Telmo Kiguel debate com Flávio Aguiar o Charlie, tabu e laicidade

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estado laico

Debatendo Charlie Hebdo, tabu e laicidade com Flávio Aguiar

por Telmo Kiguel, no blog Saúde Publicada do Sul21

Há pouco espaço para aumentar as liberdades laicas aqui em nosso país e na Europa.

Somente com o diálogo e governantes interessados poderíamos progredir na questão.

De qualquer maneira sabe-se que lá já houve muito mais avanços do que aqui.

Escrevi no post anterior sobre o tema:

Muito foi e ainda será escrito sobre os assassinatos de Paris.

E quem escreve se depara com uma questão complexa, multifacetada, multicausal.

E com inúmeras consequências possíveis e imprevisíveis.

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Seria bom que uma das consequências fosse o aumento dos debates sobre a laicidade.

Como pretendo continuar agora com o amigo, colunista e escritor Flávio Aguiar.

Em função de um comentário que fiz sobre o tema no seu post O terrorismo, a extrema-direita e o suicídio europeu, um continente em explosão, ele utilizou meu questionamento para escrever: O Charlie Hebdo, o Islã, os preconceitos discriminatórios e o Estado laico.

Do início ao fim ele escreve, também, como um bom psiquiatra.

A verdade é que nascemos imaturos, a nossa educação vai ou não nos ajudar a amadurecer.

E faz parte do amadurecimento a aceitação do outro, do diferente.

E este processo nem sempre ocorre de forma homogênea.

E é nessas “ilhas” imaturas que conservamos os preconceitos.

E quando não lidamos bem com isto podemos nos deparar com uma Conduta Discriminatória.

Neste trecho do texto, parece que o discriminador e o inimigo do estado laico tem as mesmas características.

E esta é uma ideia que defendo há um bom tempo.

Conheço uma pesquisa feita na Alemanha que serviu como reforço desta hipótese.

E talvez o Flávio pudesse entrevistar os autores da mesma.

Sabemos que o proselitismo é uma das características das religiões monoteístas.

Penso que a ostentação pública de seus símbolos religiosos é uma questão delicada.

Mas passa do limite se a motivação é hostilizar o estado laico ou a implantação de uma teocracia.

Como a Suíça interpretou e proibiu a construção de minaretes em 2009.

Mesmo liberando a construção de mesquitas e prática religiosa nas mesmas. É como se os minaretes invadissem o espaço laico.

Ao que parece, na Europa, dentre os monoteístas, os muçulmanos são os que têm o estereótipo de teocratas.

E isto acaba sendo reforçado no texto:“Eu não sou Charlie. Sou Maomé. É impossível ser os dois

Por que não quebrar o tabu e colocar a laicidade como uma terceira opção tão importante quanto?

Talvez lá, como aqui, a questão não seja esclarecida/debatida de forma aberta e transparente.

Quando muito discute-se sobre os símbolos religiosos em repartições públicas ou os que as pessoas fazem questão de ostentar.

Se o debate do tema não fosse tabu poderíamos descobrir quando os símbolos são apenas símbolos.

Ou se seriam um tentativa de ataque/desafio/provocação à laicidade do país.

Em Israel, felizmente há muita oposição dentro e fora do país para evitar mais um estado teocrático no Oriente Médio.

Telmo Kiguel é médico psiquiatra e psicoterapeuta

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