Pedro Canário: Defesa mostra que Lava Jato grampeou 426 ligações de advogados para traçar estratégia de acusação a Lula

Tempo de leitura: 4 min

“Lava jato” grampeou 462 ligações de defesa de Lula por 23 dias

Por Pedro Canário, na Conjur

Os investigadores da “lava jato” grampearam o ramal central do escritório que defende o ex-presidente Lula por quase 14 horas durante 23 dias entre fevereiro e março de 2016.

Ao todo, foram interceptadas 462 ligações, nem todas relacionadas à defesa do ex-presidente, mas todas feitas ou recebidas pelos advogados do escritório.

E as conversas que estavam relacionadas à defesa de Lula foram transcritas em relatórios diários enviados pela Polícia Federal aos procuradores da “lava jato” e ao ex-juiz Sergio Moro.

E, conforme mostraram conversas de Telegram obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas pela Folha de S.Paulo, os grampos foram usados para que a força-tarefa se antecipasse às estratégias da defesa.

Conforme mostra a planilha, foram grampeadas 13 horas e 50 minutos em 462 ligações do telefone (11) 3060-3310, do escritório Teixeira, Martins e Advogados.

Os grampos, conforme revelou a ConJur em março de 2016, aconteceram num momento sensível para a “lava jato”: o Supremo Tribunal Federal estava para decidir quem seria competente para ficar com o caso de Lula, o consórcio de Curitiba ou o Ministério Público de São Paulo.

Os promotores paulistas chegaram ao ex-presidente a partir de uma investigação sobre o envolvimento da Bancoop na propriedade de um prédio no Guarujá (SP) – onde está o tríplex que resultou numa condenação a Lula.

Para a defesa de Lula, feita pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, o caso do ex-presidente deveria ficar em São Paulo. Mas, para a “lava jato”, Lula havia recebido propina de empreiteiras a partir de contratos da Petrobras.

A interceptação do ramal central do escritório de Zanin e Valeska, portanto, foi bastante útil para os curitibanos. Conforme documentos apresentados pela defesa de Lula ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a PF fez diversos relatórios sobre as conversas relacionadas ao ex-presidente, avaliando se elas poderiam ser úteis ou não ao processo.

No dia 4 de março de 2016, por exemplo, Zanin ligou para o criminalista Nilo Batista, que também trabalhou na defesa de Lula. Segundo o relatório enviado aos procuradores pelo agente da PF William Coser Stoffels, eles “conversaram amenidades”.

Já no dia 14 de março, o relatório, feito pelo agente Rodrigo Prado Pereira, foi sobre uma conversa entre Zanin e Lula: “Pergunta como foi o dia. Diz que foi corrido. Acha que avançaram. Estão preparando uma serie de petições. Tem algumas providências para adotar. Uma em especial no Supremo que acha que pode dar certo. Em prejuízo do recurso que está em julgamento. Lils [abreviação para Luiz Inácio Lula da Silva] diz que Cristiano gravou e quer que ele acompanhe para ver se vão deturpar. Vai contrapor qualquer versão. Cristiano entregou num pen-drive a íntegra do depoimento”.

Mas o grampo já acontecia há algum tempo.

A defesa de Lula protocolou a reclamação sobre a competência da “lava jato” no dia 26 de fevereiro de 2016.

No dia seguinte, Rodrigo Prado Pereira informou Deltan que Roberto Teixeira, sócio de Zanin e Valeska, havia conversado com Jacques Wagner (PT-BA), ex-ministro da Casa Civil e hoje senador, e com Lula sobre conversar com a ministra Rosa Weber, do STF. Ela era relatora da reclamação.

“As conversas internas do escritório e entre os advogados e o Embargante foram ouvidas em tempo real pela Polícia Federal, que elaborou planilhas com resumos dos diálogos e os submeteu ao então juiz Sergio Moro e aos procuradores da República que oficiaram no feito”, afirma a defesa de Lula, nos embargos apresentados ao TRF-4.

Procedimento

Os embargos foram apresentados ao TRF contra a condenação de Lula no caso do sítio de Atibaia. Uma das alegações do documento é que o grampo ao escritório dos advogados do ex-presidente não seguiu o rito da Resolução 59 do Conselho Nacional de Justiça, que regula a interceptação de comunicações por ordem judicial.

A resolução diz que o juiz deve conferir com a operadora de telefonia se o número interceptado pertence de fato ao réu ou investigado, o que nunca aconteceu nesse caso.

Segundo a tese desenvolvida pelo MPF para justificar o pedido de grampo, o telefone do escritório estava registrado na Receita Federal como se fosse a Lils Palestras, a empresa de palestras e consultoria de Lula.

Na verdade, o site foneempresas.com é que listava o telefone como se fosse da Lils Palestras.

Uma busca no Google mostraria aos procuradores que o número era do Teixeira, Martins e Advogados.

Tudo isso foi alegado pela defesa ao Supremo na época. O relator da “lava jato” era o ministro Teori Zavascki, que pediu explicações a Moro.

O ex-juiz disse que não tinha percebido que autorizou o grampo de um escritório de advocacia, mas pediu “escusas”. Teori, então, mandou que a 13ª Vara destruísse as provas — o que nunca aconteceu.

A alegação de ilegalidade nos métodos de investigação também foi apresentada ao TRF-4 no caso do sítio de Atibaia, mas foi ignorada pelo tribunal.

Os embargos pedem que os desembargadores da 8ª Turma, a que julga os recursos da “lava jato”, se pronunciem sobre o caso.

“Necessário, portanto, que esse tribunal regional sane a omissão aqui apontada e analise tal ponto a fim de aclarar, diante do presente caso, se pode um Magistrado não só determinar ato ilegal como permitir que ele se repita e perpetue no tempo, sob a justificativa de não ter percebido justamente os dois ofícios da companhia telefônica que davam notícia acerca da real titularidade da linha telefônica interceptada”, dizem os embargos.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

Lula recebe apoio de artistas e intelectuais
em Manifesto contra o [des]governo de Jair Bolsonaro
e em Defesa da Cultura no Rio de Janeiro

MSN via AFP

https://www.msn.com/pt-br/noticias/videos-de-noticias/lula-recebe-apoio-de-artistas-e-intelectuais-no-rio/vi-BBY9HrG

Leia também:

Gilmar descarta Moro no STF:
indicado precisa ser “bem alfabetizado em direito constitucional”

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/gilmar-descarta-moro-no-stf-indicado-precisa-ser-bem-alfabetizado-em-direito-constitucional/amp/

Gilmar Mendes diz que delações aceitas pela PF precisam ser reavaliadas

https://revistaforum.com.br/politica/gilmar-mendes-diz-que-delacoes-aceitas-pela-pf-precisam-ser-reavaliadas-entusiasmo-juvenil/

Zé Maria

Estes são os Eternos Campeões Mundiais:
https://twitter.com/i/status/1209168262174560257

Neste domingo (22) houve a partida de Futebol entre os
Amigos do Lula e do Chico Buarque e os Amigos do MST.

O jogo ocorreu no campo Dr. Sócrates Brasileiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP).

https://twitter.com/DeputadoFederal/status/1209168262174560257

abelardo

Fica uma clara dedução de que, contra Lula, a lei pode ser descumprida e que a injustiça contra ele pode e deve ser praticada sem limites, que o corporativismo da justiça garantirá a impunidade e a impunidade dos criminosos que corromperem e traíram os seus deveres, seus juramentos, as suas dignidades, a população e a instituição do Poder Judiciário.

Silvia

A lava jato tinha e tem apitos amigo mesmo. Juizes que passam a perna nos outros, desempregam milhoes e dizem que nao tem nada com isso. Tudo é culpa do PT simples assim. Incompetencia é do PT, perspicacia é dos juizes da lava jato de Curitiba.
Ah, esse Moro só tá interessado em politica, nunca foi um juiz sério. Ele tá se lixando para quem perdeu o emprego por causa da lava jato.

Zé Maria

O Maior Suspeito é o Juiz Sergio Moro

Inicialmente a Polícia do Moro prendeu
4 supostos hackers na Operação Spoofing.
Com Prisões Preventivas ilegais, sobretudo
a da Senhora Suelen Priscila de Oliveira,
esposa de um tal DJ Guto, também preso,
que tiveram, inclusive, todo o dinheiro que
possuíam em casa apreendido pela PF.
Aliás, há pouco tempo, diante da injustiça,
o TRF1 determinou a soltura da Sra. Suelen.
Após os depoimentos, havendo até um dos
investigados confessado a prática dos ilícitos
parecia que o inquérito estava concluído.
De repente, surpreendentemente a PF faz
uma nova operação e realiza prisões de outros
2 indivíduos, sendo um deles um tal Molição,
estudante de Direito, que resolveu, rapidinho,
fazer uma ‘delação premiada’, e foi solto, depois
de haver apontado um suposto ‘militante do PT’,
que seria ‘parente de Palocci’ e teria um suposto envolvimento no caso.
E no dia 2 de dezembro passado, o juiz Vallisney
da 10ª Vara Federal de Brasília teve a capacidade
de homologar o tal acordo com a PF, ordenando
a soltura do ‘delator’ que recebeu como prêmio,
além da liberdade, uma tornozeleira de rubis.

O repórter Fausto Macedo relatou detalhes do
“inquérito sigiloso a que o Estadão teve acesso”,
mas quem cometeu crimes foi o Jornalista Glenn
Greenwald do Intercept Brasil por haver divulgado
as conversas do Juiz Sergio Moro com o Procurador
Deltan Dallagnol combinando a melhor maneira
de condenar o ex-presidente Lula à Prisão.

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/juiz-homologa-delacao-de-hacker-de-moro-e-deltan/
https://noticias.r7.com/brasil/apos-acordo-de-delacao-acusado-de-hackear-moro-e-deltan-deixa-prisao-04122019

Deixe seu comentário

Leia também