PT: Lava Jato foi atrás das contas de familiares de Lula no Exterior mas não encontrou nada

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Arquivo familiar

O Marco mencionado acima é Marco Marinzoli, adido policial da Embaixada da Suiça em Brasília. Luc é o procurador federal suiço Luc Leimgruber.

Caros, sigilo total, mesmo internamente. Não comentem nem aqui dentro: Suíços vêm para cá semana que vem. Estarão entre 1 e 4 de dezembro, reunindo-se conosco, no prédio da frente. Nem imprensa nem ninguém externo deve saber. Orlando estará com eles todo tempo, assim como eu (que estarei fora na quarta). Vejam o que precisam da Suíça e fiquem à vontade para irem a qq tempo, ficarem nas reuniões todo o tempo que quiserem. Deltan Dallagnol, a colegas, sobre encontro clandestino com investigadores suiços em Curitiba.

Lava Jato usou provas ilícitas para pressionar futuros delatores

Lorena Vale, do PT na Câmara, com Rede Brasil Atual

Nova reportagem da série Vaza Jato, publicada pelo portal UOL a partir de documentos recebidos anonimamente pelo The Intercept Brasil, mostram que, entre 2015 e 2017, a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, comandada pelo procurador Deltan Dallagnol, utilizou sistematicamente contatos informais com autoridades da Suíça e de Mônaco para obter provas ilícitas com o objetivo de prender alvos considerados prioritários – executivos de empreiteiras que cumpriam prisão preventiva, muitos deles vieram a se tornar delatores.

Mesmo alertados sobre a violação das regras, os procuradores da força-tarefa tiveram acesso a provas ilegais sobre vários dos mais importantes delatores da operação —como os então diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, o então presidente da Transpetro, Sérgio Machado, além de executivos da Odebrecht, entre eles o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht.

Informações obtidas por fora do canal oficial estabelecido em acordos de cooperação internacional de investigação constituem provas ilegais, podendo levar à anulação de processos.

O líder da Bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), questionou, em suas redes sociais, até quando Deltan Dallagnol ficará solto. “Dallagnol e sua gangue procuraram contas da família Lula em dezenas de países. Não acharam porque não existem. Se um cidadão comum solicitasse acesso, por meios ilegais, a dados privados de alguém, seria preso. Dallagnol vai ficar solto? Até quando? ”.

“Desde 2017, as provas das ilegalidades já estavam na mesa. Por que não foram levadas em consideração? A quem interessava manter nas sombras a justiça ilegal? ”, questionou Patrus Ananias (PT-MG).

E o deputado Bohn Gass (PT-RS) explicou que as novas revelações da Vaza Jato trazem duas bombas. “Duas bombas nas novas revelações da vaza jato: 1) Deltan agiu deliberadamente fora da lei, mas achava “natural tomar algumas decisões de risco”. 2) Com o acesso ilegal aos arquivos suíços, vasculharam a vida da família de Lula e não encontraram nada”.

Crime internacional

A deputada Margarida Salomão (PT-MG) afirmou em seu Twitter que os procuradores da Lava Jato podem ter cometido crime internacional. “Deltan e turminha limitada forjaram uma parceria ilegal com a Suíça, com troca de informações fora dos autos. Isso é crime. Se os abusos da Lava Jato já eram preocupantes antes, quando envolviam crimes contra a Constituição brasileira, muito pior fica agora, com a ameaça de ter cometido crime internacional”.

Para a professora Rosa Neide (PT-MT) as revelações trazem “mais uma flagrante irregularidade na condução da Lava Jato. Consórcio de perseguição que produziu grandes estragos em nosso Estado Democrático”.

“É vergonhoso, dá nojo a trama da Lava Jato. Usaram de artimanhas, de crime para condenar os escolhidos e assim quebrar o Brasil e eleger Bolsonaro. Macularam o MPF e a Justiça brasileira, comprometendo o próprio combate à corrupção”, afirmou o deputado Alencar Santana (PT-SP).

Práticas ilegais

A reportagem da UOL cita entre as práticas ilegais identificadas, está o acesso clandestino da Lava Jato, a partir de procuradores suíços, ao sistema Drousys, usado pelo setor de Operações Estruturadas da Odebrecht para controlar pagamentos de propina a autoridades e políticos. Mensagens revelam que os procuradores tiveram acesso à contabilidade paralela quase um ano antes de a Lava Jato estar apta para usar formalmente os dados entregues pela Odebrecht.

Fontes ligadas à empresa, que tiveram suas identidades preservadas, relataram que a convicção de que os investigadores “escondiam cartas nas mangas” foi essencial para que parte dos 78 delatores da empreiteira decidissem firmar acordos de colaboração premiada.

A troca de mensagens entre procuradores ainda indica que Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, fez uso de prova ilícita, obtida junto a autoridades de Mônaco, no pedido de prisão de Renato Duque em março de 2015. Em novembro de 2014, primeira vez que integrantes da força-tarefa se reuniram com suíços, Dallagnol trouxe sem registro oficial um pen drive com informações bancárias de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e um dos primeiros delatores importantes da operação.

Esses registros, corroborados pela delação de Costa, incluíam elementos essenciais para que a Lava Jato abrisse uma linha de investigação sobre a Odebrecht: a empreiteira pagou a ele US$ 23 milhões em propina através de contas de duas empresas offshore.

Mensagens privadas revelam que, meses depois, a Lava Jato pediu a um órgão do Ministério Público Federal (MPF) alteração de documento para atribuir a remessa do pendrive a canal oficial com a Suíça, simulando que as informações tiveram origem legal.

O uso de informações ilícitas chegou até mesmo a ser cogitado para pressionar o então presidente da Transpetro a fechar delação premiada. A proposta, que foi descartada, foi feita por Paulo Roberto Galvão, da Lava Jato em Curitiba. “Se é pressão que o SM está precisando, nós temos conhecimento da conta do filho dele na Suíça”, disse em 13 de abril de 2016, no chat “Conexão BSB -CWB”, ao promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes que negociava a delação de Machado. “É uma informação que não podemos usar de forma alguma, pois nos foi passada para inteligência pelos suíços. Mas acho que se for necessário vc pode dar a entender que Curitiba já tem conhecimento “de contas no exterior””, detalhou Galvão.

Em 10 de março de 2015, Dallagnol é alertado por Vladimir Aras —que comandava a Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) do MPF— sobre o risco de cometer violações ao usar informações passadas por autoridades de Mônaco à revelia do DRCI. No diálogo, Dallagnol expõe o ponto central do que seria a “lavanderia de provas” que havia criado: usaria as remessas informais para sustentar o ritmo frenético de operações do começo da Lava Jato e, caso houvesse contestações ao rito, obteria as mesmas informações pelo canal oficial para legalizar as evidências.

No mesmo ano, entre 1º e 4 de dezembro, mensagens em chats privados ainda revelam que procuradores da Lava Jato tiveram reunião secreta em Curitiba com investigadores suíços. “Caros, sigilo total, mesmo internamente. Não comentem nem aqui dentro: Suíços vêm para cá semana que vem. Estarão entre 1 e 4 de dezembro, reunindo-se conosco, no prédio da frente. Nem imprensa nem ninguém externo deve saber. Orlando estará com eles todo tempo, assim como eu (que estarei fora na quarta). Vejam o que precisam da Suíça e fiquem à vontade para irem a qq tempo, ficarem nas reuniões todo o tempo que quiserem”

Petistas

Os deputados do PT Nilto Tatto (SP), João Daniel (SE), Helder Salomão (ES), Valmir Assunção (BA) e Rogério Correia (MG) também utilizaram suas redes sociais para criticar as novas revelações.


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Comentários

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Celso Aldo

É tudo mentira, verdade é só o que sai na rede globo.
Operação lava trouxa.
Voltaremos a ser um país rural depedente do campo.

Zé Maria

As Práticas Ilegais da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato,
como o Acesso Clandestino ao Sistema Drousys da Odebrecht,
invalidaram processualmente uma série de Provas, que
poderiam perfeitamente ser obtidas de forma Legal, em
momento adequado, não fosse essa Ignominiosa Sanha de
Perseguição ao Lula e à Família do ex-Presidente do Brasil
por motivos exclusivamente políticos e ideológicos.

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