O Brasil precisa escolher, a liderança ambiental ou em agrotóxicos, diz organização Terra de Direitos
Tempo de leitura: 4 minO Brasil precisa escolher: liderança ambiental ou em agrotóxicos
Por Terra de Direitos*, em Brasil de Fato
O presidente Lula tem até 27 de dezembro para sancionar o Projeto de Lei 1.459/2022, conhecido como “Pacote do Veneno”.
No ato a presidência pode escolher sancionar ou vetar parcial ou integralmente a proposta legislativa aprovada pelo Senado no último dia 28 de novembro. A escolha assumida pela presidência pode apontar uma nova contradição entre suas aspirações como liderança para pauta do clima e os direcionamentos de suas políticas.
Isso porque a sanção à proposta legislativa de autoria do hoje senador Blairo Maggi (PP-MT), conhecido como “rei da soja”, resultará em fortes impactos ambientais e à saúde humana.
E os atores públicos – Legislativo e Executivo Federal – não podem alegar desconhecerem os diversos avisos de alerta sobre os impactos deste novo marco legal para os agrotóxicos.
Diversas manifestações por organizações, pesquisadores, organismos internacionais e mesmo órgãos públicos denunciam a gravidade da medida desde o início da sua tramitação, há mais de dez anos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em nota emitida no início do mês, destacou que a medida, caso implementada, “põe vidas brasileiras em risco”.
Não apenas o órgão responsável pela avaliação dos riscos à saúde é contrário ao PL do veneno.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), setor responsável pela análise de impacto ambiental, classificou a medida como um “flagrante retrocesso socioambiental”.
Apoie o jornalismo independente
A manifestação destes dois órgãos é emblemática diante do problema – já que são os principais órgãos capazes de avaliar o risco do uso dessas substâncias no Brasil.
Pela legislação ainda vigente, a Lei 7.802/1989, são a Avisa e o Ibama, juntamente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que possuem a atribuição conjunta de avaliação, a partir de critérios técnicos e científicos, para a liberação ou veto de registros e fiscalização dos agrotóxicos.
Pela nova lei, esta atribuição é tarefa exclusiva do Mapa. Aos demais órgãos cabem apenas a revisão complementar à análise do Ministério.
Ou seja, a avaliação dos impactos para saúde e meio ambiente com a liberação de determinado agrotóxicos não apenas passa a ter menor importância como também pode nem ser requerida pelo Mapa.
Além da centralização do processo de liberação de registro no Mapa, a nova proposta contém como retrocessos a definição mais vaga do critério para veto à registros de agrotóxicos com maior grau de toxidade, a revogação de uma série de regras relativas à pagamento de taxas ambientais, a dispensa de registro de agrotóxicos para fins de exportação, entre outras medidas. É o Brasil contribuindo para envenenar não apenas o território nacional, mas o mundo.
E toda essa flexibilização da legislação dos agrotóxicos ocorre dentro de uma realidade de facilidades para novos registros.
Diferente do argumento de defesa do PL pela bancada de que a atual lei é impeditiva à aprovação de novos registros, o Brasil segue com altos números de novas autorizações de agrotóxicos.
Em 11 meses de governo Lula não houve dificuldades para novos registros de agrotóxicos: foram 505, até o último dia 05 de novembro. O alto número não é muito diferente da média anual de média de 545 liberações durante o Governo Bolsonaro, com total recorde de 2.182 liberações entre 2019 e 2022.
Durante a 28ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP28), em Dubai, o governo brasileiro recebeu o nada honroso antiprêmio “Fóssil do Dia” por ter se juntado à Opep+.
A articulação intergovernamental reúne países exportadores de petróleo, como Arábia Saudita, Rússia e México.
A adesão do país à Opep ocorre justamente no momento de emergência climática, em que a diminuição do uso de petróleo é compreendida como urgente. Além disso, um dia após encerramento da COP, o Brasil leiloou blocos para exploração de petróleo localizados em áreas de alto risco de impacto socioambiental.
A contradição entre o anúncio presidencial e as medidas adotadas pela gestão pública já está presente. Agora é necessário saber se permanecerá para a pauta dos agrotóxicos.
Nos últimos anos pesquisadores têm apontado para o impacto ao meio ambiente pelo uso intensivo de agrotóxicos no Brasil. Já é registrado a morte massiva de abelhas e a intensa contaminação de água.
Neste sentido, a flexibilização da atual lei pelo Pacote do Veneno vai na contramão dos compromissos assumidos pelo país, na COP28, como no discurso presidencial de proteção ambiental.
Se o Brasil quer, de fato, se assentar no lugar de liderança mundial ambiental não há outro caminho a não ser o veto integral ao “Pacote do Veneno” pela Presidência da República.
Qualquer outra medida – como veto parcial ou sanção – demonstra o contrário do anunciado compromisso com meio ambiente e saúde.
Do contrário, sem o veto, é possível prever – sem margem de erro – que 2024 será de intensificação da contaminação da terra, dos rios e dos alimentos, aumento do desmatamento e impactos ao orçamento público com tratamento da população intoxicada, entre outras realidades que acompanham o alto uso de agrotóxicos no Brasil.
* Texto assinado conjuntamente por Terra de Direitos e Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
** A Terra de Direitos é uma organização de Direitos Humanos que atua na defesa, na promoção e na efetivação de direitos, especialmente os econômicos, sociais, culturais e ambientais (Dhesca). Criada em 2002, a Terra de Direitos incide nacional e internacionalmente nas temáticas de direitos humanos e conta com escritórios em Santarém (PA), em Curitiba (PR) e em Brasília (DF).
*** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a posição do Viomundo
Edição: Vivian Virissimo
Leia também
Pesquisadores e entidades dos 5 continentes pedem a Lula que PL do Veneno
Comentários
Zé Maria
Nós Escolhemos o MST
https://bit.ly/4aw6C1E
“Jornada Nacional Contra a Fome”
MST doa Mais de 60 Toneladas
de Alimentos no Paraná
A Comida chegou a cerca de 5 Mil Famílias,
em 11 Cidades Paranaenses.
A “Jornada Nacional Contra a Fome”,
Organizada por Movimentos Sociais,
vai até o Dia de Natal.
https://t.co/Ggb5FWbBwl
https://twitter.com/PintoEmmanoel/status/1738986234502856857
https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/mst-doa-mais-de-60-toneladas/
Zé Maria
.
Direita Articula Federação Partidária
Três Partidos de Direita (Republicanos, União Brasil-UB e PP)
com Grandes Bancadas no Congresso Nacional dialogam
sobre a Possibilidade de formar uma Federação Partidária
que teria o Potencial de alterar profundamente a Correlação
de Forças no Cenário Politico Brasileiro.
Uma eventual Federação dos 3 Partidos de Direita
chegaria à Expressiva Marca de pelo menos 150
Representantes na Câmara dos Deputados
e 17 (Dezessete) no Senado Federal.
Além de marcarem Forte Presença no Congresso,
UB, PP e Republicanos são tradicionalmente
competitivos em Eleições Municipais e tendem
a ter um Resultado Significativo em 2024, embora
ainda não façam Previsões Assertivas.
As 3 Legendas, que compõem o Chamado ‘Centrão’,
também ocupam 5 Ministérios no Governo Lula:
1) André Fufuca (PP): Esporte;
2) Celso Sabino (UB): Turismo;
3) Juscelino Fº (UB): Comunicações;
4) Silvio Costa Fº (Rep): Portos e Aeropotos;
5) Waldez Góes (PDT indicado p/ UB): Integração e Desenv. Regional.
[Reportagem: Leonardo Miazzo (Editor do site de CartaCapital)]
Íntegra:
https://www.cartacapital.com.br/politica/direita-pode-formar-grande-federacao-e-baguncar-a-correlacao-de-forcas-no-congresso/
.
Nelson
Infelizmente, a trajetória dos governos do PT não nos permite nutrir esperanças no veto.
–
Já em 2003 o PT “dava um cavalo de pau” e, ao invés de adotar o princípio da precaução, mudava drasticamente sua posição no tocante aos transgênicos. O tempo só mostrou o quão equivocada foi essa mudança de posição.
–
Ao contrário do que prometia a exaustiva propaganda em prol dos transgênicos, o uso de venenos agrícolas não diminuiu, mas se multiplicou desde aquele ano, sendo praticamente 5 vezes maior hoje.
–
Dá para acreditarmos que aqueles que nos empurraram essa tecnologia deletéria não sabiam que essa explosão no uso de venenos iria acontecer?
–
Ou seja, mentiram deslavadamente demonstrando total desprezo para com a saúde do nosso povo e para com a nossa natureza enquanto colocavam como primeira e única prioridade o aumento dos lucros da indústria química.
–
E, claro, também os lucros futuros da indústria farmacêutica, que, tal qual urubus ficariam à espera dos ganhos que seriam auferidos com a proliferação de doenças entre o povo.
–
Se colocarmos essas variáveis na discussão – os impactos altamente negativos dos transgênicos à saúde humana, ao meio ambiente e às sementes crioulas e à pequena agricultura, vez que essa tecnologia foi desenvolvida para o latifúndio -, teremos a dimensão do erro gigante cometido pelo PT em 2003.
Zé Maria
https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/12/911×1200-2.jpg
Governo Lula III, Ano I:
Meio Cheio, Meio Vazio.
CartaCapital Nº 1291
[Reportagem: Mariana Serafini (SP) & Mauricio Thuswohl (RJ) | 21/12/2023]
https://www.cartacapital.com.br/politica/meio-cheio-meio-vazio/
Deixe seu comentário