Ubiratan Santos: São Paulo torra dinheiro repaginando Anhangabaú enquanto serviços de saúde estão ao deus dará

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Luiz Guadanoli/Secom Prefeitura SP, reprodução de vídeo e Sindsep

São Paulo – uma cidade desgovernada

por Ubiratan Paula Santos*, especial para o Viomundo

Em plena pandemia da COVID-19, uma tragédia marca a principal cidade do País – a ausência de governo.

O executivo municipal se mostra incapaz de formular, coordenar e executar ações necessárias para o controle da transmissão do vírus – orientar a população, exercer o papel de solidariedade organizada e universal aos seus habitantes e atender os doentes na sua extensa rede de saúde.

Uma tragédia, infelizmente. O prefeito, moço educado, bem falante, na direção geral correta sobre o combate ao vírus, seu secretário de saúde idem.

Mas, assim como o conjunto do seu governo, não age.

Amarrados pela burocracia, pelo centralismo fiscal do associado do Posto Ipiranga, responsável por administrar as finanças municipais, não conseguem se mover.

O assunto é tratado, na prática, como coisa da saúde, com uma secretaria esvaziada e com reduzida capacidade de operação, e não como de responsabilidade do conjunto do governo e com a urgência demandada.

Numa demonstração de um padrão de miopia política, o que aparece do governo municipal são, em plena crise, calçadas em locais de grandes visibilidades sendo refeitas, bem como a repaginação do Vale do Anhangabaú, ambas as atividades não essenciais, cujos trabalhadores nelas envolvidos deveriam ser deslocados para ajudar o combate à pandemia.

Por exemplo, reformando áreas de hospitais públicos precárias, adaptando escolas, melhorando estruturas das Unidades de Saúde para dar melhores condições aos trabalhadores da saúde e melhor atender pacientes.

Na batalha para superarmos a situação atual e futura no campo da saúde, o esforço para leitos de UTI vem sendo realizados, ainda que possa ser complementado pela integração dos leitos dos hospitais privados, em caso de necessidade.

Mas a atenção primária realizada pelo PSF, pelas UBS, o atendimento de urgências pelas UPA e PS têm papel decisivo, não apenas para o diagnóstico precoce para encaminhar aos níveis de tratamento adequados, como para orientar isolamentos e quarentenas.

Bem como para o monitoramento da população após o termino das medidas de distanciamento social. Novas restrições podem ser necessárias e precocemente identificadas, menos danos a pessoas e à sociedade.

O QUE FAZER? AJUDAR O POVO DA CIDADE

1. Convocar cada subprefeito; responsáveis locais das subprefeituras das áreas da educação, assistência social, do esporte, da cultura; representantes dos partidos; representantes de movimentos de saúde, de moradia; de sindicatos de trabalhadores; de igrejas; das diversas atividades empresariais, para instituir em cada uma das 32 subprefeituras comitês de ação contra a crise do provocada pelo SARS-CoV-2, com a formação de subcomitês em cada um dos 96 distritos da cidade.

2. Comitês formados pelos querem lutar contra a expansão da doença, salvar vidas e ajudar o povo a viver com abrigo, comida e mínimo conforto físico e mental para superar o duro período.

Pessoas e entidades que se aliem às políticas recomendadas de restrições à circulação na rua e ao trabalho, que devem ser restritas às atividades essenciais (saúde, locomoção, alimentos, energia, limpeza pública, comunicações. Segurança, bombeiros, indústrias de insumos para a saúde e a vida).

3. Organizar a integração das áreas de educação, assistência social, habitação, cultura e esporte junto à saúde, cada um no seu papel, mas todos formando um batalhão que atende, conversa, que ouça os reclamos e necessidades da população e os transmite para os Comitês formados no espaço das subprefeituras irem em busca de rápidas soluções.

4. Comitês que confiram se os desempregados e os que precisam estão recebendo repasses prometidos pelo Governo Federal e, se necessário, pressionar os governos do Estado e da cidade para complementá-los.

5. Comitês que transformem os CEUS e outras unidades físicas do poder público ou buscadas entre as de privados, em áreas para isolamento ou quarentena para pessoas cujas casas não têm condições adequadas.

6. Comitês que se virem nos trinta para organizar a produção na região de insumos para a saúde, como máscaras, aventais, sapatos; que busque fora o que não têm no local; que olhe para o suprimento de alimentos, para garantir que não falte água, gás e energia elétrica exercendo marcação cerrada nas prestadoras desses serviços.

7. Comitês que organizem as informações centralizadas da região e as transmitam à população diariamente, pelas rádios comunitárias e as mais diversas mídias.

8. Comitês que exijam os dados, de suas áreas de abrangência, do programa TELE-SUS que o Ministério da Saúde informa coletar da população em todo país. Essas informações poderão ajudá-los na ação de tratamento e prevenção.

Um movimento São Paulo tem jeito – recuperar a ação pública em época de crise

*Ubiratan de Paula Santos é médico pneumologista no InCor-SP e membro do Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia. As opiniões expressas são de exclusiva responsabilidade do autor.


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Comentários

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abelardo

Tomou, Prefeito, tomou?
Agora aprenda a lição ensinada e mãos a obra.

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