistidas. Aliás, estou fazendo um movimento para isso.

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