Repúdio ao discurso do ministro do Meio Ambiente na COP26: “Descolado da realidade, integracionista e distorcido”

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Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Foto: reprodução de vídeo

Repúdio ao Discurso do Ministro do Meio Ambiente durante a COP-26

As organizações que assinam a carta repudiam os atos de hostilidade de parte da delegação do governo contra lideranças indígenas durante a COP-26; o discurso do Ministro ocorreu nessa quarta-feira, 10

Por Assessoria de Comunicação do Cimi 

As organizações abaixo-assinadas repudiam o discurso do Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Câmbio Climático – COP 26, no dia 10 de novembro, de 2021, por ser descolado da realidade, integracionista e distorcido.

Dentre outras passagens lamentáveis, o Ministro declarou: “[r]econhecemos também que onde existe muita floresta também existe muita pobreza”.

Tal declaração vai diametralmente contra o próprio conceito de sustentabilidade, como se uma suposta solução para a grave crise ambiental que assola o país fosse, de fato, o aprofundamento de um processo já acelerado de desmatamento e desmonte da governança ambiental do Brasil.

Contrariando uma tradição do Brasil, pela segunda vez o governo não credenciou nenhum integrante do movimento indígena ou da sociedade civil.

A composição da delegação governamental, fortemente formada por atores militares, do agronegócio e indústrias, revela as reais intenções do governo na COP, diferente do que vem sido anunciado.

Repudiamos os atos de hostilidade de parte da delegação do governo contra lideranças indígenas durante a COP-26, o que constitui um ato de represália e intimidação, no contexto da Resolução 12/2 do Conselho de Direitos Humanos.

Estendemos nossa solidariedade às lideranças ofendidas durante a conferência.

É importante que o governo tenha aderido às declarações sobre a redução do gás metano e sobre florestas e o uso da terra.

Contudo, há de se esperar para ver como tais compromissos serão implementados, principalmente pelo fato de representantes de diversos ministérios já demonstrarem hesitação em cumpri-los.

Os povos indígenas, quilombolas e tradicionais e o povo negro, no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris, não são somente vítimas dos efeitos das mudanças.

São, sobretudo, agentes de mudança e atores fundamentais na busca de soluções para o aquecimento global.

Na contramão desse princípio vai a tese do marco temporal, que ameaça sobremaneira os direitos dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais, pressionando também o desmatamento desenfreado.

Conclamamos à comunidade internacional que redobre a atenção ao governo brasileiro, para que, não somente se comprometa com os acordos da COP-26, mas também que os implemente de fato.

Assinam:

350.org Brasil

Associação de Mulheres Indígenas em Mutirão – AMIM

Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi)

Associação Mineira de Defesa do Ambiente – Amda

Associação para a Recuperação e Conservação Ambiental em defesa da Serra da Calçada

Associação Terra Indígena Xingu – ATIX

Casa do Rio

Centro de Trabalho Indigenista – CTI

Climainfo Instituto

Coalizão Negra Por Direitos

Comissão Pró Índio do Acre – CPI-Acre

Conselho das aldeias Wajãpi Apina

Conselho Indigenista Missionário – CIMI

Departamento das Mulheres Indígenas do Rio Negro – DMIRN

Greenpeace Brasil

Hutukara Associação Yanomami – HAY

Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena

Instituto 5 Elementos de Educação para Sustentabilidade –

Instituto Brasileiro de Análises Econômicas e Sociais

Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos – IDDH

Instituto de Desenvolvimento Indigena-INDI

Instituto Guaicuy

Instituto Peregum

Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais

Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela

Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM) –

Organização dos Professores Indígenas do Acre – OPIAC

Rede de Cooperação Amazônica – RCA

Rede de ONGs da Mata Atlântica- RMA

Uneafro Brasil


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Comentários

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Zé Maria

O Desgoverno Bolsonaro/Guedes/Mourão é Especialista
em “Discursos Distorcidos” e “Descolados da Realidade”.

abelardo

Acredito que a vergonhosa imbecilidade, que tanto castiga algumas autoridades, é a forma que mais se destaca, em razão da natural incompetência, da dependência ao casuísmo e da postura covarde de submissão profissional.

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