Vivaldo Barbosa: TSE transpõe os limites, isso é muito estranho e muito perigoso

Tempo de leitura: 2 min
Nelson Jr./SCO/STF

TSE TRANSPÕE OS LIMITES

Por Vivaldo Barbosa*

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) transpõe todos os limites resguardados às atividades judiciais ao abrir inquérito contra quem critica a falta de impressão do voto agregada às urnas eletrônicas e ao entrar em polêmicas sobre o sistema político e eleitoral.

Qualquer servidor público ou instituição pública que procura incriminar os críticos de qualquer posição ou postura assumida age por autoritarismo.

Ninguém é incriticável na República, na democracia. Quem assim se julga o faz por inspiração autoritária e por possuir projeto político próprio.

Bem sabemos que Bolsonaro tudo deturpa e até avacalha alguma ideia razoável que possa defender.

Ao que parece, essa decisão do TSE não se dirige apenas contra Bolsonaro, mas contra todos que venham criticar a atuação do Judiciário.

Decisões do Judiciário são criticáveis, dever ser cumpridas, mas podem ser criticadas. Aliás, mais que criticáveis, podem ser derrubadas por recurso. Como é possível existir sistemas de recursos se não admitem críticas?

Estranho, muito estranho, ministros do TSE e outros do STF entrarem no debate político sobre sistemas eleitorais e políticos adotados no país. Juiz é para julgar, tomar decisões jurídicas e não emitir opiniões sobre eleições.

Coisa ainda mais estranha: o TSE entrou em polêmica sobre processo político e eleitoral com o presidente da República.

Com esta polêmica, como poderá tomar decisões judiciais que venham a envolver o presidente?

Outro dia o STF entrou em redes sociais para polemizar com o presidente.

Se o STF entra em polêmicas em redes sociais, quem irá decidir as questões judiciais?

Muitos afirmam com razão que Bolsonaro procura pretextos.

Por que dar pretextos para ele?

Por que não resolver a questão e agregar a impressão do voto à urna eletrônica e deixar o caminho livre de perturbações nas eleições do ano que vem?

Como em política nada é inocente, temos razões para nos preocupar.

Isto tudo é perigoso para o futuro do Brasil, pois, amanhã, certamente vão querer se insurgir contra um presidente eleito e que carregue projetos transformadores para a vida econômica e social dos brasileiros ou para transformar instituições no caminho de aprofundamento da democracia.

Parece que TSE e alguns do STF querem assumir poder no vazio que se abriu no Brasil e procurar limitar o alcance popular da investidura de um novo presidente. Muito perigoso.

Esperamos que o TSE não avance nesta fúria e venha abrir inquéritos post mortem contra Leonel Brizola, que muito lutou pela impressão do voto agregada à urna eletrônica e criticou duramente as recusas do TSE em não aceitar implementar tal sistema.

Foi estarrecedor ouvir o mnistro Barroso dizer que não poderíamos transportar urnas com votos país afora porque temos grupos de PCC e outros por aí.

Nunca ninguém propôs transportar urnas, nem a PEC em discussão no Congresso propõe tal coisa.

As urnas ficam nos locais com as maquininhas e se algum juiz receber informações de alguma suspeita razoável, manda abrir a urna e manda recontar os votos. Somente o juiz fará isto. Mentira da braba. Fake news pura.

Uma mentira o Bolsonaro está espalhando: Barroso libertou Lula.

Ao contrário, Barroso votou contra a libertação do Lula e mais tarde contra a anulação dos processos contra ele.

Uma pergunta que não quer se calar: por que os meios de comunicação e alguns na área política não revelam que apenas o Brasil, Bangladesh e Uganda adotam o sistema que o Brasil adota? Nenhum outro país.

*Vivaldo Barbosa foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.


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Comentários

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Julio Cesar Silva

Postei 2 comentários neste artigo. Nenhum publicado. Simplesmente sumiram. Assim como meu apoio ao Viomundo vai desaparecer.

Valdeci Elias

Bolsonaro está fazendo tudo pra se tornar inelegível. Está fazendo campanha eleitoral antes da hora. Ataca as instituições e agora fala em golpe. Percebeu que vai ser humilhado na eleição, e está provocando a justiça, pra ter a desculpa que não foi eleito porque não deixaram. Nem partido político ele conseguiu criar. Provavelmente vai tentar se passar ,por perseguido político ,pra pedir asilo em outro país.

Miguel Silva

O TSE não está abrindo inquérito contra Bolsonaro por críticas dele contra a corte. Está abrindo porque Bolsonaro atenta contra o sistema eleitoral, antecipa campanha política e espalha mentiras contra o tribunal. Isso é bem diferente de ministro ou colegiado serem contra críticas por suas atuações. Implantar a impressão de votos para satisfazer Bolsonaro não vai impedi-lo de continuar em sua saga de tumultuar o ambiente das próximas eleições. Ele age dessa forma porque suspeita que sua reeleição torna-se cada vez mais uma miragem.

Pedro Wilson Rodrigues de Souza

Onde foi que o articulista viu que o TSE abriu processos por ser criticado? Foi num grupo de whatsapp de bolsominions? Só pode.
O(s) processo(s) estão sendo abertos (e muito tardiamente, diga-se de passagem) porque um candidato a Ditador está atentando contra o regime democrático e tentando angariar o apoio que não tem ainda para fechar o STF e o Congresso Nacional, ou o articulista acredita que as ameaças do Genocida ainda não se efetivaram porque ele fala em metáforas e jamais tentaria o Golpe contra a democracia de verdade?
Ainda não estamos num regime ditatorial simplesmente porque o candidato a Ditador não angariou o apoio necessário às suas pretensões autoritárias, mas a depender do pensamento de alguns progressistas, cabe a nós ficarmos assistindo ele continuar minando a democracia e torcendo que isso não ocorra por um milagre, sem ação alguma para contê-lo para não parecer que estamos “ultrapassando limites”.
Que limites, cara pálida? Os limites já foram ultrapassados a muito tempo enquanto a gente assistia pacificamente a destruição da nossa soberania, dos empregos, da renda e agora, se não agirmos de verdade da nossa liberdade (literalmente, pois o cárcere e a tortura nos espera se ele conseguir seu intento.
Tenha paciência!

Zé Maria

Essa Esculhambação Institucional está ocorrendo porque a Cúpula do Ministério Público Federal (MPF), isto é, o Procurador-Geral da República (PGR) é inoperante, prevarica quando deveria atuar.

    Zé Maria

    O Brasil chegou no Ponto de “Ruptura Institucional”.
    Bolsonaro “esticou a corda” “no limite da (ir)responsabilidade”.
    Um “Risco Calculado” pelos Oficiais Militares que amparam
    Jair Bolsonaro no (des)Governo.
    Da mesma forma, o Poder Judiciário (TSE/STF) respondeu
    com Atos Processuais que “beiram o Arbítrio”.
    Quem terá Mais Poder, quando a corda arrebentar? Não importa.
    Qualquer Resposta não será do interesse do Estado de Direito.
    Estamos no início de um Impasse Político que será Irreversível,
    se o Procurador-Geral da República não exercer suas Prerrogativas,
    e se o Poder Legislativo Federal não assumir suas Funções, porque
    – o Centrão que não se engane – muito cedo a Mamata vai acabar.
    A Instabilidade só interessa ao Bolsonaro e ao Mercado Financeiro.

Euclides Lopes

Parabéns a todos os envolvidos nesse pacto pró democracia socialista pois a falsa democracia neoliberal já se desmilinguiu faz tempo!

wagner

Pelo que sei, o processo não é contra crítica. Tudo pode e deve ser criticado, o colunista tem toda a razão. Mas o que Bolsonaro está fazendo não é crítica. Ele está acusando, sem provas, as eleições de serem fraudadas, acusando e insultando os ministros, especialmente o Barroso, dizendo que ele, Barroso, defende um método sujo e antidemocrático, divulgando mentiras, etc.
Esse psicopata precisa ser contido, e mesmo quem defende o voto impresso deveria se preocupar com isso.

    Roberto Mauro Freire Greve

    Concordo contigo, plenamente. Se o voto impresso for aprovado, o Bolsonaro, ou qualquer um, poderá entrar com infinitos recursos de recontagem, Brasil afora, com o apoio de milicianos e diversas organizações criminosas, sequestrando urnas e ameaçando os escrutinadores.
    Brizola foi vítima de uma tentativa, abortada de fraude eleitoral, em 1982, com a Proconsult, e outra bem sucedida, na qual o tiraram do 2o turno, contra Collor, e colocaram o fraco Lula, em seu lugar, para ser derrotado.
    Nessa época, a apuração era manual e o voto de papel, transcrito para os “mapas de apuração”, já fraudados, e colocados num computador, programado para a fraude.
    Isto deixou Brizola, e os trabalhistas, traumatizado. Porém, com o advento da urna eletrônica, tal qual funciona hoje, NUNCA MAIS HOUVE NENHUMA DENÚNCIA COMPROVADA. APENAS HILAÇÕES, VERBORRAGIAS E OFENSAS À DEMOCRACIA, PELO GENOCIDA E SUA CACLE DE MILICIANOS E CORRUPTOS.

marcio gaúcho

São os pesos e contrapesos para manter a Constituição Brasileira válida. Para tampar a boca de esgoto do Bolsonaro, somente com ameaças reais dos outros poderes da república. Sem essas manifestações oficiais, dificilmente teremos eleições tranquilas no próximo ano de 2022.

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